terça-feira, dezembro 23, 2008

A questão central

"Mas o que é importante sublinhar é que Portugal tem um défice da Balança de Transacções Correntes (BTC) muito significativo, pois compramos muito mais ao exterior em bens e serviços do que vendemos.
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Ora é esse défice que tem que ser financiado. E ainda temos dívida que quer os bancos, quer a República contraíram no passado [de quase 20 mil milhões de euros] e essa dívida tem que ser refinanciada todos os anos.
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É a sua maior preocupação?
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Portugal é um dos países com um dos maiores défices da BTC do mundo. Quer em percentagem do PIB, quer em valor absoluto. O país com maior défice da BTC é os EUA, o segundo é a Espanha. E Portugal está nos dez primeiros. E o desafio é este, pois financiar este défice vai ser muito mais difícil do que foi até aqui. E pode até não ser possível.
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E se não for possível?
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Terá consequências negativas quer nos programas de investimento que queremos fazer em Portugal, quer no nível de vida dos portugueses. A necessidade de financiar um dos défices da BTC maiores do mundo e de refinanciar a dívida que emitimos no passado é a questão central.
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Em condições do boom financeiro dos últimos dez anos era facílimo, em condições da actual crise de crédito é muito complicado. Portugal, nas emissões internacionais de obrigações da República, que têm associado o melhor rating que existe, antes de começar a crise financeira pagava 0,2 por cento a mais do que a Alemanha. Neste momento as obrigações a 10 anos emitidas pela República já pagam mais um por cento do que a dívida alemã. Este é um sinal claríssimo do como o mercado está a fazer a selecção dos vários países. Na Grécia a situação ainda é pior, pois paga mais de dois por cento a mais do que a Alemanha, quando há um ano pagava mais 0,3 por cento, enquanto a Espanha paga quase tanto como Portugal, e a Itália e a Irlanda, que há um ano pagavam o mesmo que Portugal, agora até pagam mais. O mercado está a penalizar os países do Sul da Europa, e também a Irlanda, exigindo-lhes um preço cada vez maior para os financiar. O problema está muito para além dos bancos."
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Entrevista a Fernando Ulrich no Público de hoje por Cristina Ferreira.
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Parece que Ulrich também não está de acordo com a Inteli.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

O dia mais importante

No meu calendário profano este é um dos dias mais importantes... o solestício de Inverno.
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A partir daqui os dias começam a crescer!!!
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Urrah!!!

Este é o tempo para repensar a estratégia (parte V)

Esta época do ano é sempre boa para algumas arrumações.
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Ao empreender uma delas fui interpelado por um artigo de Ram Charan na revista Fortune de 18 de Fevereiro deste ano: "Ram's Rules".
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"Don't expect the good times to roll for quite some time, says one of the Fortune 500's favorite management gurus. But smart executives can use the downturn to make their companies better, stronger, and faster. Here's how"
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Eis as 4 regras que Ram Charan aconselha a seguir:
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"1. Keep building. When the top line looks shaky and the bottom line worse, the temptation is to go after discretionary spending. Fine - but do not consider product development, innovation, and brand building optional. Sacrificing your future for a slightly more comfortable present is not worth it. If you keep building, you can come back strong."
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"2. Communicate intensively. Get information from where the customer action is, and get it to the operating people - fast. Companies should do so routinely, of course. But they don't. It's counterintuitive but true that when the economy slows down, the pace of decision-making has to speed up, because you can't put off the tough choices anymore. The companies that are readiest to act on solid information are primed to shoot ahead of the business cycle."
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"3. Evaluate your customers. In good times, companies manage the P&L; in bad times, cash and receivables matter more. Therefore, you need to identify your higher-risk, cash-poor customers. You could decide to simply not supply them anymore - that's harsh but sometimes necessary. You don't want to be this decade's Nortel or Lucent, which continued to ship to companies whose ability to pay for equipment, it turned out, was nil. Alternatively, and this helps build good relations, work out a way to keep going - for example, by helping finance purchases or supplying smaller quantities. The point is, a downturn is a very good time to do a quality check on your customers."
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"4. Just say no to across-the-board cuts. By all means cut costs if it makes sense to do so, but make sure there is purpose in how you do it. It may be useful to clean out the metaphorical attic - for example, by pruning your product line. ... The key: If you have to cut costs, don't try to be fair about it. As I have said before, the world does not inflict pain evenly, and you have to deal with that reality."
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Chegados ao fim das ilusões...

... não sei se as ilusões do fim vão poder ir longe.
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São notícias destas que vão criar a pressão da rua para que Portugal saia do euro, para que o governo português volte a ter umas impressoras na cave e possa agir muito zimbabwenamente... como aliás estão a fazer os governos americano, inglês e suiço.

Boas notícias

Não estou a ser irónico!
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O artigo de Mónica Silvares no Diário Económico de hoje "Exportações para a Europa entram no vermelho"
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No 'lead' do texto pode ler-se:
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"Os efeitos da crise financeira já estão a afectar negativamente as exportações nacionais. As vendas de mercadorias para a União Europeia registaram uma contracção de 0,4% de Janeiro a Outubro, de acordo com os dados preliminares da Aicep a que o Diário Económico teve acesso. Este é um comportamento inédito pelo menos desde 1993, um ano igualmente de recessão."
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Não basta olhar para os números. Há que olhar para eles inseridos num contexto específico.
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Para mim uma contracção de 0,4% é uma boa notícia... basta comparar com o que está a acontecer ao Japão:
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"Exports From Japan Fall at a Record Pace"
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"Exports fell 26.7 percent compared with a year earlier, the Finance Ministry said Monday in Tokyo, the sharpest drop since comparable data were made available in 1980."

A tentação é grande

Basta olhar para o modelo acima, feito com base nas previsões de Roubini para perceber a tentação de quebrar estes ciclos atacando o rácio Procura sobre a Oferta.
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Se a Procura está em derrocada há uma caixa de Pandora que pode ser aberta ... trucidar (está na moda) parte da Oferta. Como? Apelando ao proteccionismo.
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Algumas reflexões sobre o tema "Protectionist dominoes are beginning to tumble across the world" por Ambrose Pritchard no Telegraph.
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O António Maria já há muito tempo que anteviu a cena ao falar de um novo Tratado de Tordesilhas para os tempos modernos.

Migração de valor (parte XIII) ou Ersatz (parte IV)

"Over the past year Asda, which is owned by Wal-Mart, the world's biggest retailer, has seen a marked increase in spend by so-called AB1 shoppers, the kind of affluent consumers who have traditionally bought their food at Marks & Spencer or Waitrose."
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"Asda chief has eye on a good buy for every kind of shopper"

domingo, dezembro 21, 2008

Sessão I (3 horas) - Centro Tecnológico

Não esquecer a palavra-chave para os acetatos.
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Acetatos parte 1 - O arranque.
Na primeira parte abordamos a necessidade de mudança. Qunado as organizações aspiram a resultados futuros desejados diferentes dos actuais, têm de se transformar.
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Num processo de transformação é importante equacionar o futuro, a Visão, o nosso ponto de chegada. E a Missão, a nossa essência, a nossa razão de ser, a nossa autenticidade: acham que faria algum sentido uma fusão entre a Disney e a empresa responsável pelos Simpson?
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Quando penso em transformação penso logo na definição de sistema de gestão da ISO 9000.
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Acetatos parte 2 - O pensamento sistémico.
Não há acasos:
Acetatos parte 3 - Para viajar para o futuro precisamos de uma estratégia.
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Quando se fala de estratégia vem rapidamente à baila este artigo de Michael Porter "What is strategy?" publicado pela Harvard Business Review em Setembro de 1996 (uma cópia pirata pode ser conseguida aqui - digitar no PDF) (chamo a atenção para, na página 68, a secção "III. A Sustainable Strategic Position Requires Trade-offs", algo fundamental recordar quando abordarmos a definição dos clientes-alvo e da disciplina de valor a que nos vamos submeter, para os bem servir com vantagens competitivas sustentáveis.)
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Quando se fala em estratégia outros nomes que me vêm à mente são:
Acetatos parte 4 - A origem e a evolução do balanced scorecard (BSC)
Precisamos de transformar as organizações para poder viajar para o futuro desejado, o destino onde poderemos aspirar a obter os resultados desejados.
Viajar significa percorrer um caminho, significa concretizar e materializar uma estratégia no quotidiano de uma empresa.
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Ora formular estratégias é sexy... o problema é a sua implementação! Um BSC 3.0 é uma boa ferramenta para executar uma estratégia. É uma boa forma de descer da estratosfera e aterrar na realidade do dia-a-dia.
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Bibliografia sobre os temas a desenvolver nesta experiência formativa pode ser encontrada aqui: Introdução.
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Continua.

A dança da chuva

João Miranda escreve hoje no DN, num artigo de opinião intitulado "Mais um plano".
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O plano é este:
Procuremos então mergulhar dentro do plano, fazendo um zoom, para ...
... perceber como é que as entradas dão origem às saídas.
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Et voilá!!!
"No entanto, estes benefícios não passam de conjecturas que pressupõem uma relação causa-efeito entre as medidas tomadas e o crescimento económico."
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Eheheheh!!!
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Este mambo-jambo faz-me lembrar cada vez mais a dança da chuva:
Roubei esta imagem a um artigo que gosto muito e que julgo que é injustamente esquecido “Successful Change Programs Begin with Results", publicado pela Harvard Business Review em Jan/Fev. 1992 (mesmo número em que foi publicado o artigo original de Kaplan e Norton) da autoria de R. Schaffer & H. Thomson (Schaffer é autor de um livro que li em 1992 ou 1993 e que ainda hoje recomendo a quem queira liderar projectos de mudança numa organização "The Breakthrough Strategy").
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Nesta imagem os bonecos realizam uma dança-da-chuva...
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Schaffer no artigo tem esta frase espectacular “rain dance” is the ardent pursuit of activities that sound good, look good, and allow managers to feel good – but in fact contribute little or nothing to bottom-line performance."
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"“The government is looking at this from a purely macroeconomic level. They have to consider the microeconomics and buil a model up from that to macro to find a way to hopefully fix this. This would hopefully help the common man survive this turmoil with something left to show for years of hard work.” "
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O artigo remata enumerando o lado negativo certo destes planos:
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"Durante as recessões, determinados meios de produção ficam inactivos, a produção baixa e o desemprego aumenta. Um plano keynesiano, como o que o Governo apresentou, visa aproveitar os meios de produção inactivos. O Governo tem de saber não apenas quais são os meios de produção inactivos, mas também quais são as medidas exactas que poderão mobilizar esses meios de produção sem distorcer a economia.
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O trabalho de Friedrich Hayek sobre a importância da informação na economia sugere que este projecto é impossível. O Governo desconhece a informação relevante para determinar os meios de produção inactivos e a forma como eles podem ser mobilizados. Esta informação encontra-se dispersa por toda a economia e é ela própria o objecto da actividade económica. As medidas que constam do Governo não mobilizam apenas os factores de produção inactivos, mas todos os factores produção.
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Por exemplo, os projectos de obras públicas que o Governo pretende lançar não beneficiarão apenas as empresas sem clientes e os trabalhadores no desemprego. Estes projectos vão beneficiar empresas com uma boa carteira de clientes e trabalhadores que não correm qualquer risco de ir para o desemprego. O plano do Governo pode até criar problemas estruturais geradores de desemprego porque desloca recursos das actividades produtivas e sustentáveis para projectos públicos desnecessários."
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O que João Miranda se esquece é que o governo acredita profundamente na teoria do Grande Geometra, do Grande Planeador... apesar de pregar aos empresáros a necessidade de mudar de esquema mental, ainda não estão preparados para a humildade de Kepler.
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Há que não esquecer as lições do passado:
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"Although deep downturns are destructive, they can also have an upside. The Depression-era economist Joseph Schumpeter emphasized the positive consequences of downturns: the destruction of underperforming companies, the release of capital from dying sectors to new industries, and the movement of high-quality, skilled workers toward stronger employers. For companies with cash and ideas, history shows that downturns can provide enormous strategic opportunities"
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Tom Nicholas in "Innovation lessons from the 1930s " no The McKinsey Quarterly.

sábado, dezembro 20, 2008

O mundo das possibilidades

Ainda na quarta-feira recordei estas palavras de Covey:
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"Highly proactive people recognize that responsibility. They do not blame circumstances, conditions, or conditioning for their behavior. Their behavior is a product of their own conscious choice, based on values, rather than a product of their conditions, based on feeling.
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Because we are, by nature, proactive, if our lives are a function of conditioning and conditions, it is because we have, by conscious decision or by default, chosen to empower those things to control us.
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In making such a choice, we become reactive."
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"It's not what happens to us, but our response to what happens to us that hurt us." (Isto é tão verdadeiro!!!)
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Foi delas que me lembrei ao começar ao recordar Benjamin Zander.
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Ainda há dias aqui e aqui defendíamos e explicávamos porque não devemos ser pessimistas por que devemos abrir a nossa mente ao mundo das possibilidades... por cada porta que se fecha há sempre uma janela que se pode abrir, desenhar ou construir.
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A atitude é fundamental!
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Via Presentation Zen cheguei a esta apresentação de Benjamim Zander. Começamos pela atitude, e depois... vejam como a táctica de começar pelo fim é proposta. Como ela é utilizada, nas palavras de Zander, para focar, para concentrar os esforços de aperfeiçoamento.
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Esta é a minha prenda de Natal para os meus amigos: Aranha; Duck; Raul e Teresa.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Talvez a luz ao fundo do túnel seja afinal...

... outro comboio que se aproxima.
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Será que vem mesmo aí outra rodada de bordoada financeira?
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No António Maria "A segunda vaga da crise hipotecária".
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Via José Silva do Norteamos "Global systemic crisis – New tipping-point in March 2009: 'When the world becomes aware that this crisis is worse than the 1930s crisis' "
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Um cheirinho (fétido de sulfureto de hifrogénio, dado o conteúdo):
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"A whole range of psychological factors will contribute to this tipping point: general awareness in Europe, America and Asia that the crisis has escaped from the control of every public authority, whether national or international; that it is severely affecting all regions of the world, even if some are more affected than others (see GEAB N°28); that it is directly hitting hundreds of millions of people in the “developed” world; and that it is only worsening as its consequences reveal throughout the real economy. National governments and international institutions only have three months left to prepare themselves to the next blow, one that could go along severe risks of social chaos. The countries which are not properly equipped to cope with a surge in unemployment and major risks on pensions will be seriously destabilized by this new public awareness. "
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"we anticipate that the minimum duration of the decanting phase of the crisis is 3 years (1). It shall be finished neither in spring 2009, nor in summer 2009, nor at the beginning of 2010. It is only towards the end of 2010 that the situation will start stabilizing again and improving a little in some regions of the world, i.e. Asia and the Eurozone, as well as in countries producing energy, mineral and food commodities (2). Elsewhere, it will continue; in particular in the US and UK, and in all the countries depending on their economy, were the duration could approximate a decade. In fact these countries should not expect any real return to growth before 2018. Moreover no one should imagine that the improvement at the end of 2010 will correspond to a return of high growth. The recovery will take long."
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"Finally, among the various consequences of the crisis for dozens of millions of people in the US, Canada, UK, Japan, Netherlands and Denmark in particular (3), there is the fact that, from the end of the year 2008 onward, news about major losses on the part of the organizations in charge of managing the financial assets supposed to finance pensions will multiply. "
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Um comentário a um postal de Roubini ilustra bem a minha maior preocupação actual. Gosto de pensar em sistemas, em cadeias de relações de causa-efeito, em jogos de equilibrio e desiquilibrio entre vectores concorrentes ou divergentes, gosto de modelar o comportamento dos sistemas e tenho horror ao tratamento dos acontecimentos como eventos isolados. Por isso, não posso estar mais de acordo com este comentário e recear as consequências do que ele significa:
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"“The government is looking at this from a purely macroeconomic level. They have to consider the microeconomics and buil a model up from that to macro to find a way to hopefully fix this. This would hopefully help the common man survive this turmoil with something left to show for years of hard work.” "
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Adenda: a primeira vez que usei aquele marcador "desde que ouvi o ministro pinho dizer que a crise financeira não afectará a economia" neste blogue foi a 15 de Setembro de 2007... mais uma vez "Não há acasos, todas as coincidências são significativas)

Não há acasos...

... todas as coincidências são significativas.
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Para ilustrar este postal de Pedro Arroja "o custo da trapalhice" que tal descobrir que o principal grupo normando faz destas: "Fisco reembolsa contribuintes com cheques fora da validade"
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Este é o tempo para repensar a estratégia (parte IV)

Continuando com a reflexão de Rumelt do artigo da Mckinsey Quarterly e em linha com estes outros conselhos.
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  • "If you can’t survive hard times, sell out early. Once you are in financial distress, you will have no bargaining power at all.
  • In hard times, save the core at the expense of the periphery. When times improve, recapture the periphery if it is still worthwhile.
  • Any stable source of good profits—any competitive advantage—attracts overhead, clutter, and cross-subsidies in good times. You can survive this kind of waste in such times. In hard times you can’t and must cut it.
  • If hard times have a good side, it’s the pressure to cut expenses and find new efficiencies.
  • Cuts and changes that raised interpersonal hackles in good times can be made in hard ones.
  • Use hard times to concentrate on and strengthen your competitive advantage. If you are confused about this concept, hard times will clarify it. Competitive advantage has two branches, both growing from the same root. You have a competitive advantage when you can take business away from another company at a profit and when your cash costs of doing business are low enough that you can survive in hard times.
  • Take advantage of hard times to buy the assets of distressed competitors at bargain-basement prices. The best assets are competitive advantages unwisely encumbered with debt and clutter.
  • In hard times, many suppliers are willing to renegotiate terms. Don’t be shy.
  • In hard times, your buyers will want better terms. They might settle for rapid, reliable payments. Focus on the employees and communities you will keep through the hard times.
  • Good relations with people you have retained and helped will be repaid many times over when the good times return."

Este é o tempo para repensar a estratégia (parte III)

Continuado daqui.
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A revista The Mckinsey Quarterly publicou um interessante artigo de Richard Rumelt intitulado "Strategy in a ‘structural break’ ".
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Mais um convite para a reflexão estratégica que se impõe neste momento, e recheado de interessantes conselhos:
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Alguns trechos que destaco do pensamento de Rumelt são:
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"There is nothing like a crisis to clarify the mind. In suddenly volatile and different times, you must have a strategy. I don’t mean most of the things people call strategy—mission statements, audacious goals, three- to five-year budget plans. I mean a real strategy."
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"By strategy, I mean a cohesive response to a challenge. A real strategy is neither a document nor a forecast but rather an overall approach based on a diagnosis of a challenge. The most important element of a strategy is a coherent viewpoint about the forces at work, not a plan."
...
"I think we are looking at a structural break with the past—a phrase from econometrics, where it denotes the moment in time-series data when trends and the patterns of associations among variables change.A corporate crisis is often a sign that the company’s business model has petered out—that the industry’s underlying structure has changed dramatically, so old ways of doing business no longer work."
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"We know in our bones that the future will be different. When the business model of part or all of the economy shifts in this way, we can speak of a structural break."
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"Structural breaks render obsolete many existing patterns of behavior, yet they point the way forward for some companies and at times even for whole economies."
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"The wrong way forward in a structural break during hard times is to try more of the same. The break and the hard times are sure indications that an old pattern has already been pushed to its limits and is destroying value"
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"So during structural breaks in hard times, cutting costs isn’t enough. Things have to be done differently, and on two levels: reducing the complexity of corporate structures and transforming business models. At the corporate level, the first commandment is to simplify and simplify again. Since companies must become more modular and diverse, eliminate coordinating committees, review boards, and other mechanisms connecting businesses, products, or geographies. The aim of these cuts is to provide lean central and support services that don’t require business units to spend time and energy coordinating their activities."

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Só fazendo desenhos

Depois destas lições one-on-one pedir mais a Pedro Arroja... só se for pedir-lhe que faça um desenho ... e eu, que sou um visual, mesmo sem desenho, percebi.
Não esquecendo este precioso comentário de CN:
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Este é o tempo para repensar a estratégia (parte II)

Continuado daqui.
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Acerca da necessidade de repensar as estratégias das empresas, li um artigo que vai directo ao assunto.
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Um artigo que devia ser lido por muita boa gente, sobretudo por quem grita a plenos pulmões que os bancos têm de emprestar dinheiro às empresas, às cegas.
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Ler e estudar este artigo é um mustRethink Your Strategy: An Urgent Memo to the CEO” da autoria de Paul Branstad, Bill Jackson e Shumeet Banerji.
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“the events of October 2008 should cause you to rethink the strategy for your business. The purpose of this article is to explain why this is so important and what to do next.

But the speculative bubbles have burst, and now, the most critical thing is to see the dynamics clearly—not as an investor, but as a decision maker with a company to steer.
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Given the potential for discontinuous changes in the structure of your industry, playing your hand well means changing your stance. It also means preparing your company to move aggressively to seize strategic opportunities. These opportunities will likely present themselves sooner rather than later. That’s why the preparation cannot be postponed. The prescriptions for the weak are different from those for the strong.“
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Neste blogue tenho escrito sobre o tema da “Migração de valor” (por exemplo: Migração de valor (parte XII) ou Ersatz (parte III), da frugalidade (Frugalidade e ilusionismo) e da poupança (A Via Espartana).
Os autores do artigo ilustram as mudanças no padrão de consumo dos consumidores da seguinte forma:

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Depois, à boa maneira anglo-saxónica, os autores entram a matar:
“If your company is not well positioned right now, it is time to face the facts. (e se uma empresa que não está bem posicionada pede dinheiro emprestado a um banco, para arranjar tempo para suster a respiração, sem estudar previamente o que tem a fazer) You are probably going to be up against the wall—or, at best, your business will be much reduced. It doesn’t matter how you rationalize the circumstances that brought you here. The important thing is to prepare to take bold action to save as much value as you can. Denial will not add value.
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The most precious thing you have is time—and you may not have much. Do not waste it as some others recently have,
notably at The Bear Stearns Companies and Lehman Brothers Holdings. Instead, look dispassionately at your business.
Judge its relative position honestly, by answering a few tough, value-testing questions:”

Depois, continuam no mesmo estilo “If you honestly conclude you are weak, time is of the essence. Figure out how to best position your assets and your people and take the right steps to give every piece of your company its best chance to succeed, even if under different ownership.
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Para as empresas que não estão encostadas à parede os autores propõem:
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“For everyone else—all those companies that aren’t up against the wall— the first objective is to become as strong as possible, as fast as possible. We are entering a period in which it will be enormously valuable to be able to act decisively from a position of strength and in a long-term, genuinely strategic manner.”
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Em cima da mesa estão 5 jogadas estratégicas possíveis neste ambiente de turbulência.

Já à muito que escrevo e prego a máxima “concentrar uma organização no que é essencial”. Deitar fora, eliminar, vender tudo o que não é essencial para chegar ao futuro desejado.
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“First, reexamine your portfolio of businesses and shed the marginal ones.“

“For each business, ask: Is it core to your company’s future value? Can you envision it as the basis for a sustaining stream of attractive rowth opportunities? Does it offer a path to building financial performance that is greater than what investors can earn elsewhere in their equity portfolios?
Concentrate your corporate strategy on the businesses for which you can answer “yes” to all three questions— and monetize the rest. There will be too many good opportunities for you to build on this core to bother with anything else.“
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Como Portugal vive em crise há oito anos, as receitas que tenho pregado neste blogue e junto das empresas são as mesmas que os autores propõem agora para as empresas neste ambiente de crise global. Reparem bem na linguagem…
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“Also answer this question: Who are your most important customers? Focusing on your most valuable customers will be just as important as focusing on your most valuable businesses.
On the demand side, these are the customers whose missions will grow the fastest and who reward you with loyalty and respect. If you are a business-to-business producer, seek out customers who recognize your product or service as the one that delivers the greatest surplus value relative to their next best alternative—regardless of its price or your profits.
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On the supply side, your most valuable customers are those with critical needs for the products that offer you the greatest ability to compete not just on price but on value. Forget about your also-ran, me-too offerings.
Bet your business on the products and services in which you have a competitive advantage through your capabilities: your technology, your cost position, your design and manufacturing skills, and your ability to reach and serve customers effectively.
If you are strong, you will always see opportunities to better serve your most valuable customers and to gain more market share. You only have to be willing to challenge yourself to look. Spare extra cash for the customers that matter. Stay focused on your best businesses, your best products, and your best customers.”
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Convém analisar as outras 4 propostas de acção.
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“Prepare to Weather the Storm”: “We are and will continue to be in a recession. Consumer demand is not coming back to superheated levels anytime soon, and pressure on prices and margins will only increase (Não tenham ilusões!!! Não vão voltar!!!). So don’t wait. Reduce your breakeven now—by a lot. (E os bancos não têm razão ao serem prudentes sobre emprestar dinheiro neste momento?)
If at all possible, you should make your company profitable even in the worst-case scenario, if for no other reason than to demonstrate its staying power. This means lowering your break-even volume, your break-even volume as a percentage of capacity, and your capacity, all at the same time.”
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“Anticipate the Future Industry Structure”: (Esta proposta devia ser enviada a muito boa gente. Gente que fala muito e reflecte pouco ou, apesar da pouca experiência que tem no terreno, não se coíbe de mandar postas-de-pescada). “do your economic homework and decide how your industry should be structured as it moves into recovery.
Anticipate that major changes may now be possible whereas before you may only have thought incrementally.
This downturn is a once-in-a-century opportunity to redefine your competitive position.
(Atenção a este pormaior) “Voices arguing for simple, rapid solutions should be suppressed. The situation you are in is unique and you probably do not yet know enough. Most likely, you do not already have an established process within your business for rigorously constructing fact-based industry perspectives. You need to direct your company to create such a process.” (Pois, recorrer a empréstimos sem qualquer reflexão estratégica, para suster a respiração debaixo de água faz-me lembrar esta estória, infelizmente verdadeira À espera da retoma).
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“Resolve Your Game Plan”: “The key for these expenditures is prioritization. In good times, companies are known to become sloppy with some investments. R&D, new product development, and capital expenditures are the places where your priorities should play out most clearly.
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Within your core businesses, you will want to be strategically aggressive— to fight for increased market share and the conversion to your brands of the most valuable product and customer segments. But avoid using pricing to secure the volume you need to cover fixed costs you shouldn’t have in the first place. Maintaining both the value you deliver to customers and your ability to get customers to recognize and pay for that value will be particularly critical in the quarters ahead. Required rates of return have gone up (Está escrito nas estrelas… crédito mais caro implica que o dinheiro investido no negócio tem de render mais do que era o padrão no universo económico anterior onde vivíamos). Market demand is going down.

Quanto às conclusões:
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“… Understand and plan for the worst-case scenario (atenção spin-doctors estão a seguir a opção errada nesta estórias da gestão das expectivas), and manage your balance sheet tightly.
Concentrate on your core businesses and on your most strategically valuable customers. These are your only priorities. (Agora ainda mais importante do que nunca)
• Rethink your growth and investment strategy for those core businesses, anticipating the opportunities that will come to you. Seek out opportunities to restructure the industries around these businesses.”
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Se um banco pedir evidências deste tipo de reflexão estratégica a uma empresa que lhe peça dinheiro emprestado o que é que vai receber?

Por tudo isto não creio que este seja um bom título, ou um bom tema "Conferência “Como Crescer em Tempo de Crise”".

Adenda das 08:08 - "Fresh credit strains in Europe as Deutsche Bank shocks markets"

"Standard & Poor's warned that a fifth of all lower-rated companies in Western Europe and the UK are likely to default over the next two years, greatly exceeding the scale of bankruptcies after the dotcom bust." ...

"The European Central Bank warned in its Financial Stability Report this week that lenders are at risk from a deeper slowdown than expected. "Banks need to be especially vigilant in ensuring that they have adequate capital and liquidity buffers to cushion the risks that lie ahead," it said."

Sem comentários...

"O empresário acrescentou que a sua firma não tem recebido o reconhecimento devido por parte do Governo e lamenta que a Energie só tenha conhecimento de apoios para a indústria quando "já é demasiado tarde" e os "players habituais" se apropriaram das verbas disponíveis. E exemplificou com o facto de a empresa não ter recebido qualquer informação sobre o recente lançamento de um pacote de 60 milhões de euros de ajudas para o sector das energias alternativas."
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O pão nosso de cada dia...
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"e Portugal perderia um pólo de produção na área da "energia limpa"." tanta preocupação do governo com 35 postos de trabalho numa empresa 'marginal'... então, os amigos que recebem os apoios não são pólos de produção na área da "energia limpa".
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Artigo "Ministério tenta travar deslocalização para Espanha de fábrica de painéis solares" assinado por Ângelo Teixeira Marques no Público de hoje.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Minha alma está parva!!!

A União das Republicas Socialistas Europeias nunca esteve tão próxima.
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"Estado admite entrar no capital de empresas a reestruturar"
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O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, admitiu hoje a possibilidade de o Estado entrar "transitoriamente" no capital das empresas que vierem a ser reorganizadas e que recorram ao fundo de reestruturação industrial.
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O governante, que falava na Comissão de Orçamento e Finanças, adiantou ainda que a criação deste fundo, aprovado sábado no conselho de ministros extraordinário, no âmbito do plano anti-crise, prevê "investimentos e participações no capital para que, caso as empresas assim o queiram, o Estado possa ser sócio transitoriamente no processo de reestruturação da empresa."
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A medida visa essencialmente pequenas e médias empresas."
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Ouvi esta manhã o presidente do Sporting na TSF. O homem disse algo do género "O dinheiro é um bem cada vez mais escasso que tem de ser usado com sabedoria."
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"The freedom to fail is an essential part of freedom." (hat tip para o Gabriel Silva)
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Estes governantes americanos e europeus parecem lemingues em marcha ordenada para o irresistível precípicio.

Paulatinamente...

... a onça de ouro hoje já 'tocou' os 880 dolares.
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E o dolar já vale menos de 87,8 yenes.

E já olharam bem para eles?

Raquel Martins no Jornal de Negócios de hoje escreve:
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"Metade dos funcionários públicos não tem objectivos definidos
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Quase metade dos funcionários públicos não tem objectivos definidos para 2008 não podendo por isso ser avaliados, o que terá consequências graves na progressão na carreira e na atribuição de prémios de desempenho no próximo ano."
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E olhando para os objectivos já definidos o que se vê? Já olharam bem para eles?
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Já avaliaram até que ponto estão alinhados com os objectivos do departamento ou organização?
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Já perguntaram a um funcionário público com objectivos definidos como é que estes objectivos foram estabelecidos?
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Conheço alguns que têm os objectivos definidos por eles próprios a pedido das chefias.
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E as metas? Outro filme...