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sábado, janeiro 09, 2021

Bastidores e palco. Guerra e vírus

Há dias escrevi esta "Curiosidade do dia" para salientar o trabalho de desmame e de empoderamento que qualquer abordagem liberal pressuporá. Um ideologia liberal ao chegar ao poder de um país socialista como Portugal não pode, de um dia para o outro, "libertar" o país sem um trabalho gradual de desmame e de empoderadamento.

Contudo, não abracem logo a ideia simplista de que ao dar-se um pouco de liberdade ao povo este não a sabe usar. Já se interrogaram sobre como funciona este país socialista?

O governo toma a decisão A. O tempo passa e a situação piora e conclui-se que afinal a decisão A não foi eficaz e avança-se para a decisão C ou D.

Quem observa o palco concorda com a cabeça e diz: 

- Não havia alternativa, a medida A falhou.

Quem está nos bastidores sabe que a medida A nunca chegou a sair do papel:

Quem está nos bastidores sabe que a medida A foi mal implementada por causa de erros básicos:
Soa tudo a um teatro de sombras, nevoeiros, espelhos para esconder a incompetência, ganhar pontos políticos, ganhar pontos entre os pares académicos ou corporativos.

Não sei se ao longo destes 16 anos aqui no blogue já o escrevi ou não, mas quem me conhece sabe que costumo dizer que as sociedades actuais vivem um tempo novo: não existem guerras que façam o reset do contrato social e isso está a minar as sociedades. O contexto evolui, as sociedades evoluem, por isso muitos pressupostos que eram úteis ou viáveis no passado, passam a ser perigosos, venenosos ou inviáveis, mas como fazem parte do contrato social, dos direitos adquiridos, não são mexidos. 

No tempo das guerras havia um sobressalto que punha em causa a sobrevivência da sociedade de forma clara e inequívoca. Por isso, era permitido um reset durante e depois. Hoje não há guerras. 
Não havendo guerras, vão-se acumulando esses depósitos de toxinas. 
Não havendo guerras, os Iagos e Grimas deste mundo chegam ao poder e acelera-se a criação e deposição de toxinas.

Interessante, enquanto existiu a ETA a Espanha desenvolveu-se mais do que Portugal. Acabou a ETA e os Sanchez e os Iglesias chegam ao poder e Espanha começa a cair ainda mais do que Portugal.

Será que o Covid-19 pode fazer o papel da guerrra na promoção da limpeza da sociedade? Duvido, terá de durar muito mais, ir até 2022 ou 2023. O que se passa nos bastidores não transparece para o palco, assim, todos os falhanços dos Iagos e Grimas são facilmente atirados para a responsabilidade do povo bronco, e esse, educado a ser dependente, condicionado a pensar que o governo é que sabe, faz juz ao adjectivo e aumenta a confiança nos Iagos e Grimas.

Atenção, eu não sou partidário de guerras. No antigo regime, o meu dia na escola primária começava de pé ao lado da carteira (nome que dávamos à secretária) individual a rezar o Pai-Nosso e a pedir a Deus para não ir para a guerra (as imagens das guerras do Ultramar, Israel e Vietname passavam todos os dias no telejornal). Quem me conhece sabe o como tiro o chapéu a Trump por ser o primeiro presidente americano em milhares de anos a não começar uma guerra.

segunda-feira, dezembro 21, 2020

Não percebo a lógica...


O caderno de Economia do semanário Expresso do passado dia 18 traz uma entrevista com o presidente do conselho de administração da Mota-Engil, "“Se Espanha consegue proteger o mercado, também o deveríamos fazer”".

Há dias o ministro da Economia dizia que a TAP era tão ou mais importate que a Autoeuropa e ninguém rebateu a falta de senso da afirmação. Agora leio este texto e confesso que não percebo a lógica...
"Pergunta - Avizinha-se um volume de investimento comunitário inédito em Portugal, mas há um domínio espanhol nas grandes obras. Há capacidade nacional? [Moi ici: Antes de mais recordemos que o negócio da construção pública é um negócio de preço. Ganha quem apresentar a proposta com o preço mais baixo. Preço mais baixo é o negócio em que as empresas grandes, eficientes, organizadas, capazes de tirar partido da escala têm vantagem competitiva]
Resposta - Capacidade tem de haver. O sector da construção sofreu muito. Subsistem no mercado poucas empresas grandes, como acontecia há 10 anos. Mas também se está a formar uma nova geração de empresas, com muita qualidade, que também precisam de oportunidade de crescer, e essa dimensão tem de ser dada cá.
...
Pergunta - Com que tipo de apoios?
Resposta - Em termos de concorrência, tem de ser repensada a questão dos preços anormalmente baixos, porque vai pagar-se no futuro. E depois há que aproveitar alguma da capacidade instalada que existe. A construção também precisa do ‘compre português’ e de apoios à internacionalização. [Moi ici: Portanto, as empresas espanholas, maiores que as portuguesas, conseguem ganhar os concursos públicos em Portugal. Presumo que sem necessidade de apoio do governo português]
...
Pergunta - Mas como?
Resposta - Basta olhar para os nossos vizinhos de Espanha. Sabe de alguma empresa estrangeira — não é portuguesa — que lá esteja a trabalhar? Uma só? Francesa, inglesa ou brasileira? Eu não.
Pergunta - É possível proteger o mercado sem violar a legislação europeia? [Moi ici: Por que é que o jornal parte logo do princípio que as empresas espanholas precisam de ser protegidas nos concursos públicos? Se elas são maiores...]
Resposta - Se em Espanha o conseguem proteger sem violar a lei, nós também o deveríamos fazer."[Moi ici: Que provas tem o presidente da Mota-Engil de que há protecção?]

 

sexta-feira, dezembro 18, 2020

Vamos ficar todos bem

"o setor europeu de retalho de vestuário e calçado está a ser altamente penalizado pela pandemia. Até setembro, a queda acumulada ascende a 24,4%, de acordo com dados do World Footwear. 

O índice de volume de negócios no setor de retalho na União Europeia nos artigos especializados de vestuário, calçado e artigos em couro tem revelado perdas constantes ao longo dos primeiros nove meses do ano, sempre na casa dos dois dígitos, revelando-se mesmo superior a 20% quando comparado com o mesmo período do ano anterior. No verão, nos meses de julho a setembro, verificou-se uma ligeira recuperação, ainda assim insuficiente para a hecatombe desde o início pandemia. 

“Trata-se da confirmação de um sentimento generalizado, mas que ajuda a perceber melhor a dinâmica do mercado”, considera Luis Onofre. Para o Presidente da APICCAPS “estas quebras afetam particularmente as empresas portuguesas que, exportando mais de 95% da sua produção, têm na União Europeia o seu mercado de referência”.

Curiosamente, é em Espanha a e Portugal onde o setor do retalho na fileira moda mais está a sofrer, com perdas acumuladas de 33 e 31%, respetivamente. Os melhores registos ocorrem na Polónia (quebra de 10%), Lituânia (perda de 12%) e Estónia (recuo de 14%).

Entre os mercados de referência para as empresas portuguesas de calçado, o retalho de moda no Reino Unido caiu 29% entre janeiro a setembro deste ano. Em Itália o recuo acumulado é de 27% e em França 25% relativamente ao ano anterior. Na Alemanha o prejuízo ronda os 22% e na Holanda 16%."

Trechos retirados de "Retalho europeu colapsa"

sábado, outubro 24, 2020

No fim o diabo ri-se

Mais um relato do que se está a passar na economia do nosso vizinho e maior parceiro comercial:

"Según Adecco y el Banco de España, los salarios españoles podrían reducirse entre un 10% y un 15% en 2021 por la destrucción empresarial y caída de ingresos de aquellas que sobrevivan.

En un estudio reciente de McKinsey, reflejaba que de las más de 85.000 empresas que se han destruido desde febrero, el 83% son pequeños negocios con menos de cinco empleados. Una destrucción de empresas que viene de antes. España ha perdido más de 100.000 empresas en un año entre agosto de 2019 y 2020, es decir, casi el 7% del total." [Moi ici: Entre 2008 e 2013, perderam-se 117.000 empresas em Espanha]

Crise de saúde vira crise económica, que vira crise financeira, que vira crise social, que vira crise da economia dos direitos adquiridos: quarta vinda ...

Como escrevi em Abril: O coronavírus não muda nada, apenas acelera o que já estava em curso: previsão de 2015

 

Trecho retirado de "España, una destrucción de pymes sin precedentes

terça-feira, outubro 20, 2020

Uma transformação brutal em curso

Sobre Portugal não tenho vistos números deste tipo, talvez falha minha que não os sei encontrar, mas os números a que vou tendo acesso sobre Espanha revelam uma transformação brutal em curso:

"Si existe un ganador del confinamiento, ese es el comercio electrónico: en mayo, en España había un 33,5% más de compradores de moda online que en enero, frente a un 74,9% menos de compradores físicos. 
...

El resultado es que en el mix de ventas de moda en España, el canal online ha superado al físico (aunque sólo un mes) y varios operadores digitales se han posicionado en el top ten de la distribución.

Si a cierre de 2019 la cuota de mercado del canal online se situó en el 9,3%, frente al 7,4% de 2018, según el Informe de la moda online en España 2020, este porcentaje se había elevado al 17% en julio, según datos de Kantar,
...
Si en enero el número clientes online de moda se elevó a un ritmo del 34%, en mayo el alza fue del 95%
...
Según el Barómetro de Empresas de Moda en España, el 51% de las compañías españolas del sector prevé reducir su red de tiendas físicas este mismo año.
...
cinco meses después de que comenzaran a levantarse las restricciones al comercio tras el estado de alarma, más de un 15% de las tiendas de moda de España todavía no han reabierto sus puertas.
...
Si Inditex debe prescindir de 300 establecimientos, en el conjunto del sector podrían sobrar cerca de 12.000
...
en los próximos años el parque de tiendas de moda en el mercado español caería por debajo de las 50.000 unidades y habría que remontarse más de veinte años atrás para encontrar una cifra tan baja.
...
Otras previsiones son todavía más duras: por cada 1% que crece el comercio electrónico, cerrarán 13.000 tiendas. “Esto puede significar 100.000 tiendas menos hasta 2025”"

Que parvoíce de slogan... inventado por alguém protegido por direitos adquiridos. 


quarta-feira, setembro 02, 2020

Mongo na agricultura

"Qual é a relevância de ter esta fábrica, em vez de, como sucedia antes, importar os materiais de Espanha e França? “A primeira razão é uma otimização logística. Há sempre capacidade industrial disponível, mas nos momentos de consumo há grande dificuldade em responder às necessidades do terreno. E depois é poder encontrar soluções à medida do país, adaptadas à realidade local. Há uma série de especificidades em termos de culturas, do momento de o fazer ou do tipo de solos, por exemplo, que em Portugal são maioritariamente ácidos”, respondeu Rui Rosa."
Recordei-me logo do exemplo da Coloplast.

Trecho retirado do JdN de ontem em "Gigante da agropecuária expande logística em Setúbal"

domingo, agosto 23, 2020

Não chove...

Em Fevereiro passado escrevi:

Ler "Regenerarte: maior monocultura de abacate da Europa no Algarve usa 3,5 milhões de litros de água por dia". A água consumida, a impunidade... Em Espanha tiveram de fazer transvases para alimentar o Mar del Plástico.

segunda-feira, agosto 10, 2020

Para reflexão

"Quantas empresas vão secar e morrer no decorrer desta crise? A líder mundial dos seguros de crédito, a francesa Coface, estudou o assunto e tem uma resposta. Assustadora, por sinal. Em França, 21% das empresas não resistirão; em Espanha, 22%; na Holanda, 36%; na Inglaterra e na Itália, 37%. Só a Alemanha fica um pouco melhor na fotografia. Poderá perder apenas 12% do atual tecido empresarial. A concretizar-se este cenário, a árvore capitalista sofrerá uma grande limpeza.
O estudo, que eu saiba, não inclui Portugal. Admitindo, no entanto, que o nosso país poderá estar entre o mínimo, 12%, e o máximo, 37%, isso significa que desaparecerão entre 156 mil e 481 mil de um total de pouco mais de 1,3 milhões de empresas.
Cenário possível tendo em conta os mais recentes alertas de algumas associações empresariais. Em 2018, o conjunto das micro, pequenas e médias empresas representava 99,9% do universo. E é aqui que se incluem os sectores mais vulneráveis e de maior risco: pequeno comércio, restauração, hotelaria e alguns tipos de serviços.
Quase 100 mil empresas, envolvendo cerca de 850 mil trabalhadores, ainda estavam em lay-off no final de julho. Muitas nem sequer aderiram. Outras nem reabriram. Isto confirma que estamos em vésperas de uma extensa regeneração empresarial e de um gravíssimo problema social."
BTW, lembram-se dos zombies pré-pandemia? Lembram-se de "Deixem as empresas morrer!"

Trecho retirado de "Os “ramos secos” da pandemia" publicado no semanário Expresso do passado dia 8 de Agosto de 2020.

domingo, agosto 09, 2020

Quando se agarra uma oportunidade...

A primeira vez que escrevi aqui no blogue sobre a Inarbel foi em Março de 2008. Apreciei o exemplo de alguém que não se limitou a ser conduzido pelos acontecimentos. Levantou a cabeça, avaliou o contexto, percebeu os riscos e resolveu agir seguindo uma estratégia que passou pela criação de marca própria e subida na escala de valor. Depois, voltei a referi-la em Outubro de 2011.

Ontem descobri este artigo de Janeiro passado:
Há tendências que devemos ser capazes de prever, mas há eventos que não temos possibilidade de adivinhar.

Voltei a encontrar uma referência à Inarbel, agora aqui, "Indústria têxtil em força na principal feira de saúde na Alemanha":
[Moi ici: Primeiro, o choque. Reacção, estancar a hemorragia. Preparar a empresa para sobreviver] "O adiamento e cancelamento de encomendas, a partir do início de fevereiro, obrigou o CEO do grupo a procurar alternativas. “Passei por momentos muito complicados, tenho obrigações para com os meus colaboradores e as suas famílias, mas não tinha trabalho para toda a gente”, admite José Armindo Ferraz. Deu uma semana de férias aos trabalhadores no início de abril, mas não foi suficiente. Tive de avançar com o lay-off de alguns trabalhadores.
...
[Moi ici: Depois, o agarrar duma oportunidade] Um parceiro espanhol, com que trabalha há muitos anos, alertou-o para as necessidades urgentes de batas hospitalares e o empresário tratou de encontrar a solução ao nível dos tecidos, que são 100% algodão, permitindo a sua reutilização. São certificados pelo Citeve. Esse mesmo parceiro intermediou o negócio com o Estado espanhol e, em três dias, estava a receber uma encomenda inicial de 200 mil peças. Pediu 50% do valor à cabeça, no dia a seguir tinha o dinheiro na conta. “Estamos já inscritos na Direção Geral de Saúde espanhola como fornecedores certificados. Vendemos 600 mil batas para Espanha, enquanto em Portugal vendemos cinco mil”, diz, lamentando que seja “muito difícil” vender em Portugal porque a burocracia “é muita”.
...
[Moi ici: Predisposição para a acção. Fez-me lembrar um fabricante de solas que conheci há uns anos e que me fez criar estes gráficos] Num ápice montou uma fábrica específica, com estrutura própria de confeção, para produtos hospitalares, a que afetou 30 pessoas. “Maio e junho foram os meses em que faturamos mais desde que a Inarbel existe, desde 1984”, garante José Armindo Ferraz. Os trabalhadores que estavam em casa foram sendo reintegrados e agora até admite ter de contratar mais. “Vou começar a formar costureiras e controladores de qualidade. Leva tempo, mas eu quero crescer e quero manter este contacto com as comunidades autónomas espanholas”, diz. Alargou já o portefólio da área de saúde e está a tentar entrar nos mercados francês e britânico, enquanto o negócio da moda vai retomando, devagarinho. “Não é sorte, a sorte dá muito trabalho e eu tive que reinventar a empresa por completo e criar novos negócios em que nunca tinha pensado."
Interessante é pensar como é que a Inarbel vai integrar este negócio na sua estrutura?
É o mesmo desafio da Impetus em 2011. Moda e saúde são duas realidades distintas, requerem modelos de negócio distintos, requerem prioridades distintas.

BTW, tenho de escrever sobre marcas próprias, modelos de negócio, life-style.

sexta-feira, julho 31, 2020

Curiosidade do dia

Outro exemplo da forma como a informação é manipulada em favor dos queridos:

Isto é tão mau, tão mau!

Comparar laranjas com maçãs e com melões para que se conclua que Espanha esteve tão bem quantio a Alemanha e melhor que a França e a Itália, ainda que para isso se faça batota.

Ah! Deve ter sido um bloguista qualquer sem carteira profissional... já imagino as diatribes de JPP e MST contra as redes sociais... Oh! Wait! Afinal foi a RTVE ...

quinta-feira, abril 02, 2020

E o day-after? (parte II)

Parte I.

Números dos Estados Unidos:
"The number of Americans filing claims for unemployment benefits likely shot to a record high for a second week in a row as more jurisdictions enforced stay-at-home measures to curb the coronavirus pandemic, which economists say has pushed the economy into recession.
...
More than 80% of Americans are under some form of lockdown, up from less than 50% a couple of weeks ago, leaving state employment offices overwhelmed by an avalanche of applications.
...
Initial claims for state unemployment benefits probably raced to a seasonally adjusted 3.50 million for the week ended March 28, according to a Reuters survey of economists. Estimates in the survey were as high as 5.25 million.
.
Claims data for the week ended March 21 is likely to be revised higher as many state employment offices reported challenges processing applications."
Outra fonte:
"The torrent of Americans filing for unemployment insurance continued last week as more than 6.6 million new claims were filed, the Labor Department reported Thursday. That brings to 10 million the total Americans who filed over the past two weeks." 
Números de Espanha:
"Ya tenemos los datos oficiales, y a finales de marzo, tras desatarse la crisis, el paro ha subido en 302.265 personas, y, lo que es más preocupante aún, la Seguridad Social cuenta con 846.000 afiliados, perdidos casi todos en la segunda mitad del mes. Solo en un día, el 16 de marzo, se perdieron 178.000 afiliaciones. El segundo peor día fue el 31, con 120.000 afiliados menos."

quinta-feira, março 26, 2020

Curiosidade do dia

A propósito dos profissionais de saúde ou dos lares que se contaminam e que, depois, vão contaminar os outros, qual é a novidade?

Ainda me lembro de 2006:
"Em 2006, o anterior ministro da Saúde, Correia de Campos, reconheceu que Portugal tinha "um problema sério ao nível das infecções hospitalares", com forte probabilidade de um doente em cada cem internados vir a morrer por este motivo. E decidiu mandar uma mensagem para a classe médica, apelando a estes profissionais para que não usem gravatas e lavem as mãos com mais frequência. O apelo foi depois seguido por um conjunto de regras a serem seguidas nas unidades de Saúde. A crítica enfureceu a classe, que criticou o facto de o governante apontar o dedo aos profissionais, esquecendo-se da falta de condições de muitas unidades."
Não acham estranho uma médica falar para o microfone de uma TV com máscara colocada, mas de estetoscópio pendurado no pescoço? O estetoscópio é desinfectado com que frequência?

Recordo:


O meu amigo das conversas oxigenadoras referiu-me:
- Andam todos a confiar na tecnologia para evitar o contágio. Aqui na fábrica temos a "Fórmula Ganhadora": Água, Sabão e Lixívia
- Nas unidades de saúde já existia o contágio. Não há organizações saudáveis sem pequenos hábitos.

A mesma mentalidade que faz com que profissionais de saúde contagiem doentes, é a mesma mentalidade por trás deste caso extraordinário "Covid-19. Responsável da Câmara de Nelas veio de Espanha e furou quarentena":
"Em causa está o chefe de gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Nelas, que esteve em Madrid dez dias, até que esta segunda feira regressou ao trabalho.
.
“Veio, não avisou ninguém, não observou a quarentena e esteve reunido com bombeiros, IPSS, Proteção Civil e demais entidades do concelho no delinear da estratégia de contenção da pandemia”, conta fonte da saúde. O responsável “participou inclusive na reunião de câmara, presencial, que teve lugar nesta quarta-feira”, contou fonte da autarquia."
Parece Sodoma e Gomorra... não há nem um justo...
Temos o chefe de gabinete que se achou imune ao vírus, que achou que as leis que se aplicam aos outros não se aplicam a um chefe de gabinete da presidência de uma câmara municipal, que participou em reuniões com mais gente do que seria desejável
Temos bombeiros, IPSS, Proteção Civil e demais entidades do concelho a reunirem presencialmente e  não fazerem caso do distanciamento social... isso é para os saxões
Temos a câmara a continuar a realizar reuniões presenciais...

Ontem fiz duas reuniões. Uma via Slack de 1 hora (eramos duas pessoas).
Outra via Teams de 2h30 (eramos 9 pessoas. Dono da empresa, Responsável de Marketing, Director Comercial, 5 Comerciais e este anónimo consultor. No fim comentei, estas reuniões assim são mais produtivas que as presenciais) - reparem 8 pessoas de uma empresa que tem de continuar a laborar, porque a sobrevivência do posto de trabalho de 150 pessoas depende disso, e porque os clientes (agricultura) estão a bombar com o arranque da Primavera, e só dois estavam na fábrica.

Segunda fiz outras duas reuniões, uma via Skype e outra via Whereby.

Entretanto:


sábado, março 21, 2020

"Many short-term emergency measures will become a fixture of life"

Esta tarde vi no noticiário da SIC Notícias uma peça sobre a produção de leite ovino que tem de ser destruído porque as pequenas queijarias não têm como escoar os seus produtos, e outra peça sobre os pescadores que estão a perder rendimento porque já não podem vender as espécies mais nobres para Espanha e França.
A minha reacção imediata foi esta:



Agora, enquanto fazia exercício numa velha maquineta... recordei uma série de postais que escrevi ao longo dos anos...

Comecemos por algo que Noah Harari escreveu ontem no Financial Times em "Yuval Noah Harari: the world after coronavirus":
"Many short-term emergency measures will become a fixture of life. That is the nature of emergencies. They fast-forward historical processes. Decisions that in normal times could take years of deliberation are passed in a matter of hours. Immature and even dangerous technologies are pressed into service, because the risks of doing nothing are bigger. What happens when everybody works from home and communicates only at a distance? What happens when entire schools and universities go online? In normal times, governments, businesses and educational boards would never agree to conduct such experiments. But these aren’t normal times."
Ao longo dos anos tenho escrito aqui no blogue a desafiar os pescadores a fazerem o by-pass ao middleman, a mudarem de modelo de negócio... talvez agora seja a altura de testar:

  • uma plataforma para receber encomendas para entrega ao domicílio;
  • uma plataforma para distribuição.
Seguem-se os textos:



segunda-feira, março 16, 2020

Os saxões na Nacional nº 236

Paulo Ferreira em "O que é uma catástrofe económica? É isto" escreve:
"Há dois dias, no Twitter, li o desabafo de Carlos Fernandes, responsável numa cadeia de restauração: “O meu dia de trabalho: Andar de loja em loja a informar as pessoas que não vai ser renovado o contrato ou demitir quem se encontra no período experimental, tudo devido ao coronavírus. As quebras nas vendas estão nos 70%. Puta de sorte”. Explicou que há lojas com quebras de vendas de 90% porque os centros comerciais começaram a ficar vazios e os clientes não aparecem."
Estas são as primeiras peças do dominó.

Volta e meia, quando trabalho com empresas de calçado lanço a provocação:
"Imagine que ocorre um ataque terrorista num centro comercial em França. O que vai acontecer ao consumo nas lojas dos seus clientes?" 
Se os seus clientes não venderem, vocês não vão vender...

Por isso, muitas fábricas que ainda estão a trabalhar vão perceber que algures no futuro vão deixar de ter encomendas.

Paulo Ferreira explica muito bem o que se vai passar:
"E daqui por menos de duas semanas, quando chegar o momento de pagar ordenados, muitas empresas vão ver-se impedidas de o fazer porque não há dinheiro. Em muitos sectores do consumo, em que a quebra da procura foi quase instantânea e em que a tesouraria vive dos fluxos de caixa de curtíssimo prazo, esse drama vai ocorrer.
...
Previsivelmente, a economia sairá desta crise com um nível maior de desemprego do que o que tínhamos no início do ano e haverá muitas empresas que não vão sobreviver.
.
Porque não eram viáveis? Não, aqui não há lugar a lógicas shumpeterianas de destruição criativa. Há empresas que não sobrevivem porque não estão preparadas – nem têm de estar – para fechar portas durante dois ou três meses, deixarem de ter qualquer receita – ou verem as receitas reduzidas a 10% ou 20% do normal – e ainda assim sobreviverem suportando custos fixos que se mantêm: rendas e alugueres, salários, obrigações contratuais, juros, etc.
.
Uma crise como esta nada nos diz sobre a viabilidade e competitividade de cada empresa. Quanto muito, pode dizer-nos sobre a folga de tesouraria de cada uma mas isso é outra coisa."
Entretanto em "Estado de alarma: autónomos y empresas ante el colapso" (onde está Espanha substituir por Portugal):
"Que el Gobierno se agarre desesperadamente a la máquina de expoliar en medio de un shock epidémico que puede generar una recesión es, cuando menos indignante.
...
Para la mayoría de pequeñas empresas y autónomos de España un mes de cierre es una ruina. Dos meses es una catástrofe que lleva a quiebras y despidos.
.
En España, el capital circulante mata más empresas que el Gobierno, pero cuando se juntan los dos poniendo zancadillas, entramos en crisis.
.
¿Qué es muerte por capital circulante? Los ingresos se desploman, los que te pagan lo hacen, pero mucho más tarde y, sin embargo, los costes fijos e impuestos aumentan y se acumulan. La mayoría de las empresas en España tienen muy poca liquidez.
...
Si, encima, el Gobierno decide previamente debilitar el tejido empresarial y el empleo, como ha ocurrido, las empresas se enfrentan a un shock epidémico tras un shock endémico, al virus del intervencionismo se le ha añadido el virus sanitario."

sexta-feira, fevereiro 28, 2020

Risco do coronavírus e ficar à espera do papá-estado

Ontem ao almoço tive uma conversa interessante com o meu parceiro das conversas oxigenadoras.

A certa altura chamou-me a atenção para o socialismo em que estamos todos embrenhados, esperando que seja o governo a dizer-nos o que devemos fazer para nos preparamos para o coronavírus. Depois, à noite, sorri ao ler este tweet:


De manhã tinha partilhado este documento da DGS no Linkedin -


Entretanto, ao final da tarde li "Lead Your Business Through the Coronavirus Crisis".

O meu colega das conversas oxigenadoras chamou a atenção para o que nenhum governo vai fazer pela sua empresa:
  • como minimizar a possibilidade dos seus trabalhadores ficarem infectados? Acima de x infectados pode crer que lhe fecham a fábrica, ou escritório, ou loja.
  • como minimizar o impacte do encerramento de fornecedores e de subcontratados?
  • onde arranjar alternativas para as matérias-primas?
  • e se França, ou Espanha, fecharem fronteiras, como é que as encomendas chegam aos clientes?
estão a recordar aquela pergunta acerca da frequência com que se devem rever os riscos no âmbito do sistema de gestão da qualidade? Creio que agora é altura para repensar que riscos podemos correr e como os minimizar.

Ontem no Financial Times em "Italy plant closure prompts car industry fears":
"A European auto supplier has had to close its main Italian plant because of the coronavirus quarantine, in the first concrete evidence of the impact the disease could have on Europe’s domestic industry and economy. Electronics manufacturer MTA said that if its 600 employees in the northern town of Codogno were not allowed to return to work within days, production lines at Fiat Chrysler (FCA) subsidiaries would be brought to a standstill.
.
“All the other FCA plants in Europe and those of Renault, BMW and Peugeot will close too,” MTA said, marking the first forecast of a shutdown at a large German carmaker’sdomestic sites."
Já esta madrugada, enquanto tomava o chá da manhã li as sugestões de "Prepare Your Supply Chain for Coronavirus":
"Start with your people. The welfare of employees is paramount, and obviously people are a critical resource.
...
Maintain a healthy skepticism. Accurate information is a rare commodity in the early stages of emerging disasters, especially when governments are incentivized to keep the population and business community calm to avoid panic.
...
Run outage scenarios to assess the possibility of unforeseen impacts. Expect the unexpected, especially when core suppliers are in the front line of disruptions.
...
Create a comprehensive, emergency operations center. Most organizations today have some semblance of an emergency operations center (EOC), but in our studies we’ve observed that these EOCs tend to exist only at the corporate or business unit level.
...
Designing for response
...
Know all your suppliers. Map your upstream suppliers several tiers back. Companies that fail to do this are less able to respond or estimate likely impacts when a crisis erupts.
...
Understand your critical vulnerabilities and take action to spread the risk. Many supply chains have dependencies that put firms at risk.
...
Create business continuity plans. These plans should pinpoint contingencies in critical areas and include backup plans for transportation, communications, supply, and cash flow. Involve your suppliers and customers in developing these plans.
...
Don’t forget your people. A backup plan is needed for people too. The plan may include contingencies for more automation, remote-working arrangements, or other flexible human resourcing in response to personnel constraints."
Li agora no El Economista de ontem que o El Corte Inglés não ficou à espera do papá-estado e pôs de quarentena todos os seus compradores que estiveram no norte de Itália.




sábado, fevereiro 22, 2020

Riscos e oportunidades: Covid-19

Interessante no Correio da Manhã de ontem:
"As empresas portuguesas do sector têxtil estão a preparar 'planos B' para lidar com o impacto do Covid -19 na China, admitindo recorrer a novos fornecedores na Índia e na Turquia. [Moi ici: Como se fosse tão fácil como sair da loja A e entrar na loja B num centro comercial] A falta de matéria-prima pode ditar o encerramento de fábricas já em março. O cenário é traçado ao CM por Mário Jorge Machado, presidente da Associaçâo Têxtil de Portugal (ATP). Se a epidemia não abrandar, a fileira do têxtil e vestuário admite que poderá ser forçada a parar a produção no próximo mês, perante a falta de matéria-prima. Fios, tecidos, botões, forros, fechos e etiquetas são alguns dos componentes cujo fornecimento está a ser afetado pelo vírus com a paragem da produção na China. [Moi ici: Estou a imaginar uma oportunidade para armazenistas com monos fazerem um negócio de oportunidade. Quando a Apple ou a Adidas avisam o mercado acerca do impacte do Covid-19, fazem-no porque a produção do produto acabado não está a ocorrer na China. Neste caso do têxtil, o que falha é a matéria-prima e componentes para a produção feita cá. O impacte é semelhante, em ambos os casos o produto não chega ao mercado. Embora, seja mais fácil arranjar alternativa de matéria-prima do quer alternativa de fabrico] E mesmo com os 'planos B' em marcha, as empresas terão de esperar semanas para que a matéria-prima indiana ou turca comece a chegar a Portugal. "Sendo uma situação preocupante, não é dramática" , assegura Mário Jorge Machado. O responsável admite que o vírus poderá trazer "oportunidades" a Portugal. "Temos uma série de compradores que vieram cá fazer compras. Perceberam que estar dependente da Ásia é uma ameaça." O interesse tem chegado sobretudo de França, Alemanha, Reino Unido e Suécia."
Fui em busca de artigos de jornal em Espanha sobre o impacte do Covid-19 na Inditex, "El sector textil español busca alternativas a las fábricas chinas por el coronavirus":
"Las colecciones que llegarán a las tiendas el próximo invierno se producen ahora –la mayor parte de la colección primavera-verano ya está entregada–, y puede afectar de forma notable a las firmas de fast fashion, que lanzan colecciones y modelos nuevos cada pocas semanas,
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“En el sector hay inquietud y se están buscando centros productivos alternativos en el norte de África, Egipto, Portugal o España”, aseguran.
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En el caso del gigante Inditex, que también renueva colecciones continuamente –vende 65.000 referencias al año–, la producción está más diversificada. El 95% de su fabricación se produce en doce países, aunque China es su principal proveedor, con más de 1.800 plantas que trabajan para llenar las tiendas de Zara, Bershka o Pull&Bear. Sin embargo, más del 50% de la producción se encuentra en países más cercanos, como España, Marruecos, Portugal o Turquía.
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China también es el principal proveedor de Mango, aunque en los últimos años ha seguido el modelo de Inditex y ha diversificado la fabricación de sus prendas. Las empresas grandes, con todo, podrán tener una mayor capacidad de reacción si el cierre de fábricas se mantiene. El mayor problema, explican fuentes del sector textil, está en las pequeñas firmas con fuerte dependencia de China y poca capacidad para llevar su producción a otros países.
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Voces del mundo de la moda empiezan a plantear que la cadena de distribución “debe replantearse”. Primero, porque depender en exceso de un solo país deja a las empresas demasiado expuestas a la coyuntura de terceros. Y segundo, porque los largos trayectos para transportar la mercancía están en cuestión por su impacto climático."
Alguns números daqui:
"Así, el 31% de la ropa de Mango se fabrica en China, el 50% de Desigual y el 41 % de la de Mark and Spencer. Por su parte, C&A dispone de 300 factorías en el país asiático, por 239 de GAP y 89 de Primark." 

quinta-feira, fevereiro 20, 2020

Bodes expiatórios e sintomas

A subida do salário mínimo em Espanha está a pôr a rua em guerra com manifestações diárias dos agricultores.

Um dos bodes expiatórios que o governo rapidamente lançou nos media foi a distribuição grande. A culpa é da distribuição grande que não paga o preço justo aos agricultores.

Entretanto no jornal El Economista de 17.02.2020 encontrei um texto muito interessante que vem recordar a importância de não tentar resolver um problema sem primeiro olhar para os factos. Como se trabalha nos projectos de melhoria da qualidade: primeiro recolher, medir e analisar os sintomas.

Segundo o artigo “Los Precios En Origen” de Mariano Íñigo temos os seguintes números: Do total da produção agrícola espanhola 70% é para exportação e 30% é para o mercado interno. Primeiro choque de realidade.

Desses 30%, 20% são consumidos na indústria agroalimentar e só 10% vão parar à distribuição grande para venda aos consumidores. Portanto, acerca da culpa da distribuição grande estamos conversados.

Todos os dias, como consumidores, como cidadãos e como trabalhadores nas organizações somos comidos por quem usa estes chavões, intencionalmente ou inadvertidamente.

BTW, o autor chama a atenção para o modelo das exportações espanholas, baseado mais no preço do que na diferenciação. Recordar o que os russos pensavam delas.

domingo, fevereiro 16, 2020

O que mais ninguém lhe conta

Na AppleMagazine de 7 de Fevereiro último encontrei este trecho:
"At Rosendale Dairy, each of the 9,000 cows has a microchip implanted in an ear that workers can scan with smartphones for up-to-the-minute information on how the animal is doing —everything from their nutrition to their health history to their productivity. Feed is calibrated to deliver a precise diet and machines handle the milking. In the fields, drones gather data that helps bump up yields for the row crops grown to feed the animals.
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Technology has played an important role in agriculture for years but it’s become a life and death matter at dairy farms these days, as low milk prices have ratcheted up pressure on farmers to seek every possible efficiency to avoid joining the thousands of operations that have failed."
9 mil vacas...

E recordei estes números:
"Em 2011, num postal, publiquei estes números:
"Terceiro: Quantas vacas existem em média numa exploração leiteira
Na Roménia? 1,5
Em Portugal? 18 (em 2010); 10 (em 1995)
Em Espanha? 42 (em 1995)
Em França? 60 (em 1995)
Na Alemanha? 55 (em 1995)
Na Dinamarca? 69 (em 1995)
No estado do Wisconsin? 98 (em 2010)"
 Apesar de tudo, foi com algum espanto que na quinta-feira à noite, via @nticomuna cheguei a este número "Over half of US dairy herds now milk over 900 cows"
Como é que num negócio em que o que conta é o preço (logo o custo), uma exploração com 30 vacas, ou 50 vacas, pode competir com uma de 500 ou de 900 vacas? (900 é só o número médio)
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Não pode! Daí nasce o apelo ao activismo político, ao proteccionismo, ao barulho da rua. É assim que a distribuição grande pode, ao longo dos anos, comprar cada vez mais barato. Uma parte dos produtores cresce muito depressa e torna-se muito mais competitivo que os outros e aceita, ou até propõe, preços mais baixos para ganhar quota de mercado.

segunda-feira, fevereiro 10, 2020

A lição do canadiano

Acompanho os jornais espanhóis há cerca de semana e meia (El País, ABC e El Mundo). Impressionante, todos dias um ou mais artigos sobre a situação de crise que varre a agricultura espanhola.

Aumento do salário mínimo para 950 euros, taxas alfandegárias nos Estados Unidos e abaixamento dos preços pagos pela distribuição grande estão entre os principais motivos avançados.

Ontem, no ABC encontrei "El campo mira a los Países Bajos para solucionar su crisis" e fiquei a pensar num filme que tinha visto ao princípio da tarde sobre a crise de 2008. A certa altura perguntam a um cientista nuclear porque estava a trabalhar para uma empresa financeira. Ele responde que é tudo uma questão de números. Eis alguns trechos:
"En España hay más de 3.500 cooperativas (asociaciones de agricultores que producen conjuntamente y luego se reparten el beneficio), de las cuales casi un millar son de aceite, según datos del Observatorio Socioeconómico del Cooperativismo Agroalimentario.
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Frente a esta dispersión, hay casos como el de Holanda, un país que, para la mayoría de las fuentes consultadas, es un ejemplo de organización en el campo. Hay pocas cooperativas pero grandes. Tiene cuatro que facturan lo mismo que las 3.500 españolas. Destacan Arla y Friesland Campina, por ejemplo, que son de las que más facturan en Europa.
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Si en España hay 3.500 cooperativas, en Dinamarca hay 28. La facturación media de una cooperativa en nuestro país es de siete millones de euros mientras que en estos países está entre 300 y 400 millones.
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«Una estrategia de integración de la actividad agraria permite reducir costes y mejorar la rentabilidad de los agricultores en dos direcciones: actuando sobre los costes de producción a través de compras conjuntas de carburantes, fitosanitarios, abonos, maquinarias, etc. y, de otro lado, participando de los procesos de transformación y comercialización de los productos», señala Aurelio del Pino, presidente de Aces, la asociación de cadenas españolas de supermercados."
Acham mesmo que o sucesso das cooperativas holandesas se deve só à dimensão? Acham que os produtos são os mesmos? Come on!

Quando se vende um produto básico, por mais produtivo que se seja, o que vende é o preço mais baixo.

O primeiro artigo que li foi no passado dia 3 no El País, "Crisis agraria":
"Las causas de fondo están en un mercado desequilibrado que opera siempre en contra de la renta de los agricultores sin que favorezca en demasía los intereses de los consumidores. Las grandes cadenas de distribución ejercen un dominio de mercado que les permite comprar a la baja a las pequeñas y medianas empresas dedicadas a la producción agraria. Este sistema ha acabado por deprimir las rentas y contribuir, junto a políticas de ayudas públicas mal diseñadas, a la persistencia en el campo de un minifundio empresarial, obligado en ocasiones a mantenerse vendiendo a pérdidas.
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La crisis de la agricultura en España solo tiene una respuesta: aumentar la rentabilidad de las explotaciones agrarias y equilibrar las condiciones de mercado.
...
las explotaciones agrarias españolas tienen que aumentar de tamaño para ganar en competitividad. El campo español se merece estudios de rentabilidad, favorecer la creación de más cooperativas, oportunidades de venta directa a los consumidores, planes para elevar el valor añadido de la producción y mejores condiciones de empleo para asentar la población."
Sempre que penso em subir na escala de valor na agricultura recordo um exemplo, "Agricultura com futuro" e este trecho:
""Instead of growing crops and then finding a buyer, Mr. Menzies said the farm had to start looking for customers first. The typical farm model is “backward to everything I ever did in the engineering and technology side,” he said in an interview. “We looked for a need and we filled it. And where we found that need was from the world.”"
Precisam de crescer e emparcelar terrenos? Quase de certeza.
A produzir o que já existe em excesso? Não me parece.

A tentar subverter a relação com a distribuição grande?

Esta imagem:

Retirada do ABC de ontem em "El campo español afronta la tormenta perfecta". Como não re

Entretanto, no Público de ontem podia ler-se:
"A produção de azeitona para azeite na campanha de 2019 deverá ultrapassar “as 900 mil toneladas”, “posicionando esta campanha como uma das mais produtivas dos últimos 80 anos”.
Se colocarem muitos entraves à distribuição grande ela deixa de comprar em Espanha e passa a comprar mais em Portugal.

domingo, fevereiro 09, 2020

2019 vs 2018 - exportações


Mobiliário continuou a crescer e mais do que em 2018.
Máquinas retomaram o cresciomento, mas ainda sem recuperar do golpe de 2018.
Vestuário, plástico e calçado  caíram em 2019. O calçado tinha caído em 2018 e duplicou as quedas em 2019.
Aeronaves cresceram muito e mais do que recuperaram o perdido em 2018.
Óptica continua a crescer muito robustamente, depois de um 2018 conde já tinha crescido quase 30%.
Agricultura a crescer bem, o normal dods últimos anos.
Combustíveis e ferro fundido tiveram um ano negativo.
Automóveis, desaceleração do crescimento para metade do verificado em 2018.

Interessante no Público de ontem o artigo "Têxtil: desvio espanhol e anemia alemã interrompem década de crescimento":
"As vendas da indústria têxtil e vestuário (ITV) a Espanha caíram 73 milhões de euros em 2019.
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É a primeira vez, desde 2009, que as vendas ao exterior da ITV num ano não ultrapassam a facturação do ano precedente. Foram nove anos sempre a crescer, uma tendência agora interrompida porque o principal cliente de Portugal, a Espanha, e o terceiro maior comprador, a Alemanha, registaram quebras de 4,3% e 3%, respectivamente.
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No primeiro caso, a razão parece ser a transferência de encomendas de Portugal para Marrocos e Turquia por parte de grandes clientes da confecção portuguesa, como a Inditex – o grupo espanhol dono de marcas como Zara, Pull & Bear, Bershka e Lefties, entre outras. Porquê? Segundo a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, “alguns players importantes alteraram a lógica de fornecimento” nos segmentos de “moda e fast fashion” porque “do ponto de vista dos preços, Portugal tem perdido alguma competitividade”. [Moi ici: Recordar esta reflexão recente sobre rapidez e preço. É o eterno sobe e desce] 



Nesse particular, Marrocos e Turquia conquistaram encomendas que antes eram satisfeitas em Portugal, porque em termos de proximidade acabam por ser colocados no mesmo patamar que a confecção portuguesa, que foi o sector que mais comércio perdeu e aquele que, como diz a ATP, “mais sente o peso” dos custos salariais.
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Já no caso da Alemanha, para onde se venderam menos 14 milhões de euros, a explicação fundamental será o clima de estagnação que pautou a economia alemã e que terá influenciado o comportamento dos consumidores naquele país, refere a mesma responsável."