terça-feira, junho 18, 2024

Curiosidade do dia

 
"O Ministério Público (MP) está a investigar a fuga de informação que terá permitido ao ex-presidente do F.C. Porto, Pinto da Costa, e ao ex-administrador Adelino Caldeira, acertar a data de buscas com as autoridades. Os responsáveis dos dragões terão pedido para alterar data das buscas de modo a não prejudicar jogo com o Liverpool em novembro de 2021.
A revelação surge numa conversa entre o ex-ministro Matos Fernandes e o pai, ex-presidente da Assembleia Geral do F. C. Porto, captada nas escutas da Operação Influencer, citadas pela CNN.
"Eles já sabiam que eram hoje" (as buscas), revelou o pai, acrescentando: "eles até tinham pedido para que fosse hoje para não ser no dia do jogo e a polícia disse que então era na segunda ou na sexta". Em causa estava o jogo para a Liga dos Campeões, que se viria a realizar dois dias depois das buscas."

Extraordinário. 

Assumir a imperfeição (parte II)

Na parte I chamamos a atenção para as escolhas dolorosas que estão na base de uma verdadeira estratégia. Sem escolhas dolorosas não estamos perante uma estratégia genuína.

Assumir a imperfeição é fazer uma escolha dolorosa e viver com ela, e procurar tirar o maior partido dela. Como na parte I, escolher ser rico, mas não ter saúde ou vice-versa.

Agora vejamos o que encontrei no Capítulo III - "The Imperfectionists - Finding the Sweet Spot between Flawed and Flawless" de "Hidden Potential" de Adam Grant.

"When I considered the traits of great architects, the first quality that came to mind was perfectionism.
...
But then I learned that to be uncompromising, architects have to make compromises.
...
Ando is esteemed for his ability to make the most of limited spaces with limited budgets. He's only able to do this because he fully rejects the notion of perfectionism. He knows that to be disciplined in some areas, we have to let others go. [Moi ici: Fazer escolhas dolorosas. Dolorosas porque quando as assumimos estamos conscientes de que estamos a abdicar de certo grupo de potenciais clientes. Os perfeccionistas são atletas do decatlo a quererem competir com especialistas. Não têm hipótese!] One of his specialties is being disciplined in deciding when to push for the best and when to settle for good enough.
...
In their quest for flawless results, research suggests that perfectionists tend to get three things wrong. One: they obsess about details that don't matter. They're so busy finding the right solution to tiny problems that they lack the discipline to find the right problems to solve. They can't see the forest for the trees. Two: they avoid unfamiliar situations and difficult tasks that might lead to failure. That leaves them refining a narrow set of existing skills rather than working to develop new ones. Three: they berate themselves for making mistakes, which makes it harder to learn from them. They fail to realize that the purpose of reviewing your mistakes isn't to shame your past self. It's to educate your future self.
...
Wabi sabi is the art of honoring the beauty in imperfection. It's not about creating intentional imperfections. It's about accepting that flaws are inevitable-and recognizing that they don't stop something from becoming sublime."

 

segunda-feira, junho 17, 2024

Curiosidade do dia

Estranhos tempos estes...


Estranhos tempos estes em que João Galamba e este blogue estão alinhados. 

A minha recomendação de sempre é:

  • não nos concentremos nos que estão no terreno,
  • não culpemos os que estão no terreno.
Quem está no terreno faz a sua parte, faz o melhor que pode e sabe. 

Concentremos a atenção nos mastins dos Baskerville, nos que não estão e no por que não estão. E recordo Ricardo Hausmann, "Os macacos não voam, só trepam às arvores". A produtividade média europeia não se consegue atingir com empresas bem geridas no sector dos têxteis e do calçado. Basta fazer as contas.


domingo, junho 16, 2024

Curiosidade do dia

Lembro-me de ter visto isto e ter achado esquisita a cena da Tabela Periódica.

Ontem vi o comentário de | Eric Weinstein:


E julgo que faz todo o sentido, desde as Maldivas estarem debaixo de água desde 2020, até à vacina COVID que ia impedir os vacinados de apanharem a doença. Não é impunemente.

Assumir a imperfeição (parte I

Lá em cima no banner deste blogue pode ler-se "Promotor da concorrência imperfeita e dos monopólios informais".

Vamos primeiro à concorrência imperfeita. Ainda esta semana ao preparar um relatório para uma empresa coloquei uma versão deste postal:
Atentemos na pergunta:

- Prefere ser rico e com saúde ou pobre e doentio?

A resposta que qualquer pessoa normal dará será:

- Qual é o assunto? Não há assunto!
Qualquer pessoa normal optará pelo quadrante 2, toda a gente prefere a opção ser rico e ter saúde. Ora, escolhas estratégicas deste tipo estão erradas. Porquê? Porque todos os agentes farão a mesma escolha, não haverá diferenciação e, por isso, teremos uma situação de concorrência perfeita... No final só existirá um agente!

Escolhas estratégicas genuínas são as que se referem aos quadrantes 1 - Ser pobre, mas ter saúde, ou 4- Ser rico, mas ter uma saúde debilitada.

Escolhas estratégicas genuínas têm sempre um ou mais, "mas". Um teste simples consiste em ler uma suposta estratégia e pensar no seu contrário. Se o seu contrário for estúpido ou absurdo, então não estamos perante uma verdadeira estratégia.

Ao fazer escolhas dolorosas, a 1 ou 4, as primeiras empresas ganham uma vantagem competitiva transiente que lhes permite começar a iterar nesse espaço. As mais dinâmicas avançam para escolhas diferenciadoras sucessivas acabando, sempre transitoriamente, com um monopólio informal. São os fornecedores de algo único valorizado por alguns clientes-alvo. Únicos não porque estejam protegidos por governos, mas porque tiveram a coragem de apostar numas coisas em detrimento de outras, assumiram a sua imperfeição.

Continua.

sábado, junho 15, 2024

Curiosidade do dia

Deve estar na época das eleições para a Ordem dos  Contabilistas Certificados.

No Jornal Económico de 14.06.2024



No jornal Nascer do Sol 14.06.2024

Convinha que se decidisse.

BTW, esta senhora, como a presidente da AHRESP, tem as ligações todas nos jornais.


Acerca de indicadores

Medir o desempenho de uma organização com indicadores e metas é importante por várias razões fundamentais:
  • permite avaliar o desempenho e quantificar o progresso face a desafios previamente estabelecidos (permite fugir do mundo da oratória e retórica subjectiva e comparar objectivamente o antes versus o depois)
  • ajuda a identificar áreas problemáticas que precisam de melhorias
  • fornece dados concretos, não estórias da carochinha, que podem ser usados para a tomada de decisões baseadas em factos
  • ajuda a alinhar as pessoas em torno desafios claros e mensuráveis.
Olhando para os indicadores que uma empresa segue tenho duas preocupações principais:
  • estão alinhados com a estratégia?
  • estão balanceados entre indicadores de consequências (lag) e indicadores indutores (lead)?
A maioria das empresas não tem indicadores alinhados com a estratégia e, na maior parte dos casos, possui apenas indicadores de resultados, deixando de lado os indicadores indutores essenciais para antecipar e guiar o desempenho futuro.

sexta-feira, junho 14, 2024

Curiosidade do dia

"Japanese companies are increasingly seeking to hire graduates of a top Indian science university amid a severe shortage of IT workers.

Representatives from about 100 Japanese firms attended a seminar in Tokyo on Monday for advice on recruiting students from the Indian Institute of Technology.

The event was hosted by the Indian Embassy.

The IIT is the top technical university in India and its alumni include the CEOs of Google and IBM."


Trechos retirados de "Japan firms attend seminar on recruiting top Indian students"

Acerca da motivação e dos discursos das chefias

"One way to create meaning is give people a clear sense of how their work directly affects the end customer. We all serve someone. Too often in business, that someone can be remote and out of sight, which dilutes the meaning we can get from our work.

In his book Give and Take, Professor Adam Grant, of Wharton Management University of Pennsylvania, writes about the power of purpose. He considered paid employees in the university's fundraising call centre. Their job is relatively simple: call people and ask for money. But this is not easy, most of us do not appreciate unsolicited calls at the best of times, and we appreciate them considerably less when the call is designed to get us to give some random person some money. A call-centre worker therefore has to make numerous calls before achieving their goal, making the job repetitive and frustrating. This results in a workforce with low morale, which is hard to motivate and correspondingly has low productivity.

As reported by McKinsey, 'Grant conducted two experiments. In the first, he arranged for the fundraisers to hear a senior executive and a board member of a university speak about the significance of education in society and the importance of their work to scholarship recipients. The outcome of these supposedly motivational speeches was that productivity didn't improve. Worryingly, a typical way that many businesses use to motivate their people is for an executive to wax lyrical about the importance of their jobs and how great the business is. The executive's motivational talk produced minimal benefit. 

In the second experiment,  'Grant arranged for fundraisers to meet a student who had received a scholarship. The student explained that the scholarship had changed [their] life, allowing [them] to attend university and study abroad. By engaging with the student, the callcentre employees saw the outcome of their work first-hand and it had a real impact. After the meeting they made more calls than before and, as the meeting had given them a new positive attitude it made their phone conversations more engaging and ultimately more successful, enabling them to secure larger donations."

Portanto, discursos motivacionais de chefias nem sempre são eficazes. O que realmente faz a diferença é a interacção directa e pessoal com aqueles que são beneficiados pelo trabalho dos trabalhadores. Mostrar como o trabalho afecta directamente os clientes finais ajuda a criar um senso de propósito e significado no trabalho que realizam.

Lembro-me do parceiro das conversas oxigenadoras, antes da pandemia, me falar em encher o carro de trabalhadores quando ia visitar um cliente. Recentemente, alguém me falou sobre a interacção de trabalhadores com potenciais clientes durante visitas destes.

Trecho retirado de "The World of Work to 2030

quinta-feira, junho 13, 2024

Curiosidade do dia

É nestas alturas que sinto falta do "Contra Informação" e daquela cena em que Coelhone e Toneca Guterres, durante um congresso do PS, conversavam e ao mesmo tempo, distraídos, votavam uma moção do núcleo de trabalhadores socialistas da EDP contra o governo que eles lideravam.

Enquanto o contexto sobre a Venezuela é este "The Impending Collapse of Venezuela || Peter Zeihan", o senhor de idade que ocupa a presidência da republica faz perrice e pretende dar um sinal de apoio à ditadura de Maduro, "Marcelo "sonha" comemorar Dia de Portugal na Venezuela em 2025".

Há dias na Suíça num discurso dava a entender que o sucesso do país se devia ao labor da comunidade portuguesa. Será que pode repetir o discurso na martirizada Venezuela?

Diversificação

No JN de ontem, "Conservas a crescer e bem":

"A produção de conservas cresceu 17% nos últimos cinco anos. Em 2022, foram produzidas em Portugal 56,6 mil toneladas que, vendidas no mercado, renderam 367,9 milhões de euros (+11,5% do que em 2021). Este é o único subsetor com balança comercial positivo na indústria transformadora dos produtos da pesca.

...

"A indústria tem feito um esforço para não depender tanto dos produtos tradicionais e tem vindo a lançar no mercado outras espécies de peixe, seguindo tendências e acrescentado novidades para o consumidor", afirmou o presidente da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), José Maria Freitas."

O discurso do presidente da ANICP parece mais produtivo agora, mais focado na criação de valor e menos na defesa do umbigo. Recordo de Agosto de 2020, "Como se pode ser tão burro e cometer sempre os mesmos erros???

Este esforço de diversificação da indústria das conservas rima bem com o artigo "A Tale of Two Hot Sauces: Spicing Up Diversification" que descreve os resultados da diversificação de duas empresas de molhos, uma com uma evolução positiva e outra com uma evolução negativa. Diversificação ao nível de:

  • fornecedores;
  • produtos e marcas;
  • canais de distribuição.

"Diversification on key dimensions drives value while reducing risk. Supply chain, products, customers, and channel are elements of diversification that led to Mcillhenny's rise alongside Huy Fong's decline. Diversification is critical, but it has to be done right. Huy Fong limited its own success by primarily focusing on one product and demonstrating a "too little, too late" approach by waiting too long to diversify its supply chain. Lack of diversification on these fronts failed to protect Huy Fung against the possibility of a supplier becoming a competitor.

The bottom line: If you're aiming for long-term success, diversification is a must. We hope the ideas here help you strategically diversify your way to the best of times for your business."

quarta-feira, junho 12, 2024

Curiosidade do dia

"Não temos em Portugal nenhuma maneira de comprovar o efeito que um produto como o CM, tanto na forma escrita como televisiva, teve na percepção dos seus consumidores e na adesão de uma parte dos portugueses ao populismo e à extrema-direita: não há (infelizmente) nenhuma região do país que tenha decidido boicotar os produtos da Cofina. [Moi ici: Inveja por todas as regiões do país terem decidido boicotar o DN?] Mas basta passar os olhos nos respetivos títulos e peças televisivas e na forma como há décadas os produtos desta empresa se esforçam por servir uma imagem de um país cravejado de crimes, inseguro, miserável e corrupto, um verdadeiro Estado falhado, para concluir sobre o efeito que necessariamente têm, sobretudo para quem só se "informa" naquele universo.
Podemos, claro, perguntar por que motivo produtos como os cofinescos têm tanto sucesso - teríamos talvez de concluir que de algum modo vão ao encontro de necessidades, ou de percepções pré-existentes. De explicações do mundo que agradam a quem os procura e aprecia. Porque são simples e simplistas e apontam culpados que podem ser odiados, não exigindo mais de quem as recebe a não ser esse ódio, essa raiva.
Foi assim, ou foi sobretudo assim, que aqui chegámos."

Jornalista de um jornal que mendiga apoio ao governo de turno, aka impostagem sobre os contribuintes, perora sobre o sucesso do Correio da Manhã. 

Trecho retirado de "As manhas que nos trouxeram aqui"

Futurizar manifestações de PMEs (parte II)


Nas últimas semanas não há jornal que não inclua um artigo, várias páginas, um suplemento, dedicado à "avalanche regulatória" do ESG.

Portugal é um país de PMEs e estas ou pensam estar ao abrigo dessa pressão, ou que essa pressão ocorrerá mais tarde do que cedo. No entanto, estão a esquecer-se do abraço de urso:

  • de um lado a pressão da banca - a banca vai ser pressionada a não financiar as empresas sem reporte ESG,
  • do outro lado as empresas grandes na cadeia de fornecimento a jusante e que vão exigir informação necessária para o seu próprio reporte.
Por exemplo, ontem no JdN em "Portugal tem "desafios acrescidos" no report ESG":

"No que diz respeito ao papel do sistema financeiro na transição ESG, a vice-governadora do BdP avisa que "os bancos têm de conhecer bem as empresas que estão a financiar". Quanto à forma como é feita essa análise, deixa um alerta: "Tem de ser coerente, não podemos ter um banco que faz uma análise de uma empresa e outro que faz uma análise completamente diferente." Recados que não passaram despercebidos aos responsáveis da banca presentes na conferência de apresentação da plataforma SIBS ESG.
...

"A banca vai ser empurrada para não financiar"
Outra das questões levantadas durante a conferência de apresentação da plataforma SIBS ESG foi o facto de a falta de informação sobre sustentabilidade poder influenciar a concessão de crédito às empresas. Questionado se esta já será uma realidade, José Miguel Pessanha, vogal do conselho de administração do Millenium BCP, é perentório: "Já estamos nesse ponto. Uma informação mal compreendida, mal transmitida, é suscetível de prejudicar o nosso pricing e podemos praticar um preço que não é devido." Por isso, adverte: "É extremamente relevante as empresas prestarem informação já."
Apesar de as PME não estarem, para já, obrigadas a fazer o reporte de sustentabilidade, os vários responsáveis da banca são unânimes em afirmar que as pequenas empresas também vão ter de o fazer devido à pressão do mercado."

Lembram-se daquele poema de Emil Niemöller:

"Quando os nazis levaram os comunistas, eu calei-me; afinal de contas, eu não era comunista. Quando eles prenderam os social-democratas, eu fiquei calado; eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu fiquei em silêncio; eu não era sindicalista. Quando eles vieram por mim, não havia mais ninguém para protestar."

A minha versão é: quando a União Europeia veio impor um jugo burocrático aos agricultores, eu me calei; afinal de contas eu não era agricultor ... Quando ela vier pelas PMEs, não haverá ninguém para protestar. 

Leiam o artigo do JdN, percebam o espírito... depois, recordem a resposta de Nigel Croft à minha pergunta em "Futurizar manifestações de PMEs" e o que ela significa.

Como contraste, recuem cerca de um ano a esta entrevista à presidente da Euronext Lisboa:
"A presidente da Euronext Lisbon pede bom senso às autoridades europeias e alerta que um dos perigos do excesso de legislação sobre a sustentabilidade é a excessiva concentração de empresas para ajudar a diluir os custos de contexto: "Há um incentivo claro à consolidação, o que não é necessariamente mau nalguns setores, mas vai ser negativo noutros setores onde vão desaparecer empresas que fazem efetivamente falta".
...
As novas regras europeias sobre Finanças Sustentáveis vão aplicar-se sobretudo às cotadas?
Não, a diretiva de Reporte de Sustentabilidade aplica-se a todas as grandes empresas, todas as que não são PME, mais as PME cotadas, embora com alguma dilatação no tempo. E depois como todas as grandes empresas têm empresas mais pequenas nas suas cadeias de fornecimento, isto potencialmente tem um impacto muito significativo na economia. O tecido económico é constituído por muitas PME e temos de ter muito cuidado com o impacto que estas coisas vão ter. A Europa exporta para muitas regiões do mundo e nessas regiões não existe este tipo de abordagem. A Europa é o espaço mundial onde o enquadramento regulatório da sustentabilidade está mais avançado, é mais abrangente.
...
Podemos chegar a um ponto onde a regulação pode esmagar algumas empresas?
Não sei se esmagar é o termos correto, não sei se será tão radical a esse ponto, mas há uma preocupação clara das entidades com quem nós falamos. E se pensarmos que esta complexidade e este peso regulatório não vem apenas das Finanças Sustentáveis, mas vem de uma série de outras áreas como a fiscalidade, as autorizações, as licenças, as certificações, chegamos à conclusão que isto tem muito peso. E quando estas coisas têm muito peso, o que tende a acontecer? Concentração, concentração e concentração. [Moi ici: BTW, Recordar "A minha primeira lei sobre a concorrência?"] Ou seja, as empresas têm de distribuir os custos fixos da regulação. Há um incentivo claro à consolidação, o que não é necessariamente mau nalguns setores, mas vai ser negativo noutros setores onde vão desaparecer empresas que fazem efetivamente falta."

Em todo lado se o usa o termo "avalanche regulatória": 

terça-feira, junho 11, 2024

Curiosidade do dia

Quando um homem mordem um cão temos notícia.

Quando um cão morde um homem não devia haver notícia. Então, porque vejo:


Dou a minha palavra sincera que pensava que isto era a norma nos meios de comunicação social. Recordo o caso do Público em Curiosidade da manhã.

Atirar dinheiro para cima de problemas

 Existiu uma revista portuguesa de temas económicos chamada "Valor". Camilo Lourenço chegou a ser seu director ou director adjunto. Algures no meu escritório guardo um exemplar dessa revista por causa de um gráfico de barras muito interessante. Uma comparação do tempo que vários países demoravam a resolver judicialmente problemas com cheques carecas. Portugal e Itália ocupavam uma posição nada invejável. Algo como o que se segue:

Guardei esse gráfico para o usar como exemplo em acções de formação sobre melhoria da qualidade.

Perante um problema de desempenho deve seguir-se uma abordagem como a proposta em "Não-conformidades, acções correctivas e preventivas".

Demoramos muito tempo em média a tratar um assunto? Dividamos o processo do princípio ao fim em etapas e contabilizemos em média o tempo que se demora em cada etapa. Normalmente, percebemos que 2 ou 3 passos são responsáveis por 80% do tempo gasto. Assim, o nosso desafio passou a ser mais concreto, passou a ser estudar as causas do gasto de tempo nesses 2 ou 3 passos, os chamados "Poucos vitais". 

Costumo dizer aqui no blogue que os políticos não são mais nem menos que os cidadãos do país, são um grupo que emerge da massa, mas fazem parte da mesma massa. Nas empresas raramente se segue a metodologia da melhoria. E com os políticos? 

Os políticos também não a seguem, mas como não são limitados pelo dinheiro, que não lhes custa a impostar, normalmente tentam resolver um problema ... atirando dinheiro para cima dele. O dinheiro desaparece e o problema fica maior.

Um exemplo espectacular apareceu há tempos no JN de 6 de Junho passado, ""Emergência." PCP quer 10 mil contratados a prazo a trabalhar na AIMA":
"Que contas fizeram para saber que são precisos mais 10 mil funcionários? "Não é contas, é ver uma coisa que pareça razoável. Não é uma coisa feita a régua e esquadro. É o que é razoável e comportável. Podíamos dizer 15, 20 mil, avançámos para 10 mil. É um número como qualquer outro, é um número razoável", justifica António Filipe."







segunda-feira, junho 10, 2024

Curiosidade do dia

A propósito de "Câmara de Aveiro vai deixar de recolher os sacos com lixo que se encontrem na via pública" a câmara de Aveiro vai descobrir o que é a Tragédia dos Comuns, ou Tragédia dos Baldios.

Finalmente, alguém teve a coragem de resolver o problema dos sacos de lixo abandonados nas ruas da maneira mais eficiente possível: não os recolher. Afinal, todos sabemos que a melhor forma de lidar com o lixo é deixá-lo acumular, proporcionando uma nova e excitante paisagem urbana.

Quem melhor para ignorar os resíduos do que aqueles que são responsáveis pela sua gestão? É um alívio saber que a câmara encontrou uma forma de motivar os munícipes a usar os contentores adequados, abandonando os sacos nas ruas para apodrecer.

Aplaudo também a perspicácia da autarquia ao perceber que os sacos de lixo, deixados ao sabor do vento, só podem melhorar a imagem da cidade. É uma estratégia inovadora para aumentar o charme local e, quem sabe, atrair visitantes interessados em estudar a interação entre resíduos urbanos e espaço público.

Portanto, vamos celebrar esta decisão revolucionária da câmara de Aveiro e da Veolia. Que exemplo de gestão urbana visionária! É com iniciativas assim que se constrói uma cidade moderna e consciente, onde o lixo encontra o seu merecido lugar: no meio da via pública.

Olha, os escuteiros depois de dias dedicados a recolher toneladas de lixo das matas e das praias vão poder dedicar também algum tempo à cidade de Aveiro.

Construal-level theory

Em "awesome people with awesome interests" escrevi:

"Quando era miúdo, tinha para aí uns 10 ou 11 anos, ouvia a minha mãe falar ao telefone com os meus avós que viviam em Angola, a aconselhá-los a regressar à metrópole porque as coisas em África iam dar para o torto. Os meus avós não acreditavam nesse cenário até que, no meio de uma guerra civil em Luanda, tiveram de regressar com uma mão à frente e outra atrás.

A lição que retirei desses acontecimentos traumáticos foi a de que, muitas vezes, o estar próximo das coisas retira-nos alguma capacidade de reflexão e de apreensão da realidade. O estar próximo prende-nos demasiado aos modelos mentais a que estamos habituados e dificulta-nos o partir dessas grilhetas. Como era possível alguém a milhares de quilómetros ter percebido o que quem estava lá não percebeu? Muitas vezes perdemos-nos nos detalhes dando demasiada atenção a coisas menos relevantes e perdemos a capacidade de processar o que corre em fundo."

 Agora em "Decisive - How to Make Better Choices in Life and Work" de Chip and Dan Heath encontro:

"Yet with one question-"What would our successors do?" Grove managed to add some distance to the decision. By imagining what a clear-eyed replacement CEO would do, Grove sidestepped short-term emotion and saw the bigger picture. He knew, in an instant, that they should abandon memories in order to focus on the thriving microprocessor business.

It's odd that such a simple question would have such a huge effect.

Why does "distance" help so much? A relatively new area of research in psychology, called construal-level theory, shows that with more distance we can see more clearly the most important dimensions of the issue we're facing."



domingo, junho 09, 2024

Curiosidade do dia

Qual a semana em que não acontece um em Portugal?

Esta manhã perguntei ao Google pela palavra tractor e com resultados de há menos de 1 mês.


Mais uma razão para apoiar a causa irritante.

Numa economia saudável quando a procura baixa a oferta tem de se adaptar ou mudar. 

Como há muito aprendi com Nassim Taleb: Stress is information.

Numa economia não-saudável os produtores tentam reduzir as consequências da incerteza passando a factura para os contribuintes, com o apoio do governo de turno.

Por exemplo, "Excesso de vinho: há 120 milhões de litros a mais nas adegas":

Produtores produzem vinho que não tem a procura capaz de escoar toda a produção. Compradores preferem comprar vinho em Espanha (300 milhões de litros). Vinho vai-se acumulando nas adegas (120 milhões de litros).

O excesso de importações (esta linguagem de excesso é influenciada pelos produtores. Nunca há excesso de importação porque é feita por procura concreta, há sim excesso de produção) e de stock nas adegas cooperativas e privadas está a criar dificuldades financeiras, impedindo o escoamento do produto e atrasando pagamentos aos viticultores. A Federação das Adegas de Portugal tem alertado para este problema desde o início do ano e está a pedir uma destilação de crise com o apoio de fundos europeus para eliminar o excedente de vinho. Ou seja, em vez de lidar com a causa do problema preferem passar o custo para os contribuintes. 

O novo Governo de turno reuniu-se com representantes do sector para encontrar uma solução antes da próxima vindima, a fim de evitar um impacte negativo maior sobre os produtores e o sector vitivinícola. Sem uma solução rápida, os produtores enfrentarão dificuldades durante a vindima, com a falta de espaço para escoar a produção e atrasos nos pagamentos, exacerbando a crise no sector. Em vez de enfrentar a causa do problema como adultos, recorre-se ao papá-Estado para esconder a necessidade de resolver o problema.

Como as coisas devem funcionar? Por exemplo, "Scarcity of organic cows puts pressure on UK milk supplies, warn experts".

O leite orgânico é mais caro de produzir do que o leite convencional, custando 50 pence por litro em comparação com 40 pence por litro. O aumento dos custos de combustível, fertilizantes e rações desde 2021 influenciou alguns produtores de lacticínios a aumentar o preço pago aos produtores de leite, enquanto outros mantiveram o mesmo preço, levando algumas explorações a reduzir os seus rebanhos ou a abandonar a produção biológica. A taxa de inflação máxima em 41 anos, de 11,1%, em Outubro de 2022, levou a uma queda na procura de alimentos orgânicos, à medida que os consumidores cortavam nos gastos. Embora a inflação tenha caído para 2,3% em Abril e as vendas orgânicas tenham começado a recuperar, a confiança permanece frágil.

Muitos produtores de leite mudaram da produção de leite orgânico para a convencional durante um período de inflação recorde para aumentar o rendimento, reduzindo o número de explorações de leite orgânico de 400 em 2021 para pouco mais de 300 este ano.

A procura dos consumidores por leite biológico aumentou 3,9% no ano que antecedeu Março, após uma queda durante a crise do custo de vida. Agora, o número decrescente de vacas orgânicas ameaça o abastecimento de leite orgânico nos supermercados devido a uma recente recuperação na procura pelo consumidor.

Os especialistas esperam uma quebra na oferta de leite biológico até Setembro e Outubro, após o esgotamento do excedente da Primavera, realçando a actual incerteza no sector.

Redução do consumo leva a redução da produção. Aumento do consumo leva a aumento de preços e, depois, aumento da produção.

Mais uma razão para apoiar a causa irritante. Fundos europeus usados para manter o status quo em vez de promover o desenvolvimento.