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segunda-feira, janeiro 07, 2013

Que dizem os proteccionistas?

""Os chineses estão a consumir muito mais. O retalho está a espalhar-se como um fogo florestal descontrolado. Há muitos mais consumidores e eles estão a exigir muitos mais serviços", afirma Helen Wang. As mudanças nos hábitos de consumo são mais evidentes nos mais jovens: "Muitos chineses, especialmente os mais jovens, querem artigos de luxo. Associam as marcas de luxo ocidentais com qualidade de vida e sofisticação."
Este parágrafo encaixa bem com:
""There's a big appetite for US-made goods" among the wealthier Chinese,
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"But I expect many Chinese people will like this brand because it looks expensive and is made in the US," he said.
...
Shipping furniture from North America to China seems counterintuitive, given the distance and China's vast and efficient network of furniture factories and parts suppliers. But Mr. Kathwari said Chinese furniture plants typically aren't set up for customized upholstery choices that Ethan Allen emphasizes.For now, he said, Ethan Allen can handle that custom business from North American plants" 
Todos aqueles que clamam por impor barreiras alfandegárias contra as importações Made in China devia atender a esta realidade e perceber que até Portugal está a aproveitar.

Trechos retirados de "Classe média chinesa está a aproveitar a sua "janela de oportunidade"" e de "Ethan Allen Turns the Tables in China"

segunda-feira, março 26, 2012

Passar a ser menos reactiva e mais estratégica

Há dias, num comentário a este postal, "Proteccionismo", defendeu-se que o proteccionismo pode ser útil para dar espaço ao aparecimento e desenvolvimento de empresas em países em vias de desenvolvimento.
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No entanto, quantas empresas aproveitam o tempo em que estão protegidas para subir na escala de valor? Para fugir da vantagem do custo? Para ganharem músculo estratégico?
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Na última sexta-feira, no semanário Vida Económica, neste artigo "Metade dos concessionários de automóveis vão encerrar" temos uma ilustração do que acontece quando os apoios e protecções imperam, a maioria das empresas não pensa no futuro, não precisam de pensar, o papá-Estado está lá para as proteger... só o choque da concorrência é que faz as empresas mudarem (a maioria). É o mesmo em todo o lado, a maioria das empresas agarra-se até à última ao modelo de negócio que conhecem e não pensam para lá do dia de amanhã.
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Vemos o que aconteceu em tantos dos nossos sectores industriais, primeiro habituados às protecções alfandegárias, depois habituados à desvalorização deslizante do escudo que lhes permitia triunfar no negócio do preço, só começaram a mudar quando começou a haver "sangue nas contas"... e, para a maioria, foi tarde demais.
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E vemos o que está a acontecer com o vinho do Douro e, pressentimos o que vai acontecer ao azeite, ...
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Assim, nem de propósito este texto de "Understanding Michael Porter" em que Joan Magretta conversa com Michael Porter:

"Magretta – Será que a estratégia é relevante para empresas que operam em economias de países em vias de desenvolvimento? Será que também se aplicam os mesmos princípios estratégicos?

Porter – As empresas de países em vias de desenvolvimento normalmente têm custos mais baixos, tais como os custos salariais, e isso permite-lhes concorrer com rivais fora do país mesmo que não sejam eficientes e que os seus produtos não sejam diferenciados. Contudo, a vantagem dos custos tende a diminuir ao longo do tempo até que, eventualmente, as empresas dos países em vias de desenvolvimento, têm de, necessariamente, abordar esses dois desafios: eficiência operacional e diferenciação dos produtos.

Primeiro, têm de colmatar a lacuna da eficiência operacional. Têm de ultrapassar as insuficiências no nível de competências dos trabalhadores, na tecnologia e nas capacidades de gestão.

Depois, têm de começar a pensar em desenvolver estratégias a sério.

As empresas de países em vias de desenvolvimento têm de fazer a transição, têm de deixar de ser muito reactivas e oportunistas, para passarem a ser mais estratégicas, para se focarem na construção de uma posição única, para desenvolverem uma qualquer distinção no mercado. Isto significa mudar o foco, deixar de confiar na vantagem do custo, e começar a pensar em termos de valor, de preferência num valor único no mercado.”
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Qual é a receita da tríade? 
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O que é que a sua empresa está a fazer para passar a ser menos reactiva e mais estratégica?
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Existe uma estratégia? As pessoas dentro da empresa conhecem essa estratégia? As pessoas dentro da empresa sabem como podem contribuir para a execução dessa estratégia? Que investimentos tem a empresa feito em sintonia com a estratégia?

sábado, março 17, 2012

Proteccionismo

"Brazil vows to protect manufacturing"
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Ao proteger o seu sector industrial com medidas proteccionistas, o governo brasileiro condena a maior parte das suas empresas a dependerem cada vez mais de uma barreira protectora dependente do papá-Estado.
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No curto prazo o desemprego industrial é sustido e as falências são adiadas. No entanto, o poder de compra dos consumidores é prejudicado e, a maioria das empresas não tem qualquer estímulo para subir na escala de valor.
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Quando o humano, condoído com o esforço da jovem borboleta a tentar sair do casulo, a ajuda a sair... condena-a à morte, porque o esforço que ela tem de fazer é a prova que lhe fortalece os músculos das asas.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Proteccionismo?

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""As exportações europeias (para a China) estão a crescer mais do que as importações (da China) e segundo alguns indicadores, este ano, a China poderá tornar-se o maior mercado para os produtos europeus"
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o comércio China-UE cresceu 18,3% em relação ao ano anterior, para 567,21 mil milhões de dólares (433,34 mil milhões de euros).
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O aumento mais acentuado correspondeu às exportações europeias, que cresceram acima dos vinte por cento,"
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Entretanto, os jogadores de bilhar amador apelam ao proteccionismo.


quinta-feira, janeiro 12, 2012

Talvez fosse bom...

Mais importante do que a precisão dos números é a mensagem que os acompanha.
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Enquanto os encalhados continuam agarrados como lapas ao modelo mental associado ao preço mais baixo (custo mais baixo), talvez fosse de reflectir nesta narrativa:
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"Over 60% of companies out there are operating on a dated business model and 20% operating with a mental model that had expired for more than 5 years. There are little reasons for those 20% of companies to survive another 5 years or even 3 and for the other 60% they have a short window of opportunity to design and orchestrate their transformation.
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Rapid changes in external environment, consumer behavior, global economics and disruptive technologies are throwing off the most rigor business strategies and the best trained managers. Although everyone expect to see big changes ahead but people reacts differently to change."
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Quando, há segunda-feira, Medina Carreira na televisão, ou, a qualquer momento, Pedro Arroja na internet, abrem o Evangelho do Proteccionismo, talvez fosse bom que também revissem os seus modelos mentais.

terça-feira, dezembro 20, 2011

À atenção dos jogadores de bilhar amador

O jogador de bilhar amador é como eu a jogar bilhar. Estou tão preocupado com a próxima jogada que não sou capaz de jogar agora pensando já na jogada seguinte, como faz um profissional.
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Esta manhã na Antena 1 já ouvi alguém ler uma reflexão deste tipo:
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Há que pensar se é correcto pagar juros elevados em vez de usar o dinheiro para alimentar os pobres. 
Admitamos que se deixa de pagar os juros... haverá mais dinheiro para alimentar os pobres?
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Ou seja, quais são as consequências das nossas jogadas actuais no futuro?
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Sim, eu sei que pensar no futuro a médio-prazo é pouco português ...
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Convinha que quem defende o proteccionismo perceba esta realidade "Emerging economies will import more than the rich world in 2012"

quarta-feira, novembro 23, 2011

Reacção lapidar... fugir a este cardápio

Uma pequena empresa com 17 trabalhadores, com 118 anos de tradição (o potencial de autenticidade que não se pode copiar do pé para a mão), que aposta na diferenciação:
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"Manter as receitas originais, algumas com base em receitas inglesas, e melhorá-las com "uma aposta forte na qualidade superior dos produtos e pela diferenciação",
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Uma pequena empresa que aposta em "Aqui, tudo é feito à moda antiga, só o embalamento ganhou alguma modernização."
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Em vez de apostar na marca e num crescimento lento via lojas gourmet e lojas alternativas, que lhe permitiria sonhar com margens elevadas, temos a aposta na quantidade:
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"Hoje, há muito por onde escolher. Desde os bolos de mel caseiros aos gelados de fruta, que irão brevemente surgir embalados nas grandes superfícies em doses duplas."
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Acompanhem-me essas margens, vão trabalhar muito, vão facturar muito, mas aposto que vão ganhar cada vez menos. A grande distribuição não é má, tal como o escorpião não é mau, a sua natureza vai vir ao de cima, e pressionar, sugar, gritar eficiência, eficiência, eficiência... vão prometer quantidade, quantidade, quantidade se lhe fornecerem Quality, Cost e Delivery... tudo isso é incompatível com: pequena empresa; 17 trabalhadores; tradição, diferenciação, variedade, ...
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Juro que escrevi o último parágrafo deste postal ainda antes de ler este artigo e este pormenor:
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"o jovem gerente, Bruno Vieira, 30 anos, com formação em controlo de qualidade alimentar."
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Quando se aposta no QCD e cumprem-se os mandamentos todos, e entram no mercado concorrentes com outro modelo de negócio assente na escala, em lotes gigantes, com compras de matérias-primas em grandes quantidades, a reacção instintiva é esta:
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"Actualmente, a grande percentagem do que se vende em Portugal é oriunda de outros países. Os produtos entram mas ninguém controla a qualidade. Encontramos bolacha mais barata do que o preço da nossa farinha. Como é que podemos competir perante isto?", questiona. Daí o apelo à sensibilização de quem governa: "Os nossos produtos, aqueles que nos dão uma identidade própria enquanto portugueses, que diferenciam culturas, deveriam ter protecção. Infelizmente, não se dá o devido valor ao que é nosso e genuíno."
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Esta reacção é lapidar, está cá o cardápio todo:
  • os outros não têm qualidade;
  • incapacidade de perceber que existe mais do que um modelo de negócio;
  • apelo ao proteccionismo
Se tivesse oportunidade de trabalhar com este gerente dava-lhe a conhecer o mundo dos modelos de negócio... recordava este postal e esta apresentação, para mostrar que, qual lanceiro polaco a investir contra panzers, não tem hipóteses em tentar enfrentar esta gente de frente no terreno que lhes dá toda a vantagem, a grande distribuição, as grandes quantidades. Chamava-lhe a atenção para o risco dos descontos. Promoveria uma reflexão sobre o que fazem, de que se orgulham, de quais as suas diferenças. Depois, dava-lhe a conhecer o mundo dos clientes, e desafiava-o a procurar "casar" as características da empresa com o grupo de clientes mais adequado - os clientes-alvo. 
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Olhar olhos nos olhos dessa gente, não confiar em estatísticas, conversar com eles e chegar à proposta de valor: O que procuram e valorizam? Onde compram? Onde vivem? Quem nos pode ajudar a influenciar os clientes-alvo? Que promessa lhes vamos fazer? O que vamos comunicar e como? E depois, passava a bola ao marketing.
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O campeonato não pode ser o dos custos, tem de ser o do valor... custo da farinha? Um concorrente adaptado à vida no ecossistema da grande distribuição, pode numa encomenda encomendar mais que a fábrica em causa durante 2 ou 3 anos... e quer competir no preço da farinha? Saia desse campeonato com estilo e aproveite esses 118 anos com orgulho.

sábado, outubro 29, 2011

Diz-me com quem tomas banho e dir-te-ei se tens futuro

Conferência “Portugal Hoje - Que oportunidades de negócio? Que perspectivas de carreira?”, organizada pela ESADE Alumni.
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O que será que se ouve numa conferência destas?
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A ESADE pretende ser uma escola de referência. O que se discute numa escola de referência, numa escola que quer estar à frente?
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"Com a abertura à globalização, deixou de se dar atenção ao proteccionismo, tanto em Portugal como em todo o mundo.
Mas se os produtos passaram a circular por todo o mundo, o mesmo não é verdade para as regras de comercialização. Na China, as normas da lei laboral e da poluição são diferentes, o que permite essa concorrência desleal, opinou a conselheira da instituição internacional."
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OK... estamos conversados... uma conferência organizada pela ESADE com argumentação ao nível do Fórum TSF, ou ao nível da tertúlia do café Central de Lagoaça (sem desprimor para o mesmo e para os seus frequentadores)
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"Barbot: China faz concorrência desleal em Portugal mas depois é à China que Portugal pede dinheiro"
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Engraçado ouvir estes argumentos sobretudo agora... agora que as exportações portuguesas para a China crescem a mais de 45% (nos primeiros 8 meses de 2011) e que mais um evento singular está perspectivado para o próximo ano "China may see its first annual trade deficit for two decades next year"
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E é a este banho de cultura "concorrencial" que os alunos da ESADE são submetidos... espero que não tenham o destino dos Neandertais.

sábado, setembro 24, 2011

Em defesa do livre comércio

Confesso que a carta nacionalista ou a carta proteccionista não faz parte do meu baralho.
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Não gosto das promoções do tipo "Compre o que é português!"
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Como cliente quero ser bem servido. Compro não para ajudar a economia nacional mas para suprir as minhas necessidades e alimentar as experiências de vida que aprecio.
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Até porque não percebo como as pessoas podem à segunda-feira ir para a rua dizer com convicção "Compre o que é português!" e, à terça-feira irem a uma feira na Alemanha ou em Espanha para tentar convencer os estrangeiros a comprar produtos portugueses, sem calçar os sapatos do outro... o outro também pode, no seu país, estar sujeito a campanhas "Compre o que é nacional, compre "Made in France" ou "Made in Germany".
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Por isso, achei e continuo a achar esta mensagem da Rádio Popular absurda.
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Não ia comentar esta afirmação "Cavaco apela ao consumo de produtos nacionais"... nem vou comentar. Deixo apenas que este artigo de Matt Ridley "The Ancient Cloud" o faça por mim:
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"And the reason we won the war against the Neanderthals, if war it was, is staring us in the face, though it remains almost completely unrecognized among anthropologists: We exchanged. At one site in the Caucasus there are Neanderthal and modern remains within a few miles of each other, both from around 30,000 years ago. The Neanderthal tools are all made from local materials. The moderns' tools are made from chert and jasper, some of which originated many miles away. That means trade.
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Evidence from recent Australian artifacts shows that long-distance movement of objects is a telltale sign of trade, not migration. We Africans have been doing this since at least 120,000 years ago. That's the date of beads made from marine shells found a hundred miles inland in Algeria. Trade is 10 times as old as agriculture.
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At first it was a peculiarity of us Africans. It gave us the edge over Neanderthals in their own continent and their own climate, because good ideas can spread through trade. New weapons, new foods, new crafts, new ornaments, new tools. Suddenly you are no longer relying on the inventiveness of your own tribe or the capacity of your own territory. You are drawing upon ideas that occurred to anybody anywhere anytime within your trading network."

quarta-feira, agosto 17, 2011

Cuidado com a morte do mercado interno

Conjugar este texto "Exportações e consumo público adiam o pior", de onde sublinho a ênfase de políticos e comentadores nas exportações, a par da machadado no consumo interno, visto como um pecado capital a eliminar, com este texto "The Consumption Economy Is Dying—Let it Die".
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No texto que se segue basta trocar U.S. por: Espanha, França, Alemanha, Itália, ou Inglaterra para ter uma ideia do que pode acontecer um dia:
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"But the big problem with consumer spending is that if you buy a product made outside the U.S., it doesn't encourage domestic investment. And that's what we really need. In the past, a dollar spent on a shirt would start a virtuous circle, as the clothing factory expanded, adding more workers and buying new sewing machines. That investment in new machines, in turn, would create more business for the sewing machine company, who would then hire more workers who would need new shirts.
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Today, the cycle is happening overseas. We have a genuine investment shortfall in the U.S., where both business and government are way below historical norms for spending on equipment, buildings, software, and infrastructure."
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Agora, ler este títulos:
O que pensar?

quinta-feira, junho 30, 2011

Falácias populistas *

"I don't have my finger on the pulse of corruption in China, but I think most people on the ground would say that as China was emerging from communism it was a very regulated society and therefore it was very corrupt.




But as they have deregulated the economy, there just aren't as many opportunities for people to be corrupt. China has become a more efficiently lubricated capitalist economy."

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"Well, shutting borders will help a few wealthy people preserve their wealth. But there's no evidence that I know that shows shutting down borders helps your economy grow. Look at what happened with India during the first three decades after their independence, where they essentially wanted to keep imports out so that they could develop their internal industries. None of those industries became engines for economic growth. They were all inefficient and served India very poorly. It wasn't until things opened up that the local economies prospered. History is pretty strong on that question."
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As ideias de "desvalorização fiscal", saída do euro para "desvalorizar moeda" não resultam, nem na Índia, nem no Reino Unido como recorda o Anti-comuna.
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Trechos retirados de "Clayton Christensen: 'China's Growth Will Force an Innovation Competition with the West'"

* Classification made by Anti-comuna in the hyperlinked text.

domingo, junho 19, 2011

Políticas de Estado de protecção nacionalista são perigosas

Não existem diferenças étnicas de maior entre o Norte do país e os mouros do Sul, também não existem diferenças de língua e de religião.
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No entanto, sinto uma simpatia crescente pela ideia radical da independência do Norte do país.
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No Norte ainda não se perdeu de todo o espírito empreendedor, e é triste ver a riqueza criada com tanto esforço ser sorvida e drenada pelo Sul que cada vez mais vejo com um país de funcionários públicos.
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As empresas que criam emprego a Norte, as PMEs, estão cada vez mais dedicadas à exportação, ou suportam empresas que se dedicam à exportação, dado que o mercado interno vai a caminho de um "Inverno nuclear".
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Se o Norte eventualmente se tornasse independente não creio que tivesse os problemas catalães, porque se tem especializado a produzir aquilo que o país não pode consumir, por falta de poder de compra. Atentem nos números:
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Comparar os números no excelente artigo de Ghemawatt "The ties that bind Catalonia" (também aqui) com a conversa de um amador a jogar bilhar:
Esta conversa é a mesma que motiva estas ideias que apelido de "o TGV-do-CDS":
Num mundo interligado, políticas de Estado de protecção nacionalista são perigosas e podem trazer sérias repercussões para o vazio bolso dos contribuintes.
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Estar contra políticas de Estado de protecção nacionalista não impede que cada um à medida das suas possibilidades faça, no acto de compra, as opções que entender. Por exemplo, na última vez que fui ao Pingo Doce tive de escolher entre:
  • maçã Gala do Brasil;
  • maçã Fuji de França; e
  • maçã Golden de Portugal.
Confesso que nem comparei preços, valorizei sobretudo a crença de que as mais saborosas seriam as portuguesas porque poderiam ter sido colhidas mais tarde.
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BTW, o Pingo Doce deixou de fazer referência, no caso das maçãs portuguesas, à zona de onde provêm. Ninguém me tira da ideia que é para retirar poder negocial aos produtores. Produtores que leiam coisas destas "Branding in the post-internet era" ficam com mais poder.

quarta-feira, junho 08, 2011

Bake a Bigger Pie

“There are two kinds of people and organizations in the world: eaters and bakers. Eaters want a bigger slice of an existing pie; bakers want to make a bigger pie. Eaters think that if they win, you lose, and if you win, they lose. Bakers think that everyone can win with a bigger pie.”
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Trecho retirado de "Enchantment" de Guy Kawasaki

sexta-feira, abril 02, 2010

Não esquecer que a Europa é um continente envelhecido e a caminho do asilo

No artigo de Daniel Amaral referido aqui, um leitor deixou o seguinte comentário:
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"se a UE criasse um novo imposto sobre bens importados que fizesse incorporar no preço final do produto as ditas "externalidades" negativas (medida em custos ambientais e no reajuste ao "dumping" salarial, tendo por base o custo dos factores produtivos na UE), quais seriam as prespectivas de crescimento dentro da zona Euro - e, mais concretamente, em Portugal? Como reagiria a nossa indústria? Qual o impacto na competitividade, no investimento, emprego, consumo, nas despesas sociais e nas receita do Estado?"
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É preciso não esquecer os factos... a Europa é um continente envelhecido e a caminho do asilo. Quanto mais elevada a idade média de uma população menos esta consome (veja-se o caso da Alemanha) é preciso exportar... para onde? Para economias jovens e dinâmicas.
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Por exemplo:
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O consumo na Europa não é suficiente para alimentar a economia, é cada vez mais preciso exportar para fora da UE.

domingo, fevereiro 14, 2010

Onde está a procura? (parte II)

Convém ler a parte I primeiro, sobretudo as hiperligações para o que diz Roubini.
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Se falta procura... é por que há excesso de oferta. Logo, há que arranjar maneira de cortar na oferta!
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A ideia está a fazer o seu caminho "China v world as a trade war comes closer"

quarta-feira, abril 01, 2009

Salvo erro!

No Diário Económico de hoje leio:
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"Para Portugal, uma pequena economia aberta ao exterior, o relançamento do comércio internacional "é essencial para a recuperação económica". O alerta é dado pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, em declarações ao Diário Económico, que espera dos líderes do G20, que se reúnem em Londres a partir de hoje, "um repúdio inequívoco de tentativas proteccionistas e um apoio explícito a medidas que visam reactivar o mais depressa possível os canais de crédito para financiamento dos fluxos de comércio externo"."
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IMHO o ministro das finanças ainda não realizou o que significa para uma PME que compete no mercado de bens transaccionáveis longe das carpetes e do poder e sem acesso a telefones vermelhos (como Jorge Coelho conta) operar com uma moeda forte.
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Nos últimos anos as exportações para os USA caíram a pique, dada a desvalorização do dolar.
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Está em curso a queda a pique das exportações para o Reino Unido, dada a desvalorização da libra.
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Países como o Japão e a China, como Portugal no passado, são craques a engenheirar a flutuação da sua moeda para dar vantagens competitivas "artificiais".
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Esta engenharia das cotações da moeda não é uma forma de proteccionismo?

sexta-feira, março 06, 2009

Só o tempo pode curar

"Só tempo pode curar" é o título de uma crónica de Pedro Arroja na Vida Económica de hoje:
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"Em primeiro lugar, um crash dos preços, isto é, uma deflação generalizada.. Este crash já se produziu de forma mais visível nos preços dos activos cotados em bolsa e no imobiliário, mas está agora a atingir os preços de todos os outros bens e serviços, incluindo os salários.
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Em segundo lugar - e este é o aspecto mais dramático da crise - a crise vai provocar falências e desemprego em massa.
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Em terceiro lugar, as políticas económicas convencionais - como as políticas monetária, fiscal e cambial - não são eficazes para lidar com esta crise, que é uma crise da verdade. Tome-se o caso da política monetária, a qual visa encorajar as pessoas a comprar, tornando o preço do dinheiro mais barato. Mas quem, no seu perfeito juizo, vai comprar túlipas, mesmo se o seu preço já desceu para 250 euros a peça? Esta é uma crise que só o tempo pode curar."
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Ontem, ás 21h41 na SIC-N Ferraz da Costa (cujas ideias sobre produtividade estão a milhas do que defendemos aqui) veio acrescentar-se ao crescente grupo de pessoas que concordam com a minha proposta inicial para esta crise (Como eu olho para a crise de 15 de Dezembro de 2008) ("Since this is going to get ugly, perhaps the government shouldn’t be wasting so many billions on stimulus. Maybe they should save those money for mass social welfare instead.")
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Por que só há duas formas de resolver este problema:

  • o tempo (como explica Pedro Arroja); ou
  • o proteccionismo (aqui e aqui)
O que falta, é quem peça, a quem faz afirmações deste tipo "«É preciso acelerar o investimento público na construção»", que faça um desenho muito simples sobre como é que esse so-called investimento será reprodutivo? Por que é que temos de continuar a sustentar empresas sobre-dimensionadas?

domingo, fevereiro 22, 2009

The collapse of manufacturing

A revista The Economist do próximo dia 27 de Fevereiro inclui um artigo que espelha bem a situação que vivemos "The collapse of manufacturing"
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Julgo que quem trabalha no estado não faz ideia da dimensão do tsunami que está a varrer a indústria em Portugal e no resto do mundo. As notícias de encerramento de fábricas e de novos desempregados que surgem todos dias nos jornais e televisões são um pálido reflexo do que está a acontecer.
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O colapso da procura está a gerar o colapso da Indústria a nível mundial:
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"$0.00, not counting fuel and handling: that is the cheapest quote right now if you want to ship a container from southern China to Europe. Back in the summer of 2007 the shipper would have charged $1,400. Half-empty freighters are just one sign of a worldwide collapse in manufacturing.
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In Germany December’s machine-tool orders were 40% lower than a year earlier. (aqui é que se nota a influência do credit-crunch, quanto maior ou mais complexa a máquina, mais cara. Quanto mais cara maior a necessidade de recorrer ao crédito se não há crédito... ) Half of China’s 9,000 or so toy exporters have gone bust.
Taiwan’s shipments of notebook computers fell by a third in the month of January.
The number of cars being assembled in America was 60% below January 2008."
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"Industrial production fell in the latest three months by 3.6% and 4.4% respectively in America and Britain (equivalent to annual declines of 13.8% and 16.4%). Some locals blame that on Wall Street and the City. But the collapse is much worse in countries more dependent on manufacturing exports, which have come to rely on consumers in debtor countries (isto é motivo para reflexão a seguir). Germany’s industrial production in the fourth quarter fell by 6.8%; Taiwan’s by 21.7%; Japan’s by 12%—which helps to explain why GDP is falling even faster there than it did in the early 1990s. Industrial production is volatile, but the world has not seen a contraction like this since the first oil shock in the 1970s—and even that was not so widespread. Industry is collapsing in eastern Europe, as it is in Brazil, Malaysia and Turkey. Thousands of factories in southern China are now abandoned. Their workers went home to the countryside for the new year in January. Millions never came back."
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Gary Klein no seu livro "Sources of Power" tem um capítulo intitulado "The Power of Rational Analysis and the Problem of Hyperrationality". A racionalidade é preciosa mas tem limites. Os humanos usam a racionalidade para perceber a realidade que os rodeia, só que a racionalidade não apanha a verdadeira realidade, apenas capta um reflexo da realidade e, por isso, ao usarmos a racionalidade devemos ter sempre em conta que ela pode dar-nos respostas incorrectas ou imperfeitas quando a tentamos aplicar a contextos cheios de ambiguidade, a contextos que requerem cálculos assentes em julgamentos subjectivos, a contextos com uma explosão de combinações entre factores. Daí que ao longo da minha vida vá respeitando cada vez mais a tradição, porque percebo que a tradição resulta do teste da realidade ao longo de gerações e é meta-racional, ora está em consonância ou em dissonância com a racionalidade, por que aos antigos de pouco interessava o politicamente correcto, o que eles queriam era algo que fosse eficaz, racional ou mágico, algo que funcionasse.
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Por que escrevo isto?
Racionalmente sou contra o proteccionismo. Para mim o proteccionismo é uma espécie de racismo de mercado, que premeia uns concorrentes em detrimento de outros, não com base na sua capacidade de satisfazer os clientes mas com base em factores como a sua localização geográfica.
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Mas será que a ausência de proteccionismo vai gerar sempre estes desiqulibrios relatados no artigo? Uns países transformam-se em grandes exportadores (por concorrência limpa ou não - quando nós portugueses desvalorizávamos o escudo para nos tornarmos mais competitivos estávamos a fazer concorrência limpa?) outros países transformam-se em grandes importadores, depois, os exportadores começam a financiar as sociedades importadoras com as suas poupanças para que elas continuem a importar apesar da diminuição da sua capacidade de criar riqueza (isto faz-me lembrar as estórias dos colonos que obrigavam os trabalhadores da sanzala a comprar os bens para a sua subsistência na sanzala e que acabavam mais pobres, ou com pior vida do que os escravos) até que as sociedades importadoras, endividadas até à medula colapsam. Como as sociedades exportadoras vivem à custa das sociedades importadoras o seu colapso vem a seguir e ainda é pior.
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Será que temos de abandonar o racional que nos diz que o proteccionismo é mau? Será que estou a falar de proteccionismo? Sinto é que é preciso aqui um certo equilibrio dinâmico entre consumo ou nível de vida e riqueza efectivamente produzida, consumo baseado em poupança não em crédito fornecido pelas sociedades exportadoras. Será que passará pelo limite à obtenção de crédito extra bloco económico? Será que passará pela indústria ter de fazer by-pass aos grandes distribuidores para evitar o aperto que faz deslocalizar as produções? (algo na sequência disto Whoever owns the job... mas não para o posto de trabalho mas para a cadeia de valor... quer dizer... este by-pass nos dias que correm tem um nome, chama-se 'marca'. Mas para quem não a tem ...
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Não tenho respostas, só dúvidas e questões.
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Depois, durante o colapso da procura e da indústria, durante o percurso da vaga do tsunami, muitas vozes na indústria levantam-se a exigir apoios aos estados.
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"Having bailed out the financial system, governments are now being called on to save industry, too. Next to scheming bankers, factory workers look positively deserving. Manufacturing is still a big employer and it tends to be a very visible one, concentrated in places like Detroit, Stuttgart and Guangzhou. The failure of a famous manufacturer like General Motors (GM) would be a severe blow to people’s faith in their own prospects when a lack of confidence is already dragging down the economy. So surely it is right to give industry special support?
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Despite manufacturing’s woes, the answer is no.
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There are no painless choices, but industrial aid suffers from two big drawbacks. One is that government programmes, which are slow to design and amend, are too cumbersome to deal with the varied, constantly changing difficulties of the world’s manufacturing industries. Part of the problem has been a drying-up of trade finance. Nobody knows how long that will last. Another part has come as firms have run down their inventories (in China some of these were stockpiles amassed before the Beijing Olympics). The inventory effect should be temporary, but, again, nobody knows how big or lasting it will be.
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The other drawback is that sectoral aid does not address the underlying cause of the crisis—a fall in demand, not just for manufactured goods, but for everything. Because there is too much capacity (far too much in the car industry), some businesses must close however much aid the government pumps in. How can governments know which firms to save or the “right” size of any industry? That is for consumers to decide. Giving money to the industries with the loudest voices and cleverest lobbyists would be unjust and wasteful. Shifting demand to the fortunate sector that has won aid from the unfortunate one that has not will only exacerbate the upheaval. One country’s preference for a given industry risks provoking a protectionist backlash abroad and will slow the long-run growth rate at home by locking up resources in inefficient firms."
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O artigo termina com uma entoação que não aprecio... em vez de poupança, com a natural quebra no consumo, um apelo ao crédito...