""Dizem-nos que Portugal começa a ter dificuldades em atrair encomendas de clientes estrangeiros pelos ordenados, mas se formos ver os nossos salários nem são altos, rondam os 900 euros", diz ao Expresso Marisa Sousa, trabalhadora e dirigente sindical da Coindu, em Arcos de Valdevez, onde só tem trabalho até ao final do ano."
segunda-feira, dezembro 02, 2024
A economia não é um jogo de "nós contra eles" (parte II)
segunda-feira, junho 24, 2024
Quando a produtividade estagna ou baixa... (parte III)
Começo a parte II com a pergunta:
O que acontece numa sociedade em que a produtividade baixa ou estagna mas é preciso aumentar salários para seduzir trabalhadores?
Primeiro, recordo o impacte da instalação de uma fábrica de chips da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company numa região longe das grandes metrópoles, na ilha de Kikuyo nos arrabaldes da prefeitura de Kumamoto no Japão em "A dolorosa transição ao vivo e a cores".
No nosso país de baixos salários, preferia perder com os checos no futebol e ganhar neste campeonato, "US chipmaker onsemi will invest $2 billion in a chip production facility in the Czech Republic". Contudo, reconheço que a tribo do pão e circo é bem mais numerosa.
Há um ano:
- "Intel set to build a new €17 billion chip manufacturing hub in Germany as it pours money into Europe". (Esta iniciativa faz parte de um investimento maior de 80 mil milhões de euros na Europa ao longo da próxima década, que inclui também a expansão de uma fábrica existente na Irlanda, e a criação de uma instalação de design e pesquisa na França, bem como um centro de embalagem e montagem em Itália)
- "Taiwan's TSMC to build semiconductor factory in Germany"
Acrescentar STMicroelectronics, Infineon, Wolfspeed Inc e Silicon Box.
Imaginam a contribuição destes investimentos e dos spillovers que geram na produtividade agregada destas sociedades?
Outra vez, lembram-se da alegria do jornal porque uma fábrica de meias trocou a Lituânia por Portugal ... minha Nossa Senhora. Percebem porque é um sinal triste?
Agora, por que é que estas empresas viriam para Portugal?
domingo, junho 23, 2024
Quando a produtividade estagna ou baixa... (parte lI)
Termino a Parte I com esta pergunta:
"O que acontece numa sociedade em que a produtividade baixa ou estagna mas o custo de vida sobe?"
Acrescento mais uma questão:
- O que acontece numa sociedade em que a produtividade baixa ou estagna mas é preciso aumentar salários para seduzir trabalhadores?
- Por que há outros a pagar mais (no caso da emigração, ou no caso do "roubo" por outros sectores de actividade com maior produtividade, ou por imposição legal via SMN)
- Nas economias da OCDE o que costumava acontecer era o fenómeno da deslocalização. Incapazes de competir pelos trabalhadores as empresas fechavam ou deslocalizavam-se. Por isso, as empresas têxteis alemãs e francesas vieram para Portugal. Por isso, ainda hoje, as empresas têxteis saem da Lituânia para Portugal.
Apesar das empresas nos sectores transaccionáveis não poderem aumentar os salários livremente, por causa da concorrência internacional, o custo de vida sobe, os governos querem impostar mais e, por isso, as empresas começam a ver os trabalhadores a emigrarem para outras paragens onde facilmente ganham muito mais do que nos seus países de origem.
Então entra o fenómeno das paletes de trabalhadores pouco qualificados para fazerem o trabalho ao preço mais baixo possível no país. Recordo um artigo do Público, talvez de 2018, sobre os problemas gerados pela imigração no concelho de Odemira sobre o SNS (BTW, acho interessante nunca ninguém falar destas externalidades e de quem as paga).
Numa economia em que a produtividade estagna ou baixa as empresas não geram capital para pagar os custos crescentes como as rendas. Quando os governos começam a apoiar as empresas para que aumentem a produtividade, muitas vezes o dinheiro é usado para compensar custos em vez de subir na escala do valor.
Estamos, como país, nesta situação.
sexta-feira, abril 19, 2024
Curiosidade do dia
Lançam foguetes por causa disto "Portugal bate Espanha na produção de sapatos".
Lembram-se da fábrica de produção de meias que "roubámos" à Lituânia?
Cuidado com o que festejam...
quarta-feira, abril 19, 2023
É complicado ...
Li ontem "Costa: "Portugal tem muito a ganhar com a reorganização à escala global das cadeias de valor"".
É complicado ...
Choca com a minha experiência do mundo? Não!!!
Ainda ontem contava o caso de empresa exportadora, há cerca de um ano, aumentou os preços para, polidamente, mandar embora um cliente. E ele foi. Entretanto, já no primeiro trimestre deste ano, esse ex-cliente voltou a bater à porta disposto a aceitar os tais preços. Ainda ontem mostrava os dados da tabela neste postal Evolução das exportações. Recordar ainda de Novembro último A grande reconfiguração
Então, por que é complicado?
Porque é mais do mesmo. Porque me faz lembrar a Lituânia e o postal Ultrapassados pelo Leste. O meu interlocutor ontem contava-me que tinha estado a observar uma equipa da concorrência a trabalhar. Pormenor, não viu um português, só chilenos e brasileiros.
É complicado porque o que penso não é linear, tem um lado positivo e tem um lado negativo. O lado positivo é dar trabalho a quem já está no terreno. O lado negativo é ser mais do mesmo, é continuarmos a ser um país que não consegue aumentar a produtividade agregada. Não porque os patrões ou os empregados sejam maus ou preguiçosos, mas porque o aumento da produtividade (num país onde a escala não funciona, país de PMEs) é limitado pelo preço máximo que se possa praticar ... como não recordar a foto e o texto de A brutal realidade de uma foto:
Com mais do mesmo teremos os portugueses a continuar a emigrar em busca de melhor remuneração.
É complicado.
domingo, novembro 27, 2022
A grande reconfiguração
The failure of covid zero. Likely to have major implications for China and the rest of the world. pic.twitter.com/EhTn774i9A
— Olivier Blanchard (@ojblanchard1) November 25, 2022
- China’s Covid Curbs Return as Deaths Emerge, Casting Reopening Into Doubt
- Apple’s Reliance on China Grows Perilous With Chaos in iPhone City
- China’s Exit From Covid Zero Seen Stretching Beyond 2023
- (Este é um tópico diferente, mas também pode ter implicações no contexto que afecta as PMEs portuguesas) ICBC Leads China Banks to Offer $179 Billion to Builders
domingo, novembro 20, 2022
Para reflexão
Lembram-se da fábrica de meias lituana que veio para Portugal e os jornais regozijaram-se?
Eu recordo de Julho de 2021- Ultrapassados pelo Leste.
Eu recordo a evolução salarial na Lituânia, de Maio deste ano - A caminho da Sildávia ao vivo e a cores, mais um pacotão.
Entretanto, ontem no Pordata analisei os dados sobre a evolução da "Produtividade do trabalho por hora trabalhada (Euro)". Reparem na evolução da produtividade na Lituânia:
Todo o bloco de países da Europa de Leste está a crescer em produtividade muito mais do que Portugal. Mesmo as humildes Roménia (cresceu 921%) e Bulgária (428%).
Ninguém se interroga a sério sobre o que se passa neste país.
terça-feira, maio 31, 2022
A caminho da Sildávia ao vivo e a cores, mais um pacotão
Lembram-se da vitória sobre a Lituânia?
Pois...
"O crescimento económico é uma desilusão em Portugal há mais de vinte anos. Primeiro pedimos emprestado usando a capacidade de liquidez de um Estado. Depois, veio o FMI, e com ele a austeridade e a emigração. As eleições têm produzido persistentes escolhas em não fazer reformas arriscadas que busquem o crescimento económico. Já há dez anos que estamos a vender património. Primeiro foram algumas grandes empresas. Agora são casas e terrenos. Sonhamos que o capital de fora venha com investimento direto e novos negócios, mas os números mostram que recebemos antes uns estrangeiros pensionistas com riqueza do passado. Hoje, preocupa-me ver partes significativas da economia especializadas em captar dinheiro de vistos gold ou estrangeiros que se mudem para Portugal, focando-se na construção, imobiliário e não-transacionáveis com baixa produtividade. Ao mesmo tempo, é uma tristeza ver as partes mais belas do país ficar na mão de estrangeiros.É sina de economista alertar para os perigos, ser ignorado, e passar por pessimista maldisposto. Mas tenho receio que daqui a uma ou duas gerações olhem para nós como a geração que desbaratou a fortuna da nação por não ter coragem para encarar o declínio de frente e fazer tudo para o reverter."
Como não recordar Jonas e os ninivitas em 2008 Os habitantes de Nínive
sábado, abril 30, 2022
Pedintes, a profissão mais comum em Portugal
Pedintes, a profissão mais comum em Portugal ... e com isso, subcontratamos a capacidade de agência ao actor com menos conhecimento e capacidade para o fazer, o papá-estado. (Dielmar, Efacec, TAP, ...)
No semanário Sol de hoje pode ler-se:
"Há um problema transversal a todos os setores que não deixa ninguém indiferente: a falta de mão-de-obra. A opinião junto dos vários empresários e responsáveis de vários setores ouvidos pelo nosso jornal é unânime. A restauração é um dos setores mais afetados. De acordo com as contas da AHRESP, relativas aos primeiros meses do ano davam conta da falta de 40 mil trabalhadores no setor. «Antes da pandemia fizemos um debate sobre o mercado de trabalho e sobre as dificuldades que estávamos a sentir e chegámos à conclusão que se tivéssemos 40 mil pessoas teríamos dado emprego a todos. A situação não só não se resolveu como até se agravou», disse Ana Jacinto, secretária-geral da associação. Uma opinião partilhada por Daniel Serra, presidente da Pro. Var. «O Governo deve rever urgentemente as políticas relacionadas com o incentivo ao emprego, do ponto de vista da procura e da oferta». E lembra que ..."
Num país de amélias é assim que as coisas funcionam:
- às segundas, terças e quartas o governo rouba-nos através da voracidade fiscal;
- às quintas, sextas e Sábados o governo tem de nos apoiar, o governo tem de resolver os nossos problemas.
- Tornem o posto de trabalho mais atractivo!
- Não conseguem?
- Talvez seja um sinal do universo a dizer-lhes para mudarem de vida, se não conseguem subir na escala de valor para conseguirem melhores margens e, assim, poderem ter postos de trabalho mais atractivos.
No Dinheiro Vivo de hoje é a mesma estória, mas mais grave porque escrita pelo presidente da CIP:
"Os sinais vitais da economia parecem, à primeira vista, animadores: a atividade económica em Portugal continua a resistir ao impacto da guerra na Ucrânia e à aceleração da inflação.
...
É certo que a comparação com o dificil 2021 ajuda os números, puxa-os para cima, mas há um ponto que tem de ser sublinhado: as pessoas estão a comprar, estão a consumir, estão a gastar.
...
Explico-me: tendo em conta a inflação de 5,3% registada em março, sobretudo por causa da energia, mas também com uma forte pressão em várias matérias-primas, nos salários e nos custos de transporte/logística, há uma parte significativa do impacto que não está a ser repercutida nos preços pagos pelos consumidores. Isso significa que as empresas estão a vender com menos margem, muito menos margem, nalguns casos até a perder dinheiro, já que procuram a todo o custo manter-se à tona. Isto é, dão o que têm e o que não têm para não perderem mercado e clientes, enquanto esperam que a guerra acabe e os custos operacionais baixem novamente.
...
as empresas estão a servir a de pára-choques porque sabem que o poder de compra em Portugal é frágil e porque estão a tentar segurar o futuro com tudo o que podem.
Infelizmente, isto não é sustentável, os balanços não são eternos. O que significa que vamos ter mais empresas a soçobrar ou, inevitavelmente, os preços terão de subir mais depressa. E o governo? O governo não parece querer perceber o que está a acontecer. [Moi ici: E a CIP? A CIP não parece querer perceber o que está a acontecer] Eu chamo-lhe a crise submersa. Aguardemos."
As empresas não percebem o Evangelho do Valor e a sua implicação?
Por que temos, como país, de estar sempre dependentes desta relação pedo-mafiosa com o estado? Se pedimos esmola com a mão-direita, como queremos a seguir com a mão esquerda manifestar contra o saque fiscal? Como andamos sempre a pedir esmola, acreditamos que a salvação vem sempre de outros, nunca dependende de nós e da nossa capacidade de mudar, de evoluir, de rasgar, de experimentar e de falhar, para voltar a experimentar, a tentar, ...
Acham que a tal subida do país na criação de riqueza será feita à custa de manter o mesmo número de pessoas em empresas que não são capazes de criar riqueza suficiente para serem atractivas? O que dizem da evolução na agricultura? Menos gente e mais riqueza criada!
Lembrem-se da Lituânia...
segunda-feira, fevereiro 21, 2022
"A produtividade tem de ser uma exigência nacional!"
"A produtividade tem de ser uma exigência nacional! Se formos mais produtivos por unidade de trabalho incorporado, podemos aumentar a receita fiscal "sem dor", exigir uma melhor distribuição do fator trabalho, com ênfase para a qualificação (o que promove o aumento do salário médio), e evitamos a debandada dos portugueses mais talentosos.
Para percebermos porque é que Portugal é sucessivamente ultrapassado pelos novos países que se juntaram mais recentemente à União Europeia devemos olhar para os dados da produtividade do fator trabalho. Peguei nos dados da evolução da produtividade do trabalho por hora trabalhada em euros, para os últimos anos, para vários países que recentemente se juntaram à União Europeia, a que acrescentei Espanha e a Grécia.
E até excluí os anos de 2020 e 2021, por serem anos atípicos.
O resultado para Portugal é devastador. De 2015 a 2019, a produtividade na Roménia aumentou 37,1%, enquanto em Portugal apenas aumentou 9,6%, tendo ficado na média da UE a 27, onde a produtividade aumentou 9,6%, mas onde os restantes países com quem nos comparamos arrasaram: a Estónia 31,3%, a Bulgária 30,9%, a Lituânia 27,2%, a Letónia 26,2%, a República Checa 24,6%, a Eslovénia 18,4%, a Croácia 12,7% e a Eslováquia 12,3%!
É por estas e por outras que estamos como estamos e acabámos de perder um período de crescimento europeu notável porque não soubemos fazer o que devíamos: não mudámos o tecido empresarial, não amortizámos a dívida, não investimos..."
Recordar, acerca da Roménia:
- Muito blahblahblah acerca da produtividade (Novembro de 2021)
- Percebem como isto é deprimente? (Novembro de 2021)
- Let that sink in deep (Outubro de 2021)
sexta-feira, novembro 12, 2021
Mea culpa (parte II)
"What does the average citizen think about profit?...We’ll start with what people think in the United States, where a survey posed the following question to a representative sample: “Just a rough guess, what percent profit on each dollar of sales do you think the average company makes after taxes?” The average response was 36%! This is very consistent with research that advertising guru David Ogilvy cites in his book Ogilvy on Advertising: “the average shopper thought Sears Roebuck made a profit of 37% on sales.” Sears’ true profit at that time was less than 5%.Responses to similar questions in nine different polls between 1971 and 1987 ranged from 28 to 37% and averaged 31.6%. What is the truth? The actual average after-tax profit margins of US companies over the long term is around 5%. In other words, the respondents overestimated the level of corporate profits by a factor of six. We found very similar perceptions in a study conducted in Italy in 2019. Respondents there estimated net profit margins to be 38%.People in Germany have also responded to surveys with similar questions. The answers varied between 15.75 and 24.15% with 20% on average. In Austria, a comparable number was 17%.7 In other countries we could not find similar surveys."(fonte 1)
“Once a considerable gap in real wages has been created, the world market will automatically assign economic activities that are technological dead-ends - and therefore only require unqualified labour, for example, to produce baseballs - to low wage countries. [Moi ici: Daí as "vitórias de Pirro" sobre a Lituânia e a Polónia]...The competitiveness of a country is, according to OECD definition, to raise real wages while still remaining competitive on the world markets. In most of the Third World today this situation is turned upside down: wages are lowered in order to be internationally competitive. [Moi ici: Como não recordar a reportagem dos empresários do turismo algarvio que querem ir buscar filipinos e cabo verdianos porque supostamente os portugueses não querem trabalhar])[Moi ici: BTW! Recordam-se da caridadezinha?]Education is increasingly regarded as the key to expanding wealth in the Third World. In countries like Haiti, which specialize in non-mechanized production - in technological dead-ends - raising the level of education of the population will not help to increase the level of wealth in the population. In such countries the demand for educated personnel is minimal. Education is more likely to increase the propensity to emigrate. A strategy based on education succeeds only when combined with an industrial policy that also provides work for educated people, as happened in East Asia....By emphasizing the importance of education without simultaneously allowing for an industrial policy that creates demand for educated people - as Europe has over the last 500 years - the Washington institutions are just adding to the financial burdens of poor countries by letting them finance the education of people who will eventually find employment only in the wealthy countries. An education policy must be matched by an industrial policy that creates demand for the graduates.[Moi ici: Entram aqui os dinheiros da Europa. Como appetizers recordo estas duas breves reflexões acerca da entrada massiça de dinheiro para investir, aqui e aqui]...Theory development led to what Schumpeter calls `the pedestrian view that capital per se propels the capitalist engine'. The West started thinking that by sending capital to a poor country with no entrepreneurship, no governmental policy and no industrial system, they could produce capitalism. The consequence is that today we virtually stuff money down the throat of countries with no productive structure - where this money could be profitably invested - because they are not allowed to follow the industrial strategy all the presently rich countries followed. Developing countries are given loans they cannot profitably utilize, and the whole process of development financing becomes akin to that of chain letters and pyramid games. Sooner or later the system breaks down, and the ones who designed it, standing close enough to the door when everybody rushes out, are able to make good financial profits, while the poor countries themselves are the losers. This is part of the mechanism that often creates larger flows of funds from the poor to the rich countries than the other way around, one of Gunnar Myrdal's `perverse backwashes' of poverty."[Moi ici: Reinert propõe o proteccionismo, mas o proteccionismo para um país na UE não é possível. Como resolver a situação sem sair da UE? Seguir a receita irlandesa, não confiar em irlandeses e atrair investimento estrangeiro apostado na concorrência imperfeita, não na extracção venenosa na agricultura e recursos naturais]
segunda-feira, novembro 08, 2021
A boa árvore conhece-se pelos frutos...
Vamos admitir como válidos estes números coligidos por Eugénio Rosa:
"A remuneração média nacional aumentará 10,1% entre 2015 e 2022"
Agora comparem com a Lituânia:
"The monthly average gross wage rose 12.7 percent in the fourth quarter of 2020 from a year before to 1,467 euros, and the average net pay rose 13.3 percent to 935 euros, SoDra said on Tuesday." (fonte)
A boa árvore conhece-se pelos frutos... Lucas 6, 44 ou Mateus 7, 17
segunda-feira, novembro 01, 2021
Percebem como isto é deprimente?
No caderno de economia do último Expresso encontrei este esquema:
Lembram-se dos títulos todos lampeiros dos jornais sobre o roubarmos empresas à Lituânia e à Polónia?quarta-feira, setembro 01, 2021
"Lives of quiet desperation" (parte II)
Dedicado a todos os que há um ano me massacraram porque ousei dizer que a efacec era e é um embuste romanceado pelo nacionalismo parolo https://t.co/GvTfJaQFGi
— Carlos P da Cruz (@ccz1) August 31, 2021
Podem limpar as mãos à parede
Tweet publicado na sequência da leitura de "Da EFACEC".
Não escrevo estas coisas porque tenho mau feitio, mas porque tenho um blogue desde 2004. Comecei a escrever o blogue com o propósito de funcionar como um auxiliar de memória (depois a criação tomou vida própria, mas isso é outra estória). E ter memória é um castigo dos Deuses (diziam os gregos antigos).
Nas notícias:
- Julho de 2016 - Efacec: “Temos 2.400 pessoas. Não há mais despedimentos”
- Maio de 2017 - Efacec pode dispensar até 409 trabalhadores
- Junho de 2015 - Pensamentos sobre notícias do mundo empresarial
- Junho de 2015 - Duas dúvidas de um anónimo da província
- Agosto de 2016 - Reflexão acerca da Efacec
"Lives of quiet desperation.What is called resignation is confirmed desperation"
"os comentadores do regime alinhavam com o governo e diziam amém a duas nacionalizações. Nem uma voz contra, nem uma voz a desdizer a narrativa oficial sobre a EFACEC ou sobre a TAP.
Mais dinheiro impostado aos contribuintes torrado em delírios da corte lisboeta. Mais pedras no saco às costas das empresas que têm de fazer corridas com empresas de outros países com governos menos atreitos a orgias socialistas.
Isto nunca vai ter fim, este país nem com 5 troikas vai mudar. Ingenuidade pensar que a UE nos ia proteger...
A 1 de Setembro de 2007 no Expresso, Daniel Bessa escreveu:
"... faltou sempre o dinheiro que o "Portugal profundo" preferiu gastar na "ajuda" a "empresas em situação económica difícil"..."
quinta-feira, julho 29, 2021
Ultrapassados pelo Leste
No JdN de ontem encontrei "Dinamarca abre fábrica de meias em Famalicão e cria 130 empregos".
Fábrica de meias? Que meias?
"meias desportivas de alta "performance"
Faz sentido, trabalhar para nichos, subir na escala de valor. A minha receita!
No entanto, produção de 4 milhões de pares de meias por ano, facturação de 6 milhões de euros por ano. Ou seja, preço médio de um par de meias à saída da fábrica 1,5 euros. Parece-me um valor baixo. Quão alta será a tal performance? Por exemplo, trabalhar para a Decathlon? Sorry, low-cost.
130 trabalhadores significa 46,1 mil euros facturados por trabalhador. 130 pessoas para este tipo de produto?! Sorry, não é nicho!
O que me faz espécie é isto:
"Depois de cerca de 16 anos de produção na Lituânia, e devido sobretudo à falta de mão de obra qualificada local, começaram a olhar para outros mercados, como a Bulgária, a Ucrânia ou a Roménia, para deslocalizar a sua fábrica, e escolheram o nosso país", contou o diretor-geral"
Qual o salário mínimo na Lituânia? Qual a evolução salarial na Lituânia?
Salário mínimo na Lituânia 642€ versus em Portugal 665€. Qual a evolução salarial na Lituânia? "Lithuania posts 13 percent wage growth for 2020"
Sinto que é um sinal preocupante. Os antigos países comunistas começam a ter um nível de vida demasiado caro para este tipo de produtos. Nos anos 60 e 70 do século passado as fábricas alemãs e francesas fechavam para abrir em Portugal, agora fecham na Lituânia e vêm para Portugal...
Benvindos à Sildávia do Ocidente.
segunda-feira, abril 05, 2021
Sair da cepa torta
Este texto publicado no Correio da Manhã de ontem, "Portugal tem das empresas mais frágeis da Europa", suscita dois apontamentos.
Primeiro, a taxa de encerramento das empresas em Portugal ao fim de 5 anos:
"Esta fragilidade do mercado português, constituído sobretudo por micro e pequenas empresas, poderá ser avaliada ainda por um outro indicador: a taxa de sobrevivência das companhias.
Em Portugal, apenas 34% das empresas criadas em 2013 tinham conseguido aguentar-se de portas abertas ao fim de cinco anos.
A média comunitária estava fixada nos 45%. Pior do que Portugal só memo a Lituânia"
Mercados diferentes devem ter desempenhos diferentes e isso é normal.
BTW, um número que publiquei aqui no blogue em Maio de 2008:
Nos Estados Unidos, 80% das empresas que arrancam a funcionar num ano, ao fim de 5 anos estão falidas! Ao fim de 10 anos 96% estão fechadas.
Julgo preferível um sistema com baixas barreiras à entrada. Talvez por isso:
"Em 2018, Portugal tinha a segunda maior taxa de criação de empresas entre os 27 Estados-membros, de 16%."
"88,1% do investimento realizado em 2017 em investigação e desenvalvimento, na indústria e construção nacionais, foi protagonizado por empresas com capital nacional. O resultado coloca Portugal na primeira posição quanto à origem interna do investimento."
sexta-feira, dezembro 18, 2020
Vamos ficar todos bem
"o setor europeu de retalho de vestuário e calçado está a ser altamente penalizado pela pandemia. Até setembro, a queda acumulada ascende a 24,4%, de acordo com dados do World Footwear.
O índice de volume de negócios no setor de retalho na União Europeia nos artigos especializados de vestuário, calçado e artigos em couro tem revelado perdas constantes ao longo dos primeiros nove meses do ano, sempre na casa dos dois dígitos, revelando-se mesmo superior a 20% quando comparado com o mesmo período do ano anterior. No verão, nos meses de julho a setembro, verificou-se uma ligeira recuperação, ainda assim insuficiente para a hecatombe desde o início pandemia.
“Trata-se da confirmação de um sentimento generalizado, mas que ajuda a perceber melhor a dinâmica do mercado”, considera Luis Onofre. Para o Presidente da APICCAPS “estas quebras afetam particularmente as empresas portuguesas que, exportando mais de 95% da sua produção, têm na União Europeia o seu mercado de referência”.
Curiosamente, é em Espanha a e Portugal onde o setor do retalho na fileira moda mais está a sofrer, com perdas acumuladas de 33 e 31%, respetivamente. Os melhores registos ocorrem na Polónia (quebra de 10%), Lituânia (perda de 12%) e Estónia (recuo de 14%).
Entre os mercados de referência para as empresas portuguesas de calçado, o retalho de moda no Reino Unido caiu 29% entre janeiro a setembro deste ano. Em Itália o recuo acumulado é de 27% e em França 25% relativamente ao ano anterior. Na Alemanha o prejuízo ronda os 22% e na Holanda 16%."
Trechos retirados de "Retalho europeu colapsa"
domingo, setembro 11, 2016
Curiosidade do dia
"O passado só existe quando deixa saudade e o futuro é sempre qualquer coisa que vendedores de banha da cobra como os políticos nos querem impingir. Por cá não há responsabilidade colectiva pelo passado nem vontade colectiva para o futuro. Metade (ou mais) dos portugueses ainda acredita que a Troika e os cortes na Função Pública se resumiram a um capricho do Governo Sócrates ou a um devaneio de Passos Coelho e seus pares. A Suécia fez há anos uma política de reformas e de poupança apoiada pelos principais partidos, a Lituânia sofreu o duríssimo abalo de cortes salariais e de despedimentos no Estado, a Irlanda seguiu um caminho idêntico num admirável espírito de união e todos estes países foram capazes de assumir colectivamente o seu destino. Para muitos de nós, encarar a realidade e aprender com ela é um exercício improvável – ainda ontem José Pacheco Pereira escrevia no PÚBLICO que a necessidade do ajustamento era uma invenção de “argumentos conservadores, [Moi ici: Impressionante] destinados a impor às democracias uma noção da história que não depende da vontade e da escolha humana no presente”."
Trecho retirado de "Portugal não é a Irlanda"
segunda-feira, julho 11, 2016
Preço do leite, para reflexão
"De acordo com os dados publicados pelo European Milk Market Observatory, o preço médio do leite cru na União Europeia em maio de 2016 situou-se nos 26,15€/100 kg, o que representa uma descida de 4,5% em relação ao mês anterior, mais acentuada do que o previsto anteriormente. Em Portugal, de acordo com estimativas, o preço médio situou-se nos 28,01€/100 kg, o que representa uma estabilização em relação ao mês anterior.Lembram-se do choro e ranger de dentes com que os coitadinhos dos produtores de leite invadiram os media?
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A tendência de descida do preço é generalizada na União Europeia, com as maiores quebras a verificarem-se na Roménia (-12,0%), Holanda (-9,1%) e Letónia (-7,4%). Na Alemanha, Bélgica e França a quebra nos preços foi também significativa, com descidas de 6,9%, 5,1% e 3,9%, respectivamente.
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Os preços em maio variaram entre um mínimo de 17,15 €/100 kg na Lituânia e um máximo de 54,71 €/100 kg em Chipre. Nos grandes países produtores como Alemanha, Holanda e França os valores foram de, respectivamente, 24,61 €/100 kg, 23,96 €/100 kg e 27,48 €/100 kg."[Moi ici: Trocam meses e países mas o essencial mantém-se]
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Comparem a sua situação em Portugal com a dos produtores dos outros países:
Comparem os preços:
Olhando para os preços praticados em Portugal, Espanha e França ... interrogo-me acerca da capacidade de gestão das unidades de lacticínios.
Trecho retirado deste portal controlado pelo governo dos Açores.
sexta-feira, julho 12, 2013
Perigosa espiral recessiva
"A produção industrial em Portugal foi a que, em termos europeus, mais aumentou em Maio, quando comparado com Abril, registando um acréscimo de 6,1%. Em termos homólogos, registou a terceira maior subida – 4,5% - na União Europeia que, no seu conjunto, recuou 1,6%, anunciou nesta sexta-feira o Eurostat.
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Comparando Maio deste ano com o do ano passado, a produção de bens de consumo duráveis caiu 6,2% por cento na zona euro e 5,1% no total da União Europeia. Em contraciclo, Portugal, apenas antecedido pela Lituânia (+ 21,6%) e pela Estónia (+6,3) viu a sua indústria crescer. É a segunda subida homóloga consecutiva do país, depois de, em Abril, a produção industrial ter crescido 2,3%."