Esta semana vi imagens, na televisão, do que que me pareceu o encerramento de uma empresa
cerâmica em Pombal.
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E, no entanto: "
Indústria cerâmica exporta metade da sua produção"
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Lembram-se no
calçado do encerramento da
Rhode? E da
Aerosoles? E da Eco? E da Clarks?
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E, no entanto: "
Exportações de calçado sobem quase 20% até Maio" de 2011 (19,5%
aqui) (
Quer dizer que já anularam a saída das multinacionais como a Ecco, a Clarks, e tantas outras)
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Lembram-se do encerramento das
têxteis? (
aqui,
aqui,
aqui e
aqui alguns exemplos)
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E, no entanto: "
Exportações da indústria têxtil cresceram 6,4 por cento" em 2010. E, no primeiro semestre de 2011 "
Exportações no sector têxtil subiram 13 por cento" ou "
Exportações têxteis crescem 24%"
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Ainda no têxtil em 2010
conjuguem:
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"O ano que terminou deverá ficar para a história como um dos piores das
últimas três décadas em termos de encerramentos e desemprego na região
do Alto Minho."
com
"A indústria têxtil e do vestuário deverá terminar o ano com uma subida
de 5% das exportações. A acontecer será o maior crescimento percentual
da última década."
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No mesmo país, no mesmo sector de actividade umas empresas morrem e outras prosperam! É assim que se faz a reconversão de um sector. E sempre que o Estado entra para ajudar... torra dinheiro que nos é confiscado sob a forma de impostos e o problema agrava-se e acaba por ter o destino das Rhodes, das Qimondas, das Aerosoles ... lixo e dívidas.
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Na agricultura, ou direi melhor "na lavôra", com as ajudas de Bruxelas e com o paternalismo dos governos isto demora a acontecer:
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Reparem neste exemplo de
hoje:
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"Os agricultores da região, que
prevêem uma quebra na produção vitivinícola de 2011 na ordem dos 80 por cento, devido às condições climatéricas adversas, pragas e doenças,
reclamam também o apoio da Câmara de Palmela às suas reivindicações e na defesa da região e do país."
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Hipotético pensamento de um urbano:
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"Ah! Coitados! Realmente, este ano tiveram azar, é preciso apoiá-los."
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Mas continuem a ler o texto do artigo:
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"A AADS afirma-se igualmente preocupada com o aumento dos factores de produção (gasóleo, electricidade, adubos e fitofármacos) e com
o baixo preço da uva vendida pelos produtores, que, em alguns casos, não ultrapassa os «25 cêntimos/quilo», ao mesmo tempo que adverte para o perigo de falência das pequenas explorações"
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Quer dizer, que num ano de boa produção também perdem dinheiro ... é uma actividade sem futuro apenas suportada por apoios e subsídios, independentemente da quantidade produzida.
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No entanto, reparem noutra notícia do dia "
Três vinhos portugueses entre os 25 melhores mundiais" e reparem no pormaior:
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"a “Decanter” afirma que “o país para o qual os consumidores e especialistas devem estar atentos é Portugal, que ganhou prémios para mais de 84 por cento dos candidatos, incluindo três troféus internacionais”"
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É a mesma coisa que se passa na cerâmica, no calçado, no têxtil, em todos os sectores de actividade... excepto nos protegidos por apoios e subsídios. Apoio esse que impede a reconversão desses sectores.
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Produzir uvas já era, produzir granel já foi, também aqui quantidade "foi chão que deu uvas". O que é preciso é subir na escala de valor, produzir outras castas, ou mudar de ramo... sei lá, dióspiros? quivis? ervas aromáticas? morangos? flores? hortícolas?
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Mas não, ainda hoje ouviremos a ministra Cristas a prometer apoios... há que apoiar a "lavôra"
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Uma adega? Não! Uma "boutique" de vinhos"
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Vinhos do Douro e proposta de valor"
"
You are building a business, not a product (parte II)"