domingo, setembro 05, 2010

O sonho de Cravinho para Lisboa... é como as SCUTS, pode virar pesadelo também para os lisboetas

Os habituais frequentadores deste espaço sabem que não sigo a mesma religião que Paul Krugman.
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No entanto, por vezes, as nossas opiniões coincidem, apesar das minhas estarem menos baseadas em equações matemáticas.
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Quando oiço os autarcas falarem do TGV ou das auto-estradas para o interior recordo sempre "Folhas na corrente (parte VII)". Pois bem, parece que Krugman chama a atenção para o mesmo fenómeno "Paul Krugman não defende o TGV":
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"De facto, Krugman demonstra que uma redução dos custos de transporte tenderá a conduzir à aglomeração da actividade económica nos centros económicos. Isto acontece porque, ao localizarem-se nos mercados centrais, os agentes económicos podem simultaneamente servir as regiões periféricas com taxas de transporte favoráveis e explorar as vantagens da aglomeração nos centros económicos (economias de escala e spillovers tecnológicos)."
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Claro que o raciocínio de Krugman e do autor do artigo, Armando Pires, propõe a continuação e o acentuar da drenagem das pessoas e do dinheiro para a economia lisboeta... por que seria a única com massa crítica para se tornar num centro ibérico capaz de competir com Madrid, Barcelona e o País Basco.
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Só que a economia lisboeta é a economia que não exporta, é a economia dos funcionários (públicos e de empresas do regime - empresas de bens não transaccionáveis) que vivem do saque impostado ao resto do país, ora se não houver resto do país, se todos emigrarem para Lisboa... de que é que vão viver? Há algo de Tragédia dos Comuns nesse cenário.
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Por isto, voltando a Krugman e a Armando Pires, mesmo que Lisboa cumpra o sonho de Cravinho e tantos outros políticos e chegue aos 10 milhões de habitantes, nunca será sustentável, pois assenta num modelo que depende do saque a outras regiões.
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Ou seja, tal como um restaurante muito bom. Torna-se tão popular, tão popular,tão popular, que as pessoas deixam de o frequentar.

11 comentários:

nuno disse...

Tenho aqui um conflito interior que não consigo resolver em relação a esta questão. Por um lado concordo que as estradas todas que estamos a fazer não fazem sentido nenhum, e sendo de Bragança só nos trarão mais concorrência à porta. Por outro lado, para mim pessoalmente beneficia-me porque senão seria muito difícil estar na aventura que estou de estar em Bragança de manhã e à tarde em Aveiro e atender clientes nos dois lados. Obviamente preferia ter ligações ferroviárias decentes que me permitissem em tempo útil estar nos dois lados... Por outro compreendo ainda que tanta obra só nos vai "impostar" cada vez mais... complicado separarmos o que é bom para nós a nível pessoal do que vemos como bom para a comunidade, é o tal conflito que o Carlos fala entre a micro e a macro...

CCz disse...

Bom ponto, muito bom ponto caro Nuno.
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Um ponto a precisar de uma reflexão mais profunda.
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Por agora só queria dizer que ao escrever este postal receei estar a fazer o mesmo papel que Daniel Oliveira neste outro http://arrastao.org/sem-categoria/o-ano-da-morte-do-sindicalismo-europeu/
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A defender o passado, ou antes a defender o status-quo.

lookingforjohn disse...

Posso abusar e deixar um complemento ocorrido noutras paragens?...
http://lookingforjohn.blogspot.com/2010/05/tgv-um-pensamento-margem.html
(neste dia fugiu-me a pena para coisas menos lookingforjohnianas...)

nuno disse...

Quando digo "Obviamente preferia ter ligações ferroviárias decentes..." não me refiro a TGV, obviamente essa obra tão desejada por tantos políticos não nos traz nada de novo. Mas uma ligação ferroviária normal, tipo que andasse a 140km/hora ou 120 e que ligasse Portugal entre as capitais de distrito, com capacidade de transporte de mercadorias para ligações à linha espanhola... sei lá... é um assunto confuso para mim pelos sentimentos que gera

lookingforjohn disse...

nuno, o post do TGV era só mesmo um complemento :)

CCz disse...

Pois!
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Mas a questão do Nuno é pertinente.
Não se pôde deixar de construir a A25.
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Mas qual a abordagem a seguir para não empatar um certo progresso em infraestruturas e minimizar o efeito de sucção dos grandes centros face aos centros em regressão?
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Senão, corro o risco de me transformar num daqueles hippies suiços e alemães que habita, feliz, as aldeias do interior de Portugal.
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O TGV é, nos tempos que correm, uma espécie de masturbação de políticos, é demasiado caro na construção, na manutenção, na utilização e não vai gerar retorno ponto.
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Richard Florida acredita que o mundo vai ser das mega-cidades, que a proximidade é importante e que as pessoas vão querer estar onde está a emoção.
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Ainda não acredito que tal seja inevitável e, também, não acredito que seja desejável.
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Não sei como se dá a volta.
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Agora o que sei é que políticos e autarcas ou enganam, ou estão enganados, quando dizem que a melhoria dos acessos promove a economia dos locais anteriormente isolados. Só se for no consumo, porque na criação de riqueza não tem sido esse o resultado.
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Talvez as economias locais precisem, mais do que nunca de estratégia, de diferenciação, de aposta no que é único.
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Nuno, agora que nos conhecemos, temos de combinar uma posta mirandesa, regada com vinho da adega cooperativa de Sendim em Sendim do Douro... havia um restaurante... Gabriela?

nuno disse...

Eu percebi João, e já li tb, concordo contigo, é uma problemática que também me preocupa, para além da vertente de as pessoas deixarem de ficar tb leva mais concorrência à porta de empresas mais frágeis.
Pus aquele comentário porque estive a reler e queria esclarecer só que não me referia ao TGV mas sim a uma rede de comboios.

Ó Carlos, e como raio conhece a Gabriela???? a melhor posta que comi até hoje foi lá, prós mais distraídos só vou dizer que não usei faca, comi só com garfo... posta de vitela!
O convite está feito e é extensível a todos, é uma experiência a não perder, até porque como teriam de ficar pelo menos para o dia seguinte a tertúlia poderia ser mais prolongada. É marcar o dia e vamos a ela :D!

CCz disse...

Nuno, está a falar com alguém que já fez Mazouco, Bruçó, Lagoaça, Vilarinho dos Galegos, Bemposta, Sendim de mochila às costas.
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Está a falar com alguém que já fez o mítico caminho, de mochila às costas, ao longo do Sabor, da ponte de Remondes a Valverde (dói-me a alma ao saber que tudo isso vai desaparecer).
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Está a falar com alguém que, sempre de mochila às costas, já fez França, Cova de Lua e mais não sei o quê até ao Tuela.
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1987, festa anual (em Agosto) em Sendim do Douro, jantar na Gabriela e lá fora dois atrelados de tractor a servir de palco, um para um grupo ao vivo e outro para... a transmissão de uma gravação numa TV da actuação dos Queen no Live Aid.
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How I which I could go back there again (letra de canção dos Electric Light Orchestra )

nuno disse...

:D fantástico. Conhece melhor a minha região que eu!!! E olhe que já calcorreei alguns quilómetros por estas paragens... :D

Há que marcar o fds por estas terras, posta da Gabriela, caminhada e um lanche nas fragas monumentais de Soutelo da Carragosa à beirinha da barragem de Montesinho(ninguém sabe como lá foram parar, mas que estão lá estão)!!!

CCz disse...

Cool!!!
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Estou nessa.

Armando disse...

Sendo eu o autor do artigo devo dizer que não defendo "a continuação e o acentuar da drenagem das pessoas e do dinheiro para a economia lisboeta".