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quinta-feira, maio 04, 2023

Turn, turn, turn - versão de 2023

Recentemente escrevi, O choque chinês, não o euro. Agora, imaginem o impacte da reversão deste choque... por isso, tenho escrito esta série de postais - Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte V).

Para reflexão:

"China’s days of being the Western world’s go-to manufacturing hub may be coming to an end. This has serious ramifications for China, and the world. Depending on where you focus, this is a good thing, or a bad thing. In fact, it’s probably both.

...

For those with contacts in China, stories of laid off young people struggling to afford their apartments, taking on two jobs in gig economies, or becoming escorts in karaoke bars is becoming commonplace. This is not the country that the CCP once held together with promise of opportunity and quick climbs up the Chinese social ladder. This is starting to turn into America of the late 1990s-2000s, reeling for China’s take over of American tooling and steel, textiles and furniture manufacturing. Many people here know what that feels like.

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The problem is geopolitics. [Moi ici: Recordar Taiwan como espelho da Ucrânia - Cash, then value, then growth] That should scare China’s investors more. They know the drill already. Companies are slow walking out of China because of those tensions. This includes Chinese companies investing in Southeast Asia to avoid trade tariffs, sanctions, and growing political risk. [Moi ici: Recordar Lembram-se do "banhista gordo"?]

To keep its business with the Americans (and to a lesser extent, the Europeans) Chinese companies are moving off the mainland.

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In a country with roughly 900 million workers, many of whom are blue collar and not about to “learn to code”, these job losses tear at the social contract between the CCP and its people. Roughly 17% of Chinese people have a college degree compared to around 36% in the U.S., according to Chinese and U.S. government stats.

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Either China figures out a way to consume what it produces at home rather than relying on the U.S. consumer, [Moi ici: Eu pensei nisto em 2008. Recordo Especulação. No entanto, Peter Zaihan alerta-nos para o colapso demográfico chinês, O futuro da globalização. Só para ter uma ideia do impacte da coisa repito aqui o número tremendo "The Chinese are going to lose a greater percentage of their population in the next 20 years from aging than Europe did in the Black Plague, according to Peter Zeihan"] or Beijing makes it less attractive for companies to set up shop in Vietnam. If they cannot do those things, the bloodletting will continue. If this trend goes on, it should be seen as a harbinger of worse things to come.

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China used to make almost all of our clothes. Not anymore. That’s job losses for China.

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U.S. imports of China made apparel decreased from about $25 billion in 2018 to about $17 billion in 2021, according to a March 2023 report by the International Trade Commission (ITC).

Imports of these goods from China declined but imports from the rest of the world grew by 25.2%. The ITC estimated a sizable decline in apparel manufacturing imports from China of 40% between 2020 and 2021, while U.S. production increased by up to 6.3% in 2021 in response.

The ITC study looked at 10 different sectors. In all 10, China exports to the U.S. fell. Computer equipment from China fell around 7%; furniture imports fell 25%; electronics equipment imports fell by 40%. Automotive parts imports fell a whopping 50%, according to the ITC.

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China and Hong Kong’s investment into Mexico rose six-fold from $117.1 million in 2015 to nearly $700 million in 2022, according to the Mexican government.

Chinese manufacturing growth might have peaked.

China’s future growth industries could pick up some of this labor, but very little. Robotics will be good for China blue collar labor, but biotech, pharma, and AI will not as making the shift from seamstress to scientist is quite the stretch. So is going from Chinese solar panel maker to AI coder. It is also unlikely that lower skilled office jobs can pick up the blue collar workforce losing out to outsourcing.

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China is surely not a dying manufacturing power. Europe would be in worse shape, for sure. China can turn the ship around, but if it comes at America’s expense, that will be totally unsustainable.

But China’s days as manufacturer of nearly everything in your house and garden shed look to be pretty much over. That’s a lot of workers whose future is in question for the first time in a generation.

...

the bad news is that the erosion of China’s role as go-to manufacturer will likely become a matter of life and death — for industries, for businesses, for some people."

Trechos retirados de "China's Big Troubles: Its Days As Global Go-To Manufacturer May Be Coming To An End"

terça-feira, abril 25, 2023

Conversa de académico

"Perante isto, a minha expectativa é que vamos manter algum consumo e as exportações continuarão a crescer razoavelmente bem. A actual política monetária vai afectar as famílias mas de um modo geral eu penso que podemos sobreviver. Precisamos de sair para uma economia diferente.[Moi ici: Sim, concordo, precisamos de uma economia diferente. No entanto, como é que se consegue isso sem deixar morrer as empresas da economia de baixa produtividade?]

O que é que defende para se conseguir essa saída diferente?

Os empresários portugueses têm que ter uma noção muito clara que têm que investir em valor acrescentado por unidade de posto de trabalho. [Moi ici: Recordo Maliranta e Nassim Taleb em Deixar a produtividade aumentar] Porque só assim é que conseguem remunerar bem o trabalhador. Qual é a diferença entre um café no centro de Lisboa ou na Praça de São Marcos, em Veneza? O café é igual, mas lá paga-se cinco euros porque se consome um enorme intangível, [Moi ici: Eheheheh! Baboseiras!!! Paga-se 5 euros pela mesma razão que um motorista de autocarros tuga sai de Portugal e vai para a Suécia conduzir autocarros e recebe 4 ou 5 vezes mais por fazer o mesmo, ou um barbeiro tuga sai de Portugal e vai para Londres ganhar 5 ou 6 vezes mais. Como escreve Reinert "Why is the real wage of a bus driver in Frankfurt sixteen times higher than the real wage of an equally efficient bus driver in Nigeria, as the World Bank recently calculated? I set out to find an answer, and this book is the result." Ver citação abaixo] além de que nós ainda não temos marca. É esse valor acrescentado por posto de trabalho que depois permite remunerar bem. Alguns sectores conseguiram, como o tecnológico, o calçado, o vinho.[Moi ici: Eheheheh! A sério?! Produtividade é uma coisa, competitividade é outra. Pode-se ser competitivo sem ser produtivo. Recordo o Uganda. Acerca do vinho recordo Subir na escala de valor. Acerca das tecnológicas recordo "É só fazer as contas!". E sobre o calçado, volto a Reinert e à cidade de St. Louis, "The "flying geese" model, ou deixem as empresas morrer!!!"]

O que defende é sempre um trabalho em valor. O tecido empresarial português ainda olha mais para o volume em detrimento do valor?

De um modo geral, sim. Olho para a economia portuguesa e o que vejo é que o valor acrescentado, nomeadamente nas nossas exportações, não é o que poderia ser. Se todos os sectores fossem exportadores de elevado valor acrescentado por unidade produzida ou trabalho criado. Mas há bons nichos e esses sectores deviam ser estimulados. Devia-se estimular a escala das empresas." [Moi ici: Acreditar que são as empresas nos sectores existentes mas maiores que resolvem a baixa produtividade é ... desesperante. Não é isso que nos conta a experiência irlandesa e os flying geese]

Eis o que escreveu Erik Reinert em "How Rich Countries Got Rich . . . and Why Poor Countries Stay Poor":

"Rising wages and inflation made it very profitable to substitute capital for labour. Higher real wages came back as increased demand and consequently created more jobs, while the very same increasing wages also gave incentives for new mechanization, which created new productivity increases, which again increased wages, all in an ever increasing spiral of increasing welfare. People employed in sectors with little productivity increase, such as barbers, got richer by increasing their prices in step with increasing industrial wages. Even if the barbers have experienced relatively little productivity increase, barbers in rich countries could improve their welfare dramatically compared to their equally productive counterparts in poorer countries. In other words, wage increases in the service sector rode on the wave of the productivity increase of the industrial sector. The real wages of a barber became dependent on who he shared a labour market with, not on his own efficiency. Based on these mechanisms, wages in the richest and poorest countries thus went from a ratio of 1 to 2 to one of 1 to 16 over time. Barbers who had no manufacturing in their labour markets stayed poor."

Trecho inicial retirado de entrevista com João Duque no número de Fevereiro deste ano da Executive Digest.

sábado, abril 15, 2023

Evolução das exportações


Evolução homóloga das exportações portuguesas nos dois primeiros meses de 2023.

É claro que dois meses é muito pouco e, por isso sujeito a volatilidade. No entanto, está em sintonia com o que vou obtendo do meu contacto com empresas concretas (calçado, maquinaria, farmacêutica). Fora da minha experiência em primeira mão está o sector agrícola. Interessante a evolução relativa a "Animais vivos" (tudo começou com umas vendas para Israel, não há muito tempo). E já agora as frutas, tudo começou com a invasão da Crimeia em 2014, impedidos de exportar fruta para a Rússia, algo obrigou o sector a mudar.



quinta-feira, março 09, 2023

"Moi ici: E o cidadão lê e rejubila com o pulo"

Aqui no blogue não nos queremos enganar a nós próprios. Por isso, nunca usamos 2020 como referencial para comparação económica. E mesmo 2021 é enganador porque o primeiro trimestre foi afectado pelos lockdowns. Por exemplo, quando tratamos aqui os dados das exportações usamos 2019 como referencial. Por exemplo aqui:

Assim, soa a estranho e a manhosidade perceber a capa do JdN de ontem:
Depois, no texto do artigo:
"Depois de dois anos de pandemia de covid-19, a produtividade aparente do trabalho aumentou 4,6% em 2022 e atingiu o valor mais alto da série do INE.
...
Ou seja, a produtividade aparente do trabalho, o indicador mais utilizado e que, basicamente, divide a riqueza nacional (o PIB real) por número de trabalhadores, aumentou 4,6% face ao ano anterior. De acordo com a série do gabinete de estatística, não só este foi o crescimento mais elevado em 27 anos, como é o valor de produtividade mais alto da série. [Moi ici: E o cidadão lê e rejubila com o pulo]
...
[Moi ici: E depois, a surpresa ...] Por isso, João Cerejeira, professor de Economia da Universidade do Minho, prefere comparar o crescimento da produtividade em 2022 com 2019. Nesse caso, houve um aumento de 1,1%. "Ou seja, em três anos houve un crescimento entre 0,3 e 0,4% por ano. Não é assim tão expressivo", frisa. Aliás, a subida da produtividade face ao pré-pandemia fica em linha com a média histórica (1%). [Moi ici: Extraordinário... na capa do jornal ainda se interrogam se será estrutural... querem fazer de nós parvos?! ]"
Quantos dos 15 preparam as capas dos jornais?


terça-feira, fevereiro 21, 2023

Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte VI),

"IT's been a tough year for manufacturers, with supply-chain snags, inflation and fears of a recession. Yet a shocking 95% of manufacturing executives said they were optimistic about the future, according to a recent poll by Forbes, Xometry and Zogby.
The nationwide survey of 150 manufacturing executives in late December found that three-fifths (60%) of executives said "the future looks bright," while another one-third (35%) said they "see the light at the end of the tunnel?"



 

quarta-feira, fevereiro 15, 2023

Cuidado com as burrices!

Lembram-se dos políticos, como Paulo Portas, muito preocupados com as importações e a exortarem as empresas exportadoras a trabalharem para substituir as importações?

- Burrice!

Recordo de 2017 - "Dedicado ao bicicletas" onde escrevi:

"Quando eu era estudante o paradigma era outro. A exportação era para ocupar capacidade residual e, por isso, bastava que pagasse os custos variáveis como recordo aqui."

Frequentemente leio a mesma tolice de Paulo Portas ou do bicicletas, aqui e acolá. 

Somos um país pobre com fraco poder de compra, exportamos artigos a um preço mais alto do que o mercado interno pode suportar, e importamos artigos baratos que as empresas nacionais não conseguiriam produzir com lucro. Recordo:

Ontem, no JdN no artigo "Exportações dão mais 2,7% de margem de lucro às empresas" pode ler-se:

"Empresas que exportam têm mais capacidade para aumentar lucros do que as que não o fazem. BdP estima que, com exportações, margens preço-custo aumentam entre 1,2% e 2,7%, com destaque para o setor não transformador. Maiores ganhos estão nas atividades científicas, comunicação e construção.
...

As empresas portuguesas que exportam para o exterior conseguem mardens de lucro superiores até 2.7% face às empresas que vendem apenas no mercado nacional. A conclusão é de um estudo do Banco de Portugal (BdP), que indica que as margens de lucro aumentam assim que as empresas iniciam a atividade exportadora"


domingo, fevereiro 05, 2023

Consequências da reindustrialização em curso

"The U.S. labor market is proving to be remarkably resilient, which may be both good and bad news for the Federal Reserve. Employers added 517,000 jobs in January while the unemployment rate fell to a 53-year low of 3.4%, according to the Labor Department's monthly report.

Recent jobs reports had signaled that hiring was slowing, especially in retail, manufacturing and warehousing as consumers spent less on goods. But the January report showed broad job growth, mostly in services, including leisure and hospitality (128,000), trade and transportation (63,000), healthcare (58,200), temporary services (25,900) and construction (25,000).

Information lost 5,000 jobs, which dovetails with layoffs in the tech industry. But most businesses continue to hire. The average workweek for private workers rose by 0.3 hours and overtime increased by 0.1 hours. As a result, average weekly earnings increased by 1.2% last month."

Associar a A grande reconfiguração e à série Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte V). Entretanto na China, "China's migrant workers return earlier to manufacturing hubs after holiday, but find fewer openings and less pay".

Trecho retirado do artigo "The Incredible Expanding Job Market" no WSJ ontem.

sexta-feira, janeiro 13, 2023

Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte V)


Crescimento das exportações da metalomecânica continua muito alta, quase 18% homólogo.

Ontem de manhã na capa do CM li, "Farmácias estão com falta de remédios". Depois, sorri quando olhei para a evolução pornográfica das exportações de produtos farmacêuticos.

As exportações relacionadas com as aeronaves já estão em velocidade de cruzeiro.

As exportações de animais vivos continuam a crescer bem. As exportações de calçado a crescer mais de 12% face a 2022. Interessante, a paragem do crescimento das exportações de vestuário.

Tudo indica que as exportações chegaram aos 50% do PIB.

Água na fervura - descontar o efeito da inflação. Pensar nas margens. 



quinta-feira, dezembro 29, 2022

'O negócio das empresa versus a performance da economia

No JdN de ontem em "A Roménia vai ser mais do que nós não tarda nada" pode ler-se:

"O segundo barómetro da Associação Business Roundtable Portugal (BRP) mostra um aumento do pessimismo entre os líderes de 42 das maiores empresas que operam no país. O sentimento, no entanto, é menos negativo na perspetiva sobre os próprios negócios do que no cenário que preveem para Portugal. O secretário-geral Pedro Ginjeira avança uma explicação e insiste que o pais tem de ter mais ambição.

...

A previsão para cada um dos negócios é mais otimista do que para a economia como um todo. Como se explica a diferença?

Há duas explicações. Uma é que há coisas que nós controlamos, que são as nossas. E há as outras que nós não controlamos, que são o resto da economia. E sobre aquelas que nós controlamos e sobre as quais temos mais informação é natural que tenhamos uma visão por vezes diferente daquela que temos sobre o resto Por outro lado. estas 42 empresas são grandes, mais sofisticadas.com uma profissionaliração de gestão, que é um dos temas nos quais temos insistido. Isto traz maior capacidade de perceber o que são os problemas, os riscos, as oportunidades que existem e de nos prepararmos para elas e portanto, ter maior resiliência."


 Não concordo com as explicações acima. Acredito que estamos perante uma situação algo semelhante ao que se passou no tempo da troika. Muitas das empresas que compõem a Associação BRP são exportadoras e, por isso, é natural que perspectivem um futuro menos problemático do que o que perspectivam para a economia portuguesa. Recordo o tema do by-pass ao país:

quinta-feira, dezembro 22, 2022

Acerca do mercado de trabalho

O JdN de hoje publica o artigo "Trabalhadores em lay-off disparam para mais do dobro em novembro" que ilustra com uma imagem de chão de fábrica têxtil. Infelizmente, não encontro nenhum artigo que refira a relação do têxtil com a evolução do lay-off ou mesmo com a redução do número de empregados. 

As estatísticas do IEFP dão pistas mais relevantes sobre o que está a acontecer no mercado de trabalho em Portugal (variações mensais):


Dados de Novembro:




quarta-feira, dezembro 14, 2022

Cuidado com os americanos

"Esta semana, um empresário alemão andou no Vale do Ave a fazer contactos para deixar encomendas têxteis que costumava colocar na China e Turquia. "Está disposto a pagar 20% mais para reduzir a exposição numa zona que considera de risco" conta um industrial do sector, animado com a perspetiva do negócio

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Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP, a associação do sector metalúrgico, admite que 2022 vai fechar com exportações superiores a €20 mil milhões, 10% acima do recorde de 2021 e pelo menos quarto dos melhores registos mensais de sempre. Para isso, diz, pesam subidas nos principais mercados do sector Espanha, França e Alemanha além dos Estados Unidos, que deu um salto homólogo de 70% em oito meses

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Na fileira têxtil, as previsões apontam mais uma vez para um recorde nas exportações, depois de o terceiro trimestre fechar 19,2% acima de 2019 (€4,7 mil milhões). Em quantidade, o ganho é de apenas 6%, o que leva Mário Jorge Machado, presidente da associação setorial ATP, a sublinhar que "há valorização de produto, mas também há mão da inflação". Aliás, recorda, o ano obrigou muitas empresas a recorrerem a lay-off pela subida dos custos e por cortes nas encomendas de marcas preocupadas com a redução do consumo.

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muitas marcas americanas querem alternativas à Ásia,

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No calçado ainda ninguém assume que o recorde de €1,96 mil milhões de 2017 será batido na frente externa, [Moi ici: Mentira o presidente da APICCAPS assumiu-o no último número do Dinheiro Vivo] mas "este é seguramente um dos três melhores anos de sempre", admite Paulo Gonçalves, porta-voz da associação setorial APICCAPS,

...

No caso da indústria do mobiliário, 2022 puxou os EUA do 5° para o 3º lugar no ranking dos maiores mercados, com um crescimento de 30% nas vendas, e Angola, "a beneficiar da alta do petróleo" para crescer 50%, regressou ao top 10."

Qual o perigo do mercado norte-americano? A sua baixa sofisticação, afinal estamos a falar de clientes que estão a sair da Ásia. Recordo o que escrevi em 2018 aqui no blogue, Tanta coisa que me passa pela cabeça...:

"Quem segue este blogue sabe que há muitos anos escrevemos e defendemos aqui que o mercado americano não pode competir com o europeu em preço unitário."

Por exemplo, na última Monografia Estatística publicada pela APICCAPS podemos encontrar:

  • Preço médio de um par de sapatos importado pelos Estados Unidos - 11,37 USD
  • Preço médio de um par de sapatos importado por Portugal - 13,28 USD
  • Preço médio de um par de sapatos importado pela Alemanha - 17,94 USD
  • Preço médio de um par de sapatos importado por França - 18,26 USD

Trechos retirados de "O sonho americano das exportações portuguesas" publicado no caderno de Economia do semanário Expresso do passado Sábado.

sábado, dezembro 03, 2022

segunda-feira, novembro 14, 2022

Acredita no jornalismo da SIC?

No passado Sábado na SIC assisti a um "artigo televisivo" sobre a antiga Fábrica de Mindelo. A certa altura ouvi:

"Sucessivos erros de gestão originaram um passivo de 55 milhões de euros"

Ou seja, para a SIC a falência da antiga Fábrica de Mindelo deveu-se a erros de gestão, deveu-se a factores internos e não a factores externos.

Depois, a certa altura apanho esta imagem:

Hummm! Isto cheira-me a design gráfico da treta ... vamos fazer um teste:

Bem me parecia, a SIC apresenta um gráfico de barras que não começa a partir de zero. Ou seja, comete um erro básico! Usam um gráfico enganador. O que é que isto diz sobre a qualidade do jornalismo da SIC?

Acham mesmo que a Fábrica de Mindelo faliu por sucessivos erros de gestão?

O que diriam sindicatos, trabalhadores, governos, paineleiros e políticos da oposição se em 1992 a direcção da Fábrica de Mindelo decidisse encolher a empresa e despedir várias centenas de trabalhadores?

O que diriam se a direcção da Fábrica de Mindelo apresentasse o argumento dos dinossauros azuis, pretos e vermelhos? Recordar As mudanças em curso na China - parte II. E para os que querem empresas maiores para aumentar a produtividade, mas não querem deixar morrer empresas nos sectores tradicionais recomendo de 2012 - 198 trabalhadores, e de 2017 recomendo O século XX continua por cá (parte II). Neste último postal salienta-se a evolução das empresas têxteis grandes em Portugal a partir da entrada da China no mercado global.



BTW, no jornal de Domingo na RTP1 alguém, só ouvi, não vi a imagem, defendia com grande enfase que a Inditex comprava em Portugal por causa das práticas de sustentabilidade da indústria têxtil ... como é possível acreditar nestas tretas? Recordo Coerência e ambiente (parte III)

sábado, novembro 12, 2022

Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte IV)

Recordar a parte II.

Agora, dados de Janeiro a Setembro das exportações portuguesas de bens. Os polegares ao alto no canto direito da tabela mostram os sectores que continuam a crescer na percentagem acumulada, ou seja, as exportações de 2022 continuam a acelerar face a 2019.



Comparando com o acumulado de Janeiro a Setembro:




quarta-feira, novembro 09, 2022

Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte III)

"For starters, the political environment of the last half decade or so has shifted rapidly. Part Trump, part COVID and supply chain SNAFUs and part post-Russian invasion of Ukraine, the time is ripe to bring more of the production and manufacturing of US-destined goods back to the US. There are natural advantages to operating in the US as well--thanks to shale, Americans have some of the lowest-cost energy in the world. And thanks to the US' millennial baby-boom, we have a large cohort of relatively young people to lead consumption for decades to come."

Recordar os dois postais - Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte II) 

Trecho retirado de "Trade and Reshoring in the USA



sábado, outubro 15, 2022

Pode ser que cole à parede

Ontem, 13.10.2022 - "Cada falência é uma vitória de Putin", diz o líder da indústria têxtil portuguesa

"O presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Mário Jorge Machado, deixou esta quinta-feira mais um alerta sobre como o disparo do preço do gás natural está a pressionar a indústria têxtil: “Cada falência é uma vitória de Putin, que está a usar o gás como arma económica”."

Parece que o Putin tem as costas largas, e eu sou a última pessoa a querer defende-lo.

A 18.10.2021 - "Já há empresas têxteis a ponderar encerrar portas devido à escalada dos preços da energia"

"Já há empresas têxteis a ponderar encerrar portas devido à escalada dos preços da energia. Com os preços do gás natural cinco vezes mais caros e da eletricidade duas vezes mais elevados do que há três meses, muitas empresas deste setor já fazem contas e admitem não conseguir fazer face ao aumento dos encargos energéticos, a que acresce ainda a subida ou escassez de matérias-primas. Uma situação que poderá comprometer a retoma económica antecipada pelo Executivo, alerta Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP)."

Em 2013 apresentei este gráfico:


Entre 2005 e 2012 o sector têxtil perdeu 3000 empresas e manteve o volume de exportações. Nesse tempo o impacte da China era visto, justamente, como "É a vida!"

Em 2022 as exportações têxteis estão em alta. Por que devemos salvar empresas? Desconfio que muita gente quer que empresas condenadas pelo mercado sejam salvas pelos contribuintes.

BTW, a propósito disto ""TÊXTEIS PORTUGUESES PASSARAM O TESTE DE STRESS HA 20 ANOS"" onde se pode ler:

"os desafios ao sector são enormes mas “os têxteis portugueses passaram o teste de stress há 20 anos”, disse Pedro Siza Vieira, ex-ministro da Economia,

...

E os que passaram esse teste de stress de há 20 anos não vão agora ser derrotados por mais uma crise."

Este advogado de gabinete lisboeta tem de aprender o que é o índice de turbulência - Debaixo da superfície calma e pacata. Fez-me lembrar a parolice nortenha O provincianismo nortenho!

Qualquer reunião empresarial para que convidem estas personalidades é um sinal para não perder tempo com essas reuniões. O que é que eles sabem da economia transaccionável? Come on!

Portanto:


"Para este responsável, no curto prazo a "prioridade deve ser salvaguardar a indústria têxtil", ao mesmo tempo que esta se prepara para um "futuro competitivo a longo prazo". Futuro esse que terá de ser assente em "fundações fortes", ou seja, em inovação, criatividade, qualidade e sustentabilidade. "Eu sei que estas podem parecer só palavras bonitas, mas acredito que precisamos de continuar a investir em inovação, de continuar a atrair criatividade para as nossas empresas, de produzir artigos de alta qualidade e de nos tornarmos mais sustentáveis porque essa é a receita para o nosso sucesso num mercado globalizado e altamente competitivo", frisa.
Mas tudo isso exige diz Alberto Paccanelli, um "novo quadro regulatório no qual a qualidade e a durabilidade se tornem o norte, [Moi ici: Durabilidade? Come on Are you prepared to walk the talk? Qualidade? O que quer dizer qualidade? Um Fiat tem menos qualidade que um Mercedes? Tudo conversa para levantar barreiras alfandegárias] em que a transparência e a sustentabilidade são premiadas e em que os free riders, que não cumprem com as regras e os standards [europeus], são mantidos fora do mercado". Ou seja, há que garantir que o novo quadro será "justo e equilibrado, o que exige um diálogo constante e próximo entre o regulador e a indústria", defende."

sexta-feira, outubro 14, 2022

Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte II)

Recordar Tudo vai depender do tal jogo de forças.

Agora dados de Janeiro a Agosto:


Quando comparamos 2022 com 2019, último ano sem pandemia, dá para perceber que estamos a trabalhar bem:

Imagino que estes três factores, com maior ou menor grau, estão a influenciar o desempenho das nossas exportações.

A nível industrial já detecto um aumento da heterogeneidade do impacte do custo da energia. Por exemplo, no sector do calçado:
  • fábricas de solas fechadas com pessoal em casa, a aguardar que o começo da produção do próximo Verão comece a justificar o retorno à actividade;
  • fábricas de calçado com contratos de electricidade renovados antes de 2022;
  • fábricas de calçado com contratos de electricidade renovados em 2022.
À medida que nos embrenhamos mês após mês num mundo de inflação a 2 dígitos, como vai reagir a economia não-transaccionável?

quinta-feira, setembro 22, 2022

Desconfio de treta, mas continua a incerteza.

Do Jornal de Negócios da passada segunda-feira, sublinho no artigo "29% de empresas com menos encomendas face a 2019":

"Sobre a evolução de custos, a expectativa dos empresários e gestores de topo das 245 empre- sas incluidas no inquérito, é a de haver aumentos nos custos em 78% dos casos, sendo que em 47% serão muito acentuados. E no que diz respeito à evolução dos preços, metade dos inquiridos referem que "irão manter os seus preços, sendo que em 22% dos casos terão de fazer aumentos mais acentuados dos seus preços, refere o estudo.

A maioria (89%) das empresas salienta que os apoios do Estado são insuficientes e 79% considera ser muito adequada e adequada a redução de impostos sobre a eletricidade, gás e combustíveis líquidos. A redução de TSU é reclamada por 74% das empresas e a redução do IVA por 73%."

Empresas com aumentos de custos, mais de metade dessas com aumentos acentuados de custos e que nesta conjuntura não aumentam custos?! Isto ou é treta para enganar o governo, ou é um sinal de que estas empresas não devem ter futuro assegurado pelos contribuintes. Isto representa uma diminuição da produtividade. Empresas geridas por que tipo de pessoas? Absurdo! Pagam para trabalhar.

Outros textos, "89% das empresas dizem que as medidas do Governo estão “muito aquém daquilo que é preciso”, revela estudo da CIP" e "Mais de um terço das empresas espera uma diminuição das vendas no 4.° trimestre - CIP" também contribuem para alimentar o tema Como eu gostava de saber (parte II)

Entretanto, temos também esta vertente "Chine: le zéro Covid pénalise 75% des entreprises européennes".


Interessante que o artigo inicial refira sectores ligados ou à exportação ou ao turismo, sectores que não têm estado em crise e mesmo assim têm este comportamento?


Deixem as empresas morrer! Já bastam as tap’s, efacec’s e outras empresas onde os amigos do governo têm ou tiveram dinheiro enterrado.



domingo, setembro 11, 2022

Tudo vai depender do tal jogo de forças



É por isto que fico a pensar:
Vêm aí um a dois anos muito exigentes para a economia não-transaccionável. Como serão para a economia exportadora? Tudo vai depender do tal jogo de forças. Para já, para a maioria dos sectores, parece que vai ser bem passado.

sexta-feira, setembro 09, 2022

Como eu gostava de saber (parte II)

Numa empresa no início da semana contaram-me que um antigo cliente, marca francesa conhecida, depois de mais de 10 anos sem comprar nada contactou-os para estudar o reatamento da relação.

Ontem, numa outra empresa, contaram-me que estão carregados de encomendas e não aceitam mais.


As notícias sobre a continuação dos lockdowns na China. E a redescoberta da história... os negócios não são neutros politicamente: