domingo, julho 21, 2013

Acerca do jornalismo

Se houvesse jornalismo a sério talvez pudéssemos perceber a realidade que se esconde por detrás deste texto "Sá da Costa. A livraria centenária despede-se dos leitores"
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Contudo, hoje em dia o jornalismo resume-se muito a ser um megafone do emissor e não a um "mediador" que se contrata para esgravatar abaixo da superfície e revelar o que não é óbvio.
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Primeiro leio:
""Não. Sou um dos funcionários que cá ficou para manter a livraria aberta nestes dois anos. Tem pouco significado dar a minha identificação. A questão não está nos nomes, está no país que temos. Se fosse um país culto ou houvesse essa pretensão não estaríamos nesta situação.""
E começo logo a pensar, como é que uma casa comercial pode aguentar-se quando tem este pensamento: "nós somos uma dádiva dos deuses, ajoelhem-se e paguem-nos a dízima"
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Mas esta é uma reacção simplista, quer a minha quer a do funcionário, porque depois leio:
"AGORA JÁ ERA: "Muita gente de dinheiro e da área da cultura sabia o que se estava a passar. Agora é tarde de mais. E pode citar-me se quiser." Estas palavras pertencem a Susana Pires. Está na livraria há 12 anos. "Nessa altura, esta era uma livraria generalista. Depois, tivemos de acorrer aos pequenos editores e passámos a vender livros de fotografia, de design, de poesia, de filosofia, de teoria da arte. E provou-se que se vende. Aliás, aguentaríamos a livraria se fosse só por isso. E aguentámos durante três anos, com tudo pago."
Este trecho já é mais interessante. O que é que aconselho a fazer, quando o mercado onde competimos é invadido por concorrentes low-cost com um modelo de negócio baseado no low-cost? Fugir do embate e trabalhar para nichos. Foi o que fizeram aqui. Interessante!!! "E aguentámos durante três anos, com tudo pago"
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Depois, vem um ponto interessante que não é desenvolvido:
"O que aconteceu aqui foi um problema de passagem de administração, que deu cabo da livraria.""
Afinal não foi a crise, nem o Gaspar, nem a nova lei das rendas.
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Por fim, uma coisa que me deixa a pensar:
"E O DIA SEGUE: O espanto que tinha a turista perante a movimentação e respectiva fauna que povoava a livraria parece ter sido partilhado por um terceiro funcionário que entretanto atraca no local." 
A livraria ainda tem três funcionários, e vai fechar?
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Terá reduzido o quadro de pessoal aquando da passagem de livraria generalista para livraria de nichos?

2 comentários:

CCz disse...

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3333258&seccao=%D3scar%20Mascarenhas&page=-1

CCz disse...

Ontem à noite, o oráculo de um canal noticioso fazia menção a uma moção assinada pelos funcionários da livraria em que se acusava a "ditadura financeira" pela situação actual da livraria.
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O Gaspar tem as costas largas...