Mostrar mensagens com a etiqueta distribuição de produtividades. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta distribuição de produtividades. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, setembro 04, 2017

Assumir a consequência

Ontem no Twitter apanhei um tweet do @pedroprola que citava o tweet de um terceiro que brincava (gozava?) com Pedro Ferraz da Costa ainda por causa desta entrevista de Dezembro de 2011, "Ferraz da Costa: Eliminar férias, a par de outras reformas, aumenta produtividade".

Quem lê este blogue sabe que não aprecio as opiniões de Ferraz da Costa sobre macroeconomia. Ferraz da Costa é um dos encalhados no século XX, um dos membros da tal tríade de que tantas vezes escrevo aqui. Basta recordar um postal de Junho de 2011 acerca destas reformas para aumentar a produtividade ou a competitividade.

Não me interpretem mal, estas reformas contribuem para aumentar a produtividade. Mantendo tudo o resto constante é aumentado o tempo de produção, logo aumenta a quantidade produzida. Só que estas reformas dão um sinal errado. Dão o sinal de que a responsabilidade por aumentar a produtividade é do papá-Estado: locus de controlo externo a funcionar.

Roger Martin num artigo recente escreve:
"The imagination of new possibilities first requires an act of unframing. The status quo often appears to be the only way things can be, a perception that’s hard to shake.
...
Science explains the world as it is; a story imagines the world as it could be."[Moi ici: Isto é engraçado porque faz-me recordar outra entrevista de Ferraz da Costa, uma entrevista onde eele se orgulhava de nunca ter lido um romance. Como será a sua criatividade? No mesmo artigo Roger Martin diz "Innovators will push that boundary more than most, challenging the cannot."]"
Num artigo que sempre irei recordar, Christensen distingue vários tipos de produtividade/inovação, algo que escrevo aqui desde o princípio deste blogue. A produtividade é um rácio:

Ferraz da Costa quando pensa em aumentar a produtividade só foca o denominador, só pensa nos custos. Pensar no numerador é sinónimo de imaginar um produto diferente, é apostar em diferenciar.(BTW, façam um esforço para não serem muito rigorosos para com Ferraz da Costa, lembrem-se desta jornalista de economia)

Por que escrevo sobre isto?

Quando alguém como @pedroprola goza com Ferraz da Costa por ele ser incapaz de sair da armadilha da produtividade (uma perseguição de gato e rato como costumo referir aqui no marcador do blogue) deve ser capaz de assumir uma consequência: se o aumento da produtividade decorre sobretudo da inovação e da capacidade de gestão (como refere hoje o governador do BdP - recordar a distribuição de produtividade intrasectorial), então, não faz sentido que o retorno dessa maior produtividade seja distribuído pelos trabalhadores com a mesma proporção que era quando a produtividade crescia só com base no denominador.

Ontem li "The Rise of Market Power and the Macroeconomic Implications" de Jan De Loecker e Jan Eeckhout, publicado a 4 de Agosto último.
"We document the evolution of markups based on firm-level data for the US economy since 1950. Initially, markups are stable, even slightly decreasing. In 1980, average markups start to rise from 18% above marginal cost to 67% now. There is no strong pattern across industries, though markups tend to be higher, across all sectors of the economy, in smaller firms and most of the increase is due to an increase within industry. We do see a notable change in the distribution of markups with the increase exclusively due to a sharp increase in high markup firms.
We then evaluate the macroeconomic implications of an increase in average market power, which can account for a number of secular trends in the last 3 decades: 1. decrease in labor share; 2. increase in capital share; 3. decrease in low skill wages; 4. decrease in labor force participation; 5. decrease in labor flows; 6. decrease in migration rates; 7. slowdown in aggregate output."
A consequência natural é o aumento da desigualdade salarial entre os que contribuem para a diferença (inovação e capacidade de gestão) versus os que recebem ordens e produzem. Mais uma razão para quem sabe produzir e tem paixão, se aliar a quem é criativo e tem paixão em cooperativas que tiram partido da democratização da produção, da explosão de tribos e das redes sociais.

segunda-feira, julho 24, 2017

Acerca do crescimento da produtividade

"Our standard mental model of productivity growth reflects the transition from agriculture to industry. We start with 100 farmers producing 100 units of food: technological progress enables 50 to produce the same amount, and the other 50 to move to factories that produce washing machines or cars or whatever. Overall productivity doubles, and can double again, as both agriculture and manufacturing become still more productive, with some workers then shifting to restaurants or health-care services. We assume an endlessly repeatable process."
Os 100 lavradores iniciais passam a 50, depois a 25, depois a 12.

Agora imaginem que numa nova iteração, um dos 12 decide sair desta guerra e opta por produzir uma menor quantidade sob o regime de agricultura biológica? Vai produzir menos quantidade mas vai vender a um preço superior e com muito menos concorrência. Como a quantidade produzida é muito menor e a estrutura indirecta a alimentar é muito menor a facturação é menor.

Desta forma a produtividade global dos 12 baixou, porque um já está noutro campeonato com outras regras.

Desta forma a distribuição de produtividades alarga-se

Trecho retirado de "Is Productivity Growth Becoming Irrelevant?"


sexta-feira, julho 07, 2017

Longe vai o monolitismo do século XX

Ao ler "Teodora Cardoso defende criação de Conselho para a Produtividade" como não pensar na crença na homogeneidade sectorial?

Como não pensar na enorme dispersão da produtividade intrasectorial?
"o tema da distribuição de produtividades, o tema de se encontrar mais variabilidade no desempenho entre empresas do mesmo sector económico do que entre empresas de diferentes sectores económicos. A variabilidade intersectorial é menor que a variabilidade intrasectorial."(fonte)
Acerca das crenças do século XX:
""Em 2016, o Conselho Europeu aprovou uma recomendação sobre o estabelecimento de conselhos nacionais de produtividade, encarregados, nomeadamente, de "analisar de modo independente os desafios estratégicos no domínio da produtividade e da competitividade""
Este anónimo engenheiro da província não acredita nestes conselhos nacionais. O século XXI é uma paisagem competitiva com muitos picos, longe vai o monolitismo do século XX:
Depois há aquela provocação finlandesa que há quase 10 anos aprece na coluna das citações:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
Querer aumentar a produtividade a sério de um país passa por deixar morrer as empresas menos produtivas sem apelo nem agravo.

quarta-feira, maio 10, 2017

"driver of productivity differences" (parte II)

Parte I.

Há tempos ao pesquisar algo aqui no blogue cheguei a este postal "estado, estado, estado,...".

A matéria desse postal é reduzida a quase nada quando se pega num país, quando se escolhe um mesmo sector da economia, CAE, e se aprecia o panorama de variabilidade no desempenho das empresas, apesar do Estado, das leis, dos trabalhadores, serem os mesmos.

Aqui no blogue gosto de chamar a atenção para a importância da idiossincrasia no desempenho das empresas:

Por isso, recomendo a leitura de "Good Managers, Not Machines, Drive Productivity Growth":
"When people discuss what drives long-run productivity, they usually focus on technical change. But productivity is about more than robots, new drugs and self-driving vehicles.
...
a huge number of statistical analyses and case studies of the impact of new technologies on firm performance have shown that there is a massive variation in its impact. What’s much more important than the amount spent on fancy tech is the way managerial practices are used in the firms that implement the changes.
...
look at the management scores across countries. They are highly correlated with GDP per capita. In fact, almost a third of the cross-country gaps in productivity are explained by management practices.
...
the economic environment is not destiny. Organizations can heal themselves. Firms need to be honest with themselves – many simply do not realize that there is much room for improvement. They need to benchmark themselves rigorously and seek out ways to change, even if this involves external advice."
 Qual é a mensagem do mainstream dos governos, dos políticos, dos media, das associações patronais?

Coitadinhos dos empresários, têm de ser ajudados, têm de ser apoiados, ... olha aqui está o Vosso Salvador: o governo de turno!

A propósito daquele "They need to benchmark themselves rigorously" recordar "Satisficing"

sexta-feira, abril 28, 2017

Produtividade para o século XXI (parte V)

Parte Iparte IIparte III e parte IV
"the only theoretically correct and practically relevant approach to measuring service productivity seems to be to base productivity calculations on financial measures. In principle, the correct way of measuring service productivity as a function of cost effects of internal efficiency, revenue effects of external efficiency and cost and revenue effects of capacity efficiency is, therefore, the following measure:

As a global productivity measure of the operations of a service provider, the following measure can be used:
the productivity of service processes can be measured as the ratio between revenues and costs. This is a true measurement of service productivity. If revenues increase more than costs, productivity goes up. On the other hand, if a cost reduction leads to lost revenues, but the decline in revenues is less than the cost savings that have been achieved, productivity still improves. However, this may be a less recommendable strategy because in the long run it may lead to a negative image and unfavorable word of mouth, which can have a further negative effect on revenues. Thus, cost reductions may lead to a bigger drop in revenues than the savings on the cost side. If this is the case, in the long run service productivity declines."
A equação que uso há anos, talvez desde 2007.


O artigo é de 2004, descobri-o em 2011.

Continua.

sexta-feira, abril 21, 2017

"driver of productivity differences"

Um dos temas que mais gosto de estudar é o da heterogeneidade das empresas de um mesmo sector de actividade que operam num mesmo país, com as mesmas leis, com a mesma população e com o mesmo clima.

Ainda recentemente escrevi:

Por isso, não podia deixar de referir este artigo publicado ontem pela HBR "Good Management Predicts a Firm’s Success Better Than IT, R&D, or Even Employee Skills":
"“…no potential driver of productivity differences has seen a higher ratio of speculation to actual empirical study” than management.
...
Our survey was nationally representative but limited to manufacturing, covering small and large firms across every state in America. With a response rate of almost 80%, it covered plants that account for more than half of all U.S. manufacturing employment, and so is genuinely representative of U.S. management practices. In total, we got data from over 35,000 manufacturing plants in a massive national survey.
.
What does the first-ever management survey at this scale tell us?
.
Management Matters, a LotWe found that only one-fifth of plants use three-quarters or more of the performance-oriented management techniques that we asked about, but that these plants had dramatically better performance than their competitors. The plants that have adopted these monitoring and incentives-based management practices were far more productive, innovative, and profitable. Every 10% increase in a plant’s management index was associated with an impressive 14% increase in labor productivity, meaning the higher value added per worker. And it wasn’t just that already successful firms were more likely to be well-run; plants that switched to performance-oriented practices tended to become significantly more productive, suggesting that better management was driving better performance. Companies with higher management scores were also more likely to expand and less likely to go out of business."

terça-feira, abril 11, 2017

"But there is a third way" (parte II)

Parte I.

E em "If You're in a Dogfight, Become a Cat!: Strategies for Long-Term Growth" encontro um tema clássico neste blogue, pelo menos desde Maio de 2010:
"the variance in business performance within a given industry is considerably higher than the variance in the average performance across industries. In other words, there are individual star performers in every industry, regardless of the performance level of an industry as a whole."

domingo, abril 02, 2017

A realidade existe mesmo?

Esta semana, durante uma viagem de comboio ou metro, ao ler umas linhas de Liozu veio-me à mente o bispo Berkeley e o seu imaterialismo.

Ontem à noite, durante o relato da bola, a coisa concretizou-se assim:

Esta imagem aborda um tema recorrente aqui no blogue, o tema da distribuição de produtividades, o tema de se encontrar mais variabilidade no desempenho entre empresas do mesmo sector económico do que entre empresas de diferentes sectores económicos. A variabilidade intersectorial é menor que a variabilidade intrasectorial.

Então, escolhendo um sector:
Como é que os líderes de cada uma das empresas que ocupam os extremos da distribuição vêem o mundo? Como é que analisam a sua realidade à luz da metodologia de Porter, por exemplo?

A realidade existe mas o que interessa é o que cada um percepciona dessa realidade. Se um olha para a realidade como claustrofóbica ela será claustrofóbica, se um olha para a realidade como esperançosa ela será esperançosa.

Será que posso dizer que a realidade existe? Será que a única realidade real é a que a mente de cada um permite ver? Por exemplo, quando na oposição o deputado Galamba olhava para os números do desemprego e diziam que eram enganadores porque o desemprego real era bem maior aos relatados.

Agora como deputado da situação o mesmo olha para os números do desemprego:

Acrescento que o INE continua a calcular o desemprego agora como calculava dantes.

Nas empresas, o que me acontece muitas vezes é agir como um outsider com outro modelo mental e que vê a realidade de outra maneira. Alguém que sabe que existe uma alternativa, quase sempre. E quase sempre os empresários subestimam-se. Recordo empresa que estava quase a aceitar oferta de compra quando eu entrei e lhes fiz ver que valiam muito mais e tinham um potencial de crescimento muito superior. Declinaram a oferta que se tornou, dois anos depois, numa oferta mais valiosa por parte minoritária na empresa.

Ou a empresa que estava mesmo à beira de fechar e que não fechou e hoje está bem e recomenda-se.

Pena que os professores de Filosofia apresentem as ideias de certos filósofos como caricaturas do seu pensamento.

sexta-feira, março 24, 2017

Desigualdade e empresas

Há anos que escrevo e defendo esta tese "Corporations in the Age of Inequality".

Basta pesquisar o marcador "distribuição de produtividades" e a frase "há maior variabilidade dentro de um mesmo sector de actividade do que entre sectores de actividade"

Na economia do século XX havia basicamente uma estratégia a seguir, a do preço, a do crescimento da quota de mercado, a do aumento da eficiência, a da localização no denominador da equação da produtividade.

Há medida que a economia do século XXI avança, uma economia onde há muito mais estratégias alternativas que não a do preço tout court, e recordo a imagem:
Diferentes abordagens estratégicas geram diferentes distribuições de produtividades e permitem diferentes rentabilidades. Assim, as diferenças entre empresas do mesmo sector começam a aumentar.
"Whereas many economists focus on inequality between individuals, Bloom’s view is filtered through his early work as a consultant at McKinsey, where he became interested in the impact of good management on the economy. “Economists have long dismissed the importance of management practices and were often skeptical of the value of management research,” says Bloom.
...
Bloom was amazed by the variation in management practices he saw among clients — and by how convinced each client was that theirs was the best way.
...
Bloom shares his research on the role firms and management play in the rise of income inequality. He highlights how competitive forces and corporate decision making have contributed to divergent outcomes for individuals and suggests that inequality can’t be fully understood without thinking about companies.
...
Companies can contribute to rising income inequality in two ways. As we’ve just discussed, pay gaps can increase within companies — between how much executives and administrative assistants are paid, for example. But studies now show that gaps between companies are the real drivers of income inequality.
...
We found that the average wages at the firms employing individuals at the top of the income distribution have increased rapidly, while those at the firms employing people in the lower income percentiles have increased far less.
...
In other words, the increasing inequality we’ve seen for individuals is mirrored by increasing inequality between firms. But the wage gap is not increasing as much inside firms, our research shows. This may tend to make inequality less visible, because people do not see it rising in their own workplace."

domingo, fevereiro 19, 2017

Cerâmica, que evolução sectorial?

Há uma realidade que descobri em 2008: Há mais variabilidade de rentabilidade dentro de um mesmo sector económico do que entre sectores económicos.

Em "O que os números das exportações me sugerem" refiro:
"Exportações da cerâmica disparam em seis anos e 2016 pode trazer recorde;"
Em "Cerâmica à procura de negócios da China" encontramos um retrato de empresas dinâmicas e optimistas que vêem na Ásia oportunidades de negócio interessantes. Em 2014 já era possível ver que a orientação estratégica estava a ganhar força, "O exemplo da cerâmica".

No entanto, em 2012 escrevia um postal com este título "Presos a estratégias obsoletas que geram margens cada vez mais comprimidas e salários cada vez mais espremidos" acerca do sector cerâmico ter conseguido barreiras alfandegárias contra os produtos chineses. E em 2016 em "Egocentrismo sectorial" surpreendia-me com a incapacidade de calçarem os sapatos do outro. Primeiro pedem proteccionismo para eles. Depois, quando os outros também o pedem ficam preocupados.

Irei ser injusto em alguns casos mas tenho uma teoria que defende que normalmente os líderes das associações sectoriais são provenientes não da vanguarda do sector mas das empresas mais débeis em termos de pensamento estratégico (o calçado, por exemplo é uma honrosa... muito honrosa excepção). Recordo "O poder das associações e nas associações" e "Mixed feelings".

Como terá evoluído o sector cerâmico?
Será que a variabilidade intra-sectorial aumentou? Será que as empresas que apostaram na exportação  estão melhor e a ganhar mais e, as empresas preocupadas com a entrada de cerâmica chinesa no nosso país também progrediram? Ou será que continuaram presas a estratégias obsoletas?

Alguém por aí tem informação que ajude a perceber a evolução dentro do sector?




segunda-feira, fevereiro 13, 2017

O contexto é um fluido em permanente mutação

Um excelente texto, "Here's Why You Should Think Twice About Listening to Business Gurus", para nos chamar a atenção para a inexistência de regras gerais:
"Simple rules always get more complicated when you try to apply them to the real world.
...
Simple rules rarely apply to a messy world."
A idiossincrasia é a regra nas empresas do mundo real e, o mundo real, o contexto, é um fluido em permanente mutação. O que é verdade hoje amanhã é mentira.

Por isso, aprendi que ao trabalhar com uma PME devemos partir do concreto para o abstracto e não ao contrário.

quinta-feira, janeiro 26, 2017

Palavras sensatas

Palavras sensatas de alguém que me habituei a respeitar:
"The other paradigm views policies as solutions to specific problems. Because each society [Moi ici: Substituir por empresa] has a unique set of characteristics, constraints and goals, policies are necessarily idiosyncratic: the path is made by walking. This does not mean that one should disregard what can be learned from others; but imitation without adaptation is a recipe for ineffectiveness, if not worse. It can easily imply importing solutions to non-existent problems, while letting real problems fester.
...
took the risk of imagining some key strategic, export-oriented investments, and then focused on creating the conditions to make them happen.
...
Authentic leadership requires a commitment to real goals. But, to achieve them, there are no prêt-à-porter solutions. Tailoring policies to specific problems, without disregarding the lessons from the past or from elsewhere, involves risks, and any responsible leader will necessarily feel the anxiety this creates."
Trechos retirados "Authentic Leadership"

BTW, Nuno podemos aprender algo com o Panamá?

segunda-feira, dezembro 05, 2016

À atenção dos Trumps de esquerda

Apesar da ignorância do Trump de esquerda, um sector tradicional ensina os políticos, os académicos e os comentadores económicos, de que há vida e vida boa dentro do euro:
"É o sétimo recorde consecutivo nas vendas da fileira ao exterior
Entre janeiro e setembro, as exportações da indústria portuguesa de calçado somaram 60 milhões de pares e 1685 milhões de euros. Com este crescimento de 3,7% face ao mesmo período de 2015, o sector espera bater este ano o seu sétimo recorde consecutivo nas exportações.
Desde 2009, a fileira registou um crescimento de 55% nas suas exportações e criou 9200 postos de trabalho, empregando, atualmente, mais de 43 mil pessoas."(fonte)

"Nos últimos cinco anos, vendas triplicaram nos Estados Unidos e ascendem a cerca de 70 milhões de euros.
.
As exportações de calçado para os mercados extracomunitários aumentaram 111% em cinco anos e representam 14% das vendas do setor para o exterior, destacando-se o triplicar dos números para os Estados Unidos e a “descoberta” da Austrália, segundo a associação."(fonte
Quando se aposta no numerador da equação da produtividade o truque deixa de ser o custo e passa a ser a criação de valor potencial aos olhos dos clientes.

terça-feira, novembro 15, 2016

Acerca da desigualdade

"Para Mateus, a revolução actual é "baseada no conhecimento" e isso "gera remunerações muito diferenciadas" que podem trazer problemas sociais, ao contrário dos salários mais homogéneos que se praticam no tipo de trabalho industrial mais indiferenciado que existe actualmente."
Lentamente mais outra hipótese defendida neste blogue vai emergindo como a explicação mais provável. Na semana passada foi a da China versus euro, agora é sobre a origem do aumento das desigualdades salariais.
.
Recordar:

Trecho inicial retirado de "Augusto Mateus: "Não gosto do 4.0""

segunda-feira, outubro 24, 2016

Idiossincrasias e variabilidade

Este artigo "The One Type of Leader Who Can Turn Around a Failing School" sobre o tipo de lideranças nas escolas inglesas é muito interessante e, só por isso merece ser lido. Perceber como diferentes tipos de personalidade da liderança geram diferentes prioridades e diferentes consequências.
.
Depois, fazer o paralelismo para as empresas e perceber a distribuição de produtividades e rentabilidades intrasectorial como uma função da idiossincrasia da sua liderança.
.
BTW, de sublinhar a descrição acerca dos líderes Filósofos:
"Philosophers are passionate about teaching and love debating the merits of alternative approaches.
...
They spend as much of their time as possible with other teachers debating and discussing alternative teaching methods. They’re somewhat elitist (although they’d never admit it) and believe teachers are far more important than the people who support them or the students they teach.
.
Teachers are very excited when the Philosopher first arrives, as she or he tells them how important their work is and how much value they add to society. They start going on trips to observe other teachers and invite teachers to their school, to share ideas and approaches. But fundamentally, nothing changes. Students carry on misbehaving, parents are still not engaged, and performance – both financial and examination results – stays the same. When asked why performance hasn’t improved, the Philosopher says, “These things take time. Teaching is an art and it can’t be transformed overnight.”
.
In the two to three years the Philosopher leads the school, teachers become increasingly frustrated as they’re still having to manage poor behavior and fill out forms. There are no significant improvements during the Philosopher’s tenure and performance — both examination results and financial — coasts or declines after they leave.
...
The Philosophers were the most publicly recognized leaders in our study,
...
Philosophers would be seen as ineffectual debaters (not inspirational leaders) who talk a good game, but have no impact."
Faz-me lembrar muitos políticos cheios de teorias da treta e que não gostam de sujar as mãos na realidade e que estão sempre em guerra com a Aritmética

sexta-feira, outubro 21, 2016

BCE e produtividade

"since 2008, unconventional monetary policies have clearly distorted the economy. Low interest rates have impeded the shift of capital from inefficient to more efficient enterprises or industries, allowing unproductive businesses to live on. This has left capital tied up in marginal firms and restricted the supply of credit to smaller, often more innovative companies."
Recordar daqui:
Quanto menor a exigência de rentabilidade, menor a necessidade de arriscar com inovações, menor a mortalidade empresarial.
.
Recordar a frase de Maliranta sobre a produtividade agregada que encabeça a lista de citações na coluna da direita:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação."


Trecho retirado de "Productivity Won’t Save the World"

segunda-feira, outubro 10, 2016

"Widening dispersion in productivity"


Este tipo de trabalhos, "Declining Business Dynamism: Implications for Productivity?" de Ryan A. Decker, John Haltiwanger, Ron S. Jarmin, e Javier Miranda, publicado em Setembro de 2016 por Hutchins Center Working Paper #23, põe-me sempre a pensar que alguém olhou para as estatísticas mas não lida com a realidade micro.
"The last few decades have seen a decline in business dynamism, as measured by indicators such as new firm formations, worker flows, and job creation and destruction. This is a potentially worrisome trend because an important driver of productivity growth is the reallocation of resources from less productive to more productive firms.
...
there is a clear downward trend in the rate of startups (new firms), and a slower decline in the rate of firm exits. Similarly, over the last several decades, the share of employment at young firms has dropped from 20 percent to 10 percent.
...
using revenue per employee as a measure of productivity, the authors show that the gap in productivity between the most and least productive firms has widened over time.
...
Widening dispersion in productivity is potentially a sign that firms are facing increasing frictions in adjusting to their appropriate size, or that the least productive firms are not catching up to the most productive firms as quickly as they used to.[Moi ici: Tenho uma explicação para esta evolução. O aumento da produtividade pode ser feito por muitas vias. Ou apostando no denominador, ou apostando no numerador. Por outro lado, recordar aquela evolução da figura lá de cima ... em Mongo, com tantos picos, as empresas fazem diferentes apostas competitivas com consequências a nível de produtividade, daí o aumento da dispersão]
...
the link between a firm’s level of labor productivity and its rate of employment growth has been getting weaker over time. Whereas in the past more productive firms in the same industry expanded employment while less productive firms contracted, today this is less true."[Moi ici: Perfeitamente explicável pelo facto de a escala deixar de ser cada vez mais uma vantagem competitiva. Basta ver o exemplo do calçado em Portugal. A produtividade aumentou e o emprego baixou, porque a vantagem competitiva deixou de ser o preço, deixou de ser produzir séries grandes para clientes grandes]

quinta-feira, julho 21, 2016

Produtividade e gestão

"We turn to a long-standing question in economics, stretching back to at least Walker (1887), of how much of the variation in national and firm performance can be accounted for by di erences in management practices?
...
Overall, on average 30% of the cross country gap in TFP appears to be management related. This fraction varies a lot between countries. In general we account for a smaller fraction of the TFP gap between the U.S. and low income countries like Zambia (6.2%), Ghana (9.7%), and Tanzania (12%), which is likely to be because these countries have much greater problems than just management quality. We account for a larger fraction of the TFP gap between the U.S. and richer countries like Sweden (43.9%), Italy (48.9%) and France (52.3%). Figure A4 graphically illustrates this, showing that more developed countries have a higher share of their TFP gap accounted for by di erences in management.
...
Economists, business people and many policymakers have long believed that management practices are an important element in productivity."
Trechos retirados de "Management as a Technology?" de Nicholas Bloom; Raffaella Sadun e John Van Reenen. HBS Working Paper 16-133

quinta-feira, junho 09, 2016

"muitas vezes escandalizo-me com a forma como os economistas tratam a economia real"

Como não sou economista, muitas vezes escandalizo-me com a forma como os economistas tratam a economia real. Habituado a lidar com empresas de muitos tamanhos, de muitos sectores, cada uma comandada por diferentes tipos de pessoas, com diferentes modelos mentais, custa-me perceber, uma vez atrás da outra, como os economistas simplificam e tratam a realidade empresarial como um bloco homogéneo. É o velho tema do Sr. dos Perdões e da sua imagem:


Recordar daqui: Recordar o marcador "distribuição de produtividades" e a explicação para o facto de, num mesmo país, haver mais variabilidade no rendimento intra-sectorial do que no rendimento inter-sectorial.
.
Ontem, foi tempo de perceber melhor porque é que os economistas pensam assim. O interessante é que pensam mesmo que as empresas são essa massa homogénea e que a única coisa que conta são as variáveis macro. Tanta tolice!!!
.
Ontem, foi dia de iniciar a leitura de um extenso artigo "The Microfoundations Movement in Strategy and Organization Theory", publicado por The Academy of Management Annals, 2015 Vol. 9, No. 1, 575–632, e assinado por Teppo Felin, Nicolai Foss e Robert Ployhart.
"Microfoundations are not a theory, per se, but rather a movement and way of thinking that has spread across a broad array of macro theories.
...
Macro explanations, on the one hand, emphasize the role that history, culture, and structure play in explaining economic outcomes, whereas micro explanations, on the other hand, focus on individual actions and interactions.
...
The subsequent trajectory of strategic management and organization theory was heavily focused on macro factors, at the expense of the micro.
...
The emphasis in this literature, then, has squarely been on homogeneity, rather than an effort to understand organizational heterogeneity, let alone the role of individuals.
...
Thus, not only have individuals played a lesser role in macro management, but also the notion of organization as a social actor has been missing from macro organizational scholarship.
.
The emphasis on collective factors, at the expense of individuals, is perhaps best encapsulated in the published transcript of a 1999 Academy of Management symposium where a number of prominent macro strategy and organizational scholars seemingly agreed that individual-level considerations simply are not relevant for macro scholarship: “if we truly focused on routines, competencies, practices and so on, we would not follow people anymore in our research. Instead we would follow how competencies spread, replicate, and insinuate themselves into organizations”
...
The assumptions in these literatures are that individuals are homogeneous and thus effectively that they are randomly distributed into organizations. [Moi ici: Esta gente não se enxerga? Isto é ainda mais grave que considerar a realidade como estando povoada por econs]
...
This literature places an emphasis on macro factors such as firm-level knowledge and competencies, social capital, networks, and other collective constructs. While including the collective and macro concepts in explanation is not problematic per se, it is of concern when it has come at the exclusion of individual-level considerations that in fact might be driving—or highly consequential for explaining—collective outcomes."