quinta-feira, outubro 17, 2013

Descer na escala de valor

Ontem, via @onlmkt, tive conhecimento de "Panrico se lanza a hacer marca blanca: negociará con El Corte Inglés, Dia y Eroski" que rematou com o comentário:
"Estes querem descer na escala de valor, certo ou errado, só futuro dirá"
A minha resposta foi algo como:
"podem ter futuro assim, como a Font Salem Portugal, têm é de mudar de modelo de negócio e de paradigma"
Por exemplo, se se concentrarem nas marcas brancas, poderão liquidar com a maior parte dos custos de logística.
"Para poder hacerlo, habrá que reducir también significativamente las rutas de reparto. Actualmente hay 1.900 y la meta es eliminar unas 600. El producto seguirá llegando a gran parte de las tiendas a las que se abastece ahora, pero con menor frecuencia que antes. Aunque se seguirán fabricando productos de una caducidad corta, como Donuts o Bollycao, la empresa apostará también por otros de una vida más larga.
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Hay que tener en cuenta que Panrico es la empresa alimentaria con la red logística más amplia de todo el país, muy por encima por ejemplo de Leche Pascual, que cuenta también con una distribución muy potente. La compañía, con cerca de 2.000 repartidores autónomos, tiene ahora mismo 70 centros de distribución y logística repartidos por todo el país."
Passarão a ter uma outra personalidade... o que não me cansa de surpreender é a armadilha da inércia... como é que nos tempos que correm uma empresa industrial teve de esperar que fossem as circunstâncias a impor o que parece claro, a necessidade de reduzir o peso dos custos da logística.

Um outro olhar sobre os números das exportações

Olhando para os dados das exportações de bens do Boletim da Economia Portuguesa, publicado em Setembro último e com dados até Julho, podemos afirmar o seguinte:
Uma afirmação corrente é dizer que a maioria deste crescimento homólogo das exportações se deve aos combustíveis:
Ou seja,
69% do crescimento das exportações deve-se às exportações de combustíveis.
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Números são números!
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Contudo há algo que não bate certo...
Como é que sem combustíveis as exportações só crescem 1,2% quando, no mesmo período, as exportações de:
  • agro-alimentares cresceram 8,0%
  • químicos cresceram 5,5%
  • madeira, cortiça e papel cresceram 3,0%
  • peles, couros e têxteis cresceram 5,2%
  • produtos acabados diversos cresceram 5,8%
Então, reparo no desempenho das exportações de "material de transporte"!
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E se descontarmos o efeito das exportações de "material de transporte", qual é a percentagem de crescimento dos outros sectores nas exportações?
Em que:

  • A - Energéticos (combustíveis)
  • B - Material de transporte
Só assim se explicam, por exemplo, os bons números das exportações via portos como o de Aveiro.
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Já fico mais satisfeito com esta interpretação dos números.
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Mas já agora, lembram-se dos títulos do blogue da Ana Sá Lopes e do blogue do Nicolaço?

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Façamos então mais uma análise, e se descontarmos o efeito das exportações de "Minérios e metais"?


  • C - Minérios e Metais

Assim, sorrateiramente, sem que os radares genéricos o captem, o perfil das exportações vai-se alterando.

Uma boa notícia para o próximo ano é esta "Venda de carros novos na Europa regista maior ganho em dois anos", apesar de, em minha opinião, o automóvel já ter atingido o seu pico na Europa, a demografia, a consciência ecológica das novas gerações e o sucesso dos novos modelos de negócio baseados na partilha e aluguer vão impor-se cada vez mais. Se esta tendência de curto-prazo pegar, a da notícia do JdN, vai ajudar bastante as exportações nacionais do próximo ano.
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E apesar das exportações de "Material de transporte" estarem "mancas", "Portugal entre os países da UE onde as exportações mais aumentaram"

Obliquity

Acabei de ler "Obliquity" de John Kay, gostei muito.



"Adaptation is smarter than you"

quarta-feira, outubro 16, 2013

Curiosidade do dia

"Exportações ajudam Porto de Aveiro a bater recorde"
"O grande contributo para este crescimento foi obtido nas exportações que num total de 1.525.656,8 toneladas, constituíram 51,64% do total movimentado e estabeleceram um crescimento de 33,61% (mais 383.824,30 toneladas) em relação aos 3 primeiros trimestres de 2012 e 37,92% (mais 419.500,20 toneladas) em relação ao mesmo período de 2011."

Um pormenor que muito me agrada

Nesta entrevista "Fruta portuguesa cada vez apreciada no estrangeiro" um pormenor que me agrada sobremaneira é a razão que o presidente da Portugal Fresh dá ao ex-ministro da agricultura Jaime Silva. Apostar nas culturas em que podemos fazer a diferença e deixar de andar entretido a cultivar aquilo em que não somos competitivos.
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Entretanto, João "subsídio" Machado passeia-se e goza os louros de um sucesso que sempre combateu.

Mongo e a educação

Nós que fomos programados neste sistema:
"the dominant model of public education is still fundamentally rooted in the industrial revolution that spawned it, when workplaces valued punctuality, regularity, attention, and silence above all else. (In 1899, William T. Harris, the US commissioner of education, celebrated the fact that US schools had developed the “appearance of a machine,” one that teaches the student “to behave in an orderly manner, to stay in his own place, and not get in the way of others.”) We don’t openly profess those values nowadays, but our educational system—which routinely tests kids on their ability to recall information and demonstrate mastery of a narrow set of skills—doubles down on the view that students are material to be processed, programmed, and quality-tested. School administrators prepare curriculum standards and “pacing guides” that tell teachers what to teach each day. Legions of managers supervise everything that happens in the classroom; in 2010 only 50 percent of public school staff members in the US were teachers."
Temos em dificuldade em o reconhecer.
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Este excelente artigo "How a Radical New Teaching Method Could Unleash a Generation of Geniuses" dá conta de um exemplo do poder de Mongo na educação...
“We are like that burro,” he said. “Everything that is thrown at us is an opportunity to rise out of the well we are in.”
Uma das primeiras consequências da reinvenção da educação passará...
"The system as a whole educates millions and is slow to recognize or adopt successful innovation. It’s a system that was constructed almost two centuries ago to meet the needs of the industrial age. Now that our society and economy have evolved beyond that era, our schools must also be reinvented." 
... por deixar de ver a sua terra como uma parvónia sem futuro. O único local com futuro para um produto do sistema de educação actual é... a grande cidade do litoral.
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BTW, estes professores, gente disposta a questionar a tradição, a fugir da máquina de processar estudantes são uns heróis... e a sala de aula, como a sala da consulta médica, são sagradas, o professor é senhor de fazer o que muito bem entender lá dentro.

O ecossistema da procura

Mais uma achega ao tema do ecossistema da procura nesta apresentação "How to "Prototype" a Business Ecosystem" da autoria de @Jan_Schmiedgen:


Esta imagem lista diferentes tipos de agentes que podem fazer parte de um ecossistema da procura:
E os fluxos considerados:

Batota e velhice

"When I first started, we had no training programs--none of that. We had to put in world-class sales and service training programs. The thing is, I don’t want to be sold to when I walk into a store. I want to be welcomed. The job is to be a brilliant brand ambassador. Everybody is welcome. Don’t be judgmental whatsoever. Look them in the eyes. Welcome them. ‘How are you?’ Don’t sell! NO! Because that is a turnoff. So how do you hire all these amazing people and put them in a world-class retail setting and then say, ‘But you’re not allowed to sell’?!"
A boa velha batota dos consultores de compra.
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BTW, lembram-se dos velhos novos? Que dizer dos seus professores e disto:
""Great design...you won't have a business today without great design," said Ahrendts, sounding ever more like an Apple veteran. "[Design and business] are so inexplicably linked--at all levels.""


Trechos retirados de "APPLE'S NEW CONSUMER EXPERIENCE CHIEF, ANGELA AHRENDTS, ON THE FUTURE OF RETAIL"

terça-feira, outubro 15, 2013

Curiosidade do dia

"Movimento nos portos teve crescimento homólogo de 14,1% no segundo trimestre"
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"Portugal é dos países da OCDE onde o emprego mais cresceu"
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"APED vê sinais de retoma nos dados do consumo não alimentar do trimestre"

É isto que aprecio na Apple, a batota

"Apple “rouba” CEO da Burberry"
"A ainda CEO da marca de roupa britânica encetou esforços para que a marca de roupa conseguisse ter clientes mais exclusivos, melhorando o seu estilo de roupa."
Produzir é fácil, difícil é vender.

ISO 22301

Nem de propósito, agora que o espectro da saída do euro é cada vez mais real, ontem comecei a estudar, a pedido de um cliente, a norma "ISO 22301 - Societal security -- Business continuity management systems -- Requirements"

"The essence of great strategy is making choices"

"The essence of great strategy is making choices - clear, tough choices, like what businesses to be in and which not to be in, where to play in the businesses you choose, how you will win where you play, what capabilities and competencies you will turn into core strengths, and how your internal systems will turn those choices and capabilities into consistently excellent performance in the marketplace. And it all starts with an aspiration to win and a definition of what winning looks like.
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Unless winning is the ultimate aspiration, a firm is unlikely to invest the right resources in sufficient amounts to create sustainable advantage. But aspirations alone are not enough.
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Too many top managers believe their strategy job is largely done when they share their aspiration with employees. Unfortunately, nothing happens after that. Without explicit where-to-play and how-to-win choices connected to the aspiration, a vision is frustrating and ultimately unfulfilling for employees. The company needs where and how choices in order to act. Without them, it can’t win."

Trechos retirados de "Playing to win"

Service Delivery Network

A propósito da determinação do ecossistema da procura, a propósito da determinação dos pivôs que fazem mover o ecossistema da procura, este artigo "The Service Delivery Network (SDN): A Customer-Centric Perspective of the Customer Journey" de Stephen S. Tax, David McCutcheon, e Ian F. Wilkinson, publicado pelo Journal of Service Research em 2013 (16(4) 454-470):
"the view of the service encounter has expanded to encompass a perspective of providers engaged in delivering a ‘‘customer journey’’. This perspective views service encounters as interactions embedded in a series of exchanges that may extend over a considerable period of time and with a variety of providers contributing to the experience. In such circumstances, the customer’s interactions with other providers are likely to have significant impacts on the service encounters with any particular firm that contributes to the overall service.
...
A service provider may play a leading or a subordinate role in organizing the customer’s activities or in directing the delivery of service components by others. Alternatively, the customer may act as a ‘‘resource integrator,’’ assembling and coordinating interrelated services to achieve a given objective.
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Viewing the service encounter from the perspective of the network seen by the customer is consistent with the approach of Anderson, Hakansson, and Johanson (1994) who demonstrated
that business networks are formed through dyadic buyer-seller relations being interconnected to other buyer-seller relations.
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As a means to shape the discussion, we introduce the customer-designated service delivery network (SDN) defined as two or more organizations that, in the eyes of the customer, are responsible for the provision of a connected, overall service.
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A central reason cited for the importance of adopting a network perspective is that customers increasingly encounter multiple providers in pursuit of achieving their service goals.
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A network consists of a set of actors or nodes along with a set of ties that connect them.
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In network terms, we adopt a focal net or ego network approach where we examine the situation from the perspective of a single actor—the customer. The customer acts as the ‘‘hub’’ or focal node and the network includes as nodes the set of actors (service providers) who directly touch the customer in his particular service journey, with the customer’s encounters represented by ties between the customer and the providers."
BTW, recordar o que escrevi aqui:
"Já imagino um auditor, sem experiência de pensamento estratégico, horrorizado com a opção por secundarizar o papel do cliente directo num modelo de modelo de negócio."
E comparar com:
"Established service quality models hold that the firm plays a central role in setting expectations against which perceptions of service will be compared. While it is acknowledged that other forces, such as experience with competitors and word of mouth, contribute to expectations, these models do not account for network partners being a primary source of the promises that customers expect to be fulfilled (such as a hotel having to meet promises made by an online travel booking site)."

segunda-feira, outubro 14, 2013

Curiosidade do dia

"Brevemente, num país próximo de si."

"Depois logo se vê"

O track-record de previsões acertadas neste blogue é superior à média, portanto, considerem-se avisados.

A fazer pela vida, apesar do país da espiral recessiva

"Produção industrial em Portugal regista maior subida da União Europeia"
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"Sector têxtil aposta no crescimento das exportações"
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BTW, a ironia:
"sector têxtil deve manter a tendência de crescimento das suas exportações. No final do ano, a expectativa do presidente da Associação Têxtil e Vestuário aponta para um crescimento de 2%.
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João Costa sustenta a previsão nos dados dos primeiros oitos meses do ano e que o aumento se deve basear nas exportações para a China, uma vez que, no mercado interno, as vendas têm caído cerca de 50%."
Os maiores inimigos da globalização e da livre circulação de bens na Europa, os dirigentes da ATP, combatentes de chineses e paquistaneses, acabam assim a gloriar-se das exportações para a China... tanto tento perdido...

ISO/CD 9001 (2015) (parte V)

Parte I, parte II, parte III e parte IV.
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Uma outra nova cláusula é a "8.6.5 Post delivery activities"
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Quando aplicável, uma empresa deve determinar e cumprir requisitos associados às actividades posteriores à entrega associadas à natureza e tempo de vida esperado para os bens e serviços.
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A extensão das actividades posteriores à entrega deve ter em consideração:

  • os riscos associados aos bens e serviços;
  • o retorno da informação do cliente; e
  • requisitos regulamentares e estatutários.
Depois, segue-se uma nota que é, sem tirar nem pôr, a mesma nota presente no final da cláusula "7.2.1 Determinação dos requisitos relacionados com o produto" da ISO 9001:2008.


A cláusula pode ser nova mas o conteúdo não é novo, já estava tudo incluído na referida cláusula da ISO 9001:2008.

Ainda acerca do PIB

Recordando o princípio enunciado neste postal "Acerca do PIB".
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"Risk comes first because we can't survive.
Fragility is more important than growth.!"
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"Taleb’s fragile world, Part Two"

"Fragility, he insists, trumps growth. If a plane has an elevated chance of crashing, even if that chance is very small, we would give that priority over its speed or its price. So, governments should have a risk manager’s mindset, and not try to prod the economy into growing. Without a risk-averse mindset, risks will grow."
E ainda:
"Stripped of the rhetorical flourishes, this is what the Taleb argument comes to. The western economy is over-centralised, and that creates extra risk. It is hard to disagree – and that should worry everyone."
Ver esta figura sobre o progresso do socialismo:
e


Trechos retirado de "Western economy is overcentralised, creating extra risk"

Para que existe o serviço?

Esta notícia "Posto de Turismo em Fátima encerrado em altura de Peregrinação", parece-me um bom exemplo da falta de concentração na finalidade do serviço. Ao ouvir o presidente da câmara de Ourém, interrogo-me:
- Não seria possível pôr em primeiro lugar os picos de afluência e dar folgas nos dias de baixa afluência da mesma semana, ou semanas seguintes?
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Recordo logo "Switch - acerca da mudança (parte VII)", quando se quer, arranja-se sempre uma alternativa, estabelecem-se prioridades, tomam-se decisões.
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Infelizmente, poucas vezes se tem em conta a finalidade dos serviços:

É este racional que também está por detrás de "Autarca de Leiria desafia empresários a criarem mais emprego"... como se o emprego fosse o objectivo em si.