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segunda-feira, setembro 26, 2011

Não, a culpa não era de Sócrates!

Apesar do falhanço em toda a linha da abordagem:
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"Espanha! Espanha! Espanha!"
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Em vez de perceber o sistema que está por detrás dos resultados, fulaniza-se e conclui-se que falhou porque causa de Sócrates.
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Falta a esta gente um banho de humildade, humildade à Kepler, como aprendi com o mestre Carl Sagan. Continuam a acreditar no Grande Planeador, no Grande Geometra. Reparem na linguagem:
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"Primeiro-ministro deve dirigir processo de internacionalização da economia"
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Quando um trabalhador de uma empresa me fala sobre o seu futuro profissional digo sempre:
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O seu futuro é demasiado importante para ser colocado nas mãos do seu chefe, ou patrão. É que, por mais que ele genuinamente o valorize... a empresa pode ter de fechar. Por isso, não confie a sua formação a mais ninguém.
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Se digo isto a um trabalhador, acham que faz sentido um empresário que tem uma empresa pelo qual tem de responder, onde tem a sua vida (lembram-se da bosta), confiar o futuro da sua empresa a um temporário que findo o mandato, ou vai para o Pacífico beber piñacoladas ou para a Sorbonne aprender Filosofia?
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Depois, ainda há esta "Relatório propõe unificação da rede portuguesa no estrangeiro sob comando dos embaixadores", se não fosse trágico era cómico!
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Imaginem que o embaixador português-tipo tem o mesmo grau de conhecimentos económicos que os do embaixador luxemburguês em Lisboa que defendia que os portugueses eram mais produtivos no Luxemburgo por causa da saudade.
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Ainda bem que os empresários das PMEs são suficientemente cínicos para não levar os governos a sério.
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Nunca esquecer, a melhor coisa a fazer em Portugal, para se ir longe, é fazer o by-pass ao Estado ou ao país.
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A não ser, como me recorda sempre o José Silva, talvez seja um truque para apoiar as construtoras, bancos e afins.
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BTW, o tema do encontro deste clube, bottom-up, foi... a internacionalização e não precisaram de nenhum tótó para contarem histórias sobre como tinha ganho clientes malteses aos italianos, como tinham entrado na Líbia, como se divulgavam no Médio Oriente, como se trabalhava em Moçambique, como se vendia para o Canadá, ...
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Nunca mais aprendem, os engravatados aperaltados dos corredores e carpetes de Lisboa querem brincar à internacionalização... top-down, top-down.

terça-feira, agosto 23, 2011

Exemplo paradigmático

Este é o mesmo Estado que quer ajudar os empresários a exportar, que quer gerir o nosso futuro, que julga que sabe melhor do que nós o que é bom para nós mesmos.
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"Empresas acumulam prejuízos por ruptura de selos fiscais"
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Nem a produção de umas reles estampilhas consegue planear...
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Tolos os que acreditam no Estado Grande Geometra... ou em qualquer outro Grande Planeador deviam ter vergonha!

terça-feira, agosto 02, 2011

Muito poder nas mãos de uma única vontade é sempre perigoso, sobretudo quando atrelada a boas intenções

Para quem acredita no Grande Planeador, no Grande Geometra, na capacidade de um qualquer Marquês de Pombal:
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"Japan’s tsunami supply chain comeback"
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Por isso, gostei da cena final do último Harry Potter quando este destrói a Vara de Sabugueiro ... muito poder nas mãos de uma única pessoa é sempre perigoso, sobretudo quando essa pessoa tem boas intenções.
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Sim, já muitas aldeias foram destruídas para serem salvas...

quinta-feira, junho 30, 2011

O Grande Planeador

Há uma corrente de pessoas que acredita que o Estado todo-Poderoso é o Grande Planeador, o Grande Geometra.
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Essas pessoas defendem que o Estado é que deve indicar em que sectores é que as empresas devem investir.
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Essas pessoas defendem que o Estado é que deve indicar em que sectores é que as empresas devem apostar para terem futuro.
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O mesmo Estado que não é capaz de prever o número de alunos que uma escola vai ter daí a 2/3 anos...
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"Escola inaugurada em 2009 vai fechar "por falta de alunos"":
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"A escola do 1º ciclo de Minhotães, em Barcelos, inaugurada em Setembro de 2009, após um investimento de um milhão de euros, vai fechar no próximo ano lectivo "por falta de alunos", segundo fonte municipal."

segunda-feira, junho 13, 2011

Uma lição de humildade à la Kepler fazia-lhes falta

Ouvir a definição de mercantilismo neste filme, entre o minuto 1 e 1:40... o que nos diferencia?
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Basta recordar a exortação do Presidente para voltarmos para a agricultura... escreve João Miranda num postal a não perder:
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"Num momento em que Portugal atravessa uma situação particularmente difícil, estabeleceu-se entre os responsáveis políticos um estranho consenso: temos que apostar na agricultura. São os mesmos que disseram que tinhamos que apostar nas auto-estradas, na Expo 98, na construção de estádios, na tecnologia, na educação e no TGV, mas nunca cuidaram de garantir que as apostas seriam sustentáveis. É mais uma de uma longa lista de “apostas”, “prioridades nacionais” e “opções estratégicas”. Desta vez mandam-nos cavar para o campo."

quinta-feira, outubro 21, 2010

Os Grande Planeadores...

Hoje, quem estiver a ouvir os media em Portugal, vai ser bombardeado com discursos grandiloquentes sobre Portugal e o Mar.
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A propósito duma conferência organizada pela situação: "Presidente da República, comissária europeia para os Assuntos Marítimos e de Pesca, presidente do Grupo Impresa, presidente da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira, e duas dezenas de especialistas nacionais e internacionais participam na conferência "Portugal e o Mar, a nossa aposta no século XXI", que o Expresso e a CGD organizam no dia 21 de Outubro." vão tentar convencer-nos que os empresários portugueses são estúpidos e que eles são os Grandes Planeadores que sabem onde é que o nosso dinheiro, dos contribuintes, e o dos empresários deve ser aplicado... se calhar em convenientes PPPs.
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"A primeira sessão de trabalhos desta conferência é subordinada ao tema "Pode o mar ser a nossa Nokia?", no qual participam Tiago Pitta e Cunha, especialista em assuntos marítimos, actual consultor do Presidente da República e ex-assessor do presidente da Comissão Europeia (Moi ici: Tiago Pitta e Cunha é um velho conhecido meu, basta recordar "Programas versus Objectivos e metas"), João Confraria, professor da Universidade Católica, e Niko Wijnolst, presidente do Dutch Maritime Network e do European Network of Maritime Clusters."
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Foi esta mentalidade dos instalados da situação, os Grandes Planeadores do regime, que nos trouxe até aqui...

quinta-feira, julho 29, 2010

Outro crente...

Isto nunca vai passar da cepa torta... estamos cercados por socialistas crentes no Grande Planeador, no Grande Geometra que tudo sabe, que tudo vê, que sabe melhor do que nós o que é que é bom para nós.
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O já histórico "Espanha! Espanha! Espanha!" de 2005 não serve de lição?
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Não atrapalhem, deixem viver e sobretudo deixem morrer, não inventem!
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Mas Portugal exporta alguma coisa?
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E existe uma estratégia, ou existem várias? E sabem qual a mais adequada a cada empresa em particular.
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Será que esta gente realiza que as diferenças entre empresas do mesmo sector, em termos de desempenho, são superiores às diferenças entre empresas de diferentes sectores? (aqui)
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Estudem os resultados e as conclusões dos jogos evolutivos, please!

terça-feira, julho 13, 2010

Era importante e interessante...

... que alguém prestasse contas sobre as consequências, os resultados, sobre o retorno destes powerpoints "Plano Tecnológico".
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Carl Sagan ensinou-me muitas coisas, uma delas foi aprender a admirar a humildade intelectual de Kepler... quando percebeu que as medições recolhidas por Huygens não suportavam o seu modelo conceptual sobre os sólidos perfeitos para explicar o movimento dos astros.

sábado, abril 10, 2010

De onde sairá a autoridade?

A propósito da crença no Grande Desígnio Nacional, na virtude do Grande Planeador e do Grande Geómetra, a propósito das crenças ingénuas(?) no centralismo socialista que tudo sabe e prevê, alguns recortes do artigo "Controversy: the essence of strategy" de Aneel Karnani publicado na Business Strategy Review Winter 2008:
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"strategy is always controversial; in fact, the very essence of strategy is controversial choices and trade-offs. In order for one firm to outperform its competitors and gain a competitive advantage, it must act differently: make choices and choose alternatives that are distinct from its competitors. Strategic decisions also imply making trade-offs; otherwise every company would choose the same alternatives and there would be no difference among companies.
Moreover, equally smart managers could have very disparate views on the best strategy for a company," (Moi ici: De onde sairá a autoridade para a escolha da decisão a tomar, sabendo que não há certezas? Do voto? Da idade? Da experiência? Que garantias de sucesso dão?)
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"Strategy consists of a set of integrated choices: the domain in which the firm will compete, the
sources of its competitive advantage, the value proposition it offers its customers, and the
organizational design required to execute its strategy. All of these choices are complicated and
controversial; equally smart managers may have different opinions on these choices. Analyses alone do not yield the answers; managers have to make difficult judgements, often in the context of considerable uncertainty.
One source of uncertainty is that strategy deals with the long-term outlook, and there can be equally plausible forecasts of the future. (Moi ici: De onde sairá a autoridade para a escolha da decisão a tomar, sabendo que não há certezas? Do voto? Da idade? Da experiência? Que garantias de sucesso dão?)
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If you wait to make a decision only after you have attempted to collect all available information and done all necessary analyses (which is impossible to do in the first place), it will be too late.
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Strategy deals with complex issues, and it is difficult to understand the trade-offs because we do not comprehend well the causal ambiguities, the cause and effect relationships that underlie strategic decision making. (Moi ici: De onde sairá a autoridade para a escolha da decisão a tomar, sabendo que não há certezas? Do voto? Da idade? Da experiência? Que garantias de sucesso dão?)
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Strategic choices are intrinsically controversial, so, if at the start of the strategic planning process all the managers seem to agree, this can be a symptom of organizational malaise. Lack of conflict is not the same as real agreement; consensus can be a disguise for disengagement."
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Não há autoridade para estas escolhas a nível central, porque se falharem serão "to big to bail" e por isso serão tratadas e protegidas como "to big to fail" até à última. Só há uma saída para esta incerteza: a variedade de decisões e de escolhas.
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Em vez de pôr todos os ovos num cesto, há que dispersá-los por várias alternativas, com vários actores, com várias sensibilidades e depois:

"Amanhem-se!!!"

quarta-feira, abril 07, 2010

O tempo de feedback associado a um plano (parte II)

Continuado daqui.
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Agora imaginemos que o Grande Planeador desenha um plano espectacular e avança-se para a sua implementação.
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Donella H. Meadows no seu livro "Thinking in Systems - A Primer" chama a atenção para um factor que permite actuar sobre os sistemas, o tempo de feedback.
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"Delays in feedback loops are critical determinants of system behavior.
They are common causes of oscillations. If you’re trying to adjust a stock (your store inventory) to meet your goal, but you receive only delayed information about what the state of the stock is, you will overshoot and undershoot your goal. The same is true if your information is timely, but your response isn’t.

A system just can’t respond to short-term changes when it has long-term delays. That’s why a massive central-planning system, such as the Soviet Union or General Motors, necessarily functions poorly.
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A delay in a feedback process is critical relative to rates of change in the stocks that the feedback loop is trying to control. Delays that are too short cause overreaction, “chasing your tail,” oscillations amplified by the jumpiness of the response. Delays that are too long cause damped, sustained, or exploding oscillations, depending on how much too long. Overlong delays in a system with a threshold, a danger point, a range past which irreversible damage can occur, cause overshoot and collapse."
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Seria bonito...

terça-feira, abril 06, 2010

O tempo de feedback associado a um plano (plano I)

Sou um aficionado do planeamento... sou mesmo um fanático do planeamento.
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No entanto, não vejo o planeamento como um mandamento que não pode ser violado de maneira nenhuma. Um plano é uma ferramenta, é a nossa melhor tentativa para organizar os recursos necessários a concretizar um dado objectivo. A meio da concretização do plano, no entanto, podemos concluir que o melhor é reformular, é rever o plano.
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O grande risco de quem faz planos é o de se tornar prisioneiro deles.
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"Organizations create plans to prepare for the inevitable, preempt the undesirable, and control the controllable. Rational as all this may sound, planning has its shortcomings. Because planners plan in stable, predictable contexts, they are lulled into thinking that the world will unfold in the expected manner, a lapse that Henry Mintzberg calls “the fallacy of predetermination.” When people are in thrall of predetermination, there is simply no place for unexpected events that fall outside the realm of planning.
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Plans, in short, can do just the opposite of what is intended, creating mindlessness instead of mindful anticipation of the unexpected.

Strong expectations influence what people see, what they choose to take for granted, what they choose to ignore, and the length of time it takes to recognize small problems that are growing. When people impose their expectations on ambiguous stimuli, they typically fill in the gaps, read between the lines, and complete the picture as best they can. Typically, this means that they complete the picture in ways that confirm what they expected to see. Slight deviations from the normal course of events are smoothed over and quickly lose their salience. It is only after a space shuttle explodes or illicit trading is exposed or vehicle tires come apart that people see a clear and ominous pattern in the weak signals they had previously dismissed.
By design, then, plans influence perception and reduce the number of things people notice. This occurs because people encode the world largely into the categories activated by the plan. Anything that is deemed “irrelevant” to the plan gets only cursory attention. And yet it is these very irrelevancies that are the seedbed of the unexpected events that make for unreliable functioning.
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… that plans presume that consistent high quality outcomes will be produced time after time if people repeat patterns of activity that have worked in the past. The problem with this logic is that routines can’t handle novel events."
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Tendo isto em conta imaginem o que seria acreditar e aplicar o Grande Plano, a Grande Estratégia definida pelo Estado?
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Continua.
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Trecho retirado de "Managing the Unexpected" de Karl E. Weick e Kathleen M. Sutcliffe.

sábado, abril 03, 2010

Os pregadores da economia socialista

Avilez Figueiredo brinda-nos com mais uma pregação em defesa da economia socialista.
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Interrogo-me como é que ele pode acreditar nas virtudes do Estado Grande Planeador, como é que ele ainda pode acreditar no Estado Grande Geometra?
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Incentivos correctos?
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Avilez Figueiredo acredita que a situação se assemelha à da resolução de um puzzle e que existe uma solução única e correcta à espera de ser encontrada... quase tenho inveja dessa ingenuidade porque desconfio que seria muito mais confortável encarar o mundo dessa perspectiva.
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A nossa situação é a de uma wicked mess em que não há uma solução à espera de ser encontrada.
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"UM: Dinheiro. Criar um contrato social de cinco anos com os portugueses, em que o dinheiro arrecadado por uma maior taxa fiscal, e novas privatizações (portanto mais dívida), serviria para financiar um novo caminho." (Moi ici: UM caminho? UM?! Só UM!!! Nesta sociedade em que até os velhinhos já andam tatuados basta UM caminho!!!! Como é que a Natureza, a VIDA, resolveu o seu problema? Com UMA espécie única? Ou com diversidade? Não existe UM caminho! Existem caminhos e ninguém pode prever que caminhos que resultem hoje não falhem amanhã... é muito arriscado pôr todos os ovos no mesmo cesto.)
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"DOIS: Educação. Lançar..." (Moi ici: Mais educação para quê? Avilez Figueiredo tem de ler este texto: The Portuguese Brain Drain, e tem de ler o que James Galbraith escreve acerca deste tema.)
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"TRÊS: Investigação. Criar uma equipa de investigação em mercados e oportunidades de negócio, sociedade financiada pelo Estado e pelas PME." (Moi ici: Chefiados por quem? Com que critérios de decisão? Com que critérios de breakthrough? Com que critérios de eficiência? E como matematizar o rasgo e a ousadia de arriscar? Com que critérios de emprego? Se a eficácia é cada vez mais importante que a eficiência como é que vão justificar apostar em algo?)
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"O que aqui está escrito não é desejo. É acreditar que o papel do Estado consiste em lançar sobre o sistema incentivos correctos, que empurrem um país para uma direcção comum, sem com isso anular a criatividade e a autonomia." (Moi ici: IMHO o único incentivo correcto que o Estado pode dar é não complicar, é tornar mais fácil o emprendedorismo, é deixar que milhares de pequenos e grandes caminhos sejam definidos e palmilhados por pessoas concretas que arriscam o seu dinheiro e vivem os seus sonhos e não os de um qualquer burocrata bem intencionado. Como escreveu Jay Forrester, criador da dinâmica de sistemas, "people deeply involved in a system often know intuitively where to find leverage points, more often than not they push the change in the wrong direction.")
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Há uma forma de resolver o nosso problema, é a implosão, a grande simplificação, quando o verdelhão já não aguenta mais suportar o cuco... e o mundo fica mais simples, livre e, pronto para recomeçar basta ler:
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"Complex societies collapse because, when some stress comes, those societies have become too inflexible to respond. In retrospect, this can seem mystifying. Why didn’t these societies just re-tool in less complex ways? The answer Tainter gives is the simplest one: When societies fail to respond to reduced circumstances through orderly downsizing, it isn’t because they don’t want to, it’s because they can’t.
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In such systems, there is no way to make things a little bit simpler – the whole edifice becomes a huge, interlocking system not readily amenable to change. Tainter doesn’t regard the sudden decoherence of these societies as either a tragedy or a mistake—”[U]nder a situation of declining marginal returns collapse may be the most appropriate response”, to use his pitiless phrase. Furthermore, even when moderate adjustments could be made, they tend to be resisted, because any simplification discomfits elites.
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When the value of complexity turns negative, a society plagued by an inability to react remains as complex as ever, right up to the moment where it becomes suddenly and dramatically simpler, which is to say right up to the moment of collapse. Collapse is simply the last remaining method of simplification."
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Este último parágrafo é libertador!!!
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O que não tem remédio, remediado está!!!

terça-feira, março 16, 2010

Aprender com os erros dos outros

Hoje, quando o Governo assinalar "A nova estratégia nacional para a energia que o ministro da Economia, Vieira da Silva vai anunciar hoje contrasta com o clima de restrição do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC). O volume total de investimento previsto para o sector, até 2020, é de 31 mil milhões de euros, para 130 mil a 140 mil novos postos de trabalho."(aqui)
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Era interessante que algum jornalista perguntasse ao ministro uma opinião sobre a experiência espanhola:
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"El informe muestra el terrible coste laboral y económico que está provocando el modelo energético implantado en España, consistente en el desvío de enormes recursos públicos al fomento de las energías renovables. Entre 2000 y 2008, el Gobierno español ha comprometido un total de 28.671 millones de euros -descontada la inflación- en subsidios públicos al fomento de energías renovables para los megavatios instalados sólo en dicho período. Un dinero que ha sido o será "sufragado íntegramente por el bolsillo de los ciudadanos, ya sea mediante nuevas subidas en el precio de la luz o aumento de impuestos", advierte.
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Como resultado, este despilfarro de recursos ha provocado la destrucción neta de 113.000 puestos de trabajo en la economía española, según el informe. Es decir, 2,2 trabajos destruidos por cada “empleo verde” generado por este sector gracias a la subvención."
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Ou seja, usando a referência espanhola, a estratégia do Governo ao promover esta bolha nas energias renováveis irá destruir cerca de 290 a 310 mil postos de trabalho.
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Julgo que foi Confúcio que disse que a forma suprema de inteligência era aprender com os erros dos outros para os não repetir:

sábado, março 13, 2010

O Grande Geometra

Os impostos aumentam, o desemprego aumenta, o país em risco de entrar novamente em recessão. A Europa à beira de um novo afundanço económico.
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A mentalidade centralizadora de Grande Geometra que sabe o melhor para todos, melhor que os próprios, manifesta-se "Governo pede aos empresários do turismo para não descerem preços"

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Não há estratégias únicas

Neste blogue uso repetidamente os marcadores "Grande Planeador" e "Grande Geometra" para referir a mania, a crença de certas pessoas na capacidade do Estado saber qual é a estratégia única para um certo sector industrial.
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Pois bem, Michael Porter na sua contribuição para o livro "Rethinking the future" escreve:
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"There is no strategy that can be stretched beyond the boundaries of a particular business. One of the great mistakes that has been made over and over again by companies is the attempt to apply a universal strategy. This thinking leads companies into a trap.
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The first trap was that companies thought they had to have the largest market share, because this was the only way to win. The idea is wrong, because there are lots of companies with small market shares that are more profitable. What is worse, if all companies are trying to get the largest market share, a destructive battle ensues which is hard for any company to win.
Another trap was the idea that all companies should reduce their cycle times, and speed up the time to market. Again, as a universal `truth', this isn't true. In some markets, it's better to take more time to get it right, rather than introduce new products with short development cycles. In other markets it's different. But if all companies reduce their cycle times, then what results is a time race that nobody can win. In fact, everybody loses, because faster time to market eventually starts to drive up costs or reduce revenue, which dissipates profit.
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So the idea that there might be a universal strategy for the twenty-first century, that could be applicable across the board, is obviously wrong. And to think otherwise is, in my opinion, a very big mistake."

sábado, fevereiro 13, 2010

sábado, dezembro 26, 2009

Shoto mate, kudasai

Watashi wa shirimasen.
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Quando lido com uma empresa privada é muito mais fácil, é muito mais directo falar de estratégia para a organização.
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A empresa só existe se existirem clientes dispostos a trocar o seu dinheiro pelo valor associado aos bens e serviços que oferece. Por isso, uma empresa faz um jogo iterativo que procura conjugar: segmentos de clientes-alvo que podem ser servidos com vantagens competitivas; as oportunidades existentes no mercado e os pontos fortes que a empresa possui; e em simultâneo, minimizar, ou neutralizar quer os pontos fracos internos, quer as ameaças existentes no mercado. Desta caldeirada podem-se equacionar várias opções, várias escolhas, várias alternativas. Até podemos meter cada uma das dessas opções numa espécie de túnel de vento, para testar a sua robustez, desenhando cenários alternativos a partir das oportunidades, das ameaças e de uma análise PESTEL que permite identificar tendências.
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À opção escolhida chamamos estratégia.
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E para uma organização do sector público?
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Faz sentido falar em estratégia? Faz sentido falar em estratégia para uma organização pública?
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Estratégia é, afinal de contas, escolher, definir prioridades, distribuir recursos por uma opções e secar, cortar a fonte para outras opções.
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Será que existem recursos para todas as opções à disposição de uma organização pública? Se a resposta for não, então uma organização pública também tem de fazer opções, e fazer essas opções custa. Muitas dessas opções, como num espaço de Minkowsky, são contraditórias, apostar em A implica desinvestir de B... e querer ir a todas significa não ter estratégia, não ter prioridades.
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Da mensagem do primeiro-ministro ontem à noite:
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"Num momento decisivo da preparação do Orçamento do Estado para 2010, o primeiro-ministro deixou clara qual será a sua estratégia: Portugal "precisa de investimento público que crie emprego".(Moi ici: Medo!!!)
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Especificando os investimentos em que Portugal deve apostar, o chefe do Governo reafirmou a necessidade de se "investir nos domínios que são essenciais à modernização do nosso país", ou seja, "as infra-estruturas de transportes e comunicações, as escolas, os hospitais, as barragens, as energias renováveis".(Moi ici: Esta segunda-feira estive em Coimbra e, junto à ponte Rainha Santa, recordei um tempo que vivi com frequência, pois tinha familiares em Condeixa e vivia a Norte. Houve um tempo em que a estrada que ligava Porto a Lisboa, a estrada mais rápida entre estas duas cidades era através da ponte Rainha Santa, através da cidade de Coimbra, através de uma ladeira super-inclinada no centro de Oliveira de Azeméis, através das ruas de São João da Madeira que estavam sempre em obras. Nesse tempo, cada escudo investido em auto-estradas tinha um retorno apreciável. E agora, serão como um investimento num auditório, concluído este ano pela câmara de Oeiras, que se pagará em 30 anos... será que o auditório dura 30 anos?)
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Dessa forma, o primeiro-ministro mantém a doutrina em matéria de alguns dos mais polémicos investimentos, designadamente o TGV, terceira travessia sobre o Tejo e o aeroporto, considerados como muito pesados por significativos sectores da oposição política.
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Na mensagem de Natal, Sócrates garante que o País precisa "de continuar a apoiar as empresas, com particular atenção às pequenas e médias, às exportadoras, às criadoras de emprego". A prioridade ao crescimento, (Moi ici: A palavra prioridade está aqui muito mal aplicada, prioridade significa opção, significa escolher umas coisas em detrimento de outras, e isso é estratégia, isso é sempre necessário porque os recursos são escassos e não dão para tudo. Contudo, neste discurso, algo não soa bem... não há opções, há recursos para tudo e todos... como é possível ter dinheiro para o betão e para o resto?) já anunciada na Assembleia, fica assim vincada perante o País.
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Tratando-se de uma evocação de Natal, Sócrates considerou ser necessário utilizar o que designou de "palavras adequadas à quadra, mas, sobretudo, "palavras necessárias aos tempos que vivemos". (Moi ici: Pior do que uma oposição entretida com medidinhas e incapaz de dizer a verdade aos eleitores, é uma situação que age da mesma forma.)
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O primeiro-ministro frisou que "o ano de 2009 ficou marcado em Portugal como, de resto, em todos os países do mundo, pelos efeitos da maior crise económica e financeira dos últimos 80 anos. Este foi, portanto, um ano de grande exigência para todos, famílias, trabalhadores e empresas" (Moi ici: Todos? Qual foi a exigência para quem recebe o seu salário do Estado? Ficaram desempregados? O salário foi-lhes cortado? A inflação aumentou?O orçamento teve de ser cortado?). Acrescentou, contudo, que "com a intervenção do Estado, no momento certo, foi possível estabilizar o nosso sistema financeiro (Moi ici: Puppet-masters rules!!! E os governos obedecem!!!), apoiar as famílias, as empresas, estimular a economia"."
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Trecho retirado do DN.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Estratégia e encomendas da construtora aos jornalistas

Os crentes no Grande Planeador, no Grande Estado Geometra que tudo sabe, acreditam que este pode formular uma Grande Estratégia para a economia.
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O que é uma estratégia?
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Uma estratégia não passa de um conjunto de palavras ocas a menos que se traduza em acções concretas alinhadas por uma orientação que gera sinergias e ressonância, ao decorrerem de uma ideia comum e, ao fortalecerem-se mutuamente numa coerência e consistência que abrange várias "jogadas de bilhar" ao longo do tempo.
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Por exemplo, às segundas, terças e quartas pode-se proclamar a importância de apostar nas exportações; de apostar na produção de bens transaccionáveis; de apostar na subida na cadeia de valor; de apostar na formação académica dos portugueses. Depois, às quintas, sextas e sábados pode-se torrar o dinheiro emprestado pelo exterior em betão e alcatrão:

quinta-feira, outubro 29, 2009

It takes a village

"It takes a village to raise a child" é a versão inglesa de um provérbio africano que Hillary Clinton me deu a conhecer há uns anos.
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Para criar e educar uma criança não basta a família é precisa toda uma comunidade.
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Neste blogue escrevemos regularmente sobre o conceito de estratégia, para iniciar a sua operacionalização, a sua tradução em acções concretas a desenvolver por pessoas concretas numa janela temporal concreta, parto dos conceitos de clientes-alvo e de proposta de valor.
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Para simplificar a abordagem à definição de uma proposta de valor, parto de 3 extremos "puros":
  • proposta de valor assente na oferta do preço mais baixo;
  • proposta de valor assente na oferta de um serviço feito à medida; e
  • proposta de valor assente na oferta de um produto líder em inovação.
Muitas empresas, demasiadas até, apostam inconscientemente na oferta do preço mais baixo. Contudo, só uma é que pode ter o preço mais baixo. Assim, a proposta de valor do preço mais baixo não é para quem quer mas para quem pode.
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Por isto, e apesar de realçar que a proposta de valor do preço mais baixo é uma proposta honesta e legítima, normalmente procuro missionar no sentido de despertar mais e mais empresas para apostarem nas outras duas propostas de valor: serviço à medida ou inovação.
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Ontem de manhã, a caminho de Felgueiras, ouvi no rádio que estava reunida em Madrid a COTEC Europa, e ouvi um breve discurso do presidente Cavaco Silva sobre a importância de apostar na inovação.
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Quem conhece este blogue sabe o quanto o seu autor desconfia de estratégias únicas definidas pelo Estado, decididamente não confio na capacidade do Grande Planeador ou Geometra.
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É fácil dizer, apostem na inovação!
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Só que para criar empresas inovadoras e fomentar uma nova cultura empresarial é preciso mais do que palavras, é preciso também a contribuição do Estado naquilo que só a ele compete.
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I takes a village to raise uma massa crítica de empresas que apostam na inovação. É preciso toda uma arquitectura, todo um ecossistema que suporte, apoie, respalde a aposta na inovação.
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Quando Portugal era um país que não apostava na inovação, era também um país que apostava na cópia, por isso a legislação que protegia a propriedade industrial era muito básica... não fazia sentido ter legislação portuguesa que prejudicava só as empresas portuguesas.
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Entretanto, a legislação alterou-se e hoje em dia, sobretudo por causa da má fama internacional, o crime de contrafacção é muito combatido. Por isso, é comum vermos as imagens na televisão das brigadas da ASAE a recolherem produto contrafeito.
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Agora, uma empresa investe, aposta na inovação, gasta e gasta dinheiro a conseguir um design, ou uma fórmula, ou ... na esperança de que quando acertar será recompensada pelo mercado, exactamente o mesmo que fazem as farmacêuticas que desenvolvem medicamentos inovadores e esperam que durante a vigência da patente possam obter o retorno desse investimento.
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Por exemplo, desenvolvem um produto com um design e registam a propriedade intelectual.
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Algum tempo depois descobrem que o seu design foi copiado por uma outra empresa e comercializado com a marca dessa empresa. Não se trata, portanto, de contrafacção.
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A empresa inovadora recolhe provas e faz uma queixa à ASAE.
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E espera, e espera, e espera, e espera, e espera, e espera, e espera, e espera, e espera, e espera, e espera, e espera, .....
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Quando finalmente a ASAE actua... já a empresa copiadora vendeu o que tinha a vender e se a coisa chegar a tribunal há-de demorar uns anos a resolver.
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Numa empresa onde estive ontem, só ela tem uns 8/9 processos em curso e desespera com a lentidão com que se actua. Por vezes, o empresário, em momentos de maior desânimo, chega mesmo a equacionar a possibilidade de fechar a empresa por que só quer trabalhar com produtos inovadores, tem a estrutura montada, descobriu o truque para ter sucesso na inovação, tem uma boa equipa, mas os piratas são protegidos, de facto, pela legislação.
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Assim, em vez de discursos e convites que podem ser considerados "envenenados" era bom que os políticos começassem por fazer o seu papel e tratassem dos alicerces de uma sociedade que promove, alimenta e protege a inovação, agilizando a actuação das brigadas da ASAE.
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Lembro-me agora deste caso "Não vai dar em nada..."