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terça-feira, junho 16, 2015

E o burro era eu!

Aqui neste blogue escreve-se muitas vezes sobre a necessidade de subir preços, e  sobre a comparação do impacte de subir os preços vs o impacte de praticar descontos.
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Quando aos 28 anos vi pela primeira vez o gráfico de Marn e Rosiello:
Estribado nas certezas que a minha ignorância alimentava, logo classifiquei os autores:
- BURROS!!!
Como é que é possível subir os preços e não perder clientes!!! Subir os preços é um bónus dado à concorrência.
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Se na altura lesse "Newsonomics: Single-copy Newspaper Sales Are Collapsing, and It’s Largely a Self-Inflicted Wound" de certeza que utilizaria o seu conteúdo para corroborar aquela classificação.
"Single-copy newspaper sales — which not that long ago made up as much as 15 to 25 percent of sales — are obsolescent, dropping in double digits per year and, for many papers, 25 to 50 percent or more in just the past three years. Single copy is just one corner of a disappearing world, and it’s one we’ve paid little attention to. In its decline, though, we can see the print-to-digital transformation from another angle.
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Why the drop? Of course, digital reading is a prime reason, propelled by the smartphone revolution; more than one billion smartphones were shipped for sale around the world last year, a mind-boggling number.
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But it’s not the only reason. Right up there on the list would be newspaper company strategy, as expressed in its pricing decisions. Call it quarteritis — a piling on of quarters, raising single-copy prices from 50 cents to 75 cents and then to a dollar and more."
A esta hora, quem acompanha este blogue estará a murmurar:
- Então não é isso que tu propões ò caramelo?! Subir preços?! 
STOP!!!
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Como é que fazem os governos? Aumentam os preços dos serviços e reduzem a qualidade dos mesmos. Pudera, são monopolistas!
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Como é que os jornais fizeram?
"What’s happened in newspaper pricing is that too many publishers have doubled their prices while halving the size, and quality, of their products. I can’t think — nominations invited — of other industries that have done that with longer-term success."
Ou seja, fizeram o mesmo.
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Recordar "Sonho? Tomo a nuvem por Juno? Ou será o jornalismo do Estranhistão?"
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Hoje, olho para o gráfico de Marn e Rosiello e murmuro:
- O BURRO era eu!
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Como é que numa sociedade capitalista:

  • em que há concorrência;
  • em que os clientes não estão condenados a comprar uma oferta em particular;
é possível aumentar os preços, não perder clientes e ganhar mais?
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Fazendo um trade-off, mais caro por mais valor.
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Julgo que, nestes tempos de tabletes e smartphones, o sucesso desta revista em papel deve fazer muita gente reflectir "Australia’s Popular New Philosopher Magazine Blurs the Line Between Indie and Mainstream:
"Why did you decide to start a printed magazine about philosophy?
When looking around at other publications there seemed to be a gaping hole for content that was intellectually stimulating. Existing publications seemed to seriously underestimate their readers’ capacity to reason and their curiosity about the world around them
...
New Philosopher has no ads; it’s funded entirely by subscriptions and newsstand sales. How have you managed to make this model viable?
Plenty of people are sick of the number of ads in the media and they’re prepared to pay a little more to avoid them. Given we have no advertising, we also had to look for other revenue streams."
Claro que fazer um produto insosso, que sirva para todo o tipo de leitor, não serve, não atrai ninguém, não faz a diferença, não gera paixão.

terça-feira, abril 21, 2015

Jornais, futuro e modelo de negócio

Acerca dos modelos de negócio do jornalismo do futuro, ou a via chinesa, suportada por publicidade, ou a via superior, suportada pelos leitores:
"Beers believes that, in order for local publications to succeed, their business models need to be linked to their pursuit of big, important stories. Indeed, the Tyee, over the past several years, has won awards for investigative stories about coal exports and jail overcrowding in British Columbia.
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This editorially driven approach suggests a welcome departure from the traditional Web business model, which assumes that a news organization will derive its revenue from advertising placed alongside large amounts of entertaining content, then use that money to subsidize the big, important stories. “You must be able to make the case that it’s absolutely essential that you exist—and otherwise the world would not be nearly as happy a place,” Beers said. “Who responds to that message? Not browsers, grazers, and click-bait people. It’s people who have a churning anxiety in their gut that the world isn’t going in the right direction and that journalism is part of the solution.”
Recordar:


Trecho retirado de "Survival Strategies for Local Journalism"

quarta-feira, novembro 26, 2014

Organizem-se!

Acerca da frase de Max De Pree:
"A primeira responsabilidade de um líder é definir a realidade. A última é dizer obrigado." 
Será que existe mesmo a realidade?
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Será que existem factos?
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Por exemplo:

Afinal em que ficamos?
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Organizem-se!

terça-feira, outubro 21, 2014

"o mindset das redacções dos jornais económicos"

Mais um exemplo do desalinhamento entre a realidade empresarial em Portugal e o mindset das redacções dos jornais económicos:
"Ninguém diria que hoje em Portugal há negócios que vivem da indústria, quando se diz que a indústria morreu? [Moi ici: Ninguém diria? Duh!]
Existe espaço para crescer em Portugal.
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Mas em que áreas?
Em todas as áreas. Inclusive na têxtil. Acho que a indústria teve de ser reinventada. [Moi ici: Eheheh devem ler aqui o blogue] O conceito de ‘mass production' está falido. Temos de ter um conceito de valor acrescentado."
Os jornalistas económicos não olham para as estatísticas? Não olham para a realidade? Não conseguem subir na escala de abstracção e detectar padrões por trás do sucesso?
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BTW, a empresa prevê crescer este ano 25% face a 2013. Acho que as redacções dos jornais económicos estão demasiado convencidas que a economia decorre do Orçamento do papá-Estado... enfim. Na semana passada conheci uma empresa com mais de 25 anos que este ano já cresceu quase 10% no emprego que proporciona... para os jornais o país continua parado, pois!
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Trechos retirados de “Não há ninguém na empresa a ganhar o salário mínimo

quarta-feira, outubro 08, 2014

Parece ser um sinal de evolução

Sabem que estou sempre de pé atrás, relativamente ao que André Macedo escreve. No entanto, hoje fui surpreendido com este trecho:
"Com as notícias está a acontecer o mesmo. Há um pedaço inteiro dos acontecimentos - o imediato, a última hora - que se mudou para o campo digital, embora com exceções. E há um outro olhar jornalístico mais profundo, que dá contexto e procura explicações (profundidade, movimento), que mantém no papel o seu espaço natural, embora também aqui não em exclusivo. Será cada vez mais este o campo de realização e interesse dos jornais em papel."
Parece ser um sinal de evolução. Afinal não existem sectores obsoletos, no caso jornais em papel, afinal o que existem são estratégias obsoletas. BTW, vejam como os jornais são um bom exemplo da "armadilha da deterioração". Perante a entrada de novos agentes, com diferentes modelos de negócio, os jornais reagiram cortando custos e, perdoem-me a linguagem pois não quero ser ofensivo, abastardando o produto, alienando os clientes fieis na vã tentativa de re-seduzir os ex-clientes perdidos.
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Perante a armadilha da deterioração a resposta é subir na escala de valor, acção preconizada por André Macedo. Resta-me uma dúvida, qual é a essência do jornalismo? Passa necessariamente pelo veículo papel? Se André Macedo fosse agora começar o jornal do zero, optaria pelo papel? Será que a manutenção da opção papel pode fazer perigar o futuro do jornal?

Trecho retirado de "O futuro numa pincelada"

quarta-feira, dezembro 11, 2013

Acerca dos jornais que vamos tendo

Escreve o Público, "Exportações abrandam em Outubro mas crescem 4% impulsionadas pelos combustíveis"
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Olha-se para uma tabela no Boletim do INE:

Com combustíveis e lubrificantes as exportações tiveram um crescimento homólogo de 4,6%
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Sem combustíveis e lubrificantes as exportações tiveram um crescimento homólogo de 5,5%
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O jornal i escreve, "INE. Exportações atingem segundo maior valor de sempre".
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Basta consultar a tabela da página 4 do referido Boletim para ver que é um valor inferior ao de Julho e de Maio.
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Escreve, ainda, o jornal i:
"O crescimento das exportações em 4,2% ficaram a dever-se fundamentalmente ao comércio dentro da UE, no grupo combustíveis minerais, de baixo valor acrescentado para Portugal."
Pena que lhe tenha escapado que Outubro de 2013 representa o melhor mês de sempre em exportações para fora da UE.

terça-feira, dezembro 10, 2013

Isto é tão triste

Segundo o Jornal de Negócios "Exportações registam forte abrandamento em Outubro".
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Porquê?
"Os dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que as exportações portuguesas cresceram, em cadeia, 7,2% durante o mês de Outubro.
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Este crescimento representa um forte abrandamento face ao registado em Setembro, mês em que as exportações cresceram 18,8%."
Isto é tão triste...
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A jornalista compara o crescimento mensal das exportações de Agosto para Setembro, que foi de 18,8%, com o crescimento mensal das exportações de Setembro para Outubro, que foi de 7,2%.
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Como é possível comparar o salto do final do Verão nas exportações, período durante o qual muitas empresas estão fechadas para dar férias ao pessoal, com o salto das exportações entre dois meses "normais" como Setembro e Outubro?
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A jornalista ainda não aprendeu a olhar para os indicadores e a perceber a diferença entre variações mensais e homólogas?

segunda-feira, novembro 11, 2013

Sonho? Tomo a nuvem por Juno? Ou será o jornalismo do Estranhistão?

E Mongo no jornalismo? (eheheh não confundir com jornalistas mongos)
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E jornalistas a trabalharem directamente para os seus leitores?
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E jornalismo que já não vive de textos a servirem de engodo para a publicidade, mas baseado num outro modelo de negócio: clientes-leitores que pagam os artigos que querem, que precisam, que têm interesse em ler.
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Em vez de salvar o jornalismo servindo os clientes overserved, com preços e custos cada vez mais baixos, apostar nos clientes underserved. Não é novo neste blogue:
Recordo também este postal de ontem, "Abraçar a mudança em vez de tentar incorporá-la", não são os jornais estabelecidos que vão aproveitar a oportunidade, são os que já não têm nada a perder e têm modelos mentais limpos, sem custos afundados. Quem? Os jornalistas!!!
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Recordo também este outro postal de ontem, "O poder potenciador das redes no Estranhistão", em vez dos jornais do passado, redes de jornalistas.
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Como já aqui afirmei várias vezes, perante este cenário:
Os jornais concentraram-se em fazer o que a UTAO defende, a procura está em baixo porque o produto é caro. E o produto é caro por causa dos custos fixos. Logo, há que despedir jornalistas caros e enxamear as redacções de estagiários. Logo, há que gastar menos dinheiro em investigação e comprar mais a centrais de notícias. Logo, há que incluir cada vez mais opinião (nunca me esquecerei de apanhar na TV Carlos Abreu Amorim a falar do tema da semana, a resposta americana ao Katrina... onde estão os especialistas?). Desta forma, tornaram os jornais cada vez mais, menos interessantes para os seus potenciais leitores. O leitor do preço vai para a net, o leitor que quer mais, que quer investigação, que quer rigor, que não quer propaganda travestida de informação fica underserved e aspira a algo de diferente, (até a minha mãe, até a minha mãe, e não consigo explicar o significado do que vou escrever a seguir em toda a sua dimensão, deixou de comprar o Público), a algo com mais qualidade, a algo com mais atributos.
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Era tão bom que isto "Plataforma portuguesa dedicada a jornalismo financiado por leitores é lançada na terça-feira", fosse uma genuína reacção de jornalistas interessados em aproveitar uma oportunidade de negócio para servir os leitores underserved...
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Era tão bom que fosse mais um pontapé no modelo económico do século XX e do seu teorizador Robert Coase

domingo, agosto 25, 2013

Acerca do futuro do jornalismo

Muito bom!
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Em sintonia com as ideias que aqui defendemos ao longo dos anos. "Clark Gilbert’s five business model ideas that are changing the news industry"
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Mais de hora e meia sobre a diferenciação nos jornais, sobre o futuro dos jornais como especialistas, sobre o futuro dos jornais num tempo em que existe a internet.
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Bom, bom, bom!!!

domingo, julho 21, 2013

Acerca do jornalismo

Se houvesse jornalismo a sério talvez pudéssemos perceber a realidade que se esconde por detrás deste texto "Sá da Costa. A livraria centenária despede-se dos leitores"
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Contudo, hoje em dia o jornalismo resume-se muito a ser um megafone do emissor e não a um "mediador" que se contrata para esgravatar abaixo da superfície e revelar o que não é óbvio.
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Primeiro leio:
""Não. Sou um dos funcionários que cá ficou para manter a livraria aberta nestes dois anos. Tem pouco significado dar a minha identificação. A questão não está nos nomes, está no país que temos. Se fosse um país culto ou houvesse essa pretensão não estaríamos nesta situação.""
E começo logo a pensar, como é que uma casa comercial pode aguentar-se quando tem este pensamento: "nós somos uma dádiva dos deuses, ajoelhem-se e paguem-nos a dízima"
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Mas esta é uma reacção simplista, quer a minha quer a do funcionário, porque depois leio:
"AGORA JÁ ERA: "Muita gente de dinheiro e da área da cultura sabia o que se estava a passar. Agora é tarde de mais. E pode citar-me se quiser." Estas palavras pertencem a Susana Pires. Está na livraria há 12 anos. "Nessa altura, esta era uma livraria generalista. Depois, tivemos de acorrer aos pequenos editores e passámos a vender livros de fotografia, de design, de poesia, de filosofia, de teoria da arte. E provou-se que se vende. Aliás, aguentaríamos a livraria se fosse só por isso. E aguentámos durante três anos, com tudo pago."
Este trecho já é mais interessante. O que é que aconselho a fazer, quando o mercado onde competimos é invadido por concorrentes low-cost com um modelo de negócio baseado no low-cost? Fugir do embate e trabalhar para nichos. Foi o que fizeram aqui. Interessante!!! "E aguentámos durante três anos, com tudo pago"
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Depois, vem um ponto interessante que não é desenvolvido:
"O que aconteceu aqui foi um problema de passagem de administração, que deu cabo da livraria.""
Afinal não foi a crise, nem o Gaspar, nem a nova lei das rendas.
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Por fim, uma coisa que me deixa a pensar:
"E O DIA SEGUE: O espanto que tinha a turista perante a movimentação e respectiva fauna que povoava a livraria parece ter sido partilhado por um terceiro funcionário que entretanto atraca no local." 
A livraria ainda tem três funcionários, e vai fechar?
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Terá reduzido o quadro de pessoal aquando da passagem de livraria generalista para livraria de nichos?

sábado, junho 08, 2013

Tanta superficialidade

O JN de notícias na passada Quarta-feira publicou a manchete "Desemprego cai 20% em Felgueiras" (BTW, uma boa notícia na 1ª página!!!! Pode ser um nicho de mercado a explorar: notícias positivas sérias), que tinha sido publicada umas semanas antes num semanário de Felgueiras, recolhi-o no dia 30 de Abril num café... tenho-o algures.
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Claro que esta manchete gerou várias notícias noutros media. Por exemplo "Felgueiras Milagre da multiplicação dos empregos em concelho do Norte" onde se pode ler:
"Felgueiras parece ser o único lugar onde o desemprego não é a principal preocupação das famílias portuguesas. Graças à indústria do calçado a falta de trabalho no concelho caiu 20% desde 2008."
E como era o desemprego no concelho de Felgueiras em 2008?
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Pesquisemos aqui no blogue... et voilá: "Desemprego: por que não investigar estes oásis?"
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O que me faz espécie mesmo é este trecho:
"O calçado é dos poucos sectores que não foi devastado, ou, pelo menos não em tão grande dimensão, com a crise, e Felgueiras só tem a agradecer, tendo passado de 3.944 desempregados em 2008 para 3.116."
Vou repetir para não haver dúvidas:
"O calçado é dos poucos sectores que não foi devastado, ou, pelo menos não em tão grande dimensão, com a crise"
Tanta superficialidade, tanta falta de memória, tanta falta de pesquisa... um bom exemplo da causa-raiz das ruas da amargura em que anda o jornalismo.
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O calçado não foi devastado pela crise? Claro que foi, só que não foi esta crise... foi a crise do choque dos produtores de transaccionáveis com a entrada da China nos circuitos comerciais em força no início do século XXI. Só que, como era uma crise longe de Lisboa e da economia em que as elites dominam, não era notícia, não interessava.
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Até parece que Daniel Bessa e André Macedo não escreveram o que escreveram (slides 8 e 9) até parece que (slide 10):

  • o número de empresas não caiu, 
  • o número de trabalhadores não caiu, 
  • as empresas não ficaram mais pequenas; e
  • a produção de pares de sapatos não caiu.
Esquecem-se da cultura instalada neste país no tempo do dinheiro fácil e barato. Não consegues ser competitivo? Faliste? Azar! O país fica melhor sem ti! Recordar: "Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!"
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O calçado foi devastado pela crise, SIM!
Entre 1999 e 2008, o sector perdeu 15% das empresas.
Entre 1999 e 2010, o sector perdeu 18% das empresas.
Entre 1999 e 2010, o sector perdeu quase 40% dos trabalhadores!!! 
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Pelos vistos perder 40% não é nada... e isto é o que os "stimulus junckies" não querem perceber. O sector do calçado ficou diferente para poder sobreviver e passar a ter sucesso. Os apoios apenas reduzem os sinais de dor e iludem provisoriamente a pressão para mudar, condenando os apoiados a uma morte quase certa pois, quando o dinheiro do apoio acabar e ele acaba sempre, já outros sem amigalhaços nas carpetes e corredores do poder, se anteciparam e ocuparam as novas zonas lucrativas na nova paisagem competitiva.
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O que aconteceu foi que a crise do calçado começou primeiro e, como ainda foi no tempo do "Faliste? Azar!" o sector pôde reconverter-se rapidamente ("Stressors are information" conjugado com "A Via Negativa"), porque o Estado não apareceu a ajudar. Foi neste postal que primeiro escrevi o que já sentia e não via em nenhum lado.

segunda-feira, março 04, 2013

O jornalismo e a realidade

O jornalismo e a realidade ou "Looking to where the puck was!!!"
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"Skating to where the puck is going, not where it is" é o conselho de Wayne Gretzky, mas os jornais teimam em olhar para "where the puck was". E, depois:

sábado, dezembro 29, 2012

À atenção dos senhores jornalistas

A propósito de "Imigrantes romenos explorados na apanha da azeitona no Alentejo".
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Por que é que os jornalistas, sempre tão interessados em publicar notícias sobre os problemas laborais e humanos na Foxconn, não exploram melhor estas notícias?
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Por exemplo, eu gostava de saber quem são os proprietários das quintas onde trabalham esses explorados.
Por exemplo, eu gostava de saber para que marcas segue a azeitona ou azeite dessas quintas.
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Dessa forma, eu e outros como eu, poderíamos penalizar essas cadeias produtivas na próxima ida às compras, optando por outras marcas.

quinta-feira, outubro 25, 2012

O tempo não volta para trás

Leio "Há um plano Marshall a ser preparado para os media portugueses" e interrogo-me sobre o que é que quererá dizer.
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Um plano para fazer o tempo voltar para trás? Um plano para impedir o acesso à Internet?
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Cheira-me a gente perdida à espera de ser encontrada.
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O melhor é deixar de pensar em ser encontrado e procurar uma nova casa, um novo normal:
"When the music industry's traditional business model of making money from record sales collapsed with the advent of Napster and later iTunes and Spotify, it was an unexpected source - concert tours - that resulted in revenue growth. Live"
 Em vez da concentração do tempo na retoma dos tempos passados:
"The question of how best to survive in the new world will not be answered by hoping for a return to the past. … And to those worried about cannibalization, we would say: If a company is going to cannibalize your business, you’ll almost always be better off if that company is your own, instead of a competitor. performance ticket sales and merchandise were once viewed more as a marketing exercise to increase sales of albums; they are now considered a key source of revenue."
Trechos retirados daqui.
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Também as PMEs devem aprender esta lição e não alimentar sonhos sobre um regresso ao passado de crédito fácil para todos.
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Recalibração, recalibração, recalibração!!!
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É preciso sim é descobrir novos modelos de negócio adaptados às novas realidades.



domingo, outubro 21, 2012

Quem é a audiência? (parte I)

A propósito de "Em crise, os jornalistas devem pensar no negócio", se olharmos para um jornal como mais um tipo de empresa que está a passar dificuldades, qual o primeiro desafio, qual a primeira pedra para uma estratégia acerca de um futuro sustentável?
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Basta atentar neste título, ou este, ou este, ou mesmo este.
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Sim, essa é a primeira pergunta, sempre. Por isso, faz todo o sentido a reflexão:
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"Always Consider The Audience First 
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a better way of thinking about the business you're in is through the lens of a theory that we call jobs-to-be-done. The basic idea is that people don't go around looking for products to buy. Instead, they take life as it comes and when they encounter a problem, they look for a solution - and at that point, they'll hire a product or service. The key insight from thinking about your business this way is that it is the job, and not the customer or the product, that should be the fundamental unit of analysis. This applies to news as much as it does to any other service.
...
What is the job audiences want done?
What kinds of employees and structure does the company need so it can fulfill that job-to-be-done?
What is the best way to deliver that information to audiences?
One way to figure out what jobs the audience wants to be done is to look at what successful competitors have accomplished and then ask what people were trying to do when they hired the competitor.
...
Successful companies understand the jobs that arise in people's lives and develop products that do the jobs perfectly. And if a company does this, customers will instinctively "pull" the product into their lives whenever that job arises.
The jobs are consistent - it's the products that change What's very interesting about the jobs that consumers want done is that they are consistent over time. As industries are disrupted, different products emerge that are better able to complete the job - but the job stays the same.
...
it's critical to avoid falling into the trap of believing that you can charge for content just because it costs money to produce. (Moi ici: Trabalho não é valor para o cliente. Trabalho é custo! Valor é uma percepção que resulta de uma experiência, ou série de experiências) Instead, the content must be so compelling that users will pay for it. This requires targeting the right jobs.
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Once managers establish what jobs consumers want done, a series of new questions arises for managers: How can they improve their existing products so they perform the job better than any other competitor? What existing products are no longer competitively viable in serving customers' jobs-to-be-done and should be cut? And finally: What new products could be introduced that address a different job-to-be-done for their audience—or perhaps a new audience altogether?"
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Tirando o Jornal de Negócios (que compro mais por tributo do que por outra coisa) já quase não compro jornais. A rádio e a internet dão-me quase o mesmo que os jornais, ou que aquilo que realmente encontro com valor para mim num jornal. Por exemplo, recentemente, encontrei esta notícia sobre um tema que me interessa, a economia a sério das PMEs num texto publicado numa rádio local e tive oportunidade de a comparar com um texto do Público...
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Quando vou ao quiosque onde durante anos comprei os semanários ao Sábado não vejo crise na oferta. Reparem bem na explosão de publicações em papel que ocorreu nos últimos anos.
Muitas delas são é muito focalizadas.
Muitas delas são é dirigidas a um público muito específico.
E sim, se calhar algumas delas não vão sobreviver ao próximo ano.
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Algo que acho fascinante é a resposta do sector dos media à crise dos jornais. Como baixa a procura, baixa a receita. Como baixa a receita, cortam nos custos. Assim, têm jornais cada vez mais generalistas, mais superficiais, mais cheios de erros, mais cheios de opinião. Resultado, à baixa da procura por causa dos que encontram a alternativa na internet, soma-se a baixa da procura por causa dos que se recusam a comprar baixa qualidade.
Se calhar, a alternativa passaria por publicações mais caras, mais pequenas, mais específicas.
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O meu conselho para as PMEs que produzem bens transaccionáveis é: não tentem competir com a China nos custos.
O meu conselho para os jornais será: não tentem competir com a Internet (China) nos custos.

BTW, ontem ao jantar o meu filho mais novo, ao relatar um episódio de sexta-feira, mencionou os pedidos insistentes de uma colega ao pai para lhe comprar a revista Bravo.
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Trechos retirados de "Breaking News Mastering the art of disruptive innovation in journalism" de Clayton M. Christensen, David Skok, e James Allworth

segunda-feira, setembro 24, 2012

Era interessante, muito mais

Este texto "What happens when news organizations move from “beats” to “obsessions”?" discute se existe um futuro para um jornalismo de especialistas.
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Tirando algumas excepções, o que vejo é um jornalismo de "estagiários" (sem ofensa para os próprios que são os menos responsáveis).
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Um exemplo recente, na semana passada grande alarido porque apesar da crise "Custos do trabalho sobem 1,6 na zona euro, Portugal com 3ª menor subida" e "Custo do trabalho subiu no sector privado acima da média no euro".
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Quantos referiram isto:
"A redução das horas trabalhadas e o custo de indemnizações por despedimento (que entram nos custos não-salariais) podem ajudar a explicar a subida expressiva neste segundo trimestre."
Não é por nada mas esta foi a realidade "Mais 74% de despedimentos colectivos até Agosto" e esta é a realidade:
"Salários baixam pela 1.ª vez em termos absolutos em 2012"
Não era interessante termos um jornalismo que, antes de nos querer iludir, por exemplo com o seu feeling de que o melhor para todos era sairmos do euro, estudasse o que recebe e o descodificasse, para que o cidadão comum não se sinta perdido?
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BTW, olhem bem para o gráfico:

E para o subtítulo "% change".
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Cada barra compara a evolução dentro de cada país.
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BTW2, a propósito disto:
"Em 2011, o custo médio por hora de trabalho em Portugal subiu 10 cêntimos, atingindo 12,10 euros. Na Zona Euro subiu 70 cêntimos, para 27,60 euros."
Este número nunca devia ser apresentado sozinho, devia ser apresentado a par de um gráfico que compara o peso dos salários no PIB.

quarta-feira, dezembro 21, 2011

À atenção dos jornalistas

Através do twitter é possível ver a mesma notícia com o mesmo título aparecer, no espaço de breves minutos, nos tweets sucessivos de vários jornais.
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Todos dizem o mesmo, todos usam a mesma fonte...
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Talvez seja de seguir o conselho de Seth Godin:
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"The hard part of professional journalism going forward is writing about what hasn't been written about, directing attention where it hasn't been, and saying something new."
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E cada vez é mais fácil fazer a diferença no meio da uniformidade da manada.

quinta-feira, setembro 22, 2011

Jornalismo português: Duuuuuuuuh!

"Desistência do TGV implica a perda de 382 milhões de euros em fundos comunitários"
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Os mesmos jornalistas que fazem este choradinho, são os mesmos que hoje mesmo, pedem contas aos irresponsáveis que mandaram fazer SCUTs a torto e a direito que agora nos custam cerca de 400 milhões por ano.
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São assim tão tapados que não conseguem ver as consequências de construir um buraco financeiro futuro só para aproveitar dinheiros da UE?
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Cúmulo do bilhar amador!!!