A propósito de "
The sharing economy has created 17 billion dollar companies (and 10 unicorns)" uma reflexão-previsão.
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Uma espécie X chega a um novo continente cheio de recursos, desabitado ou habitado muito escassamente por espécies muito menos preparadas para a concorrência, essa nova espécie X ocupa rapidamente o espaço e expulsa os fracos concorrentes que encontra e tem oportunidade de crescer e desenvolver-se.
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Hoje em dia, quando a tecnologia permite criar uma nova forma de ajudar os clientes a realizarem um trabalho em falta na sua vida, é muito fácil ter sucesso, a nova abordagem facilita de tal forma a vida aos clientes que estes acorrem em números sucessivos a essa nova possibilidade. A conjugação da oportunidade com o acesso rápido a capital permite criar uma vantagem de ser o primeiro, que alimenta um crescimento, muitas vezes, espectacular.
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Este rápido crescimento permite ganhar músculo para enfrentar o principal adversário, os incumbentes de formas clássicas de ajudar os clientes a realizarem o tal trabalho na sua vida.
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Tudo isto tem algo de universidades privadas em Portugal nos anos 80 do século passado. Nessa altura, a procura era tão grande que a uma nova universidade, para ganhar clientes, bastava aparecer e dizer estou aqui. Depois, a oferta pública cresceu, a oferta privada cresceu e a procura começou a baixar ... e muitas universidades privadas não se prepararam para esse novo cenário, onde teriam de ter uma estratégia de diferenciação face à oferta pública "low-price".
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Estas plataformas criaram um continente novo, facilitaram tanto a vida aos seus clientes que estes acorreram em massa, o acesso a capital permitiu acompanhar o crescimento do mercado nesta fase inicial da oferta (anos 80 do século passado das universidades privadas) em que os clientes ainda procuram a novidade, ainda estão deliciados com a novidade. Com o desenrolar do tempo, uma vez vencido o papão dos incumbentes das alternativas clássicas conluiados com os poderes estabelecidos, começará a nascer junto da procura e da oferta a necessidade, o interesse na diferenciação e assistiremos a uma explosão de novas formas de prestação do serviço através de plataformas alternativas, mais pequenas, mais segmentadas, mais tribais.