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quarta-feira, abril 12, 2017

Muito para aprender

Quando li este texto, "Menos produção e azeite mais caro desagrada a produtores transmontanos",
 fiquei a matutar. Produtor fica preocupado porque a procura supera a oferta e, por isso, pode fazer um preço mais alto? Será que percebi bem?

Hoje, em "LVMH: that’s the spirit" uma lição que estes produtores precisam de aprender.
"Cognac quaffers, reserve that bottle of Paradis Impérial now. Louis Vuitton Moët Hennessy, maker of the $3,000 tipple, warned on Tuesday of a potential shortage of cognac this year amid strong demand. The obvious response would be to raise prices — and the time to do so may soon be approaching."
Nuno, há aqui trabalho por fazer.

terça-feira, outubro 18, 2016

"afinal falhei na minha previsão"

No semanário Expresso em "Azeite alentejano vendido ainda na árvore" leio:
"o facto de Portugal ser o país mais precoce a colocar azeite no mercado e, por último mas não menos importante, a qualidade crescente dos azeites nacionais, o que tem vindo a ficar anualmente demonstrado na conquista de prémios de relevo internacional, cada vez em maior número e em mais mercados nos dois lados do Atlântico.
...
Outra das características a favor dos produtores nacionais é a elevada percentagem esperada de azeite virgem extra (o mais cobiçado) face ao total da produção. "É algo que nos distingue de outros países e faz com que haja mais interesse no nosso azeite",
...
"há mesmo uma certa inveja dos nossos colegas espanhóis em relação ao que se faz aqui". E explica que o Alentejo dispõe de condições únicas para a produção de azeite de elevada qualidade. "Em Espanha aposta-se mais na quantidade". Garante que Portugal está claramente na linha da frente na aplicação de tecnologia e inovação no olival à escala global. Este ano já vendeu algumas centenas de toneladas de azeite ainda com a azeitona na árvore, sobretudo a embaladores italianos que precisam de azeite topo de gama tão rápido quanto possível. "Os produtores italianos não cuidam tanto da azeitona como nós fazemos aqui e por isso ficam muito mais sujeitos a pragas e doenças. No nosso caso, por exemplo, ainda não fizemos nenhum tratamento químico nos nossos olivais". A qualidade crescente que diz estar a conseguir nos seus 600 hectares de olival acaba por gerar uma relação de confiança com alguns clientes, que acabam por se tornar "habituais"."
E fico convencido que afinal falhei na minha previsão de uma bolha azeiteira porque uma massa crítica de produtores não seguiu o caminho espanhol e apostou na qualidade em detrimento da quantidade, e apostou em marcas próprias e tirou partido das doenças que grassam no olival italiano.


segunda-feira, julho 04, 2016

A prioridade

"é necessário continuar a procurar mercados para escoar a produção, que é absorvida a nível externo, em quase dois terços, pela Espanha e pelo Brasil."
 Discurso a rever para abandonar imagem do granel, da commodity barata a "escoar" a todo o custo.
"Questionado sobre as razões do aumento do preço do azeite, que disparou quase 20% em 2015, Capoulas Santos referiu que está provavelmente relacionado com "um maior reconhecimento da qualidade" deste tipo de produtos."
Pena que nenhum assessor o tenha informado de:

  • péssima produção em 2014, que se vendeu em 2015;
  • crescentes problemas com a produção italiana 
"THE OLIVE oil industry is in a bad way. World output is expected to fall by a third to 2.3m tonnes this year, its lowest level since 2000."
A prioridade deve ser a decomoditização, esquecer a quantidade pura e dura e apostar na qualidade, na marca, na subida na escala de valor, para adiar para o mais tarde possível a bolha azeiteira.

Trecho retirado de "Portugal deve "diversificar mercados" para escoar produção de azeite"

terça-feira, junho 07, 2016

Mais um exemplo positivo

Há uns anos tinha mais medo da bolha azeiteira. O meu medo continua lá mas adormecido. As doenças nas oliveiras italianas e francesas por um lado, e o pensamento estratégico por outro têm calado as vozes dos socialistas e dos coitadinhos sempre em busca da protecção pedo-mafiosa do Estado.
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O caminho certo é este "Os melhores azeites do norte do país":
"No âmbito do Festival de Vinhos do Douro Superior, que decorreu recentemente em Foz Coa, realizou-se, no Instituto Politécnico de Bragança, o primeiro Concurso de Azeites de Trás-os-Montes e do Alto Douro.
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A prova revelou a especificidade dos azeites transmontanos (mais verdes e intensos), mas mostrou também que o trabalho que os produtores de vinho do Douro estão a realizar já merece a criação de uma Denominação de Origem Protegida Douro."
Azeite rastreável a uma quinta, a uma encosta, a uma casta.
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Todos ganham, os que apostam em marca, diferenciação, autenticidade - ganham mais. Os outros, os produtores a granel acabam por ver a sua produção beneficiada só porque podem colocar o rótulo de Made in Portugal.
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Interessante o casamento entre o vinho e o azeite, interessante o papel do Politécnico de Bragança. Assim é que se cria riqueza para a região e, por tabela, se melhora a marca Politécnico de Bragança.

segunda-feira, março 14, 2016

A grande prioridade

A nossa linguagem, o nosso conselho. Os trechos que se seguem quase que podiam ser retirados deste blogue:
"In my mind, there is an enormous business potential here that is being wasted. The analogy is wine. Wine and olive oil are not the same thing but they have similarities. If you took off all labels of imported wine and just replaced them with really good wine, the value of Bordeaux and really good wine would go down. What they [unethical olive oil producers] have done is driven it into a commodity status, all based on priceIt seems to me they [fine olive oil makers] could do what the wine makers do. They could have a Grande Cuvee and other levels. It seems to me a huge economic and business potential. What you need to do is decommoditize. A few players are going to slug each other until they all fall down. What’s happening with commodity olive oil is the margins are getting so small, even the big guys are not making much money. It’s a risky proposition.
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People are going up the curve. The problem is that in a lot of places in America, good olive oil is just not available. You can’t go to the store and buy it. Many consumers associate taste flaws with what olive oil really is. They are used to drinking it twisted and rancid.
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The buyers for major supermarket chains are selling tooth brushes one day, olive oil the next. They look for price. All the big name companies – Bertolli  and Filippo Berio – they order oil from anywhere and label it “packed in Italy.” But it’s no more Italian than I am. It’s the classic bottled in Italy. Bertolli is owned by the Spanish conglomerate Grupo Deoleo. Filippo Berio – is owned by a Chinese company. These companies are not truly Italian. They are not selling oil from Italian trees. But it’s being marketed as Italian. If the Greeks were selling enough oil and were selling to consumers who make a difference, this could be a banner year to make a difference. The fact is they are up against a labeling shell game. And few consumers can tell the difference. What’s in the bottle is anybody’s guess.
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Consumer education through food pairing and high-level chefs. In store demos where people are told how to taste olive oil and what to taste – that fruit juice thing. Most people don’t get it and won’t get it form the labels. They have to understand this doesn’t have to be an industrial fad. Great olive oil is a gourmet delight and a fresh fruit juice that really should be on par in quality with a great vintage of wine. People need to think in those kinds of terms: Diversity and not sameness, thousands of kinds of oils you can make. Every year it changes. A universe of olive oil on par with a universe of wine. Without consumer education, it won’t matter. As soon as consumers wake up and start demanding the good stuff, they will get it."
Não se aplica só ao azeite, não se aplica só à agricultura. Decomoditização é a grande prioridade. Fugir da concentração no custo para apostar na concentração no preço.


Trechos retirados de "How To Eliminate Fraud And Unlock Growth In The Olive Oil Industry"

quinta-feira, outubro 22, 2015

"um atestado de desconhecimento da realidade" (parte VI)

Parte Iparte II, parte III, parte IV e parte V.
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Mais um exemplo a reforçar a nossa tese sobre a vantagem da exportação em relação ao mercado interno, pois permite praticar preços mais altos. Basta ler "Portugal aumenta importações e paga mais 70% pelo azeite estrangeiro".
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O azeite português é encaminhado para exportação e o consumo interno é suportado por azeite importado. Como o azeite português consegue melhores preços que o espanhol...

Recordar:



domingo, agosto 23, 2015

Um bom desafio, a subida na escala de valor

"The challenge for Tunisia’s olive oil industry is not just to find ways to increase production, but also to export less oil in bulk and more bottled and branded products, officials and exporters say. More than 75 per cent of the country’s output is exported in bulk to Italy and Spain, where it is mixed with local oil before being bottled and marketed as a product of those countries.
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“The Tunisian product is not known; we are trying to overcome this,” ... we still need to create a profile for Tunisian olive oil.”"
Um bom desafio, a subida na escala de valor, o abandono da venda de granel comoditizado e a criação de uma marca.
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O mesmo desafio que muitos produtores portugueses precisam de abraçar, abandonar a exportação a granel.

Trecho retirado de "Record olive oil exports boost Tunisia’s flagging economy"

domingo, agosto 02, 2015

Porque a evolução nunca pára e os macacos gostam de subir cada vez mais alto nas árvores

Bom, em Portugal, nesta categoria, azeite, já estamos muito mais avançados do que os americanos. No entanto, podemos sempre melhorar o posicionamento, até porque a evolução nunca pára e os macacos gostam de subir cada vez mais alto nas árvores.
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Pena que outras categorias demorem a perceber esta realidade e a integrá-la no seu negócio e na sua estratégia.
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Convido os decisores a lerem "This Silicon Valley Veteran Wants To Turn Olive Oil Into The Next Craft Beer" e a fazerem o paralelismo para a sua organização, esteja ela em que sector estiver.
"Kelley’s long term goal is to convince consumers of the benefits of higher quality (and higher-priced) olive oil, just like brewers and wineries have done.
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Solomon: Most people don’t think of olive oil as an interesting category. They’ve probably been buying the same brands for years. How do you change that?
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Kelley: Olive oil is the category that marketing forgot. Our strategy is to take olive oil to the place where craft beer, chocolate, cheese, wine, and coffee have gotten. Customers want transparency and quality today, and they can’t get it in olive oil. They also want American [Moi ici: autênticos, genuínos, rastreáveis a pessoas concretas, a artesãos, a terroirs, a tradição, ... Só que isso significa apostar no intangível, no marketing, numa marca. Só que isso significa dedicar mais tempo à actividade comercial, ir a feiras diferentes, apostar em diferentes propostas de valor e, estudar muito] products,"

sábado, agosto 01, 2015

Curiosidade do dia

Espero que isto não chegue cá, espero que alguém ande a preparar os alarmes e as trancas antes de chegarem os ladrões, "European Commission Publishes Xylella Fastidiosa Factsheet".
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No curto prazo é capaz de beneficiar o olival português "Olive oil dries up".

domingo, maio 10, 2015

A evolução do azeite

Na revista Exame, deste mês de Maio, um bom artigo sobre o azeite em Portugal, "Aposta no 'ouro verde' colhe bons frutos".
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Primeiro, a evolução dos números:
"Na década de 50 chegámos a ser excedentários, produzindo 125 mil toneladas de azeite.
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na década de 90 ... a produção não fosse além de 20 mil toneladas","
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neste momento as vendas deste bem agroalimentar representam mais do dobro do que valiam em 2008. As exportações totais cresceram 24% em 2014."
Segundo, os sintomas da evolução na qualidade:
"Ainda há menos de um mês o Colheita ao Luar, da Gallo, conquistou uma espécie de 'Óscar' dos azeites ao ser considerado o melhor do mundo, na categoria Fruta do Maduro, no mais importante concurso internacional, o Prémio Mário Solinas, que é também o mais reconhecido em termos de qualidade dos azeites virgem extra, organizado pelo Conselho Oleícola Internacional, e no qual participaram 111 azeites de diferentes origens.
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No mesmo concurso, o azeite da Casa de Santo Amaro (Mirandela) também conquistou a medalha de ouro, na categoria de Frutado Verde Médio, enquanto o da Lameira de Cima (Ferreira do Alentejo) mereceu a prata na mesma categoria, prémio que também foi atribuído à Quinta da Lagoalva de Cima (Alpiarça), na categoria de Frutado Maduro. O júri do Mário Solinas distinguiu ainda outros quatro azeites portugueses, num total de nove finalistas: a Sovena, detentora da marca Oliveira da Serra, a Cooperativa de Olivicultores de Valpaços, a Casa Agrícola Roboredo Madeira e a Fio da Beira. Isto tudo em apenas um concurso."
O mesmo tema também em "Azeites Portugueses Entre Os Melhores Do Globo" e "Azeites portugueses brilham lá fora"
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Gente a trabalhar para os underserved, a fugir do granel comoditizado, a fugir de uma eventual bolha azeiteira, a trabalhar para o valor percepcionado, o único que ajuda a atingir melhores preços de venda. Muito trabalhinho para gente do marketing senão... muito potencial desperdiçado.
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Gente longe da conversa da treta da malta do excel, sem saber o que é valor, só custos:
"O azeite foi escolhido em detrimento de outros produtos agrícolas como o vinho, por exemplo, por ser “muito fácil de negociar” disse o administrador da herdade. “É uma ‘commodity’ internacional que se compra e vende a pronto [pagamento]”.

terça-feira, fevereiro 03, 2015

Mais material para uma narrativa - continuação

Depois do exemplo do moscatel de Setúbal, agora o exemplo do azeite:
"Portugal tem muitos e bons azeites, como se sabe mas, ao contrário de países como a Itália, por exemplo, faltam-nos azeites com elevado valor acrescentado."
O artigo parece publicidade pura e dura... mas fez-me lembrar o suíço alentejano "Mentes livres de mapas cognitivos castradores", esse já ganhou prémios.

terça-feira, novembro 11, 2014

"não resulta de nenhuma decisão matemática"

"Maria da Guarda: Criada de raiz para exportar" um exemplo interessante.
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Primeiro, a mudança do cereal para o azeite.
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Segundo, a decisão estratégica de optar por vender o azeite a granel, sem marca, para ser embalado em Itália como azeite italiano:
""Queríamos produzir muito azeite de grande qualidade a um preço muito competitivo para poder viver no mercado aberto. A partir daí, podemos vender o nosso azeite a granel ou embalado. Fomos optando por fazer parte da equação azeite a granel porque permite receber a pronto e entregar o azeite depois", esclarece. O azeite embalado, explica, tem um prazo de cobrança muito maior "que complica para quem já fez um ano de investimento até à colheita e depois ainda tem de esperar três a seis meses para receber". "Exige um esforço de capital muito maior com uma margem que nem sequer é muito atrativa", assegura João Cortez de Lobão."
As decisões estratégicas são deste tipo, cheias de sacrifícios. Não há decisões padrão. O decisor é o empresário, deve tomar uma decisão de acordo com a sua experiência, ambição e possibilidades.
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Apenas sublinho aquela frase lá em cima porque quero salientar, que a margem da venda de azeite embalado não resulta de nenhuma decisão matemática. Depende, e muito, de um esforço que a Quinta nunca fez, para criar uma marca, para criar uma história, para subir na escala de valor.

sexta-feira, julho 04, 2014

Um bom exemplo

"Medalhas de ouro para azeite de Murça abrem portas à exportação"
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Diria mais, para lá da abertura das portas à exportação, deveria/deve abrir as portas à subida na escala de valor, à fuga à competição pelo preço contra o granel.
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Desenhando o ecossistema da procura, procuraria sublinhar em que mercados os especialistas e os concursos vencidos funcionam como referências, funcionam como prescritores.
""Satisfaz-nos imensamente termos conseguido um azeite desta qualidade e que é reconhecido, por incrível que possa parecer, apenas e só fora de Portugal", sublinhou."
Se calhar o mercado nacional não está suficientemente educado para consumir este tipo de azeite, ou se calhar a cooperativa não trabalhou os canais, as prateleiras certas. Isto não é azeite para se vender na distribuição grande.
"Os azeites de Murça estão presentes em 40 mercados, desde o mercado da saudade na Europa, ao Brasil, Angola, Moçambique, Canadá, EUA e China, para onde se iniciou a exportação há mais de dois anos." 
Espero que a cooperativa aborde os mercados sensíveis aos concursos de forma diferente do mercado da saudade e deixe cada vez menos dinheiro em cima da mesa.

terça-feira, novembro 06, 2012

Riqueza da terra

Hoje, num interessante suplemento do JdN afirma-se:
"Todos os meses, cerca de 200 jovens apostam na agricultura como saída profissional"
Algumas notas:
"Nós temos fundadas perspectivas de crescimento, com larga expansão no mercado internacional", afirmou Joaquim Moreira, administrador da Acushla, empresa de produção de azeite biológico, com sede, leia-se olival de 210 hectares, em Vila Flor." (Moi ici: Pelos números da facturação e da produção, de forma simplificada pode dizer-se que vende o azeite a 10€/litro. Prevê crescer 25% no próximo ano! É a crise... Resultado da aposta na promoção (vários prémios internacionais)  e no design. Interessante que o empresário tenha uma formação em... Marketing e Comércio Internacional)
 "Já Manuela Castro Cunha, gerente da empresa de aquacultura Castro e Cabero, de Paredes de Coura, admite crescimento, mas dentro de portas. "Nós apostamos na qualidade em detrimento da massificação e isso faz com que não consigamos ter preços para competir com os nossos vizinhos espanhóis", afirma a gestora"... "A empresa Castro e Cabero decidiu apostar na diversificação em detrimento da produção massiva, pelo que confina a comercialização dos seus produtos ao mercado interno." (Moi ici: Neste caso pressinto algumas contradições estratégicas. Não apostam na massificação e, no entanto, escoam toda a produção via Clube de Produtores Sonae... ou seja, via uma cadeia de hipermercados. A diversificação de que falam não podia ser encaminhada para a produção de espécies que os massificadores consideram pouco atractivas e, assim, poder exportar algumas produções para nichos?)
"Um dos objectivos para 2013 é a diminuição das importações na Agricultura. É que todos os anos gastamos três mil milhões de euros em produtos agrícolas." (Moi ici: Palavras de João Diogo Albuquerque, secretário de Estado da Agricultura. O objectivo devia ser o de ganhar dinheiro produzindo aquilo onde podemos fazer a diferença, em vez de tentar copiar e produzir com custos superiores o que outros produzem e colocam no nosso país a um preço competitivo)
Ainda sobre a a riqueza da terra, ainda no JdN de hoje, o artigo "Produtores de vinho andam a "regar" o negócio com azeite".

terça-feira, outubro 02, 2012

Haverá dinheiro público nisto?

"Herdade alentejana investe 14 milhões na produção de azeite"
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Quantos desses 14 milhões são dinheiro público?
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Que um privado use o seu dinheiro para apostar num negócio onde já há excesso de capacidade, "no problema". O ponto mais importante da liberdade económica é esse mesmo, a liberdade de entrar, as baixas barreiras à entrada.
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O que me preocupa é a continuação do desvio, da canalização de investimento público para mais uma bolha, a bolha azeiteira.
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Bolha do imobiliário, bolha das pescas em Espanha, bolha do turismo, bolha, bolha, bolhas por todo o lado.
"O azeite foi escolhido em detrimento de outros produtos agrícolas como o vinho, por exemplo, por ser “muito fácil de negociar” disse o administrador da herdade. “É uma ‘commodity’ internacional que se compra e vende a pronto [pagamento]”.
O contrário do que se prega aqui no blogue (sublinho que se trata de uma opção de negócio legítima, honesta e racional... dai o paradoxo de que se fala aqui).

Quantidade, granel, commodity, sem paixão... é só azeite.
"Embora venda azeite a granel para oito dos maiores compradores do mundo, a Herdade Maria da Guarda não quer ser a maior, "queremos ser os mais eficientes”, afirmou Cortez de Lobão."
Pobres gregos cheios de escrúpulos ... um tesouro à espera de um suiço apaixonado por azeite.

terça-feira, setembro 04, 2012

Por que não se estuda?

Ao longo dos anos vemos, ouvimos e lemos sobre a "guerra da produção de leite".
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O que vejo, ouço e leio, quase sempre tem uma argumentação nacionalista subjacente, o que é nacional é bom e o que é estrangeiro é mau.
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Confesso que não me recordo de ver, ouvir ou ler qualquer abordagem um pouco mais cientifica, mas pode ser falha minha.
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Entretanto, tive oportunidade de espreitar dois capítulos (o 3º e o 5º) deste livro "Worlds of Food: Place, Power, and Provenance in the Food Chain".
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Muito interessante!!! Por que inventam tanto? Por que não se estuda?
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Em vez da cartada nacionalista/proteccionista, a aposta na importância do território e da cultura associada:
"Despite considerable obstacles and constraints, not least from the persistence of competitive regulatory and agricultural policies which continue to ‘lockin’ producers into providing standardized food products at ever cheaper farm gate prices, new and highly uneven network developments in agri-food are diffusing and contributing to a more diverse rural landscape in both Europe and the US. This raises important conceptual questions concerning the capacity of local places to sustain these ‘counter-movements’ and to continue to promote their cause."

segunda-feira, setembro 03, 2012

Bolha azeiteira em força, em perspectiva?

Bolha azeiteira em força, em perspectiva:
"Currently, large Spanish and Italian companies supply the bulk of olive oil in the US, where imports account for more than 99pc of the $1bn-plus (£629m) retail market.
Italy enjoys a 51pc market share, while Spain, the world's largest olive oil producing nation, has 23pc.
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However, the analysts at Rabobank say that US producers, by highlighting their high quality production processes and exploiting the strong consumer appeal of a local label, are expected to capture 5pc of the overall American olive oil market in five years. (Moi ici: Interessante, incapazes de competir pelo preço, optam por atacar os segmentos premium - qualidade superior e proximidade)
European exports look vulnerable, the report warns, particularly the oil coming from Spain which typically commands a smaller price and is seen as being of lower quality. (Moi ici: Os analistas prevêem que uma pequena parte do consumo, 5%, migre do azeite barato Made in España, para o azeite Made in USA) da In response, the Old World producers must up their game, the writers conclude.
"Responding effectively to the challenge from New World olive oil producers will require much focus on quality and production efficiency by European olive oil players," said analyst Vito Martielli, the report's co-author.
Olive oil was already posing problems for the southern eurozone states. In May, producers suffered as its price slid to a 10-year low, the result of a supply glut caused by a bumper olive crop in Spain."
Se não arranjam novos mercados para escoar a produção, China por exemplo, não vai ser bonito de ver.
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Trecho retirado de "Eurozone olive oil firms face threat from America"



segunda-feira, agosto 13, 2012

Ser "amigo" é...

Só porque há excesso de oferta de um bem não se deve impedir que alguém tente a sua sorte e comece a produzir esse mesmo bem.
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Esse alguém pode começar a produzir o bem com características que ninguém tenha ainda oferecido, pode oferecer condições de embalamento, distribuição, pagamento, promoção que de alguma forma façam a diferença em na mente dos potenciais clientes heterogéneos que compõem um mercado.
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Contudo, se esse alguém precisar de dinheiro para fazer a sua tentativa, o eventual financiador deverá ser muito mais exigente com a aplicação do seu dinheiro. Senão que garantias terá de que o seu dinheiro terá um retorno positivo?
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Quem quer tentar a sua sorte com dinheiro alheio, terá de demonstrar que tem uma qualquer abordagem inovadora que lhe permitirá fazer a diferença junto de um nicho de potenciais clientes. Senão como conseguirá abrir espaço entre os incumbentes?
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Se não houver diferenças, se não houver inovação, o dinheiro vai gastar-se e não vai haver retorno.
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Assim, para mim, que escrevo há anos neste espaço sobre o excesso de produção leiteira, sobre o excesso de produção de vinho, sobre a bolha azeiteira, preocupa-me que dinheiro do Estado, dinheiro habitualmente mal gerido, habitualmente atirado para cima de problemas, esteja a ser utilizado desta forma:
""A hortofruticultura representa 16% dos projetos e 27% do investimento aprovado até final de 2011, enquanto as culturas permanentes, vinha e olival representam 53% dos projetos e 33% do investimento aprovado", indicou a fonte."
 Ser "amigo" não é dar dinheiro para uma aventura bem-intencionada. Ser "amigo" é ser exigente, é educar para a grande verdade, hoje em dia não basta produzir. Produzir é o mais fácil! Como seduzir clientes? Como se vai fazer a diferença?
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Se não vai fazer a diferença... como é que espera conseguir vender? A que preços? Que retorno terá?
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Ser "amigo" é mostrar que há muitas alternativas para uma oferta agrícola não massificada e que tire partido das vantagens climáticas do país.
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Trecho retirado de "Crise está a causar aumento de jovens agricultores"

segunda-feira, maio 28, 2012

A explicação de José

Em Maio de 2010 escrevi "Mais tarde ou mais cedo..." e estava lá tudo!!! ("Mais tarde ou mais cedo... a produção de azeite vai ser excessiva, os preços vão cair, os empréstimos vão-se tornar cada vez mais difíceis de pagar... Isso vai acontecer, é só uma questão de quando. Alternativa?")
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Em Dezembro de 2010 escrevi aqui:
"quem é capaz de negar que está em curso a criação de uma bolha azeiteira em Portugal?"
E basta pesquisar no blogue "bolha azeiteira" para ver a evolução do tema.
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Agora o tema chega ao FT com "Olive oil price dip adds to European woes" escrito por Javier Blas o "Commodities Editor".
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Nem de propósito, o "Commodities Editor"!!! O homem do granel!!!
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Se eu quisesse inventar estas coisas, ninguém acreditava!

Quem trata o azeite como uma commodity não pode dizer que não foi avisado... é no tempo das vacas gordas que se prepara o tempo das vacas magras... (Gen 41, 17-36)

E a sua empresa, lá porque não está no negócio do azeite, por mais bem que esteja hoje, ou ontem, não terá os seus anos de vacas magras?
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O que é que a sua empresa está a fazer para passar ao lado de uma futura crise?
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BTW, não esqueçam, na base desta bolha estiveram os apoios à produção de azeite. A seguir, vamos ter choradinho dos produtores de quantidade, e dos obsoletos, a pedir apoios por causa do excesso de produção. Stay tuned

terça-feira, março 20, 2012

Escrito nas estrelas

Estão a ver qual vai ser uma das consequências disto "Maior produtor português de azeite regista “a maior produção de sempre”"?
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Daqui a uns meses vamos ter os pequenos produtores de azeite, aqueles que só produzem e que sempre confiaram que um comprador lhes batesse à porta para lhes levar a produção, a receber o presidente da República, ou o primeiro ministro, ou o ministro da Agricultura, e a entregar-lhes um pedido de ajuda.
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Por um lado a velha mentalidade de produzir sem cuidar da venda e, por outro, a bolha azeiteira,
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Não há por aí nenhuma "Air Foyle" disponível para comercializar este azeite na China? Parece que dentro de poucos anos vai ser o 4º ou 5º mercado mundial de consumo de azeite?
"Ainda assim, a cooperativa de Moura e Barrancos lembrou dois problemas: “o preço do azeite, que está historicamente muito baixo” – e que “origina uma fraca rentabilidade dos olivais” – e a seca."