Pode ser útil consultar também:
Segue-se um gráfico com a evolução do desemprego registado na ITV (Indústria do Têxtil e Vestuário) entre Janeiro de 2002 e Março de 2015. Números do IEFP.
(clickando no gráfico é possível ver versão maior)
Sobre esse gráfico coloquei a referência a postais que foram escritos aqui no blogue. São uma espécie de teste do ácido sobre as ideias que se escrevem neste blogue. Permite também testar o que outros foram escrevendo e sobretudo fazendo ao longo deste anos.
Na base do gráfico estão factores que seleccionei como os mais importantes para explicar a evolução da tendência geral do desemprego.
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Olhem bem para os números...
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Em Janeiro de 2002 estavam registados no IEFP 27752 desempregados da ITV e foi sempre, sempre a crescer até chegar aos 49233 em Setembro de 2005.
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Entretanto, como o pensamento dominante era o de que este era um sector condenado a desaparecer, assim como todos os sectores tradicionais, enquanto do lado externo a China entrava como faca em manteiga num dia de Verão, destruindo, terraplanando o que anos antes tinha sido o campo de batalha preferido da ITV portuguesa, o do preço mais baixo, o das grandes séries, do lado interno,
os políticos ajudavam a destruir estes sectores tão pouco sexys:
2002 a 2007 foram os anos do factor China ser determinante no desempenho do sector.
Depois, o reconhecimento de algumas vantagens da proximidade, o impacte da Inditex na nossa ITV, o
fuçar de tantos e tantos empresários anónimos e longe da corte, começaram a dar a volta e a recuperar.
Entretanto a crise internacional, numa primeira fase veio ajudar, o credit crunch tornou o dinheiro muito caro e fez com que muitos importadores voltassem por causa das condições de pagamento oferecidas e pelo tempo mais curto para começar a receber das lojas.
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O número de desempregados na ITV caiu para 31300 em Fevereiro de 2008. Depois, o ano da paragem global, 2009, veio dar razão à minha previsão de
Março de 2008: a crise estrutural da indústria portuguesa estava ultrapassada, agora teríamos pela frente uma crise conjuntural. E assim foi, o desemprego no ITV voltou a subir até aos 42501 desempregados em Março de 2010. Daí para cá tem sido sempre a descer, o último valor conhecido, de Março de 2015, vai nos 21290 desempregados, já bem abaixo de 2002.
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Entretanto, recomendo a leitura de:
- "Souberam que tinham de fugir da maldição do preço e uma grande parte conseguiu" (Dezembro de 2014)
- Ainda podia ser melhor (Janeiro de 2011)
- Arrepiante (Outubro de 2010) (O sector já estava a recuperar e noutra onda e a liderança do sector ainda, qual Saul, queria combater Golias com espada e armadura)
- Exemplo da diversidade intra-sectorial (Agosto de 2010) (Um bom exemplo da taxa de turbulência que acompanha a regeneração de um sector e que ilude os estatísticos. Eles só vêem o resultado líquido, esquecem que por trás está uma evolução ainda mais marcada. 10 empresas fecham e 5 abrem, para os estatísticos perderam-se 5 empresas, apenas)
- Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador! (Agosto de 2009) (Pergunta sincera: Faz sentido, quando um sector está a ser martelado pelo mercado, virem os políticos e ainda martelarem mais? Para depois, tremerem com o resultado das suas acções?)
- Cuidado (Março de 2008) (Um teste do ácido, uma previsão contrarian feita e acertada)
- Cuidado com as generalizações, não há "sunset industries" (Fevereiro de 2008) (Este era o pensamento dominante, recordar sempre Daniel Bessa em 2005, isto não tinha futuro... agora reconhecemos os emplastros que querem ficar na fotografia)
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Para poder chegar onde chegámos, mais importante, para poder olhar em frente e sonhar chegar onde queremos chegar, tivemos de passar as passas do Algarve, muita gente teve de sofrer, falências e desemprego, para que as regras que tinham criado o mundo antigo pudessem ter desaparecido para gerar um potencial mundo novo.
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