domingo, julho 28, 2019

Partilhar informação

Esta semana ouvi uma apresentação de um colega sobre o inbound marketing. Um slide, 5 minutos, um público difícil, mas saiu-se muito bem.

Já por várias vezes chamei a atenção para a desconexão entre as mensagens de uma organização e a sua estratégia. Por exemplo, em "A Natureza tem horror ao desperdício" escrevi:
"Quando um ginásio coloca pósteres de moças e moços a caminho de algum concurso de culturismo ou de beleza, está a apostar e a dizer ao mercado quem são os seus alvos e, ao mesmo tempo está a dizer aos seniores: nós não somos para vocês."
E qual é a demografia portuguesa? A de um país envelhecido:
E como é que os ginásios lidam com este envelhecimento?

Mal!

Daqui, "E quando o mundo muda", retirei esta figura:
Será que não há mercado para ginásios dedicados a uma fatia mais velha do mercado? Ou será que não há oferta dedicada a esses clientes-alvo?

Voltando ao inbound marketing, eis um exemplo do tipo de textos que podem ser desenvolvidos para começar a criar a aura de especialista no sector e, começar a atrair potenciais clientes e prescritores, "Physical Function and Aging"

Como escreve Paul Jarvis em "Company of One: Why Staying Small is the Next Big Thing for Business":
"Sharing content and information is an effective way to begin a sales process because it helps a potential customer see what they need, why they need it, and then how your products can help solve their problem.
...
The first is that creating a relationship with an audience that sees you as a teacher sets you up to be perceived as the domain expert on the subject matter. If you’re teaching an audience about legal issues on the internet each week in a newsletter, they’ll begin to trust your insights, and then, as happened with Brian, you’ll probably be the first person they think of when they need to hire someone to help them with legal issues.
The second benefit of out-teaching your competition is the chance to show an audience the benefits of what you’re selling."


sábado, julho 27, 2019

Amadores a jogar bilhar


Outro exemplo de bilhar amador a ser praticado na assembleia da república.



Recordar:

But if trash comes in, trash comes out

Coincidência, ou conspiração?

Esta semana duas pessoas em dias diferentes, em cidades diferentes, recomendaram-me a leitura de "Factfulness". Quinta-feira, antes de apanhar camioneta entro numa livraria e apanho com este livro bem de frente.
"In poor countries what % of girls finish primary school? 20%, 40% or 60%?
.
What % of babies in the world under one year received a type of vaccine? 20%, 50% or 80%?
.
Today there are 2 billion children. According to the UN by 2100 the number will double, will it be 3 billion or equal?
.
If you have not answered all three questions always with the last hypothesis, you are wrong. If you didn’t get anyone right, you’re in “good” company: most CEOs, top NGO managers, highly trained medical professionals, etc. all, all of them respond worse than chimpanzees… (which responding at random would hit at least one answer – 33%)."
Pois:
"One cannot think well with wrong facts. Am I an excellent information processor? In quantity and speed? All right. But if trash comes in, trash comes out: garbage in, garbage out. How to draw right conclusions from wrong assumptions? This is what explains how 1) smart people 2) in powerful countries make catastrophic decisions where it would be best to be quiet." 

sexta-feira, julho 26, 2019

Curiosidade do dia

Para reflexão, só números:

Acerca dos genéricos

Recuar a 2012:

Recuar a 2010:

"What Dingle needed, though, wasn’t a higher dose of new generic medicine, but the effectiveness of the brand-name drug. “When I went to pick up the new dose, the pharmacist took a minute to look at my prescriptions, then confirmed that my levels had changed after I switched from Synthroid to generic,” Dingle says. “He said he had seen variations like this, not only when the prescription changed from Synthroid to generics but also between batches of generics.”
...
The active ingredient of the generic must have the same pharmacokinetics as the original drug, which means it must behave the exact same way and reach the same maximum dose in the blood on the appropriate dosing. If the active ingredient is indeed bioequivalent, the drug will likely be equally effective and safe as the original.
But there may be a cost to the cheaper route. A drug’s inactive ingredients (binders, fillers, detergents, dyes, antioxidants, and sugars, which pharmacists call excipients) aren’t subject to the same level of regulation and research as active ingredients. While additional ingredients aren’t allowed to affect how the drug functions in the body and must be proven as “safe” to the FDA, those inactive ingredients can vary widely between brand names and generics — and between generics themselves.
...
For some patients, generic medications can cause a number of adverse reactions, meaning a drug can compound health concerns instead of alleviating them. This is often linked to a person’s biology; for example, a lactose-intolerant patient who switches to a generic drug with a lactose-based excipient might experience stomach issues, which could in turn decrease drug absorption.
...
Which leads to another drug-related phenomenon: the “nocebo” effect. Studies show using generic drugs can cause an anti-placebo effect of worsening symptoms or problematic side effects."



Dastardlys

Dedicado aquelas empresas que vivem mais preocupadas com o que faz a concorrência do que em surpreender os clientes, do que em ganhar clientes, do que em subir na escala de valor, do que melhorar a eficiência.

quinta-feira, julho 25, 2019

Democratização da produção (Parte III)

Parte I e Parte II.
"The globalization manufacturing paradigms of the past few decades were primarily cost-cutting ventures built on traditional high-volume production schemes. Locating factories in regional hubs, typically in developing countries outside a manufacturer’s domestic market, was seen as a way to reduce labor expenses and form alliances with low-cost suppliers in these regions. And as long as the discount to operate in emerging nations was large enough to overcome logistics inefficiencies and time-to-market requirements, this approach was profitable and made perfect sense.
.
But a combination of trends is making this strategic approach obsolete — and is shifting value creation in production downstream toward customers and customization. For one thing, wage escalation in emerging nations and concerns about uncertain energy costs have eroded the perceived competitive advantage that multinationals sought from offshoring.
...
the growing importance of the “build where you sell” principle
...
More than anything, however, the rapidly morphing relationship between manufacturers and their consumers is at the heart of the point-of-demand revolution — and will have the most permanent impact on it. In all regions, but particularly in emerging nations as demand evolves and the middle class expands, customers increasingly expect products that match local cultural preferences, rather than homogeneous global brands and business-to-business services.
...
For the first time, customers can reasonably demand products from mainstream manufacturers that look and feel like they were made next door. And companies can expect increased customer loyalty when they meet these demands through personalization"
Cito isto e lembro-me da reacção da indústria automóvel incumbente a pedidos em pequena quantidade e com requisitos fora da caixa:
"Deutsche Post says it took this route when the conventional vehicle makers turned down requests to build the electric vans in what are limited numbers by their standards."
Também me lembro disto, "Comboio Vasco da Gama vai ligar Portugal à Alemanha em 2020". Da janela do meu escritório, a menos de 10 metros da linha do Norte vejo passar os comboios de mercadorias carregados de: eucalipto; brita; carvão; e cimento (eheheh escrevo isto, oiço o comboio a passar, levanto-me e é um comboio com contentores fechados). Não digo que seja impossível levar exportações das PMEs do Norte para a Europa Central, mas vai ser muito difícil. A variedade de destinos, as pequenas quantidades e as entregas rápidas não sei se podem ser conciliadas por quem tem o mindset noutro mundo. Fazem-me lembrar:
"Em 2009, com a forte quebra da produção automóvel, recordo as empresas produtoras de composto para esse sector, que com preços muito baixos tentaram fornecer os fabricantes de solas. Claro que a coisa não correu bem porque a indústria de calçado queria variedade e pequenas quantidades, não a monocor e as grandes quantidades. E a coisa deu para o torto." 

Continua.

Trechos retirados de "Manufacturing’s new world order - The rise of the point-of-demand model"

e a fugir do Normalistão

Muito empresário de PME precisava de ler isto, "Comparing % and mass", e deixar que a mensagem caísse bem fundo:
"Small audiences are your friend, because small audiences are specific, and specific increases your percentage."
Estamos a caminho de Mongo e a fugir do Normalistão.



quarta-feira, julho 24, 2019

Isto deve ser feike niús - só pode

Coisas que nos fazem dizer:

UAU!!!

Há dias o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas dizia que havia falta de pessoal:
"Há um ano no cargo, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas queixa-se da falta de recursos humanos e fala de uma "situação insustentável". Militares ao serviço já fazem "esforço tremendo"."
Trecho retirado daqui "Chefe das Forças Armadas fala em “situação insustentável”".

Agora descubro isto no Twitter:

De acordo com este site.

Isto deve ser feike niús. Portugal tem mais efectivos que Espanha e a Alemanha?

Quer dizer que o exército português nunca fez a sua reformulação após as guerras coloniais?

Por favor digam-me que isto está errado.

Como se calcula o número de reservistas em Portugal?

Constância de propósito - falta tanta

Quando apresento o conceito de estratégia recorro ao ditado:
- Mais vale ser rico e ter saúde do que pobre e doentio!

Ninguém quer ser doente e pobre!
Toda a gente quer ser saudável e rico. No entanto, à luz do teste do algodão isso não é uma estratégia, é catequese.

Estratégia a sério dói! Implica renunciar a algo.
Ter saúde, mas ser pobre.
Ser rico, mas ser doentio.

Aos políticos quase todos falta a coragem para ter uma estratégia. Ter uma estratégia implica escolher  e fazer o lock e usar esses parâmetros para tomar as decisões a seguir. Acontece que os políticos têm medo do lado negativo de qualquer estratégia. Por isso, fazem uma escolha e logo a seguir começam a miná-la com as medidas que tomam para minimizar as consequências naturais das escolhas que fizeram. Recordo o conselho para a procura dos sacrificados. Reparem como este conselho de Abril de 2015 explica tão bem o caos nos serviços públicos (afinal os serviços públicos existem para os funcionários, como disse a ministra da Saúde recentemente, os sacrificados são os condenados a usá-los, os utentes).

Há dias recordei esta falta de constância: aumentar salários para eliminar as empresas que não podem pagar salários melhores, mas depois, face ao aumento do desemprego e encerramento das empresas, vem o apoio com subsídios.

Ontem detectei outro exemplo:
Às segundas, terças e quartas o ministério da Agricultura enterra milhões no sector leiteiro para evitar o normal funcionamento do mercado.
Às quintas, sextas e sábados o governo ataca os sectores que consomem leite:
"Entre os produtos que vão deixar de ser publicitados junto a escolar, parques infantis, redes sociais, e em programas de televisão e de rádio encontram-se chocolates, bolos, gelados, refrigerantes, bolachas, cereais de pequeno-almoço, iogurtes, fiambre, queijo ou refeições pré-preparadas." [Moi ici: BTW, e os leites achocolatados?
Brevemente teremos os cromos do karma a fazer o choradinho junto do governo, que irá desembolsar mais uns milhões para apoiar os produtores leiteiros prejudicados pelas medidas tomadas pelo mesmo governo.

Por que é que os jornalistas não colocam perguntas impertinentes?

Primeiro ler "Amazon plans to upskill 100,000 employees. Here’s what that means for the future of work":
"Amazon’s announcement that it will invest US$700 million to retrain 100,000 employees—a third of its U.S. workforce—in new technologies is the latest reminder that the much-heralded future of work is well underway.
...
The jobs of tomorrow will require at least some competency in the STEM fields—science, technology, engineering, and math.
...
The blurring of technical and nontechnical jobs signals a dramatic shift for the entire workforce and will change the basic structure and nature of work.
...
Who should be responsible for ensuring the workforce is prepared for these challenges?
Amazon’s answer, essentially, is “we’ll take care of it.”
One of the more telling aspects of Amazon’s announcement was that it plans to use its own programs to retrain employees, such as Amazon Technical Academy and Machine Learning University.
There was no mention of universities and colleges. Other companies, such as Google, similarly say they are relying on partners outside of traditional academia to support their training needs.
...
The problem is, at present, higher education is designed for the last industrial revolution, not the current one. Universities and colleges deliver degrees at a glacial pace. The average completion time for a bachelor’s degree is five years. That’s too slow."[Moi ici: Como não recordar aquela pergunta "Por que é que a nossa faculdade altera o plano de curso em 2015 e não incluiu aprendizagem de Android para alunos de programação?" e a resposta]
Tal como a ministra da Saúde referiu:
"O objetivo do Ministério da Saúde é tratar bem os profissionais de saúde" 
O objectivo da universidade pública é servir os seus funcionários.

Isto em linha com o que escrevo aqui há anos ao recordar a primeira Escola Comercial Oliveira Martins no Porto:
"Frequentei o 7º, 8º e 9º ano de escolaridade na Escola Comercial Oliveira Martins no Porto, uma escola criada algures no final do século XIX pela iniciativa de comerciantes para formar e preparar os seus trabalhadores. Recordo isto porque sinto que é para aí que vamos novamente, em vez de uma escola obrigatória destinada a formar legiões de robots necessários para operar acriticamente as sociedades do século XX, em vez de uma escola que pretende eliminar as nossas diferenças de idiossincrasia  e nos tenta enformar para sermos cidadãos "normais", em vez de uma escola que prepara as crianças de Pousafoles do Bispo para serem iguais e trabalharem como as pessoas de Lisboa, o que só as levará a detestar, ou ignorar, ou nunca equacionar que um futuro também é possível em Pousafoles do Bispo, vamos precisar de escolas sem programa definido em Lisboa, escolas destinadas a reviver as sociedades locais, as economias locais, os orgulhos locais."
Depois, ler "Indústria apela a plano “maciço” de requalificação de trabalhadores". O que dizer?

Julgo que esta gente não valoriza a formação, e que isto não passa de "conversa da treta". Se valorizassem a formação tratavam-na como algo estratégico sobre o qual querem deter o controlo e não algo que tentam externalizar e pôr o contribuinte a pagar. Outros que continuam "in the last industrial revolution".

Pena que os jornalistas não coloquem perguntas impertinentes:

  • De que formação precisam os trabalhadores da sua empresa?
  • De que formação precisarão os trabalhadores da sua empresa dentro de 5 anos?
É sempre interessante perceber se as pessoas sabem da sua casa antes de começarem a pedir revoluções mundiais.

Fico a pensar naquela do lowest bidder:

A formação dos trabalhadores do futuro é tão, mas tão importante que tem de ser assegurada pelo estado com base em concursos em que ganha o lowest bidder.

Quem considera a formação realmente importante agarra o touro pelos cornos e tem o locus de controlo no interior.

BTW, há cerca de vinte anos auditei uma empresa industrial que tinha indicado várias lacunas na formação do seu pessoal, para poder evoluir para outras áreas de negócio. Essa empresa tinha literalmente nas suas traseiras uma escola profissional do sector. Mostraram-me as actas das reuniões havidas com essa escola. Estavam dispostos a pagar por formação dedicada e à medida para os seus trabalhadores, mas a escola profissional só lhes deu uma solução:

- Sim, temos um curso de 3 anos!

Falta de noção e sintoma de funcionalismo.

terça-feira, julho 23, 2019

A verdade que não nos é contada, acerca do leite (parte II)

Na parte I, em Março de 2012, citei:
"the rise of small farms is possible with sales direct to consumers (raw milk certification), direct processed either by working with small local cheesemakers or small yogurt facilities, or creating on farm processing, agritourism, and young farmer incentives."
A parte I descreve bem a evolução dos efectivos leiteiros numa série de países e a concentração eficientista em curso.

Agora encontro:
"While larger farms get by with government subsidies, smaller farms are turning to the rental economy.
...
are looking to make extra income by renting out space at pastoral Old Crow to vacationers who’d like a taste of New England farm life.
...
city dwellers and suburbanites are hungry to spend their vacation time in a bucolic landscape with the promise of some wholesome downtime and maybe a locally sourced meal. They are part of a growing agritourism trend of family farmers with small to medium farms using their land, food supply, and livestock to attract guests on websites like Airbnb and VRBO, increasing their farms’ revenue and exposure."
Trechos retirados de "How are small farms surviving? Airbnb"

Pôr em perspectiva (parte II)

Parte I.

Escrevia-se em Março de 2003:
"Mesmo assim, o líder associativo afirma acreditar, "convictamente, que Portugal é um óptimo produtor e exportador da ITV e vai continuar a sê-lo", frisando, no entanto, que, para tal, terá que apostar numa "cultura de valor, no desenvolvimento e concepção de produtos e em gestores qualificados". Mas não só, porque, salienta, a "produtividade, que está 60 por cento abaixo da média comunitária, tem que subir"
Um país que vinha de anos e anos de sucesso por ser a "china" da Europa antes de haver China iria sofrer um choque violento contra a parede, por causa da abertura de 2005, devido aos salários da China e a referência era a produtividade média comunitária?!
Quando o mercado muda é fundamental mudar também os parâmetros que seguimos e monitorizamos.
"Realizado há três anos, o estudo da Kurt Salmon Associates e pelo BPI para a Associação Portuguesa de Têxteis e Vestuário continua a ser actual. O objectivo era avaliar o impacto da liberalização do comércio mundial de têxteis e vestuário, previsto para 2005, na ITV nacional. Optando-se quer pelo cenário mais optimista - uma perda de 80 mil postos de trabalho e o encerramento de 734 empresas - quer pelo pessimista - 106 mil postos de trabalho e 826 empresas - o embate será violentíssimo."
Escrevemos na parte I: Em 2015 o sector tinha perdido 104 095 trabalhadores por comparação com 2000 e 131 668 trabalhadores por comparação com 1995.

Só entre 2003 e 2013, segundo o Pordata, desapareceram mais de 6000 empresas em termos líquidos.

Enquanto decorria esta mortandade o parlamento dedicava-se a legislar sem pensar nas consequências. Depois, arrependia-se e tentava brincar aos alquimistas. Recordo de Agosto de 2009:
"Assim, os políticos tomam as decisões que levam a isto “Novo salário mínimo impôs aumentos de 5% para operários do têxtilAumentos de 5% impostos numa época de crise, com as encomendas a baixar e as empresas a fechar (já em Novembro do ano passado se escrevia isto: “Indústria têxtil já perdeu 170 milhões em 2008A altura pode não ser a melhor, mas ao promover e incentivar o encerramento das empresas estaremos certamente a contribuir para premiar as empresas mais bem geridas e para fechar as empresas que seguem estratégias ultrapassadas “Têxtil e vestuário: Maioria continua a "trabalhar a feitio" (no JN de ontem)Contudo, depois, vem aquela impressão na barriga dos políticos, aquele tremer das pernas, quando percebem, só então é que percebem, as consequências das suas decisões. E, em vez de constância… começam a remendar e remendar e remendar.Assim, no Público de ontem: ” Parlamento pede política fiscal "especial" para o sector têxtilComo é que querem ter estratégia se não têm coragem de assumir o lado negativo das opções que tomam?"

Por fim, o tal estudo de 2000 propunha:
"Para fazer face a tal impacto, eram avançadas três estratégias possíveis. A primeira, pró-activa, de reacção quer por via do desenvolvimento de planos estratégicos quer pela identificação dos pontos fortes e fracos. [Moi ici: Blábláblá!] A segunda, de deslocalização, ou seja, de transferência da manufactura para países com baixos custos mantendo a estrutura empresarial em Portugal.  [Moi ici: LOL] A terceira, de continuidade.  [Moi ici: ??? LOL ???]

Trechos retirados de "Indústria têxtil perdeu 42 mil postos de trabalho nos últimos quatro anos"

segunda-feira, julho 22, 2019

Um rotundo não

A propósito de "Portugal precisa de um Consenso Estratégico sobre Produtividade" a minha resposta é um rotundo não!

Portugal precisa de mais liberdade económica, precisa de mais turbulência (empresas que fecham e empresas que abrem) e de menos so-called experts, sem skin-in-the-game, a decidirem o que é melhor para as empresas dos outros.

As posições anteriores de uma empresa limitam o espectro de posições futuras possíveis. E os macacos não voam, trepam às árvores.

Qualquer consenso estratégico no terreno acaba implementado por empresas, por pessoas que estão à frente de empresas, e não por burocratas.

Democratização da produção (Parte II)

Parte I.

"Local Motors will build new plants wherever its customers are located, and each manufactured item will effectively be one of a kind, built to suit the tastes and requirements of individual consumers. Scale is replaced by potential savings from engineering, design, parts, labor, and efficiency in a 3D microfactory. Local Motors describes this approach as making money from scope. In other words, it offers useful, attractive, bespoke products to customers who are within shouting distance of its factories, at a price that matches the distinctive value of the item.
...
After decades of chasing lower production costs and scale by extending factory footprints and supply chains deeper into emerging nations and distributing products around the world in huge quantities over complex logistics networks, manufacturers are finding that their globalized approach is losing its viability. In particular, their centralized management structure, lengthy supply chains, lack of product variety, and long shipping times are impeding regional agility — and, in some cases, placing them at a disadvantage to local competition.
...
The most efficient manufacturing setup is the one that makes goods in appropriate volumes to meet demand at the point of demand, with plenty of room for local and individual customization.
...
Some products will be more personalized than others, but overall the distance separating the manufacturer from its customers will be sharply diminished in favor of improved product quality, rapid market response, smaller factories, minimal lead times, better supply chain coordination, and decentralized management.
...
Suppliers in the business-to- business realm will also be under pressure to improve responsiveness as part of the campaign by their customers — that is, manufacturers — to shorten the value chain and more proactively serve the end consumer.
.
The implications are problematic for some companies: Manufacturers that are today highly invested in a global factory network of multiple large centralized plants, managed by traditional operating systems, organizations, and processes, may find their business models becoming obsolete faster than they ever expected. However, the nimblest manufacturers stand to reap significant gains from this new model.
.
As their supply systems become more responsive and as customer demand becomes less of a guessing game, inventory inefficiencies and the carrying costs of warehousing products in bulk — only to ultimately jettison some of them as dead stock — will decline. In addition, savings will be generated by the reduction in expensive long-range production planning and supply chain management. And for companies able to outpace rivals in producing products that are best suited to customer needs — making these items available when customers want them — sales margins should rise markedly."
Tudo coisas que escrevemos aqui no blogue há anos.

Continua.

Trechos retirados de "Manufacturing’s new world order - The rise of the point-of-demand model"

domingo, julho 21, 2019

O mundo a mudar

Onde estão os seus clientes a vender?
Eles podem gostar muito da sua fábrica, mas se eles estão a perder clientes ...
"Retailers vacated US shopping centres at the fastest pace in at least nine years in the second quarter as the relentless rise of online shopping and collapse of debt-laden chains begin to hit the commercial property market.
.
More than 7,400 store closures have been announced this year, with Sears, Victoria’s Secret and Charlotte Russe among a raft of household names to shut outlets in malls across the country.
...
“We’ve been the busiest we’ve ever been in our history,” said Scott Carpenter, head of retail liquidation at Great American Group.
...
The 7,426 store closures announced this year, as tracked by Coresight, compare with little more than 3,000 openings. The closures are already about a quarter more than the 5,864 during all of last year.
.
Some retailers are in expansion mode, however. They include athleisure brand Lululemon, which this month opened a 20,000 sq ft site in Chicago that features a meditation area and yoga studio. “In the better properties, there is very strong demand for space,” Mr Buono said.
."

Pôr em perspectiva (parte I)

Daqui este gráfico:
Em 1995 o sector do têxtil e vestuário tinha 263 181 trabalhadores.
Em 2000 o sector do têxtil e vestuário tinha 235 608 trabalhadores (menos 27 573 trabalhadores em 5 anos).
Em 2015 o sector do têxtil e vestuário tinha 131 513 trabalhadores (menos 131 668 trabalhadores do que em 1995 e menos 104 095 trabalhadores do que em 2000).

Comparar com este artigo "Indústria têxtil perdeu 42 mil postos de trabalho nos últimos quatro anos" de Março de 2003.

Há dias apanhei um estudo sobre a competitividade da economia portuguesa feito pela AIP em 2008. Juro que me ri quando apanhei um capítulo em que a evolução dos salários portugueses era comparada com a evolução dos salários na zona euro. O mundo tinha mudado, o paradigma da economia portuguesa de bens transaccionáveis tinha chocado violentamente contra uma parede e a "elite" portuguesa continuava, em 2008, a olhar para o mundo com os olhos pré-adesão da China à Organização Mundial do Comércio.

Quanto às medidas previstas no artigo, o que aprendemos em 16 anos?

Para comentar depois: "Liberalização do comércio mundial de têxteis e vestuário começa este ano" (de Janeiro de 2005)

Continua

sábado, julho 20, 2019

Deixar a produtividade aumentar

"Nas empresas a falta de organização e liderança é uma das explicações para a sua baixa produtividade, um problema antigo que, infelizmente, a classe empresarial nunca quis assumir como existindo e, por isso mesmo, dificilmente o resolverá."
A melhor contribuição para o aumento da produtividade numa sociedade consiste na promoção da livre concorrência e na remoção de barreiras à entrada e à saída.

Recordar a velhinha citação de Maliranta acerca da Finlândia acrescida da frase de Nassim Taleb:

Depois, algo que aprendi em 2007 com Maliranta e a experiência finlandesa:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
Por fim, Maliranta confirmado por Nassim Taleb:
"Systems don’t learn because people learn individually – that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game"
Trecho retirado de "Os problemas são poucos, as soluções parecem impossíveis /premium"

Começar a revolução em casa

Nem de propósito!

Há dias li "The life-changing magic of making do" e já referi o tema aqui e aqui.

Ontem na caixa de e-mail recebi um link para o artigo "Fashion and Sustainability: Repairing the Clothes We Wear" de Alison Gwilt, Sheffield Hallam University:
"Each year approximately 350,000 tonnes of used clothing is sent to UK landfills but research suggests that this figure could be significantly reduced if wearers were actively and routinely to repair damaged clothes.
...
Before the Second World War, in Europe and America, clothing was routinely repaired and altered, either in the home or through a service provider. Garments were considered valuable items and, mainly for economic reasons, they were regularly repaired. Labour costs associated with repairing were at the time affordable in comparison to the price of new materials and garments. As the ready-to-wear market flourished in the 1960s, fashion became increasingly affordable and accessible, which facilitated a decline in the traditional culture of mending and altering clothes. Repairing clothes began to be considered as time consuming and expensive in comparison to the availability and price of new clothes. This view quickly became the social norm in developed western cultures and still remains largely accepted amongst contemporary society, which on the whole no longer engages with clothing repair as a matter of routine
...
 if the active use of a garment increased to approximately three years (in the UK it is currently 2.2 years), there would be a saving of 20 and 30% each for carbon, water and waste footprints."
Gente que se manifesta a defender o ambiente e a seguir segue em romaria para a Primark.

sexta-feira, julho 19, 2019

Democratização da produção (Parte I)

Há quantos anos escrevemos aqui sobre Mongo?
Há quantos anos escrevemos aqui sobre o bailado entre a crescente tribalização do gosto dos clientes e a tecnologia que permite a produção personalizada?

"Products will come off the assembly line in small, highly customized batches, like a high-tech version of old-fashioned craftsmanship. The revolution is on its way, and within the next five to 10 years, manufacturers in all industries will find themselves in a race to efficiently produce products at the point of demand — that is, where their customers are — and to deliver these items when their customers want them, personalized to their customers’ individual tastes.
...
Factories will be smaller, operating with minimal lead times and shorter value chains. Management will be decentralized, the supply chain will be simplified and shortened, and the distance separating the manufacturer from its customers will be sharply reduced.
...
In emerging markets as well as developed regions, customers increasingly expect products that match local cultural preference rather than homogeneous global brands and business-to-business services.
...
Nimble manufacturers will reap significant gains from the point-of- demand model. As their supply systems become more responsive and as local customer demand becomes less of a guessing game, inventory inefficiencies and the carrying costs of having to warehouse products in bulk will decline. The expense of supply chain management and production planning will drop as well. And companies able to produce personalized products that are best suited to customer needs when customers want them will enjoy higher sales margins. By contrast, as point-of-demand manufacturing takes hold, companies that operate global factory networks with large centralized plants, managed by traditional operating systems, organizations, and processes, may find that their business models are outmoded."

Interessante como estes artigos não mencionam aquilo que é o óbvio ululante para mim. Caminhamos para uma economia em que pequenas unidades produtivas com alcance global serão cada vez mais comuns, e captarão a nata da margem em cada vez mais negócios.

Rumo à democratização da produção.

Continua.

Trechos retirados de "Manufacturing’s new world order - The rise of the point-of-demand model"