Mostrar mensagens com a etiqueta têxtil. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta têxtil. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, janeiro 03, 2018

Pode ser a vantagem das PME

"Many fashion brands suffer from high inventories and suboptimal sell-through, which cause strong markdowns and diminishing margins. Full-price sell-throughs between 65% and 80% and stock turns above 4.0 to 5.0 have been more a rule than an exception in the past. Today both commercial fashion brands and premium/luxury brands struggle to maintain comparable levels. Often, even total sell- through falls to levels below 70%, causing inevitable margin losses from skyrocketing markdowns far beyond benchmark levels of 12% to 15%.
.
Global increases of cost for apparel and footwear production have steadily continued during the last two years. Sourcing markets with stable costs are rare while the vast majority showed strong to very strong increases of production costs. This does not only affect China which has already been on a strong upward trend for many years, but also many of the typical low-cost sourcing destinations in South East Asia like Bangladesh, Pakistan, and Indonesia. Recent cost increases have been driven by both rising labor costs and strengthening local currencies in the sourcing markets versus US Dollar and Euro.
...
Facing these strong cost increases in key sourcing markets, brands and retailers continue to search for alternatives in their global sourcing portfolios, shifting their production from more established yet increasingly costly regions (e.g. South-East China) to less developed but cost-wise promising regions (e.g. Western China, Myanmar, Cambodia). [Moi ici: Recordar o exemplo da Etiópia] While this is easing the pressure on the cost side in the short term, it is adding clear risk on flexibility and operational performance as well as product quality and corporate social responsibility. In addition capabilities and capacities for selected product groups are not available in the same breadth and quality, limiting the opportunity for larger shifts of volume especially of products on higher price points and with more sophisticated technical requirements.
...
While shifting volumes to “even lower cost countries” might appear as a possible way out of the “gross margin trap” the true effects are limited."
A doença que começámos a relatar aqui há mais de 10 anos começa a chegar agora às consultoras que trabalham com empresas grandes. Imaginem as transformações que estão ou vão de ter ser feitas por essas pesadas e conservadoras estruturas. Depois, leiam "Never Under-Estimate the Immune System":
"Every large and successful institution has an immune systema collection of individuals who are prepared to mobilize at the slightest sign of any “outside” ideas or people in order to ensure that these foreign bodies are neutralized and that the existing institution survives intact and can continue on course.
...
But here’s the paradox: the immune system that has given large institutions extraordinary resilience in the past may be the very thing that makes these institutions so vulnerable today. In more stable times, institutional immune systems are very effective at keeping institutions focused and on course, resistant to the distractions that might lead to their downfall. In more rapidly changing and volatile signs, this same immune system can become deadly by resisting the very changes that are required for the survival of the institution.
...
I’ve been involved in large scale transformation efforts for decades now and there’s only one lesson that I really have to share from all that experience: never, ever under-estimate the power of the immune system of a large existing institution. I’ve developed an enormous respect for the incredible power of the institutional immune system.
...
And let me be clear. The immune system is not driven by evil people. The people who are part of the immune system are extremely well intentioned – their overwhelming desire is to contribute to the success of their institutions. That’s why they are fighting so hard and so determined to crush the foreign bodies."
Esta pode ser a vantagem das PME num mundo em que VUCA rules. Pode, porque há PME tão avessas à mudança quanto uma empresa grande.

terça-feira, janeiro 02, 2018

Lados positivo, negativo e arriscado

Um lado positivo:
""Um dos nossos principais vetores de sucesso é o desenvolvimento de novos e inovadores produtos,
...
Apesar de a produção nacional estar ao nível dos melhores e a preços competitivos, Manuel Brasil refere que não podem competir só pelo preço ou pela qualidade. "Trabalhar exclusivamente pelo preço é demasiado perigoso e redutor, visto que as mais-valias são muito reduzidas, e porque continuarão a existir países cuja conjuntura local seja mais favorável a este tipo de fabrico", alerta. "A qualidade é algo que tem de ser inato a todos os produtos e serviços. A premissa que deve ser garantida é a de não cair em situações de "excesso" de qualidade, ou seja, tudo aquilo que esteja incluído num produto que não tenha valor para o cliente é de facto um custo para o fabricante.""[Moi ici: A aposta na diferenciação pela inovação]
Um lado negativo:
"Se não for criada e colocada no terreno uma estratégia nacional de formação na indústria de metalomecânica, não sei por quanto tempo este crescimento possa ser sustentado."[Moi ici: O ainda não ter percebido que vão ter de ser as empresas em associação a criar soluções locais e específicas para este problema. Se calhar em conjunto com uma escola privada mais virada para o ensino profissional oficinal, e que agora atravesse um mau momento com o fim dos contratos de associação]
Já agora, a propósito de "O têxtil vive em castelos de areia". Não é o têxtil, é toda a actividade económica privada. Afinal, não foi de ânimo leve que sublinhei: "For an entrepreneur, every day is a crisis". Todas as actividades económicas que dependem de clientes que são livres de escolher a quem comprar, são como os iogurtes, têm um modelo económico que, mais tarde ou mais cedo, e sem avisar, vai ficar obsoleto. Por isso, toda a actividade económica privada vive em castelos de areia, literalmente. E fugir disto é deturpar a economia.

Outro lado positivo:
"Como "não podemos competir pelo preço", o foco está em manter a flexibilidade que permite produzir séries pequenas em espaços de tempo apertados.[Moi ici: Ainda me lembro de quase só o anónimo da província ousar escrever sobre isto]
...
"O crescimento das vendas online dá vantagem a Portugal porque as marcas não podem ir à Ásia buscar mil peças em quatro meses, mas nós fazemo-lo. Cada vez mais, as lojas físicas vão encerrar e o comércio online pede rapidez." 
Um lado arriscado:
""Fizemos um estudo, que só será apresentado no primeiro semestre deste ano, que contabiliza o custo de armazenamento de toneladas de peças de vestuário que as marcas têm guardadas por essa Europa fora. Vamos resolver esse problema: propomos recuperar essas peças e dar-lhe uma vida nova, sem que percam valor."[Moi ici: O modelo que gerou/gera essas peças que não se vendem está a morrer. Por isso, também, é que o reshoring está a acontecer... recuar a Maio de 2006]

segunda-feira, novembro 27, 2017

Mongo não vai por aí

Ao ler "This T-Shirt Sewing Robot Could Radically Shift The Apparel Industry" penso nos custos fixos a suportar.
"When the Chinese clothing manufacturer Tianyuan Garments Company opens its newest factory in 2018, it will be in Arkansas, not China, and instead of workers hunched over sewing machines, the factory will be filled with fully autonomous robots and their human supervisors.
.
Once the system is fully operational, each of the 21 production lines in the factory will be capable of making 1.2 million T-shirts a year, at a total cost of production that can compete in terms of cost with apparel companies that manufacture and ship clothing from the lowest-wage countries in the world. The factory will be one of the first to use a technology that could herald immense changes in how the apparel industry works."
Algo que não está alinhado com a tendência de Mongo, algo alinhado com o modelo do século XX.

Quanto custará uma pequena série?

Quem serão os clientes-alvo, os das grandes séries ou os das pequenas séries?

domingo, novembro 26, 2017

"short-lived consumer trends"

“If you’re selling the same merchandise that’s commonly available, and you’ve got no point of differentiation, you’re dead,” Mr. Rubin said. “It’s just a question of when you die.”
Comecei a perceber como materializar isto com um artigo na revista Business Week em 2005 sobre o fim das linhas de montagem da Canon. E com a leitura em 2006 do livro "How We Compete: What Companies Around the World Are Doing to Make" onde encontrei trechos como este sobre a Kenwood:
"When Kenwood moved production of portable mini-disk players from a factory in Malaysia to their Yamagata, Japan, plant in 2003, they discovered they could exploit short-lived consumer trends."
Em 2017, esta abordagem continua a ser notícia, no país dos gringos:
"When Alejandro Villanueva, a Pittsburgh Steelers offensive lineman, stood for the anthem and the rest of the team stayed in the locker room, his name began trending on Twitter. Fanatics quickly posted a rendering of his No. 78 jersey on its website and on the N.F.L.’s online shop, which it also operates.
.
Sales skyrocketed. Manufacturing facilities in Kentucky and Florida went to work pressing Mr. Villanueva’s name and number onto thousands of blank Pittsburgh jerseys for next-day shipping. Overnight, a player who had never caught a pass or scored a touchdown had the N.F.L.’s best-selling jersey.
.
That moment happened, people wanted to immediately buy that jersey,” Michael Rubin, the company’s chairman and principal owner said. “A week later, that moment is mostly over.”
.
These micro-moments, as Mr. Rubin calls them, happen all the time in sports: A player reaches a milestone, has a breakout performance or is traded to a new team. Apparel companies have traditionally been poorly positioned to meet the accompanying fan demand as it surges. Fanatics is changing that and, in the process, carving out a lucrative niche in a fiercely competitive online-retail industry largely dominated by Amazon."
Trechos retirados de "Fanatics, Maker of Sports Apparel, Thrives by Seizing the Moment"

terça-feira, setembro 05, 2017

Automatização e têxtil

Excelente motivo de reflexão: "This T-Shirt Sewing Robot Could Radically Shift The Apparel Industry":
"“People buy 11 billion T-shirts a year. That’s an interesting market where automation makes sense, where our robots make sense, because our robots produce a very high volume of product.”
...
The company is focused first on T-shirts and jeans because the robots’ strength is producing huge quantities of clothing. “People buy 11 billion T-shirts a year,” says Rajan. “That’s an interesting market where automation makes sense, where our robots make sense, because our robots produce a very high volume of product.”
...
While the technology is still developing, and will eventually make more complicated items of clothing, Rajan believes that some higher-end clothing will always be made by humans.
...
the technology could have a positive impact in countries with large garment manufacturing industries. Workers might shift into doing more artisanal work, at higher wages.
...
In practice, the transition is likely to be messier. Sewing robots may only threaten certain jobs in developing countries; the machines are expensive (the company won’t disclose the cost) and the company is initially only selling them in the U.S., where manufacturers can save money on the total process because they can avoid factors such as higher industrial electricity bills in some other countries, and can benefit from a “Made in USA” label." 

segunda-feira, setembro 04, 2017

Fast fashion: resposta rápida + design + clientes

"Firms in the fashion apparel industry—such as Zara, H&M, and Benetton—have increasingly embraced the philosophy of “fast fashion” retailing. Generally speaking, a fast fashion system combines at least two components:
  1. short production and distribution lead times, enabling a close matching of supply with uncertain demand (which we refer to as quick response techniques);
  1. highly fashionable (“trendy”) product design (which we refer to as enhanced design techniques).
Short lead times are enabled through a combination of localized production, sophisticated information systems that facilitate frequent inventory monitoring and replenishment, and expedited distribution methods.
...
The second component (trendy product design) is made possible by carefully monitoring consumer and industry tastes for unexpected fads and reducing design lead times.
...
the second component of fast fashion systems— creating trendy, highly fashionable products — received far less attention. ... some firms are attempting to focus on design and develop trendier products without reducing their production lead times because of the difficulties (both logistical and cultural) that can accompany drastically redesigning the supply network.
...
We postulate that, all else being equal, enhanced design capabilities result in products that are of greater value to consumers and hence elicit a greater willingness to pay. Consequently, firms may exploit this greater willingness to pay by charging higher prices on “trendy” products than on more conservative products. [Moi ici: De onde virão os markups, perguntam os autores?] Enhanced design capabilities are costly, however: there are typically fixed costs (a large design staff, trend spotters, rapid prototyping capabilities, etc.), and there may be greater variable costs (e.g., because of more labor-intensive production processes or costly local labor). Thus, as with any operational strategy, firms considering enhanced design must trade off the benefits of the strategy (greater consumer willingness to pay) with the costs (fixed and variable).[Moi ici: A tríade assume que o motor é a redução de custos. Pois!]
...
Quick response reduces the chance that inventory will remain to be sold at the clearance price. Enhanced product design, on the other hand, gives customers a trendier product that they value more, making them less willing to risk waiting for a sale if there is any chance that the item will stock out.
.
Thus, whereas quick response decreases the expected future utility of waiting for a price reduction, enhanced design increases the immediate utility of buying the product at the full price. By decreasing consumer incentives to wait for the clearance sale, both enhanced design and quick response allow the firm to set a higher selling price while still inducing consumers to pay the full price.
...
We develop a model of such a system and compare its performance to three alternative systems: quick-response-only systems, enhanced-design-only systems, and traditional systems (which lack both enhanced design and quick response capabilities). In particular, we focus on the impact of each of the four systems on “strategic” or forward-looking consumer purchasing behavior, i.e., the intentional delay in purchasing an item at the full price to obtain it during an end-of-season clearance. We find that enhanced design helps to mitigate strategic behavior by offering consumers a product they value more, making them less willing to risk waiting for a clearance sale and possibly experiencing a stockout. Quick response mitigates strategic behavior through a different mechanism: by better matching supply to demand, it reduces the chance of a clearance sale. Most importantly, we find that although it is possible for quick response and enhanced design to be either complements or substitutes, the complementarity effect tends to dominate. Hence, when both quick response and enhanced design are combined in a fast fashion system, the firm typically enjoys a greater incremental increase in profit than the sum of the increases resulting from employing either system in isolation. Furthermore, complementarity is strongest when customers are very strategic. We conclude that fast fashion systems can be of significant value, particularly when consumers exhibit strategic behavior."


Trechos retirados de "The Value of Fast Fashion: Quick Response, Enhanced Design, and Strategic Consumer Behavior", de Gérard P. Cachon e Robert Swinney, publicado por Management Science, Vol. 57, No. 4, April 2011, pp. 778–795

quarta-feira, julho 12, 2017

Têxtil e placas tectónicas

Um exemplo português de utilização da Indústria 4.0 em "Adaptarse o morir: la industria 4.0 vuelve a poner en jaque al textil":
"Tras adaptarse a la deslocalización industrial y sobrevivir a la última crisis financiera y de consumo, el textil encara ahora un cambio de paradigma productivo, que vuelve a poner en jaque su continuidad. Si la tercera revolución consistió en la automatización de los procesos para la producción en masa y en serie, la cuarta consiste en digitalizarlos y gestionar los datos para ganar eficiencia y rapidez, y mejorar la rentabilidad, con series cortas y personalizadas.
...
Esta transformación implica replantear de nuevo el modelo productivo de la industria textil y vuelve a redefinir las redes de aprovisionamiento, acercándolas de nuevo. [Moi ici: Outra vez o ranger das placas tectónicas e as oportunidades e ameaças] Esta nueva industria pone en riesgo modelos productivos tradicionales así como los cientos de miles de puestos de trabajo no cualificado, aunque abre el abanico a nuevos perfiles profesionales más técnicos y más creativos. El cambio ha empezado y no hay marcha atrás. Los expertos coinciden: no se puede dar la espalda a la tecnología.
...
El futuro
.
Ahora, la industria de la moda es capaz de colocar en el mercado un diseño en veinte días con normalidad; con proveedores en proximidad, puede forzar las entregas a diez días. Con la digitalización, ¿por qué no en 24 horas? Y con impresoras 3D, desde la misma tienda, ¿por qué no en quince minutos? Los expertos consultados coinciden en que llegará, sólo falta ver cuándo."[Moi ici: Esta aceleração não se compadece com distância nem com complexidade... aquele "poner en jaque al textil" faz pensar em: será que os gigantes vão sobreviver?]

domingo, julho 09, 2017

"in two years, it has lost 14.79 per cent of its exports"

"China is the number one textile and clothing exporter to the world, producing more than 43.1per cent of global demand. As per the 13th five-year plan of Chinese Government for the year 2016 to 2020 period, China strategically is moving towards more value adding tech intensive products. The plan is to maintain traditional market share and to grow more on the high value adding product range. But real market data shows that the country is losing its export market drastically from 2015 in almost all product sectors in the textiles and clothing arena.
...
In 2014, Chinese global apparel export was the highest ever and afterwards in two years, it has lost 14.79 per cent of its exports."
Trecho retirado de "IS CHINA LOSING ITS TEXTILE TOUCH?"

Conjugar com "Klaus Huneke (Euratex): “La relocalización será una realidad con la personalización masiva y los plazos cortos”"

sábado, julho 08, 2017

O século XX continua por cá (parte II)

Parte I.

Na parte I criticamos esta visão que consideramos ultrapassada ou simplista, "Porque somos pouco produtivos? Ter empresas pequenas não ajuda".

Do texto "Dissertação de Mestrado em Gestão de Serviços, Indústria Portuguesa de Calçado: Alteração do Modelo de Negócio para as PME’s" de David João da Silva Catanho, de Setembro 2014 retirei os seguintes elementos:
Do texto "A Entrada da China na OMC- Ameaça ou Oportunidade: O caso da Indústria Têxtil e de Vestuário no Norte de Portugal" de Eva Patrícia Fernandes Soares, de Outubro de 2012 retirei esta tabela:
Recomendo a observação atenta da última linha da tabela, qual a evolução das empresas grandes do sector ITV depois da entrada da China no mercado mundial.

Os académicos continuam a enquadrar o mundo sem considerar o impacte da entrada da China no tabuleiro... impressionante.

Recordar "3 momentos na evolução do sector do calçado":




quarta-feira, junho 28, 2017

Surpreso explica a surpreso

A propósito de "Têxtil português conta história de sucesso ao FMI" onde se pode ler:
"“foi uma conversa simpática, na qual o FMI se mostrou muito interessado e surpreso por uma indústria dita tradicional ser hoje uma indústria moderna, incorporando tecnologia, design e serviço e aumentando a sua presença global“.
...
Os responsáveis pelo setor têxtil aproveitaram a ocasião para demonstrar como um setor condenado há uma década exibe hoje uma dinâmica renovada e aparece como exemplo para outros setores na economia tendo, em 2016, ultrapassado a fasquia dos cinco mil milhões de euros em exportações.
...
A ATP destacou ainda, na sua apresentação, a mudança de paradigma do setor baseando-se a competição no valor e não no preço, o que implicou por parte do setor uma aposta no design, na moda, na tecnologia, na inovação e no serviço. E também um investimento em missões internacionais e na participação nalgumas das mais importantes feiras do setor."
Não deixo de enquadrar esta surpresa do FMI no que relato aqui há anos e anos como sendo a mentalidade da tríade, baseada no século XX: eficiência, escala, volume, custo.

E recordando aquele título "Sei o que fizeste no Verão passado" viajo até 2010 e a "Arrepiante". Não foi só o FMI que ficou surpreso, foi a própria cúpula da ATP uma vez que a revolução foi bottom-up e começou pelas empresas mais pequenas.

A propósito deste exemplo usado pela ATP:
"Isabel Furtado fez inclusivamente uma apresentação do grupo TMG, especialmente focada na mudança de uma empresa têxtil convencional para uma altamente tecnológica."
Recordo este postal escrito num parque de campismo no Gerês "Exemplo da diversidade intra-sectorial".

A TMG que apresentaram ao FMI não tem nada a ver com o têxtil... foi onde tive o meu primeiro emprego.

domingo, junho 18, 2017

sábado, junho 17, 2017

Mudar de modelo de negócio: outro exemplo

Um trecho muito interessante para que os teóricos bebam sobre como fazem os práticos:
"Há mais de 30 anos que trabalha na Lasa. Este é o melhor momento que o grupo está a viver?Já vivemos momentos muito melhores. Era bem mais fácil trabalhar quando recebíamos grandes encomendas e não tínhamos uma concorrência tão feroz. A crise obrigou-nos a um grande ajustamento e a flexibilizar a nossa estrutura para produzirmos quantidades mais pequenas.
.
Como aguentaram o embate da adesão dos asiáticos à OMC?Entramos num sistema permanente de ajustamento a uma realidade concorrencial muito diferente e bem mais agressiva. A flexibilização da estrutura produtiva foi apenas uma das componentes da nossa estratégia.
.
O que fizeram mais?Criamos a Lasa Internacional, o braço logístico da LASA, e apostamos em marcas próprias e numa relação directa com o retalho, o que nos obrigou a apresentar duas colecções/ano e a fazer um grande investimento em stocks permanentes para podermos fornecer quaisquer quantidades directamente em qualquer ponto da Europa, num prazo de 48 horas.
.
Quando se fornece directamente o retalho, o preço deixa de ser o factor determinante?Nesse segmento de negócio, a nossa vantagem competitiva assenta essencialmente no design, na qualidade e no serviço, ou seja, na capacidade de dar uma resposta rápida, que garantimos por termos 130 mil referências em stock.
.
O que aprenderam com a crise?Aprendemos que para continuarmos a ser competitivos num mundo em permanente mudança não podemos parar de investir e de inovar nos recursos humanos, design e produtos diferenciadores."
Triste o crime dos custos de contexto:
"Os custos energéticos são uma grande fatia das nossas despesas. É incompreensível o aumento da electricidade a que temos vindo a assistir todos os anos – e estamos a falar de incrementos de dois dígitos, o que nos dificulta ainda mais a vida face à concorrência internacional." 
O que costumo dizer no CTCP: o futuro da escola profissional é voltarmos ao século XIX e os empresários pagarem as escolas que formarão os seus profissionais:
"É fácil contratar mão-de-obra especializada?
Infelizmente, não. Há grandes problemas. A escassez de recursos humanos é um dos grande males que aflige o nosso sector. É muito difícil arranjar um bom tecelão, uma pessoa com formação em química para trabalhar com as máquinas de tinturaria ou um especialista em design. Estamos sempre a dar formação internamente para tentar contornar esse problema, uma vez que o nosso ensino de cariz técnico deixou de dar resposta."

Trechos retirados de ""CONSUMIDORES PREFEREM TUDO QUANTO É NATURAL E ORGÂNICO""

sábado, abril 01, 2017

"posso sobreviver a uma desgraça?"

"«Em 2005 tivemos uma grande crise económica, a nível de mercado interno, ficamos completamente estagnados com a entrada da China, da Turquia. [Moi ici: A China, não o euro!] Vendíamos muito para o mercado interno e tivemos que pensar noutras saídas. E a saída n.º 1 foi mesmo o mercado externo, encaminhei todas as nossas energias para a exportação»
...
a fórmula para conquistar os clientes já está definida: «temos apostado em artigos diferentes, preços competitivos e, especialmente, no poder de resposta. O poder de resposta é muito importante porque, hoje em dia, os clientes querem tudo rápido».[Moi ici: A resposta não podia ser competir de igual para igual com a China]
...
Depois de um ano de 2016 de «muito investimento», com a aquisição de maquinaria que permitiu aumentar em 30% a produção, o CEO está convicto que 2017 «vai ser o ano de consolidar todo o investimento, de organização, de expansão em novos mercados e expectamos um crescimento de 3% a 4% no final do ano»."
Um optimista como eu, ainda com o vídeo na cabeça:


Começou a pensar naquela situação em que se tomam as decisões correctas e se chega ao topo da paisagem e ... subitamente, ela implode e afunda-se. Há alguma possibilidade de antecipação da mudança? Talvez não, talvez sim.

Recomendo o conselho de Nassim Taleb e dos estóicos: posso sobreviver a uma desgraça do mercado?

Trechos retirados de "Campos & Campos com prego a fundo"

sábado, março 25, 2017

Um exemplo...

O título atrai-me logo "Tearfil aposta na flexibilidade".

Mergulhemos pois na leitura:
"A fiação do grupo MoreTextile está a realizar um investimento de quase 4 milhões de euros para renovar o parque de máquinas, não para aumentar a produção mas para melhorar a sua flexibilidade, [Moi ici: Parece-me bem!]
...
«Não procuramos aumentos de capacidade, procuramos é flexibilidade de produção, qualidade e eficiência», destaca o CEO do grupo MoreTextile [Moi ici: Confesso alguma surpresa. Mais flexibilidade e mais eficiência em simultâneo? Não é fácil. Em princípio mais flexibilidade implica máquinas mais generalistas e, por isso, menos eficientes em produção. No entanto, mais flexibilidade pode implicar mudanças de produção mais rápidas e menos caras e, por aí, pode-se ganhar eficiência]
...
O sucesso do negócio dos fios, que em 2016 registou um volume de vendas de cerca de 15,8 milhões de euros, reside, acredita o CEO, no know-how do grupo, em conjugação com a criação de duas coleções anuais de fios e o foco em inovações técnicas e, mais recentemente, em produtos sustentáveis. «Fomos das primeiras fiações na Europa a ter uma série de certificações que para nós são importantes, como seja o fair trade, o GOTS, os fios orgânicos, o BCI, para além de sermos uma fiação certificada pelo GRS», reconhece Artur Soutinho, adiantando que, «pela primeira vez, em 2016, sentimos um verdadeiro interesse dos clientes por produtos certificados e sustentáveis».[Moi ici: Recentemente num workshop que animei sobre a ISO 9001 estava lá o director financeiro de uma empresa de calçado. Perguntei-lhe o que fazia ali um director financeiro, respondeu-me que tinha vindo ver o que era a ISO 9001 porque anualmente gastava mais de 20 mil euros a pagar auditorias feitas a pedido de clientes e achava que se calhar a certificação ISO 9001 baixaria essa factura]"

Um exemplo do que se prega aqui no blogue há muitos muitos anos.

terça-feira, março 14, 2017

O ano começa bem

Saíram ontem os números das exportações de Janeiro deste ano e podemos concluir que o ano começa muito bem.

Excluindo os combustíveis e lubrificantes as exportações cresceram 17,1% em termos homólogos.

Especial atenção para o crescimento do têxtil e vestuário:
"Entre as categorias com mais peso nas exportações portuguesas de matérias têxteis destaca-se o crescimento das fibras sintéticas ou artificiais (+9,5%, para 21,1 milhões de euros), das pastas, feltros e falsos tecidos, onde se incluem artigos de cordoaria (+7,6%, para 19,3 milhões de euros) e o vestuário, em particular o vestuário e seus acessórios, exceto malha (+7,8%, para 90 milhões de euros).
.
No total, de acordo com o comunicado da ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção, o vestuário aumentou as exportações em 6,4%, para 281,7 milhões de euros.
.
O crescimento nesta categoria de produtos foi sentido tanto nos mercados europeus (+5,5%) como extraeuropeus, onde o aumento atingiu 18%."

sábado, fevereiro 18, 2017

"Agora imaginem a quantidade de Zapateros a lidar com o tema... medo!"

Ontem terminei este postal "Os indicadores também ficam obsoletos quando o mundo muda" com um texto que resume uma ideia que pode ser rastreada neste blogue até 2006:
"os muros que os políticos levantam não são nada em frente à onda gigantesca do regresso dos clientes ao Ocidente por causa da emergência da importância da proximidade (recordar os descontos) e do aumento dos custos na Ásia."
Este texto "Ver agora/comprar agita produção" ajuda os menos atentos a situarem-se um pouco melhor e a perceberem a alteração de contexto em curso:
"Para acelerar a velocidade de chegada das coleções ao mercado, muitas empresas de vestuário vão ter de reestruturar as cadeias de aprovisionamento, afirmou David Sasso, vice-presidente de vendas da Buhler Quality Yarns of Jefferson. Fiações como a Buhler estão a perceber o seu papel como parceiro no processo produtivo e a explorar questões que passam por descobrir as quantidades de fio e tecido necessárias para reagir à procura, adiando, por exemplo, o tingimento até ao último minuto. «Isso não acontece por acaso», reconheceu Sasso. «Precisamos de um compromisso com as marcas e retalhistas para podermos afirmar “isso fará com que a sua cadeia de aprovisionamento seja a mais eficiente”», explicou.
...
A estamparia digital permite que as marcas de moda planeiem de forma inteligente, mudem rapidamente os seus estilos e tenham ainda o benefício adicional de serem sustentáveis. Na verdade, trata-se de um regresso aos bons velhos tempos, quando os clientes tinham um determinado artigo encomendado a um alfaiate ou costureira, [Moi ici: Uma analogia que uso aqui com frequência] apontou Arthur Friedman, editor do WWD.
.
No êxodo das fábricas de vestuário das Américas para a China e outros destinos na década de 1990, as empresas perseguiram preços de mão-de-obra mais baixos, referiu David Sasso. Muitas marcas tentaram «economizar 10 centavos e perderam um dólar ou dois, porque perderam também a capacidade de acompanhar o consumidor atual», [Moi ici: Além da lição que aprendi em 2006 ao ler o relatório aqui citado] explicou, acrescentando que muitas empresas subestimam o efeito que a velocidade pode ter na maximização das margens e na redução das promoções. Com efeito, stocks pequenos no retalho podem encorajar o consumidor a comprar “agora”, porque o produto pode desaparecer da loja rapidamente, admitiu Kai Chow, diretor de serviços criativos da consultora The Doneger Group.
.
[Moi ici: Isto que se segue foi roubado aqui do blogue ;-)] A obsessão com o custo negligencia muitos outros fatores que podem ser mais importantes. Mesmo que a produção doméstica acarrete maiores custos, fatores como mínimos elevados e prazos longos no exterior significam, muitas vezes, que a produção local é mais rentável. Trabalhar com fábricas de proximidade possibilita maior controlo e flexibilidade, permitindo que os designers façam mudanças que seriam mais caras em fornecedores no exterior, defendeu Tara St James."
É isto que está a acontecer a uma velocidade cada vez mais rápida. 2006 era só o começo. Agora imaginem a quantidade de Zapateros a lidar com o tema... medo!

quinta-feira, fevereiro 09, 2017

Voltar a 1996


"“Os países nórdicos já foram grandes mercados para Portugal há uns 30 anos atrás, numa lógica de subcontratação. Perdemos relevância, porque a lógica das marcas começou a privilegiar o preço em relação à qualidade, levando-os para o Extremo Oriente. Mas há sinais de que estão a voltar, pois hoje o Oriente já não é o El Dorado de ontem.”
.
O custo de transporte e a qualidade, assim como a capacidade de fazer pequenas coleções rapidamente e entregas em tempo útil tem sido uma vantagem a favor de Portugal. E a situação de instabilidade política e de insegurança vivida em mercados como a Turquia e Norte de África obrigam as marcas a regressar a países mais seguros."
"A Armani é uma das marcas internacionais que já começou a desviar para Portugal uma parte do fornecimento de tecidos e também da confecção dos artigos que tinha na Turquia. Cliente de longa data da TMG Textiles, a famosa casa de moda italiana deixou de pedir apenas "poucos volumes para áreas específicas" e está a procurar em Famalicão "uma extensão em termos de abastecimento"," 
Esta notícia ressoa tanto comigo ...

Recuo a 1997/98 e a 2/3 empresas têxteis com que trabalhava a ISO 9001 e que sofreram choques terríveis com a "fuga" dos clientes de "private label" dinamarqueses e suecos para a ... Turquia. Nenhuma dessas empresas durou mais de 2 anos após essa perda. Uma teve de encolher e transformar-se numa empresa de design e quase sem produção própria.

BTW, aquela  "e está a procurar em Famalicão "uma extensão em termos de abastecimento"," vem na linha do fenómeno do reshoring, já não é só o regresso por causa da rapidez e da flexibilidade... agora é também por causa do preço.

BTW2, enquanto na segunda metade da década de 90 as empresas sofriam este assédio turco, os nossos deputados entretinham-se a ajudar os turcos. Recordar Agosto de 2009 e "Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!"



Primeiro trecho retirado de "Têxteis portugueses a caminho do recorde absoluto"

Segundo trecho retirado de "Tecidos portugueses "desviam" encomendas da Turquia"

terça-feira, fevereiro 07, 2017

Outro teste do tempo!!!

"A indústria têxtil e de vestuário (ITV) Dá como certo o resultado acima de cinco mil milhões de euros nas exportações em 2016, um crescimento homólogo a rondar os 5%
...
A confirmar-se, o sector, com seis mil empresas e que emprega perto de134 mil pessoas - equivale a 20% do emprego da indústria transformadora - antecipa o "cenário de ouro" para as exportações que o Plano Estratégico para o "Cluster Têxtil e Moda 2020", divulgado em Setembro de 2014, previa  para o final da década. E volta assim ao pico das vendas ao exterior, registado em 2001 (preços correntes), agora com quase metade das empresas e dos trabalhadores."  
Recordo Acerca de uma previsão (Dezembro de 2014).

Apetece dizer um palavrão!

O anónimo da província consegue acertar quando os gurus e técnicos com acesso aos números e pagos ... falham em toda a linha!



Recomendo a leitura prévia de Evolução do desemprego, o que os Baptistas da Silva não lhe dizem... nem o governo (parte VIII) (Maio de 2015). Agora, ao estilo dos artigos científicos: sugestão de pesquisa para quem tem acesso aos números.

Dizer que o sector tem agora quase metade das empresas que tinha em 2001 é, se calhar, dar uma ideia enganadora do que aconteceu. O sector não perdeu metade das empresas. O sector perdeu muito mais. O que vemos ao longo dos anos é o somatório das empresas novas menos as encerradas menos as insolventes. O que gostava de ver era um índice de turbulência do sector ao longo dos anos: somar as novas empresas mais as encerradas e mais as falidas excluindo as que se mantiveram. Penso que esse índice daria uma ideia mais clara da transformação que o sector teve de sofrer.

BTW, querem ver outra guerra ganha por este anónimo?

"Sobre as perspectivas para 2017 ... antevê um ano cheio de incertezas que podem baralhar as contas.
.
Vaz aponta "às medidas proteccionistas" de Trump"
As ideias proteccionistas de Trump têm uma consequência positiva, acabam com as veleidades proteccionistas de tantos na última década. Recordar:


Trechos retirados de "Têxtil faz aposta tripla para exportações em 2017" (JdN)

quarta-feira, janeiro 04, 2017

Tendências que estão a mudar o mundo da moda

Em "No More Athleisure, Brick And Mortar, Made in China? How Fashion Will Change In 2017" algumas notas sobre as tendências que estão a mudar o mundo da moda. Saliento a decadência das marcas do passado e a ascensão de novas marcas nascidas no online.
"These companies are offering something different from the flashy designers of yesterday: the insight into their supply chain and sometimes even a breakdown of their sales margins, providing the customer with a better understanding of the quality they're getting for their money.
.
Over the next year, we'll see how these online brands continue to transform the fashion landscape. We'll see big shifts in brick and mortar stores, fashion supply chains, the athleisure trend, and the idea of value.
...
1. Brick And Mortar Makes A Comeback [Moi ici: Atenção! Estas lojas físicas não são as tradicionais lojas físicas que tentam subornar os clientes com descontos]
...
"Brands are thinking about what the internet cannot give you,"
...
the one thing the internet does not provide is human contact. She predicts that in 2017, customers will increasingly visit stores to get curated experiences from shop representatives. For brands to meet this demand, they need to have well-trained staff who understand products inside and out and can offer personalized advice.
.
We will also see a rise in experiential retail, ... To encourage consumers to spend time in their stores browsing their products, brands will get more creative, adding amenities like bars, coffee shops, and yoga classes. In other words, stores will become more like entertainment spots for people who share similar lifestyles and interests to spend time together. "There will be an emphasis on physical brand experiences that will enable consumers to engage with not just product, but brand ethos and community," she says. "The main objective of this kind of blending will be brand awareness, but the scope and reach will be much more than what’s been traditional. These experiences will be leveraging what is happening with social and taking it offline."
...
3. Value Matters More Than LabelsCustomers are smart and want to know what they are paying for.
...
[Moi ici: E relacionado com o reshoring, com a flexibilidade, rapidez e pequenas séries] Gallardo believes that over the next year, companies that build their business model on making large wholesale margins will struggle to compete with this new flock of brands. Consumers are also losing interest in big discounts since they often come paired with lower-quality products. Gallardo says that brands struggling to survive in this shifting landscape—including J.Crew and the Gap Brands—will need to rethink their entire supply chain so they are making high-quality products with the best materials, then selling them at the best possible prices. This means not only being "direct-to-consumer" but also "direct-to-supplier.
...
4. Made In AmericaMore production is returning home.
...
The majority of U.S. fashion brands have moved production to Asia, where labor costs are lower. But there's been a shift in recent years as a wave of startups have chosen to make products in U.S. factories because it allows them to better monitor quality and take advantage of the most recent manufacturing technology.
...
More and more brands are focusing on smaller, more timeless product lines," he says. "We're not trying to make the cheapest white T-shirt, but the most well-constructed, best-fitting, softest T-shirt, at the absolute best price.""