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domingo, agosto 30, 2009

Agarrem-me senão eu mato-me!!! (parte II)

Depois do que escrevi no último postal "Falta de estratégia, falta de reflexão e falta de coragem" algumas mentes podem pensar "Trata-se de gente ligada à terra, se calhar com poucos estudos, sem a sofisticação industrial, sem ..."
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STOP!!!
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Na sequência da parte I desta série, convido à leitura do artigo "Grandes marcas podem sair de Portugal" publicado pelo semanário Vida Económica (pode ser lido aqui).
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Trata-se de um texto que mais uma vez ilustra uma classe que tem o seu locus de controlo no exterior. Um tipo de interveniente na vida económica que não acredita nas suas capacidades, que acredita e pensa que os seus problemas têm de ser resolvidos por outros, nomeadamente o papá Estado.
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O conteúdo do texto é demasiado rico e revelador de uma mentalidade para que fiquemos por um único postal. Por isso, vamos, por agora, começar pela superfície apenas:
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"a relação entre as grandes marcas e a distribuição está cada vez mais difícil." (Moi ici: o que será uma grande marca? Quem é que atribui esse estatuto? Será um título nobiliárquico que uma vez adquirido é eterno?)
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"os nomes pesados estão a ser excluídos das prateleiras dos supermercados" (Moi ici: o que será um nome pesado? Outro título nobiliárquico hereditário? Qual é o negócio dos supermercados, vender as suas marcas ou vender o que o mercado prefere?)
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""a elevada concentração da distribuição, a exclusão das grandes marcas das prateleiras dos supermercados e o modelo de financiamento de que distribuição beneficia"" (Moi ici: será uma característica portuguesa? Só em Portugal é que isto se passa?)
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"existência de concorrência desleal entre as grandes marcas e as marcas brancas." (Moi ici: ????)
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"Todas estas condicionantes podem levar a que a indústria decida sair de Portugal. " (Moi ici: bluff!!!!)
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Voltaremos ao tema amanhã.

sábado, agosto 29, 2009

Agarrem-me senão eu mato-me!!!

Qual é a lógica para que uma das partes de uma relação resolva vir para a praça pública dizer que a outra parte é demasiado forte?
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Cheira-me ao velho "Agarrem-me senão eu mato-me!!!"
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Ou seja, querem que outros façam por eles, por caminhos mais fáceis, aquilo que eles deveriam fazer, por eles próprios, mas que obriga a estudar, pensar, reflectir, testar, mudar.
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Pressinto no ar, além de falta de estudo, um certo locus de controlo colocado no exterior...
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Naturalmente, trata-se da primeira parte.

sábado, julho 18, 2009

Não vendam fruta!!!

Vendam anti-cancro na próstata:
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"There's new hope for men with prostate cancer when their disease doesn't respond adequately to standard medical care. According to the results of a long-term study presented this week at the 104th Annual Scientific Meeting of the American Urological Association (AUA) held in Linthicum, Maryland, pomegranate juice may effectively slow the progression of the disease, even when regular treatment has failed."
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Mudar de proposta de valor, como no caso dos morangos e do colesterol a aposta na saúde.

terça-feira, maio 05, 2009

Produzir Private Label ou não?

Thomassen & Lincoln atacam de frente a conversa da treta sobre a produção de Private Label.
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"Of course, you always have the option to join the success and become a supplier. But that success may not be as gainable as it might first appear.
The reasons to supply are fourfold. Here are some reasons they don’t make sense:
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1. Utilizes spare capacity. One of the most often cited reasons is the need to mop up capacity. However, if you were honest, is the utilization of this spare capacity profitable or not? There is considerable evidence that producing Private Label lowers your overall margins – hardly good business sense or maximizing shareholder value. If your competitive brands want to lower their margins, let them. Don’t commit business suicide first.
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A recent study on a US company proved that it would have to sell four units of Private Label to make as much money as selling one unit of a branded product (Kumar and Steenkamp, 2007). Apart from not making much sense, it’s a good way to commit economic suicide.
Now this isn’t clearly the case all the time and there may be cases where it makes sense. But be very careful before you venture too far.
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2. Strengthens relationships with key distributors. What a load of baloney! There is absolutely no evidence that by supplying a retail brand you will be treated better. In reality the opposite is probably true. You lose respect and negotiating power, let alone your technology, formulations and innovations. If you’re the best, why on earth would you want to give it away?
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3. Stops key competitors doing it. Frankly, given what we just said, you should be encouraging them!
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4. Greater purchasing power vis-à-vis its suppliers. Enough said already. The reality is you are more likely to enter a vicious cycle of manufacturing decline."
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E o Grande Finale:
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"1. Private Label is not for followers who are stuck in the middle. If you are a company with a weak brand, make a choice: be a committed Private Label producer or really grow your brand.
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2. Private Label production is to be avoided in commodity markets, unless you seriously want to lose money.
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3. If you’re going to produce Private Label, ensure you differentiate your brands and Private Label… differently.
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4. Select the right retail partners – ones who respect you."

Mudar de vida

Mais um trecho de "Private Label" de Thomassen & Lincoln:
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"You read all the Private Label analysis reports around and what do they do, apart from sending you asleep? Frankly, nothing. A radical revolution has happened. Radical solutions are needed. Solutions along the lines of ‘we must improve the quality of our offering’ are all very nice.
But do they change anything? Not really, if you are honest. Assess your real brand position with respect to Private Label and then take the steps you must take before those steps take you away. Always, always seek radical solutions. You’ll need them.
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We’re very tired of seeing the same old boring solutions proposed again and again… lower price, innovate some more, be nice to them and improve quality. These sorts of solutions are going to take you as far as they have so far. NOWHERE. Simply put, it’s a brave new world and it needs brave new solutions, not conventional ones."
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Gosto desta linguagem, gosto desta atitude!
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Nada de paninhos quentes. Encarar o touro bem de frente!!!
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"It’s time to stop. It’s time to stop the conventional. It’s time to get radical. Or else you simply won’t have a business to run."
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sábado, maio 02, 2009

Até a Apple!!!

A Apple é um dos exemplos actuais de uma marca de culto.
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Uma marca que não é só uma etiqueta, e que continua a ser suportada por um produto.
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Pois, segundo Thomassen & Lincoln, até a Apple fica preocupada com o poder das marcas brancas... esta designação já não faz qualquer sentido.. com o poder das marcas dos retalhistas.
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"Recently we heard that even Apple Inc was worried about Private Label on the internet – a brand you would expect to be insulated from such matters. However, in the UK the major online retailer Dixons, which until recently had been the largest high-street retailer until it switched overnight to the web, launched its own Private Label MP3 player. Rumours abound that at one stage it was outselling Apple’s iPod – a previously undentable market leader. If these rumours are true, nobody and no product are sacrosanct from the Private Label invasion. The internet has made Private Label a reality for retail brands and maybe nowhere is this clearer than at Tesco, which has one of the UK’s most visited websites"
...
"One of the most interesting things to emerge (com base num estudo, o S&S X report) is the difference between shoppers and brand owners when asked the reasons why they buy Private Label. Shoppers cite mainly value for money and price.
Brand owners cite availability, store presence and retail equity. They even mention lack of product availability and better products. Seems we have very different perspectives on reality."
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E para reflectir, mais uma citação do livro:
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"When you ask retailers why people choose Private Label, apart from price and quality, they tend to focus on packaging and trust. The trust reference is particularly interesting as this is the very essence of a brand – and the very territory they can least afford to lose ground in."
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Quando eu vou ao supermercado e vejo lado a lado, esparguete Pingo Doce a 49 cêntimos e esparguete Nacional a 89 cêntimos, pergunto-me "Onde está a diferença? No produto ou na marca?" Ás vezes até procuro na embalagem referências que a diferenciem tais como efeitos para a saúde... mas nada!!!

quinta-feira, abril 30, 2009

Um título

Um pensamento.
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Liedtka tem um artigo memorável sobre estratégia com um título do género, tudo o que preciso de saber sobre estratégia aprendi-o num único dia no zoo.
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Ao ler Thomassen & Lincoln nasce um título na minha mente de forma recorrente, tudo o que preciso de saber sobre como captar e seduzir clientes numa loja aprendi-o numa tarde a apanhar amoras para uma tarte.
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Durante quantos milhões de anos andaram os nossos antepassados a catar bagas, frutos, raízes,... até que ponto as compras que fazemos não são um prolongar dessa actividade de pesquisa, procura, escolha, prova, ...
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E se fomos nómadas... lá se vai a fidelização do cliente...

terça-feira, abril 28, 2009

O futuro das marcas

Alguns trechos que ficaram da leitura dos capítulos iniciais do livro "Private Label" de Lincoln & Thomassem como referimos ontem:
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"Health. The significant linkage in consumers’ minds between ‘fresh’ and ‘healthy’ provides another potential platform for the future growth of Private Label. We will talk about this later, because the health issues represent a fundamental shift in today’s society, a shift of such magnitude as has not been seen for many a year. It provides significant opportunities for brands and retailers, particularly when they work together."
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Da próxima vez que forem a um hiper ou supermercado, vejam o preço das amoras, ou dos mirtilhos, ou das groselhas.
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Já repararam no teor em ómega 3 do óleo de linhaça?
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Já repararam no poder dos morangos contra o mau colesterol? Sabem o que é a quinoa?
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Deixar de vender alimentos e passar a vender alimentos que fazem bem à saúde!!!
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As marcas queixam-se do Private Label ... mas as marcas só surgiram há cerca de 100 anos, antes disso tinhamos... Private Label, a marca do lojista!
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Ainda hoje empresas de vinho do Porto engarrafam marcas com mais de 150 anos que são o nome de lojas tradicionais inglesas.
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O mundo dá muitas voltas, o desafio é: como é que as marcas podem competir com o Private Label?
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Como é que as empresas podem competir com a Roménia ou com a China?
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Exactamente! We shall see!
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O comércio tradicional queixa-se dos centro comerciais porque lhe roubam os seus clientes.
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E como são as prateleiras e montras do comércio tradicional?
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"Involvement. Shoppers are into shopping in a big way. It’s often the leading social event of their lives, however sad that may be. Boring old shelves have had their day. And supermarkets have increasingly to lead the way in adding excitement and entertainment in people’s lives."

segunda-feira, abril 27, 2009

Criar a oportunidade

Já o escrevi aqui várias vezes: Gosto de estudar o mundo da grande distribuição, porque o que lá se passa, mais tarde ou mais cedo vai passar-se para os outros sectores.
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Assim, iniciei-me na leitura de mais um livro da dupla de Lincoln & Thomassen "Private Label - Turning the retail brand threat into your biggest opportunity"
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A introdução do livro começa com um texto que bem pode ser aplicado a quem nos dias de hoje assiste ao colapso da procura no seu sector de actividade:
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Os autores apelam a procurar o outro lado. Se de um lado temos uma crise, qual é, ou melhor, qual será o outro lado ou o lado reverso?
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Se de um lado temos a crise, no lado reverso teremos a oportunidade, ela pode lá estar à espera, ou tem de ser criada:
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Primeiro a ameaça (a analogia entre a evolução da Private Label e o actual colapso da procura)
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“Private Label has been growing at least at twice the rate of famous household brands over the past 10 years. In fact, there is much talk these days about the growth of Private Label or ‘retail brands’ around the world. Or maybe we should say PRIVATE BRANDS. Because brands indeed they are at the end of the day.”
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Sobrevivência, sobrevivência, sobrevivência…
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“Survival for today’s brands against the inexorable growth of Private Label everywhere you look, and increasingly in every category.
Survival for retailers if they don’t have the best Private Label brand offerings for their shoppers to keep them locked in and loyal to their banner. Survival for manufacturers if they don’t have enough capacity utilization to justify their investments. Survival for agencies as Private Label communications lead to a significantly reduced overall expenditure and perhaps more tactically driven shopper marketing activity.
Survival for marketers as they increasingly feel the squeeze and query their role in a world where consumer packaged-goods brands seem to be losing their salience and appeal.”
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O colapso da procura pelos nossos produtos pode ser visto como a nossa perda de quota de mercado para um concorrente fantasma. Há que abandonar a postura defensiva e criar o futuro desejado:
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“But let’s forget talk of survival. Let’s turn this issue on its head and seize the opportunity that it represents. Opportunity for brands to reinvent themselves through dramatic innovation. Opportunities for retailers to truly innovate their offerings. Opportunities for manufacturers to optimize their production capacity. Opportunities for agencies to reinvent communications. Opportunities for all of us as shoppers to get ever-better-value offerings. Opportunities for everyone to drive the key forces shaping today’s and tomorrow’s society.
Yes, Private Label isn’t a curse. In fact it may well be a gift. A gift that forces all of us to re-examine the status quo. A gift that forces us to move positively with some of the key major forces shaping today’s society and work more effectively and collaboratively together.
Our reverse side from survival is simply opportunity.”
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O livro promete... vai fazer-me companhia hoje no comboio.

terça-feira, abril 07, 2009

“The brand is never the solution. The product is.”

Em 2007 descobri nas prateleiras de uma livraria um livro que me encheu as medidas “Retailization: Brand Survival in the Age of Retailer Power” de Lars Thomassen, Keith Lincoln e Anthony Aconis.
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A guerra das pateleiras fascina-me , os hipermercados são autênticos ratinhos de laboratório que sentem, pressentem, testam e criam o futuro da competição que só muitas mais tarde chegará a outros sectores actividade.
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Pois bem, Thomassem e Lincoln voltaram à carga e publicaram um segundo livro "How to Succeed at Retail: Winning Case Studies and Strategies for Retailers and Brands". Ando a lê-lo às prestações e está a ser, como aquando do primeiro, um prazer. O ambiente da grande distribuição não se compadece com mariquices exige "zest", exige respostas rápidas, exige reflexão e acção ... coisas que em outros sectores de actividade me exasperam (parece que ninguém sente a necessidade de actuar com urgência).
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O trecho que se segue é delicioso, pleno de sumo, dedico-o ao Aranha, comentador residente deste blogue:
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“Retailers are fantastic at selling things, but very few retailers are very good at developing things. That used to be the raison d’être of the brands. But with their obsession for volume they have often mixed up genuine innovations with the next flavour-extension or volume-variant package. Many FMCG companies have forgotten what originally made them big. When it comes to the retail arena, shoppers reach out for products, but they are often disappointed. Lots of companies have a brand these days, but few have a product.

“The brand is never the solution. The product is.”
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Por favor, não saquem da pistola ao primeiro impulso. É claro que a marca é importante, é claro que a marca é muito importante... mas não pode ser... não deve ser algo de ôco, deve estar associada a um produto concreto que é a imagem, o reflexo da marca.

quinta-feira, março 05, 2009

A Guerra da Prateleira (II Acto)

Em tempos escrevi este postal Como é que uma empresa sincera pode usar estes fora? sobre a minha perplexidade com o potencial da internet para obter informação dos consumidores individuais sobre as suas percepções.
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O sentimento voltou a percorrer-me quando ontem, durante uma viagem de comboio, tive a oportunidade de ler os comentários ao artigo do El Pais referido no postal A Guerra da Prateleira (I Acto) .
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Alguém que trabalhe para uma marca de fabricante ou para uma marca branca tem ali material interessante para trabalhar as percepções. Da leitura dos comentários identificam-se três assuntos prioritários para os consumidores:
  • qualidade - a discussão sobre a qualidade dos produtos das marcas brancas. Atenção, aqui qualidade não é ausência de defeitos é sim ter mais ou menos atributos;
  • liberdade de escolha - o consumidor quer ter a liberdade de ser ele a escolher;
  • nacionalismo económico e o emprego.

sábado, fevereiro 28, 2009

A Guerra da Prateleira (I Acto)

Chamo a atenção para este artigo no jornal EL País de hoje "La marca blanca se impone en la guerra del súper".
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O sub-título, na minha opinião, revela todo um mundo de incompreensão para o fenómeno de migração em curso.
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"La retirada de productos para colocar los de la propia cadena deja menos elección al consumidor - Los fabricantes se rebelan"
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Quando não se percebe o que está a acontecer, não se consegue agir!
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"Los detractores se quejan de una menor calidad y libertad de elección para el cliente, además de que resta recursos a las primeras marcas, que son las que más invierten en I+D." (como se isto fosse argumento. O investimento em I&D não é um fim em si mesmo, é um instrumento para criar mais oportunidades de criar valor para os clientes. Se os clientes optam pelas Private Labels em detrimento das marcas próprias isso é a prova provada que o investimento em I&D foi um desperdício.)
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"La enésima mecha la acaba de encender Mercadona: la cadena ha decidido eliminar de sus estantes hasta 800 referencias, la mitad de ellas marcas propias (Hacendado, Bosque Verde y Deliplus) y el resto de otros fabricantes, por considerar que no tienen suficiente rotación, es decir, que se compran poco, y con el fin de poder reducir los precios hasta un 10%. "En la época de la abundancia nos hemos pasado con el número de referencias e inventando opciones que no satisfacen verdaderamente una necesidad... Llegamos a tener tomate frito con calcio. Para bajar precios, hay que volver a la sencillez", dicen fuentes de la cadena valenciana." (Como já escrevemos aqui esta semana, o mercado do meio-termo, da mediocridade, do baixo retorno, alargou as suas fronteiras.)
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"Porque una marca líder, como Actimel, demandada por los consumidores, tiene plaza asegurada en los supermercados si éstos pretenden contentar a sus clientes, pero las segundas y terceras marcas lo tienen crudo con este modelo. "Es que las marcas del distribuidor se han sabido posicionar muy bien, han creado una imagen propia de prestigio, así que el resto de marcas, que cobran un sobreprecio y no aportan valor, lo tiene mal. " (Cá está o segredo, fazer o by-pass ao distribuidor e pôr na mente dos clientes a marca e o valor que ela carreia. Em vez de torrar valor em promoções, investir na imagem e no produto, para que o distribuidor, sob pressão dos seus clientes, tenha de ter a marca na prateleira. After all, o negócio do distribuidor não é vender a sua marca, é vender as marcas e produtos que lhe dão mais contribuição).
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Espero continuar num II Acto.

sábado, agosto 16, 2008

Algumas notas sobre o retalho

Sobre a competição entre lojas do preço-baixo e lojas do comércio tradicional nos Estados Unidos, dois estudos:
Um resumo das acções a desenvolver pelo comércio tradicional encontra-se a seguir:

Não adianta continuar a forçar com soluções obsoletas, há que dar a volta e fazer da experiência de compra algo de positivo, algo de interessante.
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Ontem, por exemplo, entrei numa loja Zara Home num centro comercial... só tinha uma funcionária. Entrei, dei uma volta pela loja, estive lá dentro cerca de 4/5 minutos e depois saí. Durante todo esse tempo a funcionária esteve super-concentrada em digitar algo para um PDA... como o balcão estava à saída da loja, lembrei-me logo de uma estória americana em que os funcionários de uma cadeia de lojas foram entrevistados sobre o que julgavam ser a sua missão. Alguns, de boa-fé, acreditavam genuinamente que a sua função era evitar que os clientes roubassem inventário...
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O comércio tradicional nunca conseguirá competir no negócio do preço, mas pode competir recorrendo a combinações daquelas 10 sugestões, na encenação de experiências... como a da recente podologia.

domingo, dezembro 23, 2007

O poder da prateleira tem limites

(Continuado daqui)
Fui adiando, adiando e adiando, a compra do meu dentífrico habitual, até que chegou mesmo a altura em que era inevitável a compra de uma nova embalagem.

- Oh que conveniente, uma loja “Pingo Doce”, óptimo. Vou entrar e comprar o dentífrico.
Chegado ao corredor da higiene oral, constato que as prateleiras têm dentífricos em tubo (que não costumo usar, já com as canetas de sublinhar, e com os desodorizantes é a mesma coisa, gosto de ver o nível interno do líquido) e, dos dentífricos em gel só têm uma marca em dois “sabores” ou cores.
- Qual é a marca? “Sensy”!!!??? Não conheço, deve ser marca “Pingo Doce” uma vez que não tem concorrência (Fui agora mesmo ao Google e, concluí que estava certo, a
marca é mesmo do “Pingo Doce”!) Será que é boa? Hum… hoje em dia os private label são tão bons, ou melhores que as marcas. Vamos experimentar!

Ao fim de duas utilizações nocturnas concluo que o dentífrico, comigo, não tem a mesma eficiência que o da marca habitual. É uma sensação desagradável e diferente, para pior, da habitual. Bom, preciso de comprar mesmo o meu dentífrico habitual.
Tendo ido a um centro comercial, por causa das compras de Natal, desloquei-me de propósito ao “Continente” no rés-do-chão, para procurar, e adquirir, a minha marca habitual.
- Ah! Cá está a “Theramed”! Olha, ainda por cima pago uma e levo duas!!! Estes fulanos são mesmo totós… com um produto tão bom e a dá-lo. Boa!!!

Controlar a prateleira dá poder, mas o poder tem limites.
Ou, como Kumar e Steenkamp tão bem escrevem no seu livro “"
Private Label Strategy – How to meet the store brand chalenge":

But retailers need to be careful that this does not deflect them from their real mission, which is to sell what consumers wants, rather than what a retailer wish to sell”.

Os donos do cão compram a comida que o cão come, não a comida com a publicidade mais interessante, ou com o preço mais baixo, ou com mais brindes… primeiro o cão tem que a comer. E o resto é treta!!!

sábado, dezembro 22, 2007

A prateleira, o poder da prateleira!

A reflexão que se segue surge da leitura deste artigo no Público de hoje “Jerónimo Martins e Sonae Distribuição já dominam metade do mercado nacional”, assinado por Raquel Almeida Correia.

Quem controla a prateleira, controla o acesso ao mercado, controla a relação com os clientes.

Se uma empresa produz um produto, mas não consegue chegar aos consumidores, esse produto e essa empresa não existem!

Dizem os autores Thomassen, Lincoln e Aconis no livro “Retailization: Brand Survival in the Age of Retailer Power”.

Reflectindo agora, tomo consciência que já acreditava e concordava com isto, sem o verbalizar de forma tão directa. Basta analisar a proposta de mapa da estratégia do caso Salix, a Figura 2.33 do nosso livro “Balanced Scorecard – Concentrar uma organização no que é essencial”.

A Salix é uma empresa têxtil que fabrica malhas exteriores com marca própria.
A Salix é boa: tem um bom gabinete de design e estilismo; compra matérias-primas de qualidade; sabe produzir bem!

Olhando para o mapa da estratégia, perspectiva interna, onde é que é fundamental para a Salix trabalhar?
Quem entrega os recursos financeiros à Salix são os lojistas, os donos das prateleiras!!!

A Salix não controla as lojas, ou seja, todo o conhecimento, todo o know-how, toda a criatividade da Salix, depende das lojas. Sem o acesso às prateleiras… a Salix morre, ou tem de mudar de proposta de valor (inovação, moda) e concentrar-se na produção para terceiros (preço-baixo).

Assim, a Salix elevou ao nível de aposta estratégica: a satisfação; a fidelização e a atracção de novos lojistas. Os donos das prateleiras!!!

Daí que a Salix tenha apostado em trabalhar, em criar processos internos para fazer o que os autores Thomassen, Lincoln e Aconis chamam “Retailization” no livro “Retailization: Brand Survival in the Age of Retailer Power”

Segue-se a minha última citação do livro “Retailization”:
“The super retailer understands that real power centres on the shelf. If you control the shelf, you control the shopper. You become the choice master. You determine what people choose. Brands need to grasp that essential truth if they are to regain their power and in some cases even survive.
When you control the shelf, you also control its profitability. One of the best ways to squeeze profitability out of a shelf is through a private label.”

“… stop fighting (or surrendering) and start cooperating. The more enlightened retailers realize that the most successful future will be created through cooperation. The benefits of cooperation between retailer and brand are increased power, lower risks and better sales. The dangers of non-cooperation are well understood and help no one.”


Em sintonia com esta filosofia do livro, segue-se aquela que julgo ser a primeira citação directa(?), que faço no blog, do nosso livro “Balanced Scorecard – Concentrar uma organização no que é essencial”:

“A Salix não controla os pontos de venda, mas tem uma marca bem vista junta da camada jovem a que se destina; possui também um conjunto de estilistas, habituados a participar regularmente em desfiles e competições de moda, que funcionam como uma garantia de um caudal permanente e seguro de criação e inovação no mundo da moda.

A Salix não domina os pontos de venda, não tem capacidade financeira para o fazer, nem tem vontade de o fazer.

Para a Salix a situação coloca-se da seguinte forma:
Os pontos de venda são os elementos mediadores entre a Salix e os consumidores, sendo os consumidores os destinatários finais dos produtos da Salix. No entanto, a empresa tem de assegurar que os canais de escoamento dos produtos para o mercado estejam abertos. Daí que a Salix tenha considerado dois tipos de cliente-alvo: os consumidores e os lojistas. A proposta de valor para os consumidores assenta na liderança do produto e a proposta de valor para os lojistas assenta na relação com o lojista (o cliente)."

Quando os autores do livro gritam “Retailization”, a Salix deu prioridade estratégica a 6 vectores de acção:
A - Servir as lojas que interessam - A aposta na relação com o cliente implica um investimento da empresa na promoção dessa relação. Assim, uma primeira preocupação da Salix passa por identificar, seleccionar e conquistar, as lojas com maior potencial de venda, o que evitará o desperdício de recursos em lojas que nunca darão o retorno necessário para compensar o investimento na relação.

B - Estar perto das lojas – Os comerciais da Salix devem visitar periodicamente os lojistas, não só para vender, mas também para tentar perceber a evolução do mercado e identificar oportunidades para criar eventos que transformem a loja.

C - Transformar as lojas – A Salix pretende apoiar os lojistas nas vendas; entre as acções a desenvolver encontram-se: a criação de eventos que atraiam consumidores às lojas; criação e distribuição pelas lojas, de meios de promoção da marca e dos artigos que aumentem a visibilidade da marca.

D - Servir bem – A Salix pretende dar formação aos vendedores dos lojistas para que estes conheçam os artigos, e saibam dar respostas bem fundamentadas, às perguntas técnicas mais frequentes, colocadas pelos consumidores. A Salix pretende também dar resposta rápida a eventuais reclamações e a serviços seleccionados (por exemplo: alargar uma gola, subir uma bainha, …)

E - Cumprir os prazos internos – A Salix pretende tornar-se mais disciplinada e mais cumpridora dos prazos que assume e com os quais se compromete. Especialmente a nível dos prazos de entrega dos produtos acabados no armazém e a nível do cumprimento dos prazos na fase de atelier de concepção.

F - Desfilar – A Salix pretende participar num conjunto de eventos associados à moda que contribuam para o fortalecimento da imagem da marca“

Quatro em seis... dois terços dos vectores estratégicos são cooperação com as lojas. Um-sexto (E) é interno, mas tem uma grande influência na fidelização dos lojistas, e outro um-sexto (F) é global (interno, pois concentra-se em criar produtos novos e interessantes. Externo, pois seduz os consumidores e cria a força de puxo, de solicitação, que cai nos lojistas como cereja em cima do bolo... o que haverá de melhor do que ter um produto na prateleira que se vende por si próprio, os consumidores quando entram já vão à procura dele!!!).

No entanto, o controlo da prateleira tem limites, amanhã contarei um exemplo que me aconteceu na semana que findou, e que demonstra como o tiro pode sair pela culatra dos mestres da distribuição!!!

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Weird results or weird people

Ontem de manhã, na zona de Lisboa, ao circular num comboio suburbano, tive oportunidade de ler as principais notícias do diário gratuito "Global".

No canto superior direito da página 4 houve uma que estranhei, deveras:

"Consumidor prefere marcas conhecidas
Os portugueses são os consumidores que menos procuram produtos novos, e 35% só compram marcas conhecidas: estas são as conclusões do Estudo Roper realizado pela multinacional GfK Metris, que será apresentado amanhã em Lisboa."

É estranho, muito estranho: ou têmos um problema como portugueses (não arriscamos, somos conservadores, só pomos o nosso lado reptiliano a funcionar, acreditamos piamente na publicidade, ...), ou temos um problema com o relatório.

No livro que ontem aqui mencionei, “Retailization: Brand Survival in the Age of Retailer Power”, os autores, citando outro estudo (The Internacional Retailization Study 2005 feito pela ACNielsen), concluem que os consumidores ligam cada vez menos às marcas:
Os gráficos ilustram o comportamento dos consumidores: as percentagens de consumidores que não deixariam de comprar na sua loja habitual, se a sua marca favorita fosse retirada das suas prateleiras é sempre superior a 60%, as pessoas são mais fiéis ao seu comportamento de compra, ao seu circuito, à sua loja, do que às suas marcas.

Como conciliar a imagem que é dada sobre a fidelidade dos portugueses às marcas, com o crescimento das marcas próprias: Lidl, Pingo Doce, Continente, Intermarché, ...

Como concliar a imagem que é dada sobre a fidelidade dos portugueses às marcas, com a opinião que os consumidores têm sobre as marcas próprias, mais de 70% acha que essas marcas têm a mesma qualidade que as marcas "tradicionais" dos fabricantes?

Os consumidores alemães, reparem, na Alemanha, 76% dos consumidores acha que as marcas próprias de ... cerveja, têm a mesma qualidade que as marcas tradicionais dos fabricantes!!! Se os consumidores prussianos têm esta postura ... então, será possível que os indisciplinados e desenrascados portugueses sejam tão medrosos, tão conservadores?

Uma notícia destas só é boa para as agências de publicidade e para os media tradicionais (para as massas), uma notícia destas pode ser interpretada como um sinal de que as "velhas" mensagens e estratégias de publicidade podem estar obsoletas no resto do mundo mas aqui ... neste rectângulo ainda prosperam ... weird people.

Como é que nós como povo, se não somos capazes de trocar de marca de leite, podemos aspirar a transformar Portugal numa sociedade que aposte em actividades mais arriscadas, com maior valor acrescentado?

Isto faz-me lembrar disto:
"A Outlook chamou aos zippies indianos "Crianças da Liberalização" e definiu um zippie como um "jovem habitante de uma cidade ou arredores, entre os 15 e os 25 anos de idade, que caminha a passos rápidos". Pertence à Geração Z. Pode ser rapaz ou rapariga, estudar ou trabalhar. Transparece atitude, ambição e tem objectivos. É 'fixe', confiante e criativo. Procura desafios, adora o risco e evita ter medo". ... "são guiados para o destino e não pelo destino, olham para fora e não para dentro, deslocam-se em direcção ascendente e não como se estivessem presos-à-posição social".

Eu sei que isto fica folclórico, mas não me importo, isso é o menos ... quem é que vai conquistar o futuro?

Aquele "São guiados para o destino e não pelo destino" é Ortega y Gasset puro e duro.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Retailization

Muitas vezes, recorro à imagem de um hipermercado e das suas prateleiras…… e ao que se passa nelas, para imaginar o que se poderá passar no futuro, num determinado sector de actividade.
O hipermercado é como um ratinho de laboratório… … o que se passa naquelas prateleiras a uma velocidade estonteante, é o que mais tarde, ou mais cedo, se poderá passar noutros sectores de actividade.

Vem isto a propósito de um livro UAUUU, um livro com notícias da guerra que se trava nas trincheiras das prateleiras dos hipermercados. Um livro que recomendo vivamente ao caro aranha.

Retailization: Brand Survival in the Age of Retailer Power”, o meu exemplar está a ficar uma autêntica peça de folclore, tal a carga de comentários que estou a deixar nas sua páginas, e a diversidade de cores dos sublinhados que faço. Eu bem tento disciplinar-me … mas o livro é muito bom. Está cheio de dados concretos, de estatísticas e exemplos.

O livro documenta muito bem o fenómeno da polarização dos mercados e a importância de assumir uma proposta de valor.

Segundo os autores, as marcas estão sujeitas a um multi-rolo compressor que as ataca e aperta (squeeze) de vários quadrantes: a distribuição; os consumidores; as “private label” e os media.

O meu amigo aranha há-de apreciar esta passagem em particular:
“But how can you unsqueeze yourself? How do you take the pressure off? That is the million-dolar question. One of the strongest answers could very well be the can of baked beans itself. The solution seems to be lying in the strength of products rather than brands.” … “We believe that the product should be at a higher level of importance than most companies would like to think, having spent fortunes on developing brands out there on the retail shelves, but fewer exciting products. Maybe we are in a situation where the brand is becoming the generic and the product is becoming the true differentiator.”

Aliás, isto vem em linha com uma frase de Kumar que me ficou na mente:

"advertising is the final coat of paint, but it can only work if what lies behind it has been thoroughly prepared. Nothing kills a bad product faster than lots of advertising."

Nirmalya Kumar em "Privale Label Strategy".