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quarta-feira, fevereiro 04, 2015

Uma lição

O tema não é novo aqui no blogue. Contudo, dá-me tanto gozo esta evolução à la Mongo que não resisto a referir o artigo "Brewing goliaths struggle to fit in at craft beer party":
"* Big beer duo's U.S. beer market share 75 pct and slipping
* U.S. craft beer segment approaching 10 pct of market
* Small new producers limiting big beer's growth
* Craft revival spreading across globe
At Top Hops on Manhattan's hip Lower East Side, drinkers can choose from 20 beers on tap from Dark Penance to Devil Dancer and over 600 more in bottles.
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The bar is tapping into the surge in demand for craft beers and finds only the occasional customer opting for Budweiser or other brands of the two major brewers Anheuser-Busch InBev and MillerCoors .
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While the majors still make three-quarters of all beer drunk in the United States they face a continued decline of market share."
Uma lição para os que só conhecem a alavanca da escala, do volume da dimensão, do custo unitário.
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BTW, imagino o que seria se um ou dois artesãos da cerveja viajassem para Angola, como reagiria a UNICER e CENTRALCER? Seria cerveja artesanal made in Angola.

sexta-feira, dezembro 12, 2014

Tão previsível

Os gigantes tentam comprar tempo. Contudo, a reacção era tão previsível.
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Primeiro o panorama:
"While nationwide beer sales declined 1.9 percent last year, craft beer sales rose 17.2 percent, according to the Brewers Association, which represents craft brewers. The industry's two giants, Anheuser-Busch and MillerCoors, have lost a total 20 million barrels in sales since 2008, said Bart Watson, an economist for the group."
Então, os gigantes compram os artesãos, para ganhar mercado.
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Resultado, a reacção dos clientes, apreciadores dos artesãos rejeitam os gigantes. A resposta da empresa foi:
"They promise nothing will change." 
Como se as especificações fossem suficientes. As especificações podem ser as mesmas mas a narrativa mudou completamente.
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Trecho retirado de "Craft Brewery Feels Backlash From Customers After Selling to Anheuser-Busch"

domingo, agosto 10, 2014

pensem na magia que os muggles não conseguem entender...

Li esta história a 28 de Julho "The two sisters running a bakery in a desert" e ainda não me saiu da cabeça. Consigo encontrar várias notas interessantes e paradigmáticas.
"the elder of the two, says she had no previous experience in agriculture."
Ainda ontem no Twitter favoritei a frase:
"In a situation when you know nothing, everything is a possibility."
Tudo começou com a recordação de uma experiência, algo não matematizável mas muito poderoso.
 "Their business idea grew out of something their uncle told them - that in times gone by, the bread in this part of Spain tasted different.
It was a flavour he missed."
Por que é que o pão tradicional tinha perdido o seu sabor característico?
Porque deixou-se de cultivar trigo na região, as variedades mais produtivas, mais eficientes, mais abençoadas por burocratas em escolas, laboratórios e gabinetes do poder, não conseguiam crescer no deserto de Aragão.
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O pão tradicional, com o seu sabor tradicional, era feito a partir de um trigo específico, adaptado à região:
"'For the seed we grow, the climate is perfect', two sisters explain why they started a bakery and are growing wheat in a Spanish desert.
...
They discovered that a type of wheat seed, known as Aragon 03, had been the secret behind the region's distinctly flavoured bread.
...
"Many people told us we were crazy for trying to run a business like ours in a [dry] place like this. But we found out that the seed we grow is perfect for this climate," says Laura."
 E resultados?
"In the first year, their business lost lots of money, but by the third year they had broken even.
Now, seven years after they first started farming and baking, they own two bakeries and sell their products in eight others."
E recordando a frase favoritada:
""As my uncle used to say, you have to bend your knees and look closely. For example, I see opportunities where others don't."" 
O tema da frase favoritada recorda-nos logo Gary Klein: "nós não vemos através dos nossos olhos mas através das nossas experiências", e "as nossas experiências produzem modelos mentais", modelos mentais que nos ajudam a perceber e a actuar sobre a realidade. A experiência é uma vantagem até... deixar de ser.
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E quando é que a experiência deixa de ser uma vantagem?
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Quando a realidade muda!
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Aqui recordo as histórias de Laurence Gonzales e, como uma criança com 8 anos tem mais hipóteses de sobreviver na selva amazónica do que uma com 12 anos.
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Quando a realidade muda, a experiência pode-nos fazer prisioneiros de um mundo que já não existe e impedir-nos de procurar novas respostas e a ver barreiras em todo o lado.
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Leio esta história e vejo a desfilar perante mim o filme do século XX, o filme que levou a Magnitogorsk e à emergência de Mongo. Vejo o advento da Revolução Industrial, depois a chegada de Taylor e a propagação da religião da eficiência e da escala que culminam em Metropolis e no pós II Guerra Mundial com a produção e o mercado de consumo de massas. Toda a história económica do século XX pode ser resumida nessa busca da eficiência e da procura da subida no pico único da paisagem competitiva. Por exemplo, nos Estados Unidos em 1890 existiam cerca de 300 fabricantes de bicicletas, em 1905 já só existiam 12. Em 1920 existiam cerca de 1000 fabricantes de automóveis, em 1929 já só existiam 44. Depois, vejo a reacção a tudo isto com o advento de Mongo, com o exemplo da cerveja:
A explosão da diversidade que nos está a fazer entranhar no Estranhistão.
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Como sabem, sou um adepto do paralelismo entre a biologia e a economia e, a biologia está cá no planeta há uns anos mais do que a economia, por isso, a biologia já passou por Magnitogorsk e há muito que vive em Mongo, recordar as árvores cladísticas. Assim, não me espanta que de um lado tenhamos os sacerdotes da eficiência a tentar uniformizar o mundo e a padronizar o gosto, quando na realidade o mundo criou a biodiversidade por alguma razão.
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Temas para reflexões nas empresas:

  • não é a competir de igual para igual, numa suposta arena perfeita, no mercado da concorrência perfeita, que está o futuro das PMEs. É a aproveitar o que é diferente, é a alavancar o particular, o distintivo, o típico... é a tornar, a fomentar a concorrência imperfeita.
  • quando ouvirem falar em teoria económica, em macroeconomia, em oferta e procura, pensem neste exemplo, pensem na magia que os muggles não conseguem entender...


quarta-feira, maio 21, 2014

Nichos e nichos e mais nichos

"Historically, beer was a local product. According to the Brewers Association, there were 3,200 U.S. breweries in the 1870s. Then, over the next 100 years, technological advances and the drive for economies of scale changed all that; by 1978, there were only 89 breweries owned by 42 companies in the United States. Local beers were few and far between, and supermarket beer coolers were boring as well as cold. Now fast-forward to 2013 - more than 2,800 breweries were operating in the U.S., 98 percent of which were owned by local brewers.
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The big brewers and their now-global brands are still dominant in the U.S. marketplace, and they are fighting over fractions of a point in added market share with US$3 million Super Bowl ads in a market that is slowly shrinking. Meanwhile these pesky craft brewers have grabbed a 10 percent share of market. Their share is growing, and more and more of them are entering the fray every day."
Trecho retirado de "A Toast to Industry Disruption"

Recordar:
"Diversity and complexity could also be mutually reinforcing. As species diversity increases, niches become more complex. The more complex niches are then filled by more complex organisms, which further increases niche complexity, and son."
Por isso é que Mongo é inevitável, a menos que um cataclismo imposto pela força de quem tem o privilégio da força, o Estado, faça tudo voltar ao século XX.
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Trecho retirado de "Biology's First Law: The Tendency for Diversity and Complexity to Increase in Evolutionary Systems" de Daniel W. McShea e Robert N. Brandon

domingo, abril 06, 2014

Acerca dos fabulosos programas de inovação

A propósito de mais esta história "CHICORAÇÃO (PT2)":
"Quando lá fomos, tinham acabado de comprar a maquinaria de uma antiga fiação e vários teares que estavam destinados à sucata. Tudo estava a ser reparado, afinado e lentamente reactivado.
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Por isso, se estão a ser enviadas para a sucata em nome de fabulosos programas de inovação, o que está a ir para a sucata é a possibilidade de reiniciar um tipo de produção de média-escala que costuma ser o habitat perfeito de pequenas empresas focadas na qualidade e na diferenciação do produto."
Recordo logo Loulé... em Novembro de 2007 e "Agora vou especular".
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Curioso, relacionar o nome de "Chicoração" com o que escrevi em 2007:
"Os gestores profissionais só vêem rácios financeiros e oportunidades para reduzir custos. Quantos têm um caso de amor com os produtos das fábricas que gerem?
Quando se tem amor reconhece-se o valor. Quando se reconhece o valor, conhecem-se outras alavancas, além dos custos."
Entretanto, o número de artesãos de cerveja em Portugal... disparou.
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Recordo também uma fábrica de lixas e outros abrasivos que existia junto à estação de caminho de ferro de Aveiro, a Lusostela. A carcaça já foi demolida, contudo, anos antes, as máquinas tinham sido adquiridas por uma empresa de sucesso do sector. Espero que eles as tenham aproveitado para fazer o pwp de Skinner e, assim, conjugar volume com diferenciação.
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Pena que os assustados membros da tríade, com a sua aura de conhecimento, com o seu poder informal de influência, com a sua visão enformada no século XX, assustem empresários que subestimam o seu valor e o seu conhecimento, cortando-lhes uma possibilidade de futuro que não passe por mais um fabuloso programa de inovação, para o qual não têm dinheiro, nem conhecimento técnico, nem conhecimento de mercado.
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Isto tem tudo a ver com a minha leitura em curso "Tilt: Shifting Your Strategy from Products to Customers" de Niraj Dawar.

sexta-feira, janeiro 31, 2014

Estava escrito nas estrelas

Recordando "Mongo na cerveja em Portugal" ler "US: Big brewers should ditch brand extensions for new styles - research":
"Mainstream US brewers have mostly failed to have a "lasting impact" on sales with expensive brand extensions and should instead copy craft brewers by launching new styles, according to a new report.
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Mintel predicts that US beer sales by value will further outpace stagnant volume growth over the next four years, as consumers continue to trade-up to premium and craft brands.
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"Instead of launching new products that amount to costly advertising adventures, big beer brands should continue the trend toward premiumisation with more focus on quality," the report says.
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"Perhaps," Mintel suggests, "they should follow the example of smaller, craft brewers in showcasing brewing processes, emphasising quality ingredients, and introducing new styles and flavors that are not just extensions of light beer.""

sexta-feira, janeiro 24, 2014

Curiosidade do dia

Ontem ao final da tarde, a caminho de uma francesinha, tive oportunidade de ouvir uma entrevista de Fernando Alves na TSF aos criadores da cerveja artesanal "Letra".
"A fábrica de cerveja artesanal "FermentUm", em Vila Verde, criada por dois jovens investigadores da Universidade do Minho (UMinho), ganhou o prémio de "start-up do ano" no setor agroindustrial, foi hoje anunciado.
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Francisco Pereira e Filipe Macieira, investigadores de doutoramento em Engenharia Biológica na UMinho, idealizaram o projeto em 2008, na sequência do mestrado naquela área e da participação em projetos no ramo cervejeiro.
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Materializaram o plano de negócios no laboratório IdeaLab/TecMinho, começaram a produzir à escala na UMinho e tiveram apoio comunitário para criar uma fábrica em Vila Verde, estudar novas receitas e testar variedades de matéria-prima, como o lúpulo ou maltes, de forma a desenvolver cervejas "distintas e com boa aceitação".
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Aquela cerveja artesanal foi lançada no mercado a 12 de outubro de 2013, com a marca "Letra"."
Gostei do que ouvi, sobretudo daquelas ideias assentes:

  • não apostamos na produção de grandes quantidades;
  • não somos mais pequenos que os incumbentes, somos diferentes.

Trecho retirado de "Fábrica de cerveja artesanal de Vila Verde eleita start-up agroindustrial do ano"

domingo, outubro 06, 2013

Sonhar com Mongo

Basta ler "small, independent and traditional", por tradicional traduzo, artesanal, autêntico, proximidade... fico logo a sonhar com a possibilidade de o mesmo acontecer noutros sectores.
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E este trecho, "To ensure that the craft brewery distinction stands for quality - and not merely market share - breweries cannot cut costs by relying on cheaper ingredients", 100% Mongo!!!

  • "The Craft Beer Movement" (interessante também a referência aos 3 modelos de negócio associados. Off-topic, é difícil perceber como os estados, dentro dos Estados Unidos, podem ser tão diferentes, pelos vistos, em alguns, é o Estado, como na Suécia, que distribui as bebidas alcoólicas)
  • "Craft beer movement comes to a head"
"Sales are up 15 percent, and nearly 1 million more barrels than last year were sold by small and independent craft brewers, from 6.4 million to 7.3 million barrels, the report says. The number for 2009 was 4.4 million.
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This comes at a time when the association reports that the overall sale of beer in America is down 2 percent."

Isto, para já não falar desta cena:

quinta-feira, junho 20, 2013

Mongo na cerveja em Portugal

Via André Cruz descobri este projecto "Cerveja Artesanal Portuguesa":
"Este movimento/blog que dá pelo nome de Cerveja Artesanal Portuguesa é algo que luta pela cerveja de qualidade em Portugal. Melhor, pela cerveja portuguesa de qualidade. Não só existimos para dar a conhecer as cervejas artesanais portuguesas como incentivamos a produção dela. Do lado direito existe um link chamado “Quero fazer cerveja. Como começar?” que vos indica o caminho para saciar essa vossa vontade de fazer cerveja.
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Além disso, somos um movimento que tenciona catalisar não só a produção como a venda de cervejas artesanais. Hoje a legislação é muito apertada e para qualquer micro/pequena cervejaria, é muito complicado entrar no mercado. A legislação é pró-macro cervejarias e isso não ajuda nada. Numa altura em que projectos de empreendedorismo como estes contam muito para a economia local e nacional, era importante que as directivas legais fossem de encontro à necessidade de criar valor por nós, amantes de cerveja."
Isto é Mongo!!! Isto é o movimento de prosumers! Isto é o futuro!!!
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BTW, recordo Loulé:

quinta-feira, junho 06, 2013

Estranhistão e a cerveja - nichos

Como eu aprecio estes relatos sobre Mongo, sobre o Estranhistão!


"And it dawned on me that we are in the age of niche. Niche companies, with niche brands, making niche products, to niche markets take on a whole different scale when it’s a niche of the internet."
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So if you’ve suddenly got a lot of time on your hands thanks to Detroit, but have a love you think can be a great niche business,"
 Trechos retirados de "More Beers, More Brands, More Jobs…"

quinta-feira, março 21, 2013

Adeus segunda metade do século XX, adeus Metropolis, adeus Magnitograd

"What many Americans might not know is that most domestic beer, 90 percent in fact, is dominated by just two companies: Anheuser-Busch InBev and MillerCoors.
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Innovators, however, are challenging that dominance in the form of craft beer breweries. Small "mom and pop"-style breweries — or regional breweries — now account for about 6 percent of domestic beer sales. That may seem like a small number, but it's been growing every year since the early 1990s, while big brewers' share is declining.
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There are now more small breweries than there were before Prohibition, when beer was largely a regional business."
Foi ao olhar para um diapositivo de Chris Anderson que comparava uma prateleira de supermercado com garrafas de cerveja há 30 anos e agora, que comecei a escrever sobre Mongo.
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O negócio das cervejeiras grandes assente no eficientismo, um modelo respeitável e honesto. Por isso, a melhor forma de entrar nesse mercado saturado é entrar com um modelo de negócio onde os eficientistas não tenham hipótese de copiar. Recordar:

terça-feira, abril 10, 2012

Não há sectores obsoletos, há, sim, estratégias obsoletas. (parte III)

Parte I.
ParteII.
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A propósito das observações feitas pelo Pedro Soares, este postal "Sleeping With the Enemy Part II" ajuda a reflectir sobre o tema da subcontratação e das marcas próprias.
"Lesson: Sleeping with the enemy is riskier when the input’s production capacity is scarce and costly to expand."
"Lesson: Sleeping with the enemy is riskier when the supplier is not committed to the outsourcing business."
"Lesson: Even when sleeping with the enemy is risky, it may still be worthwhile to play out the string as long as possible."
No caso das cervejas, quem é que é o inimigo...

BTW, é interessante descobrir que cada país, até a Suiça, tem as suas leis deturpadoras do livre funcionamento do mercado.

terça-feira, março 20, 2012

Não há sectores obsoletos, há, sim, estratégias obsoletas. (parte II)


Escreveu o Pedro Soares num comentário à Parte I:
“Há uma coisa que me mete confusão. No fundo o que esta empresa está a fazer é a produzir marcas brancas... certo?
Se bem me recordo este sitio é muito critico desta prática porque deverá correr mal no médio prazo...
Não deveria a Font Salem aproveitar a capacidade para tentar exportar a belíssima marca e história acoplada ao seu produto?
(Nota, concordo com o que eles fizeram a curto prazo... espero que, no entanto estejam a ponderar o outro caminho)”
Sim, o que esta empresa está a fazer é a produzir marcas brancas.
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Sim, este sítio é muito crítico desta prática, porque:
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·         A maior parte das empresas que se mete nesta prática fá-lo sem tomar consciência das consequências dessa decisão. Sim, é bom ter a fábrica a trabalhar com uma boa capacidade tomada. Sim, é bom cortar nas despesas comerciais e de marketing. Sim, é bom diluir os custos fixos. Mas há o outro lado, a redução das margens e a canibalização da prateleira, o que vai para a prateleira com marca branca não vai com a marca do fabricante.
...
·         A maior parte das empresas acha que este tipo de prática é para quem quer e, como é instintiva (margens, volumes, custos fixos, capacidade tomada…) vai na onda. No entanto esta prática é para quem pode. 
    
      Também há estratégia por trás de decisões conscientes deste tipoNa semana passada, a trabalhar com uma empresa, uma das hipóteses estratégicas em cima da mesa foi:
 “Produzir marcas brancas para os donos das prateleiras”
Numa primeira fase um dos factores identificados foi um contra:
O poder do negócio vai todo para quem vende, para o dono da marca que hoje manda fabricar aqui e amanhã pode mudar com poucas barreiras/custos
 Contudo, passado algum tempo surgiu um factor a favor:
Criar laços de parceria que nos tornem insusbstituíveis porque protegemos a rectaguarda do cliente, asseguramos o seu futuro. Vendemos-lhes sossego, evitamos-lhes problemas
 Posso estar enganado, no entanto, parece-me que a Font Salem já fez a sua análise de mercado e já fez a sua opção estratégica. Procure Font Salem no Google e veja o que encontra…
Especialistas em marcas de distribuição”  
Assumem que o seu negócio é a subcontratação e apostam nisso. Será um posicionamento interessante? Não competem com as suas marcas, podem disponibilizar a sua capacidade para as marcas da distribuição sem problemas de consciências. E, assumindo-se como tal, especialistas em servir as marcas da distribuição, podem criar uma barreira à entrada de novos players que pode ser interessante.
No site espanhol são muito claros a descrever a sua opção, subalternizando completamente a sua marca própria.
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São opções...nem todos podem ocupar o mesmo posicionamento

domingo, março 18, 2012

Não há sectores obsoletos, há, sim, estratégias obsoletas.

"Antiga fábrica Cintra atinge lucros pela primeira vez"
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Reparem:
"Dez anos depois de ter sido construída, a fábrica de cervejas Cintra - criada pelo empresário Sousa Cintra - deu pela primeira vez lucro, em 2011, embora ainda residual. "É um acontecimento histórico. Vamos ter resultados positivos e pagar alguma coisa do imposto de sociedades em Portugal", realça o director-geral da Font Salem Portugal - grupo espanhol que adquiriu a fábrica há cerca de três anos -, em entrevista ao Diário Económico."
Como é que o conseguiram?
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Mudaram de estratégia. Como viabilizar uma fábrica concebida para produzir grandes quantidades?
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Produzindo grandes quantidades!!!
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Mas produzir é fácil, difícil é ter procura... como ter procura em grande sem marca?
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Abandonar este ecossistema da procura:
 Se a empresa não consegue arranjar massa crítica de consumidores para suportar a sua estrutura... tem de abraçar um outro ecossistema da procura
"Espanhóis da Font Salem apostaram no fabrico de cerveja para a grande distribuição. A estratégia permitiu facturar 30 milhões de euros em 2011."
Quem não tem cão caça com gato! A velha máxima: Não há sectores obsoletos, há, sim, estratégias obsoletas.
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E a sua empresa? Não precisa de mudar de modelo de negócio? Não precisa de mudar de clientes-alvo? Não precisa de reflectir sobre o futuro do negócio? Não precisa de fazer batota, antecipando um hipotético futuro?

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Eu prefiro esta onda

Qual é a receita clássica para dominar um mercado?
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Crescer, crescer, ser mais eficiente, aproveitar a escala...
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Por isso é que a UNICER fechou a fábrica de Loulé e fechou a fábrica de Santarém, para centralizar a produção e ser mais eficiente.
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Por isso o modelo mental que gere a SCC...
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Qual a receita deste blogue?
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"By definition, “craft” is an art or occupation requiring special skill and, if my taste buds have any say in the matter, the craft beer industry exemplifies the word. The Boston Beer Company founder and chairman Jim Koch was a key pioneer of the craft beer movement; in April 1985, he debuted his Samuel Adams Boston Lager in about 25 bars and restaurants in Boston. While it didn't have the trappings of a company that was about to change the industry, Samuel Adams had two key qualities in its favor: a full-flavored quality beer, and an incredible passion.
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Today, the company has a team of about 750 people with breweries in Boston, Cincinnati, and Pennsylvania. The family of beers has expanded to include over 30 different beer styles that are ever-changing, and the company paved the way for an army of craft brewers across the nation. Samuel Adams beers are now available in all 50 states and more than 20 foreign countries."
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Não há um único caminho... portanto, o mercado há-de ficar maduro para que, também por cá, apareçam artesãos da cerveja.
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"In the beginning, when local distributors declined to carry Sam Adams, I became my own distributor and carried chilled bottles of Boston Lager to bartenders around Boston. The beer was unlike any other they’d tasted. They admired the fact that I brewed small batches and kept an obsessive eye on quality and flavor, rather than trying to compete with the larger brewers mass-producing mainstream beers."
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Eu prefiro esta onda, a onda do artesão, do especialista que aposta na concorrência imperfeita e despreza a guerra da eficiência, a postura do David que ignora os Golias. Como diz Seth Godin we are all weird e isso é muito bom para as PMEs, isso é bom para a arte, isso é bom para a diversidade.
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Trechos retirados de "How Sam Adams Founder Jim Koch Is Helping Entrepreneurs Brew The American Dream"


quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Não generalizarás!!!

Realmente é verdade, nós não vemos a realidade, nós vemos o que a nossa mente aprendeu, o que a experiência nos permite ver.
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Qual é o negócio da Sociedade Central de Cervejas (SCC)?
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Produzir e comercializar cerveja.
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Cerveja artesanal ou cerveja em escala?
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Cerveja em grande escala.
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Então, quais são as linhas de orientação da SCC?
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Fácil!!!
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Escala, pouca variedade, eficiência, redução de custos, redução de desperdícios, ...
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Com efeito, no JdN de hoje encontro:
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"O ainda líder executivo da SCC assegura que a empresa está a envidar esforços de racionalização. "Continuamos a trabalhar muito na melhoria de processos e isso leva-nos a que consigamos produzir a custos inferiores", explicou Alberto da Ponte.
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O presidente da SCC não consegue, para já, dar garantias de que a racionalização não implicará ajustamentos no quadro de pessoal. Recorde-se que a concorrente Unicer decidiu no final do ano passado preparar o encerramento da sua fábrica em Santarém. "Temos de estar preparados para tudo. Nós já só temos uma fábrica de cervejas, que está a trabalhar a plena capacidade. (Moi ici: Se o negócio é escala há que produzir no limite da capacidade para diluir os custos fixos) O meu desejo é sempre nunca fazê-lo [cortar pessoal], mas só o futuro o dirá. E o futuro está cada vez mais incerto", declarou Alberto da Ponte."
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Surpreende-me é que  o líder executivo da SCC queira replicar o mosaico de orientações que são válidos para o negócio da escala, para o conjunto da economia portuguesa... como se as PMEs só possam competir pela escala e pelo custo!!!!
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Na conferência, o gestor enfatizou a importância de a economia portuguesa ganhar escala. "A produtividade de um país como Portugal não pode ser conseguida se não tivermos escala", afirmou. (Moi ici: Um rotundo não. Basta atentar no exemplo do calçado, do mobiliário, do têxtil, da cerâmica, do vinho, ... empresas mais pequenas, com menos trabalhadores, a produzir cada vez menos em volume e a ganhar cada vez mais dinheiro) "As empresas portuguesas devem ter a capacidade de se associarem mais", referiu ainda o líder da SCC."
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O que o líder executivo da SCC diz só faz sentido para as empresas que competem pelo preço, as que têm que ter custos cada vez mais controlados. Não tente generalizar para todos os sectores.
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E à medida que as empresas como a SCC e a UNICER se esmeram e especializam no custo e na escala, abrem a porta para o que já está a acontecer em muitos países... a explosão de pequenas unidades "artesanais" que produzem cervejas diferentes.
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sexta-feira, setembro 16, 2011

A cauda longa e o planeta Mongo (parte II)

"Why you should switch to craft beer"
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"Most of the beers in the local grocery store come from one or two companies, mass-produced with the cheapest ingredients possible to make mass quantities of brews that scarcely resemble the beer of older ages. If you are looking for a new beer experience, craft beer may be what you have been searching for."
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Recordar este postal de Novembro de 2007 "A cauda longa e o planeta Mongo" e este "Agora vou especular"

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Não é preciso ser mágico, basta somar um mais um igual a...

O Diário Económico da passada sexta-feira inclui o artigo "Unicer lança mini-fábrica para descobrir sabores" assinado por António Freitas de Sousa.

No artigo refere-se o óbvio:

"Os nichos de mercado para novos sabores são uma forma de rodear a maturidade do mercado.

O sector das bebidas está de tal forma exposto à multiplicação dos produtos para variantes cada vez mais próximas dos limites do imaginável, que já ninguém se recorda do tempo em que a água era só água e os sumos eram só laranjada."

Assim, a UNICER pretende construir uma mini-fábrica de cervejas especiais, para investigar novas cervejas e realizar a sua produção numa série limitada. "Essa produção será depois colocada à venda na "sua" rede de restaurantes que funcionará como um banco de ensaios."

As experiências bem sucedidas poderão chegar à produção massificada.

Ou seja, se recordarmos este postal "Agora vou especular", podemos dizer que estava escrito nas estrelas...

O que me faz alguma espécie, e que gostava de conhecer, é a metodologia que vai ser seguida para gerir a introdução das experiências bem sucedidas na produção massificada.

Como é que a Produção, que é avaliada com base em critérios de eficiência: tempos de paragem, tempos de mudança e lavagem, e custos unitários rastreados ao cêntimo, vai descalçar a bota?

E o que será uma experiência bem sucedida?

Ao fechar a fábrica de Loulé, a fasquia do que será uma experiência bem sucedida teve de aumentar, para compensar e justificar as paragens e mudanças associadas na fábrica de Leça do Balio.

Como escreveram Clayton Christensen e Michael Raynor no livro "The Innovator's Solution - Creating and Sustaining Successful Growth":

"An organization's capabilities become its disabilities when disruption is afoot" e "Processes are defined or evolve de facto to address specific tasks. When managers use a process to execute the tasks for which it was designed, it is likely to perform efficiently.

But when the same, seemingly efficient process is employed to tackle a very different task, it often seems bureaucratic and innefficient. In other words, a process that defines a capability in executing a certain task concurrently defines disabilities in executing other tasks."

Ou, baseando-nos no artigo de Terry Hill, Rafael Menda e David Dilts "Using Product Profiling to Illustrate Manufacturing-Marketing Misalignment", publicado em INTERFACES 28: 4 Julho-Agosto de 1998 sobre o qual falamos aqui:


Não se pode ser bom a obrigar a misturar, numa mesma fábrica, numa mesma linha, grandes séries e pequenas séries, não joga certo.

Ainda voltando ao "Innovator's Solution":

"An opportunity that excites a small organization simply isn't large enough to be interesting to a very large one. One of the bittersweet rewards of success is, in fact, that as companies become large, they literally lose the capability to enter small emerging markets. Their size and success put extraordinary resources at their disposal. Yet they cannot deploy those resources against the small disruptive markets of today that will be the large markets of tomorrow, because their values will not permit it."

Os autores são peremptórios "Organizations cannot disrupt themselves." Por isso "Companies can create new prioritization criteria, or values, only by setting up new business units with new cost structures." Porque "The reason an organization cannot disrupt itself is that successful organizations can only naturally prioritize innovations that promise improved profit margins relative to their current cost structure."


Aquela frase "only by setting up new business units" faz-me voltar a recordar a fábrica de Loulé... como unidade autónoma... até porque a obrigava a ser muito mais impaciente com os lucros e paciente com o crescimento do volume. Assim, ...


terça-feira, novembro 20, 2007

Agora vou especular

Os gestores profissionais só vêem rácios financeiros e oportunidades para reduzir custos. Quantos têm um caso de amor com os produtos das fábricas que gerem?
Quando se tem amor reconhece-se o valor. Quando se reconhece o valor, conhecem-se outras alavancas, além dos custos.

Nos Estados Unidos em 10 anos, o número de cervejas diferentes produzidas pela Budweiser quase duplicou. Em Portugal está a acontecer o mesmo. Um, dois, três tipos de cervejas diferentes vendem muito, podem ter fábricas dedicadas à sua produção. É o reino da normalização e das grandes séries.Depois, existe um número elevado de de tipos de cerveja que vendem pouca quantidade... tentar produzi-las na mesma fábrica que as outras... vai dar barraca.
Isto de aumentar a taxa de ocupação das máquinas não é necessariamente positivo se implicar mudanças constantes. Como compatibilizar grandes séries e pequenas séries na mesma linha? Como lidar com essa esquizofrenia?

Assim, se tivesse dinheiro tinha adquirido a fábrica de Loulé à UNICER, com os trabalhadores incluídos, e entrava no mercado da produção de pequenas séries de cerveja, por conta das grandes marcas, estilo 'façonnage', como dizem na indústria farmacêutica. Transformava a fábrica numa 'boutique' de pequenas séries, de autênticas 'delicatessen'... delicadezas que as grandes linhas não podem fornecer.