A propósito deste texto "
Para não acabar de vez com os jornais (e a democracia)", vejamos como um consultor anónimo da província abordaria o desafio:
- vendas em baixa;
- leitores em baixa;
- custos demasiado elevados.
Lançaria questões:
- Fará sentido um produto em papel? Ver "Montreal-based La Presse ends 131 years of daily printed news"
- Qual será o ecossistema da procura? Quem serão os clientes-alvo desse produto? Quem estará disposto a pagar por informação? Que valor terá o acesso a cada tipo de leitor que paga por informação, para outros agentes? Qual a viabilidade de um produto gratuito pago pelo acesso aos leitores? Pago vs grátis implica diferenças de conteúdo, diferenças de leitores-alvo, diferenças de valor por leitor, diferentes vias de monetização.
- Haverá lugar para publicações salami slicers?
A maior preocupação que o texto citado no início me deixa é:
"Isto não deve ser confundido com a fantasia dos “cidadãos-jornalistas”. Há cidadãos e há jornalistas, os jornalistas serão cidadãos, mas o contrário não é verdadeiro. Os cidadãos só são jornalistas se o forem. Os leitores não devem substituir os jornalistas, que para o bem de todos, e como acontece com bombeiros ou médicos, devem ser preparados para o que fazem e honrar um código de conduta."
E voltando à citação dos salami slicers:
"Get brutally self-aware of your business. To do that, seek feedback from current, previous and potential members and analyse usage, financial, competitive and business data to understand the strengths, weaknesses and opportunities for your business."
Conheço tanta gente que deixou de comprar o Público não por causa do dinheiro mas por causa do conteúdo. E não encontro no texto uma referência a uma única auto-crítica relativamente a esse ponto. Um pouco de locus de controlo no interior mudaria a perspectiva, a salvação não tem de vir de fora, a salvação tem de começar por dentro.