sábado, abril 23, 2016

Cuidado com as ferramentas da indústria automóvel

Recentemente, num projecto em que uma das estratégias passa pelo preço, para enfatizar a importância de um projecto para lidar com o actual gargalo da produção, recordei um exemplo que ouvi da boca de Masaaki Imai num hotel no Porto em Fevereiro de 1999, quando veio apresentar o livro Gemba Kaizen.
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Quando cheguei ao escritório saquei o livro e procurei, e procurei, sem conseguir encontrar o exemplo que tinha citado. Entretanto, tomei consciência de algo que suspeitava e que tenho referido inúmeras vezes aqui no blogue e no meu contacto com os empresários: mais de 95% de todos os casos citados no livro têm algo em comum, são da indústria automóvel. Encontrei um que dizia respeito a um serviço público.
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Recordei logo este artigo recente "Alemã Olbo de Famalicão aumenta produtividade com filosofia japonesa". Exemplo que uns podem relacionar com "Acerca do Kaizen", "Não se pode ser bom a tudo e para todos (parte III)" e "Cuidado com as generalizações".
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BTW, aqui faz todo o sentido a Olbo ter ido buscar um gestor com a escola SONAE.
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Recordar daqui:
"BTW, foi por este tema que estranhei a escolha de alguém com a cultura SONAE (custo) para a Viriato."
Assim, se o negócio da sua empresa não é eficiência, custo, quantidades, ... cuidado com as ferramentas da indústria automóvel.

PME e código, já pensou nisso? (parte V)

Parte I, parte II, parte III e parte IV.
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Nem de propósito para se juntar à série sob este título "You Don’t Have to Be a Software Company to Think Like One":
"Every business is, willingly or unwillingly, a competitor on a software playing field, no matter which sector it’s in....In a world underpinned by ever more powerful, affordable, and public technology platforms, software is still king. And its importance as a source of value will only continue to grow..You may be thinking: but my company isn’t a software company. That may be the case, but the current business environment requires all leaders to view their companies as software businesses — and think like software executives. That doesn’t mean that you should stop delivering your current products or services. And it certainly doesn’t mean that you should suddenly start selling something labeled “software.” Rather, this approach recognizes a fundamental shift in the sources of value creation and competitive advantage toward software.... [Moi ici: Todas as semanas encontro situações em que um produto maduro, banal, poderia voltar a ser sexy com um pouco de código e IoT. Desde a empresa que se esqueceu de encomendar uma caixa de matéria-prima quando a última foi aberta, porque não um "dash" básico, simples para o B2B até ...Digital technologies aren’t just tools of production to improve existing processes; they are also instruments of coordination, making it easier to collaborate with partners. [Moi ici: Este é o mei ponto principal, fomentar interacção relevante no B2B e aprendizagem para ambas as partes] Adopting a software mentality should include rethinking your business model to include partnerships with others who can help form richer ecosystems, generate network effects, and improve your overall value proposition. But it also means evaluating whether you may be better served by bringing outsourced capabilities back in-house....It’s what companies can reimagine with software that creates the real opportunities (and, inevitably, threats). To succeed at digitization, executives must view their businesses as software companies."

Afinal quem é o herói?

A propósito de "How to #BeTheHero In Your Customer’s Story":
"Every good story needs a hero. In your customer’s story, that hero is you!"
Não consigo concordar com esta visão.
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Prefiro esta abordagem:
"O fornecedor deve procurar agir como Yoda, interagindo com o cliente, um Luke Skywalker, em busca de transformação."


Os agricultores não são pagos para salvar o mundo

A propósito de "To Feed 9 Billion People, Move Away From The Farmer's Market" recordo o que escrevi em "Alterar o modelo":
"os agricultores têm de deixar de se ver como os responsáveis por alimentar o mundo, têm sim de se ver como responsáveis pela alimentação dos seus clientes."
Os agricultores não podem esperar ganhar a vida a serem macro-salvadores do mundo. Não é essa a sua função, não é assim que podem ser competitivos, não é assim que podem prosperar. Tal como na indústria, devem procurar o nicho, o segmento que podem servir com vantagem e servi-lo.

sexta-feira, abril 22, 2016

Curiosidade do dia

Segundo o PORDATA:
Acredito, não é muito arriscado prever, que no final de 2016 o PIB português será, ainda, inferior ao de 2011. Contudo, os funcionários públicos terão o seu nível salarial reposto.
"Economies that are stagnant lead to conflict; if the pie isn’t getting bigger, after all, the only way to improve your lot is to grab someone else’s slice."

Outro momento Janus

Dois no mesmo dia... sintoma de algo mais profundo ou apenas a variabilidade a funcionar?
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Em linha com a previsão da democratização da produção, com o advento de Mongo e o seu impacte nos paradigmas do emprego, da produção e do comércio do século XX:
"It was, of course, a messy, often ugly, nonlinear process. The single hardest task was internal: Americans had to change how they thought about themselves. Not only did some of the iconic jobs of the 20th century not exist in the 19th century; they weren’t conceivable. There weren’t many large corporations, so there was less of a tradition of specialized jobs with narrow tasks. People had to learn to think of national markets, huge firms, accredited professions, new forms of urban identity.
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 Today, lots of people are finding ways to improve their own lot — and overall productivity — on their own. They sell crafts on Etsy, get funding on Kickstarter, build toys with 3-D printers. They learn through online classes and prove their skills on sites like Topcoder.
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Right now, the benefits of this digital, shared, distributed economy are accruing only to a tiny group of people and, even more, to the companies that serve them. But it’s at least conceivable that digital technology could help build new models of education, new ways for workers to collectively bargain, new tools to allow more people to identify and sell their skills and ideas to those who want them. There could be financial products that make it easier to withstand increasing volatility and insecurity. There could be an easier path to entrepreneurship, so more people with good ideas could present them to the market."
Isto por contraponto com:
"In the last century, the main way a person’s productivity rose was by going to work at a large company and doing what the boss said." 
Conseguem imaginar a litania, a ladainha, a procissão de coitadinhos, os bandos de incumbentes a protestar, a violentar, a reclamar contra o progresso porque lhes vai roubar o queijo?
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Por mim, começo logo a imaginar comunidades locais mais dinâmicas a permitirem trocas onde o IVA ou a SS não entra.

Trechos retirados de "Are We Doomed to Slow Growth?"

Um momento Janus

Recomendo vivamente a leitura deste texto "Remaking Make in India".
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Num curto espaço, um resumo interessante do que aconteceu com a globalização:
"It makes little sense today to play catch-up with a Chinese model that may have worked well in its own time and place, but one which the next wave of the digital technology looks set to steam-roll into oblivion."
O que conhecemos e resultou nos anos 60 e 80 em Portugal está morto e enterrado, o mundo muda, o contexto e as soluções têm de ser outras:
"The end of the last century heralded the third wave of industrialisation that led to the globalization of manufacturing. Rapid advances in information technology and global connectivity made for the seamless integration of design, the sourcing of raw materials, labour, capital and manufactured components across multiple locations. The rapidly evolving ecosystem created networked global supply chains located wherever comparative advantages made them most cost effective. The world shrank. Emerging economies betting on low labour costs became the world’s sweat shops, but prosperity also spread. So did entrepreneurship. Asia became the centrepiece of this boom and China the world’s factory. From a 5% share of the world’s manufacturing in 1995, by 2011 China’s share had climbed to 27%.[Moi ici: STOP! Voltar a ler este sublinhado e deixar assentar a ideia do impacte que isto terá tido nas PME de Portugal... esqueça o euro]
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In the forthcoming wave now, information technology is once again set to disrupt the way products are manufactured, shipped, and sold. Notably, this disruption is happening not just by way of moving manufacturing jobs back to the developed world.[Moi ici: O mainstream acredita que o futuro passa por automatizar a produção e remover o último humano das fábricas]
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As both manufacturing and services more and more integrate robotics, 3D printing, the internet of things comes into its own – the need to outsource to regions with low cost labour is off set by the far lower supply chain risks of local manufacturing. Economies of scale lose their relevance. Future manufacturing sees greater advantage in decentralization which places it closer to the consumer. Robotics aided additive manufacturing can customize products to individual needs at costs only marginally higher than mass produced batches, and the cost difference is shrinking. The smart manufacturing facility of the future provides flexible assembly lines that can be re-programmed. [Moi ici: "The smart manufacturing facility of the future" não vai ter linhas de montagem! Recordar a Canon há 10 anos] The age of mass production, yields to mass customization. In the new automated factory of the future the manufacturing itself becomes a service.[Moi ici: Até se remover o factor "mass" e a democratizção da produção fazer desaparecer o paradigma da fábrica do século XX e o paradigma do emprego do século XX]
Tudo coisas que já escrevemos por aqui há anos e que ainda não chegaram em toda a sua plenitude aos media porque isso seria reconhecer o fim do modelo que as suporta a elas ou aos seus financiadores.

O mundo da micro economia: uma beleza e surpresa que não passa pela mente da tríade

Ao longo dos anos aqui no blogue uso o rótulo de "tríade" para identificar o conjunto de académicos, políticos e comentadores que, estando nós no século XXI, estando nós a entranhar-nos em Mongo, estando a economia a evoluir para uma explosão de propostas de valor, canais e, sobretudo, uma explosão do lado da procura em termos de tribos, cada vez mais tribos e mais segmentadas e mais intransigentes no seu gosto e mais informadas, continuam a ver o mundo e a propor soluções que resultaram no século XX da produção e do consumo de massas.
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Recomendo a leitura desta excelente metáfora "Ye gods: an efficient orchestra!"
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Torna viva e materializa de forma fácil a treta que é a conversa da tríade:
"If this student had instead chosen a factory, nobody would be laughing, perhaps least of all the people in that factory."
Como já aqui escrevi muitas vezes e afirmei em muitas salas de reunião, o que salvou as PME exportadoras foi o não ligarem à tríade. Imaginem que um empresário do calçado em 2005, (quando o sector atingiu o ponto mais baixo e Daniel Bessa passava a certidão de óbito e André Macedo enterrava o caixão), ouvia as previsões de Ferreira do Amaral, ou as bocas dos gurus desta série e as levasse a sério... teria desistido certamente.
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Daí ter favoritado:



Por isso, a tríade não percebe este desempenho, aliás, aposto que nem o conhecem:
Uma empresa que compete no mercado pelo custo mais baixo compete de forma diferente e dirige-se a clientes diferentes dos de uma empresa que compete pela rapidez e flexibilidade, dos de uma empresa que compete pela autenticidade, dos de uma empresa que compete pela inovação, dos de uma empresa que compete pela marca, dos de uma empresa que compete pela ...
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Claro, a tríade acha que é tudo igual, recordar "Voltar ao Lugar do Senhor dos Perdões".
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BTW, foi por este tema que estranhei a escolha de alguém com a cultura SONAE (custo) para a Viriato.

O tal outro campeonato que o "bicicletas" ainda não aprendeu

Recordando "Outro campeonato, uma verdadeira curiosidade do dia" estes números de "É para a China que Portugal exporta os sapatos mais caros":
"Portugal duplicou as vendas de calçado para a China, onde vende a um preço médio de 42 euros o par, o mais alto de todos os 152 mercados de destino dos sapatos nacionais.
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"Acresce que o preço médio do calçado português comercializado no gigante asiático é o mais alto de todos os 152 mercados de destino das exportações nacionais e ascende a 42 euros", destaca a última edição do jornal da associação do sector (APICCAPS).
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Portugal exporta sapatos para a China 14 euros acima do preço médio, de 28 euros, a que vende para o exterior à saída da fábrica – um valor só ultrapassado pela Itália (44 euros)."
Enquanto a China (maior produtor mundial de calçado) exporta sapatos baratos e importa sapatos caros para os muitos milhões com um nível de vida mais alto, Portugal faz o contrário, exporta sapatos caros e importa sapatos baratos.
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Algo que o "bicicletas" ainda não prendeu (parte I, parte II, parte III)

quinta-feira, abril 21, 2016

Obrigado senhor ministro

A propósito de "Ministro apela à compra de carne de porco nacional para ajudar a resolver crise", eu consumidor saúdo a rotulagem com a indicação do país de origem. Porque eu consumidor, depois deste dia "Decoupling", e depois das imagens que vi dos desacatos de Alcobaça, tenho receio de que alguns produtores já estejam a fazer o que pediam, por sua conta e risco:
"a reutilização das proteínas animais nas rações"  
Sabendo qual é a carne produzida em Portugal posso optar por não a comprar, tenho medo.

Curiosidade do dia

Que bonito, sem ironia, Sócrates a citar Atticus Finch:
"mesmo quando se sabe que se vai perder não se pode desistir".
Trecho retirado de "Sócrates soma críticas ao PS de Costa. "Nunca seria PM sem ter ganho eleições""

Pricing e experiências

Um excelente texto sobre a arte de fazer preços, "The first rule of pricing is that you don’t talk about pricing." de onde sublinho:
"The third rule of pricing is that experiments are the only way to make sense of it all"
Para relacionar com "Why businesses don’t experiment":
"experiments require short-term losses for long-term gains. Companies (and people) are notoriously bad at making those trade-offs. Second, there’s the false sense of security that heeding experts provides. When we pay consultants, we get an answer from them and not a list of experiments to conduct. We tend to value answers over questions because answers allow us to take action, while questions mean that we need to keep thinking. Never mind that asking good questions and gathering evidence usually guides us to better answers.”"

Acerca da autenticidade

Andamos há uns tempos aqui no blogue a relacionar agricultura com autenticidade como uma enorme oportunidade estratégica de negócio:

Agora, encontro, num suplemento do Jornal de Negócios, o título "Consumidores querem mais autenticidade nos alimentos":
"O consumo está a mudar e o consumidor também. Em particular os "millennials" (geração Milénio), que estão a trazer novas tendências de consumo na alimentação. A qualidade só já não chega. Agora acrescenta-se a diferenciação. A investigação é, por isso, na agricultura, mas também na indústria agro-alimentar. crucial. "O mercado está mais desperto para inovações." Se no virar do século o que contava era o preço.agora "a vontade de experimentar coisas novas, as implicações que os alimentos têm na saúde, os produtos funcionais", são argumentos de compra.
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Os consumidores procuram, em qualquer um desses segmentos, autenticidade."

"The essence of a relational marketing strategy"

Em "Experiential marketing : secrets, strategies, and success stories from the world’s greatest brands" de Kerry Smith e Dan Hanover pode ler-se:
"With the long‐term benefits a relationship provided to brands came a transfer of power from companies to their customers. Gone were the days of using one‐way marketing to stimulate sales. A relationship, by definition, requires two active and willing participants who show intent to each other. Without relationship intent, there can be no relationship consent. And while brands can’t create relationship intent for the customer, they can foster, accelerate, and influence it—with
experiences
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Successfully creating and using experiences to generate long‐term relationships requires an understanding of how an experience scientifically fosters a relationship.
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Experiences create emotions that drive people to respond to each other and “feel” a certain way. ... an emotion technically emerges as the brain connects neurotransmitters, neuroactive peptides, and hormones—resulting in the musculoskeletal system generating a mental and emotional response.
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Marketers use experiences to affect a target audience. No matter the audience or the company, there is always the intention to use an experience to distribute a message or content that incites an emotion or action (a behavioral response)."
Aquele sublinhado lá de cima joga bastante bem com:
"The essence of a relational marketing strategy is a tacit understanding that marketers and consumers are on equal footing. Anytime marketers employ a nudge to influence consumers, they are rejecting this status quo and claiming an informational or motivational superiority over their customers." 
E a sua empresa, como comunica com os seus clientes? Que tipo de relação desenvolve?
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Trecho retirado de "Why Nudging Your Customers Can Backfire"

Viagem no tempo

A propósito deste números:
"Apesar da acentuada tendência para a concentração, traduzida no aumento do número de bovinos por exploração, que mais do que duplicou, passando de 13,8 cabeças em 1999 para 28,6 cabeças em 2009, e desta evolução ser ainda mais evidente nas explorações leiteiras (de 10,8 para 26,7 cabeças/exploração), continuam a existir muitas explorações pecuárias de reduzida dimensão. Cerca de 31% das explorações têm 1 ou 2 cabeças e cerca de 62% possuem menos de 10 bovinos."
Recordar o que Jaime Silva, ministro da agricultura, dizia, e bem, em 2009:
""Não podemos criar a ilusão de que um produtor que tenha uma dúzia de vacas vai continuar a produzir leite, porque não vai. Não vai conseguir ser competitivo", avisa Jaime Silva, para quem "é normal que, a curto prazo, passemos de 10 mil para sete mil produtores que produzirão tanto ou mais leite do que hoje"."

quarta-feira, abril 20, 2016

Curiosidade do dia

Um sintoma atrás do outro a desenharem uma paisagem que faz recordar uma previsão de Outubro de 2015.

"Remessas dos emigrantes caem 18,5% em fevereiro"

O que me deixa cheio de sede

A propósito de "Exportações de calçado travam a fundo no início do ano" o que me deixa cheio de sede:
"Inquiridos sobre as perspectivas de encomendas para o primeiro trimestre deste ano, 27% dos industriais do sector esperavam uma diminuição das compras de clientes estrangeiros e apenas 20% estimavam um aumento das encomendas do exterior, com os restantes 53% a contarem que a carteira permanecesse inalterada."
Quem está à espera de mais encomendas e porquê? De que mercados? Marca própria ou private label? Gama alta ou gama baixa?
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Quem está à espera de menos encomendas e porquê? De que mercados? Marca própria ou private label? Gama alta ou gama baixa?

Jaime Silva deve sorrir

Ao ler "Fundão. Cerejeiras nunca interessaram a tantos investidores, até estrangeiros" como não recordar o odiado ministro Jaime Silva.

Odiado por todos, desde o partido de Capoulas que governava até aos da oposição. Enquanto o coro dos media, dos políticos e do comentariado continuava a associar agricultura a cereal, a extensão, a quantidade, a commodity, um ministro tinha a distinta lata de dizer isto:
"Diospiro, figo kiwi, baga de sabugueiro e flores de ar livre são produtos considerados estratégicos para Portugal pelo Ministério da Agricultura.[Moi ici: O quanto o ministro foi atacado, criticado e gozado por causa disto]
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"Questionado pelo Expresso, o Ministério da Agricultura explicou, por escrito, que "as fileiras estratégicas são aquelas que, tendo elevado potencial de desenvolvimento sustentado, associado a factores de mercados (competitividade), climáticos, ambientais e naturais, se encontram num nível de aproveitamento insuficiente face às suas potencialidades."
Ora vejamos:
"No dia em que a notícia chegou, Paulo Fernandes ainda duvidou do número: até ele, o presidente da Câmara do Fundão e um dos responsáveis pela estratégia da marca cereja do Fundão, ficou surpreendido com o preço da cereja em Helsínquia.   Um quilo custava, naquele maio, 52 euros.[Moi ici: Em Agosto em Paris já a vi a 14 € o kg, e lembrar-me que em Agosto em Alcanizes, ao lado de Bragança, as cerejas apodrecem nas árvores]
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Talvez por isso também sejam cada vez mais os investidores portugueses e estrangeiros interessados em investir em cerejais. “Assistimos a um novo padrão de investidores. Tínhamos já uma economia familiar agrícola. Hoje temos muitos investidores com negócios noutras áreas e que aplicam as suas poupanças, o seu dinheiro, na produção agrícola, nos cerejais, em detrimento, por exemplo, de outro tipo de investimentos de caráter mais especulativo. Isso é uma excelente notícia para nós”, diz Paulo Fernandes.
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Nos últimos seis anos, a área plantada de cerejeiras na região – a maior a nível nacional – tem aumentado cerca de 10% ao ano, o equivalente a mais 200 hectares anuais a juntarem-se aos atuais 2600 hectares.
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Com uma produção muito próxima das 7000 toneladas anuais, assegurada por cerca de 400 produtores da região, a área de cerejais cresce a olhos vistos, assim como os negócios em torno do setor. ... Nunca se conseguiu pagar tão bem ao produtor – criámos formatos associados àquilo que se chama comércio justo e o preço médio da cereja durante toda a campanha ronda os 1,80 euros por quilo.[Moi ici: Falamos portanto de mais de 12,5 milhões de euros que entram por ano na região por causa da cereja. Cerca de 31 500 euros por ano por produtor]
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E o paradigma dos agricultores, pouco organizados e com dificuldade em chegar ao mercado, mudou.
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“Assistimos a um enorme rejuvenescimento do padrão de produtores com os jovens agricultores a chegarem em força. Fala-se de que, nesta região, apareceram nos últimos anos mais de 1000 projetos de jovens que estão, neste momento, no seu quadro de início ou desenvolvimento, o que altera completamente o patamar: traz mais conhecimento, mais sangue novo, mais energia para o processo, enquadrado numa região onde sempre mantivemos os agricultores tradicionais. Ou seja, podemos falar de novos investidores porque o conhecimento tradicional, esse ‘saber fazer’ nunca se perdeu”"

É só fazer as contas

Ontem, tive acesso a números de uma empresa que me fizeram recuar ao meu tempo de "catequista" no SNS a tentar converter índios que não queriam ser convertidos (em que traduzia o número anual de infecções em cesarianas não programadas em dias extra de internamento e, depois, esses dias extra em custo extra). Também recordei o meu tempo de indústria química, em que transformei um armazém de produto acabado vazio de uma coisa virtuosa numa perca de facturação relevante (Qual o preço médio do produto de primeira categoria vendido no ano passado? (100) Qual o preço médio do off-grade vendido no ano passado? (30) Quanto produziram no ano passado? (100 000) Se tivessem vendido tudo como primeira categoria quanto teriam facturado? (10 000 000) Quanto facturaram realmente? (8 000 000) OK, a não qualidade que ninguém vê e que não está no armazém impediu-vos de ganhar mais quanto? É só fazer as contas.
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Falhas que não são contabilizadas como dinheiro passam facilmente ao lado da atenção que merecem.
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Com umas contas de merceeiro transformei peças que eram recicladas e, por isso, invisíveis nos custos, em horas-máquina a mais de funcionamento que converti em dias e multipliquei pelo custo médio de um dia e... não queiram saber o valor desse fantasma!!!

O papel da relação, o trunfo da interacção

Em "Experiential marketing : secrets, strategies, and success stories from the world’s greatest brands" de Kerry Smith e Dan Hanover sublinhei:
"For decades, just three differentiators—or as we call them, core value propositions (CVPs)—distinguished brands from one another and drove all marketing campaigns: price, performance, and service.
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But over the years, heightened competition and fragmentation eventually commoditized the three CVP drivers. In nearly every category, virtually every brand began to promote lower prices, high performance, and excellent service. Put another way, the marketing campaigns and the brand promises became nearly identical. The logos and taglines may have been different, but the messaging was the same.
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It all begged the question: If marketers were no longer differentiating their brands, why were people choosing to buy them?
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Because, as it turned out, there weren’t three core value propositions - there were four. Yes, purchase decisions had been primarily influenced by price, performance, and service. But we found that purchases, more and more, were actually being driven by a fourth CVP: relationship.
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Studies, focus groups, and market research began to show that consumers who considered themselves to be “in a relationship” with a company were less influenced by price, performance, and service."
Como não pensar logo em ""Don’t let algorithms replace leadership"" e em "É isto que os humanos têm de procurar em Mongo!"