"Há dois dias, no Twitter, li o desabafo de Carlos Fernandes, responsável numa cadeia de restauração: “O meu dia de trabalho: Andar de loja em loja a informar as pessoas que não vai ser renovado o contrato ou demitir quem se encontra no período experimental, tudo devido ao coronavírus. As quebras nas vendas estão nos 70%. Puta de sorte”. Explicou que há lojas com quebras de vendas de 90% porque os centros comerciais começaram a ficar vazios e os clientes não aparecem."Estas são as primeiras peças do dominó.
Volta e meia, quando trabalho com empresas de calçado lanço a provocação:
"Imagine que ocorre um ataque terrorista num centro comercial em França. O que vai acontecer ao consumo nas lojas dos seus clientes?"Se os seus clientes não venderem, vocês não vão vender...
Por isso, muitas fábricas que ainda estão a trabalhar vão perceber que algures no futuro vão deixar de ter encomendas.
Paulo Ferreira explica muito bem o que se vai passar:
"E daqui por menos de duas semanas, quando chegar o momento de pagar ordenados, muitas empresas vão ver-se impedidas de o fazer porque não há dinheiro. Em muitos sectores do consumo, em que a quebra da procura foi quase instantânea e em que a tesouraria vive dos fluxos de caixa de curtíssimo prazo, esse drama vai ocorrer.Entretanto em "Estado de alarma: autónomos y empresas ante el colapso" (onde está Espanha substituir por Portugal):
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Previsivelmente, a economia sairá desta crise com um nível maior de desemprego do que o que tínhamos no início do ano e haverá muitas empresas que não vão sobreviver.
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Porque não eram viáveis? Não, aqui não há lugar a lógicas shumpeterianas de destruição criativa. Há empresas que não sobrevivem porque não estão preparadas – nem têm de estar – para fechar portas durante dois ou três meses, deixarem de ter qualquer receita – ou verem as receitas reduzidas a 10% ou 20% do normal – e ainda assim sobreviverem suportando custos fixos que se mantêm: rendas e alugueres, salários, obrigações contratuais, juros, etc.
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Uma crise como esta nada nos diz sobre a viabilidade e competitividade de cada empresa. Quanto muito, pode dizer-nos sobre a folga de tesouraria de cada uma mas isso é outra coisa."
"Que el Gobierno se agarre desesperadamente a la máquina de expoliar en medio de un shock epidémico que puede generar una recesión es, cuando menos indignante.
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Para la mayoría de pequeñas empresas y autónomos de España un mes de cierre es una ruina. Dos meses es una catástrofe que lleva a quiebras y despidos.
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En España, el capital circulante mata más empresas que el Gobierno, pero cuando se juntan los dos poniendo zancadillas, entramos en crisis.
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¿Qué es muerte por capital circulante? Los ingresos se desploman, los que te pagan lo hacen, pero mucho más tarde y, sin embargo, los costes fijos e impuestos aumentan y se acumulan. La mayoría de las empresas en España tienen muy poca liquidez.
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Si, encima, el Gobierno decide previamente debilitar el tejido empresarial y el empleo, como ha ocurrido, las empresas se enfrentan a un shock epidémico tras un shock endémico, al virus del intervencionismo se le ha añadido el virus sanitario."
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