quinta-feira, setembro 02, 2010

Macedónia

Greve de zelo - uma anedota

Ainda me lembro do sorriso interno que fiz quando, ainda miúdo, ouvi na rádio o anúncio de uma greve de zelo, salvo-erro dos estivadores de Leixões, e percebi o seu sentido.
.
Segundo a wikipedia temos: "Operação-padrão (ou greve de zelo em Portugal): Consiste em seguir rigorosamente todas as normas da atividade, o que acaba por retardar, diminuir ou restringir o seu andamento. É uma forma de protesto que não pode ser contestada judicialmente, sendo muito utilizada por categorias sujeitas a leis que restringem o direito de greve, como as prestadoras de serviços considerados essenciais à sociedade, por exemplo. É muito utilizada por ferroviários, metroviários, controladores de vôo e policiais de alfândega, entre outros."
.
É espectacular este conceito!!!
.
Não é de esperar que se sigam normalmente no dia-a-dia as normas previstas?
.
Então, existem normas previstas, mas não se espera que as pessoas as sigam na realidade. Aliás, segui-las na realidade até prejudica o desempenho da organização...
.
Isto quer dizer que as normas previstas existem mas não são para ser utilizadas?
.
Estão a perceber porque sorri com a insanidade da situação?
.
Então, para que é que existem essas normas? Por que é que não são postas em causa? Por que é que as organizações não têm normas previstas que as ajudem a realizar a sua missão no dia-a-dia?
.
"We all know, however, that rules, procedures and systems on their own are not what make an organization function. One of the most reliable ways of bringing an organization to its knees is for its members to do precisely what the rules and systems stipulate and nothing more. In other words, systems in organizations can only function if the members of the organization weave their day-to-day interactions with each other through and around the rules of the systems they have designed. Systems work, to the extent that they do, because of the informal, freely chosen, ordinary, day-to-day cooperative interactions of an organization’s members, and this cannot be controlled. It seems that this is how they “get things done anyway.” If this is so, then such activity cannot be understood from either mechanistic or systemic perspectives because the underlying theories of causality upon which those perspective are built exclude the very human freedom upon which the kind of day-to-day cooperative interaction we are referring to depends. That ordinary, everyday freedom is not necessarily democracy or empowerment, but the ordinary choices people make as they weave their daily activities through and around systems guiding and constraining their work."
.
Continuo, interessado e curioso, com a leitura de "Complexity and Management - Fad or radical challenge to systems thinking?" de Ralph D. Stacey, Douglas Griffin e Patricia Shaw. Curioso em saber onde nos leva o pensamento dos autores.

Enredada nas suas próprias palavras

Carlota Perez, a venezuelana que escreve sobre revoluções tecnológicas, em entrevista ao jornal i em Julho de 2009 "Carlota Pérez: a economista que tem a solução para a crise" consegue, na mesma conversa, dizer uma coisa e o seu contrário:
.
"O carácter de curto-prazo do capital financeiro prejudica economia. É preciso pensar a longo-prazo em projectos, infra-estruturas, mudanças relacionadas com ambiente e sociedade, e que não serão feitas pelas finanças onde tudo é lucro fácil."
...
"A razão para investir em grandes infra-estruturas é criar emprego para aqueles que perderam emprego com a crise. E isso não acontecerá com pequenos projectos. Não se esqueça que estamos no tempo da terapia intensiva, em que a prioridade é salvar o doente."
.
Krugman já está numa de "terapia intensiva em terapia intensiva", como Tarzan de liana em liana, o triunfo do curto-prazo.
.
Um dia, o mainstream há-de perceber que o emprego não é um objectivo. O emprego é uma consequência. Tal como ao liderar uma empresa privada, o lucro não pode ser visto como um objectivo, o lucro é uma consequência.

Do you need a resumé? (parte II)

Parte I.
.
Outro exemplo, este mais visual e colorido aqui.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Emissão após emissão

As taxas de juro, emissão após emissão, ao longo do ano, vão subindo ligeiramente... "Juros sobem ligeiramente em duas emissões de Bilhetes do Tesouro".
.
Era interessante representar graficamente a evolução acumulada e quanto significa em termos reais face a anos anteriores.

Não, não é montagem daqui, é mesmo a capa do jornal i de hoje.

Apesar de não me iludir

Zapatero não me ilude, no entanto, tem ainda alguma lucidez para fazer afirmações deste calibre:
.
"Espanha deverá aceitar sacrifícios para se preparar para o futuro."
..
"Todos os países fazem hoje sacrifícios para conseguirem um amanhã melhor"
.
Nesta última afirmação Zapatero falha rotundamente. Basta olhar para os seus vizinhos a oeste e perceber que se trata de um país governado por gente que resolveu o problema chutando os sacrifícios para as gerações futuras. Nesse país a afirmação é:
.
"Para termos PIB e emprego hoje, decidimos transferir os sacrifícios para as gerações futuras"
.
Trecho retirado daqui.

Jantar BSC

O jantar será em Santa Maria da Feira no próximo Sábado 4 de Setembro pelas 20h30, será no restaurante Orfeu (depois envio mapa para chegar ao local).
.
Gostaria que os interessados confirmassem a presença até ao final da manhã de quinta-feira 2 de Setembro, para podermos fazer reserva de mesa, para o e-mail ccruz@redsigma.pt

Abraço
Carlos Pereira da Cruz

Por que está no calendário

Numa outra encarnação estudarei filosofia, sem dúvida:
.
"If one thinks in terms of Rationalist Teleology then what happens now is an action chosen now to fulfill some selected goal for the future. Action is about filling the gap between what is desired for the future and what now exists. The movement of time is from the future to the living present. The meaning is located in the future, in the gesture made now as it points to the future.
...
The experience of meaning is occurring in a micro-present and it accounts for the fact that we can experience presentness. What is happening here is truly paradoxical for the future is changing the past just as the past is changing the future. In terms of meaning the future changes the past and the past changes the future, and meaning lies not at a single point in the present but in this circular process of the present in which there is the potential for transformation as well as repetition.
...
Transformative Teleology in which movement is toward an unknown form; that is, to a form that is in the process of being formed, to a form that is itself evolving. Truly novel change is possible and self-organization is a paradoxical process of repetition and potential transformation. It is emergence of identity in a transformative, self-organizing process and the paradoxical experience of identity in transformation. Here teleology is not contained in the process since the teleological is itself being formed. In other words, identity, or organization, is evolving in unknowable ways, being created as it goes along. Here, the parts form and are formed by a whole that is under perpetual construction."
O que fazem os gestores ou os líderes quando querem que uma organização atinja determinados resultados no futuro?
.
Por que é tantas vezes esses resultados não são atingidos?
.
Há dias ouvi algures uma pergunta que ficou cá dentro a ecoar:
.
"Por que é que a selecção natural permitiu que chegássemos a um cérebro que consegue ao mesmo tempo, perante um desafio, dizer-nos "faz isso" e "não faças isso"?"
.
Desconfio que parte da resposta passa pela incapacidade da razão em apreender toda a realidade que nos rodeia. A razão é importante mas... é insuficiente para lidar com todos os desafios da vida, como, por exemplo, os deste vídeo.
.
Trechos retirados de "Complexity and Management - Fad or radical challenge to systems thinking?" de Ralph D. Stacey, Douglas Griffin e Patricia Shaw.
.
Uma das questões iniciais que os autores colocam no início do livro é uma que me assalta uma e outra vez ao longo de cada ano:
.
"Why do managers think that they ought to be able to design control systems and act in accordance with procedures so as to be in control of what happens to their organization? Just as important, why do they keep finding that they are not nearly as much “in control” as they believe they should be? Even more important, what then are they actually doing to “get things done, anyway”? Then, why do they repeat the same search for improved procedures and systems every year, ignoring the failure to find them in any previous year? Why do they continue, each year, not to ask how they “got things done, anyway”?"
.
Nas empresas com sistemas de gestão da qualidade, a revisão pela gestão acaba por ser uma oportunidade perdida... picam-se todos os itens da checklist da cláusula 5.6.2 da ISO 9001 e, relativamente às conclusões há, muitas vezes, medo de escrever a verdade, não vá isso, depois, ser usado como evidência pela equipa auditora da entidade certificadora, para levantar problemas acerca do sistema.
.
Assim, corre-se o risco de ficar preso a rituais cada vez mais esvaziados de sentido e que se repetem por que tem de ser, por que está no calendário, sem questionar os fundamentos do que se continua a fazer.

Modelos mentais obsoletos

Quando olho para estes títulos:
.
Um modelo mental que assume uma economia homogénea, com sectores intrinsecamente homogéneos...


Cost-cutting consequences

"Organizations focused on costs often seem to focus on price-cutting strategies. As a result, they risk training their customers to be concerned about price to the exclusion of value and often incite price wars.
...
There is usually only one winner of a price war: the customer. Of the companies involved in the price war, the lowest-cost producer may do the best; but their financial results may or may not be attractive.
.
Meanwhile, in such an industry, many customers become price-shoppers instead of value-shoppers. That simply intensifies the pressure to lower prices and accelerates the vicious spiral of price cuts. Price wars not only erode profits, but also train customers to expect the same prices and to assume that all products and services perform the same—even if that is not true."
.
Trecho retirado de "Value Above Cost" de Donald Sexton.

terça-feira, agosto 31, 2010

Somos todos alemães (parte VIII)

Parte VII, parte VI, parte V na verdade trata-se de uma longa série que começou em Janeiro de 2009 quando escrevi:
.
"Desejando o melhor para os nossos amigos eslovacos, espero que os seus políticos e empresários já tenham descoberto o que me demorou cinco anos a perceber.
.
Um país que adere ao euro torna-se ... numa nova Alemanha.
.
Um país que acorda com uma moeda forte a circular dentro de si, deixa de ser um país que pode assentar a defesa da sua economia na desvalorização 'política' dessa moeda."
.
Edward Hugh publicou no Facebook este artigo "One Swallow Doesn’t Make A Summer, But…." em resposta a um comentário Edward Hugh escreveu:
.
"Well, I don't know about motivations Diran, but the consequences are by now pretty clear. Spain is going to have to convert itself into another Germany, at the cost of a colossal correction (which may well be undoable - see my next charting post) while I think Germany has been very lucky in Asia given how their Japanese competitors had their nose pushed out of joint by the very high structural value of the yen."
.
Todos nós temos de nos converter à Alemanha ou sair do euro. Fugir à conversão dolorosa é fugir à possibilidade de ser competitivo apesar de um elevado nível de vida. Recordar outra série: O choque chinês num país de moeda forte!

Nada é definitivo!

No Sábado passado, em viagem até às minhas raízes, a minha mãe contou-me que um dos lemas da sua vida é "Nada é definitivo!"
.
Quem acompanha este blogue por vezes pode ficar com ideia de que sou um pessimista.
.
E é tão fácil ser pessimista nos dias de hoje quando se olha para a macroeconomia...
.
No entanto, quando olho para a micro-economia não consigo deixar de ser optimista:
Ofereceram-me um livrinho chamado "Parábolas sobre a Sabedoria" da Paulus Editora onde encontrei uma história adequada a este tema chamada "O cavalo":
.
“A natureza ensina-nos muito. Se tivermos atenção aos movimentos instintivos dos animais e ao ciclo matural dos vegetais, aprenderemos muitas lições. Esta história do cavalo que caiu num buraco é um bom exemplo.
.
Um agricultor, dono de uma pequena quinta, possuía alguns cavalos para ajudar na lida diária.
.
Certo dia, um desses cavalos caiu num velho poço abandonado. Só foi encontrado pelo capataz dois dias depois.
.
Fraco e num buraco muito fundo, todos acharam impossível retirar o cavalo com vida. O dono da quinta também foi ao local para conferir se algo poderia ser feito para poupar o animal. Avaliou a situação e decidiu que a melhor solução seria deixar ali o cavalo. Não valia a pena investir dinheiro para o tirar, com o risco de ele morrer após tanto esforço. Mandou o capataz sacrificar o animal, deitando terra no poço até o enterrar.
.
O capataz seguiu a ordem. Chamou os empregados. Trouxeram pás e começaram a mandar terra para o buraco para que o cavalo ficasse soterrado. Mas à medida que a terra caía no lombo do cavao, ele sacudia-a e deixava-a cair no chão. E assim foi-se acumulando no fundo do poço, diminuindo a sua profundidade. Depois de algum tempo todos perceberam que o cavalo estava muito próximo, muito mais alto do que antes. O cavalo não se deixava enterrar. Colocava a terra para os lados, o que lhe possibilitava ficar sempre mais alto, até que o poço ficou com uma profundidade que lhe possibilitou sair normalmente.
.
Para reflectir
O instinto de sobrevivência deu ao cavalo uma solução. Lutando para não ser enterrado, ele conseguiu superar uma situação que parecia definitiva. Isto também vale para nós. Nenhuma derrota é definitiva. Se lutarmos, encontraremos sempre uma saída. Se não nos deixarmos enterrar, nada nem ninguém nos deixará no fundo do poço. A terra que a vida lança sobre nós para nos tentar desanimar pode ser a solução. Cabe-nos a nós fazer das quedas um motivo de ascensão; dos problemas e obstáculos, uma lição para enriquecer a nossa vida; das derrotas, experiência e razão para amadurecermos e nos desenvolvermos.

Tavares

Ontem, fui com a minha filha mais velha a São João da Madeira em busca de uma loja de artigos desportivos que lhe tinham falado.
.
Lá encontramos a loja Tavares na Avenida Dr Renato Araújo. A minha filha pratica andebol e há mais de um mês que procurava umas sapatilhas Kempa que conciliassem, tamanho e design atraente. Durante essa busca visitámos várias lojas SportZone e Extreme sem sucesso.
.
Na Tavares - Artigos de Desporto encontramos uma grande variedade de modelos e a moça lá encontrou o que pretendia. No entanto, o que me agradou na loja foi o conhecimento.
.
Perguntei se conheciam a marca Newton e começamos a falar sobre calçado para corrida... é muito bom, chegar a uma loja e encontrar alguém que sabe mais do artigo que vende do que o cliente. Fiquei fã!
.
E os preços são mais baratos que nas lojas acima referidas. Ou seja, encontrei uma loja que associa conhecimento especializado a um preço mais baixo... que mais pode um cliente pedir?

O vector tempo não é irrelevante

Começo por este exercício muito breve:
Na verdade acho que os participantes fizeram alguma batota mas adiante.
.
Coloco-me na posição de um interveniente no jogo e o que imagino é um fluxo de informação captada e processada, depois, acção e, depois, mais informação captada e processada, para gerar mais acção.
.
O exercício coloca-nos num fluxo permanente de obtenção de informação em tempo real e a tomar decisões também em tempo real, tendo em conta essa informação. No entanto, a realidade muda e a informação anterior torna-se obsoleta e as decisões tomadas com base nela têm de ser reformuladas.
.
Quando falamos de ciência clássica, falamos de uma realidade em que o tempo não é relevante, as fórmulas de Galileu, de Kepler, de Newton, de Einstein não se alteram com a passagem do tempo, tal como a capacidade calorífica do metano.
.
"the natural scientific method represented a theory of causality in which efficient cause predominated and it was this that accounted for stability and change, both of an entirely predictable kind, so that organization, or form, is equated with continuity and repetition without the possibility of novelty. Note how the past, the present and the future are all repetitions of the same pattern. This is a particular view of time in which time itself becomes unimportant. In fact, time disappeared and the laws were thought to operate in both time directions, forwards and backwards. Nature moved in a timeless way and time itself was a human illusion."
.
Há dias num programa na SIC-N, a jornalista económica Helena Garrido afirmou que a indústria portuguesa desde 1986 que precisava de modernizar e, não tinha feito. E que o tempo que vivemos agora é o resultado dessa inacção.
.
Na altura, no twitter, protestei contra esta afirmação. Acredito que o grosso da economia portuguesa à altura da adesão à CEE estava adequado, até onde essa classificação pode ser feita, ao universo competitivo de então. Ainda em 1998 o PIB crescia a 5%, de 1994 a 2000 o crescimento do PIB foi sempre superior, ou quase, a 4%.
.
Acredito que só com a adesão da China à Organização Mundial do Comércio e com a entrada dos países da Europa de Leste na União Europeia e, sobretudo, com a adopção do euro como moeda oficial, é que a economia deixou de funcionar (Agora, somos todos alemães e, O choque chinês num país de moeda forte).
.
Ao contrário da ciência clássica, a economia é uma ciência que depende do tempo, tal como no futebol, o que é verdade hoje amanhã é mentira. O que é verdade numa época fica obsoleto no momento seguinte.
.
Por exemplo, esqueça tudo o que aprendemos sobre os prémios para compensar o desempenho:

"Many Marxist thinkers, for example, expressed the Hegelian notion of dialectic in the Kantian language of thesis and antithesis and for them the movement was the interaction of these polar opposites to yield a new synthesis. However, the new synthesis still contained both thesis and antithesis, which continued to interact to yield yet another synthesis.
.
For example, Pascale (1990) takes this up in his perspective on organizations and talks about the rearrangement of thesis and antithesis in the form of a new synthesis, which can then only be further rearranged. In this view, forms unfold in a continuing evolutionary movement in which each form brings forth its opposite, and it is the interaction between these opposites that produces the movement. In this view, an unfolding dialectic, or a self-organizing process, produces emergent new states. However, in a sense, these new states are still pre-given or “contained” in the formative, self-organizing process. That which emerges is not truly novel but, rather, a rearrangement of what was already there. This is movement from a known current state to a knowable future state and teleology is already contained in the formative process in some sense. This makes some form of prediction possible."
.
Ou seja, o vector tempo não é inocente no estudo da economia.
.
Portanto, não podemos com os olhos de hoje e com o conhecimento de hoje, julgar as decisões tomadas ontem com o conhecimento de ontem.
.
Portanto, corremos um grande risco quando aplicamos fórmulas que resultaram no passado a uma nova realidade... recorrer a medidas macroeconómicas que podem ter tido algum sucesso há 70 anos ao tempo de hoje... é assumir que na economia, como na gravidade, o tempo não conta, que não há memória.
.
BTW, olhando para o primeiro vídeo... e se aquelas pessoas representassem os agentes que operam numa economia, num mercado... qual o papel de um governo? Como é que um governo conseguiria lidar com aquele grupo?
.
Trechos retirados de "Complexity and Management - Fad or radical challenge to systems thinking?" de Ralph D. Stacey, Douglas Griffin e Patricia Shaw.
.
Referência bibliográfica: Pascale, R. T. (1990) Managing on the Edge: How Successful Companies Use Conflict to Stay Ahead, London: Viking Penguin.

segunda-feira, agosto 30, 2010

Cool

Este é um exemplo do pull, um exemplo do fluxo de conhecimento no novo mundo em que estamos a entrar:
.

Títulos para todos gostos




Macedónia


  • "What they don’t seem to teach you in business school is that “the five forces” and “the seven Cs” and every other generic framework for problem solving are heuristics: they can lead you to solutions, but they cannot make you think. Case studies may provide an effective way to think business problems through, but the point is rather lost if students come away imagining that you can go home once you’ve put all of your eggs into a two-by-two growth-share matrix." "The Management Myth"
  • "The real danger – to the eurozone, but ultimately to Germany itself – is the strains stemming from the policy of a real devaluation. I cannot see how southern Europe can ever fully reverse the misalignments in the real exchange rate." "Why Germany’s Rebound Is Not Such Good News" Num mundo onde a eficiência deixe de ser o DEUS, num mundo onde a originação de valor passe a dominar o pensante comum, o sul da Europa terá uma hipótese.

Um admirável mundo novo pleno de oportunidades

Quando eu era um jovem engenheiro químico a trabalhar numa empresa da industria química, num tempo em que ainda havia dinossauros à face da Terra, uma das minhas referências era a revista Chemical Engineering Progress do American Institute of Chemical Enginners.
.
Um dos documentos que guardo desse tempo é um “tutorial” com 10 “reprints” sobre o tema Estatística. O décimo artigo é um do qual me lembro muitas vezes, chama-se “Experimental design”. Nele pode ler-se:
.
“The classical approach to experimentation is to study one variable at a time: varying its level over a certain range, while holding all other variables constant, and observing the effect of the response variables.”

“This approach is not very good, however. For one thing, it is inefficient, requiring a separate set of observations for each variable and using each observation just once. It is also incapable of detecting interactions: variables acting together may have a greater or smaller effect than individual variables acting alone.”
.
O que o autor (Robert E. Miller) pretendia chamar a atenção, pode ser descrito nesta sequência de figuras.
.
Uma empresa quer optimizar o seu reactor no sentido maximizar o rendimento que consegue tirar de uma reacção química. As variáveis que pode manipular são o tempo de reacção (ou tempo de residência) e a pressão a que decorre a reacção. Seguindo o método que aprendemos na escola de variar uma variável de cada vez, mantendo as outras constantes temos:
À pressão testada o rendimento máximo conseguido é de 64%.
Agora, fixando o tempo de residência no valor que deu o máximo de rendimento, o ponto A, variamos a pressão em busca do máximo rendimento:
Assim, deste modo podemos concluir, de uma forma científica, que o rendimento máximo que se pode obter para esta reacção química anda em volta dos 78%
Este método só funciona para sistemas com respostas lineares. Em sistemas não lineares… nós passamos completamente ao lado se usarmos este método:

Lembrei-me desta lição ao escutar esta apresentação de John Holland sobre CAS (Complex Adaptive Systems)
(
ao minuto 8:20, Holland descreve os CAS como “badly non-linear”.
.
Depois, ao minuto 13:50 aparece um acetato simplesmente delicioso!
“A complex adaptive system, cas, is an evolving, perpectually novel set of interacting agents where
.
• There is no universal competitor or optimum
• There is great diversity, as in a tropical forest, with many niches occupied by different kinds of agents
• Innovation is a regular feature – equilibrium is rare and temporary
• Anticipations change the course of the system.
.
.
.
E para onde é que nós caminhamos?
.
.
.
.
Deste postal “Resumo” recordo a figura:
Caminhamos para um mundo com mais incerteza, mais instabilidade, mais volatilidade, mais variedade, … uma autêntica floresta tropical… (ver no vídeo, ao minuto 9:50, o que Holland diz sobre a variedade de uma floresta tropical)
.
.
.
E voltar a recordar as proposições do acetato de Holland:
.
• There is no universal competitor or optimum
• There is great diversity, as in a tropical forest, with many niches occupied by different kinds of agents
• Innovation is a regular feature – equilibrium is rare and temporary
• Anticipations change the course of the system.
.
Em sintonia com o postal “Efficiency and utility: an evolutionary perspective”, em sintonia com a promoção do foco, da atenção, do sonho na eficácia, na criação de valor, na diversidade, na diferença…
.
.
Admirável mundo novo pleno de oportunidades com o fim da ditadura da eficiência que tudo tenta uniformizar.

domingo, agosto 29, 2010

Jantar BSC


O jantar será em Santa Maria da Feira no próximo Sábado 4 de Setembro pelas 20h30, em princípio será no restaurante Orfeu (depois envio mapa para chegar ao local).
Gostaria que os interessados confirmassem a presença até ao final de terça-feira 31 de Agosto, para podermos fazer reserva de mesa, para o e-mail ccruz@redsigma.pt
Abraço
Carlos Pereira da Cruz

Efficiency and utility: an evolutionary perspective

Um artigo interessante e na senda da minha reflexão sobre eficácia vs eficiência e sobre a guerra entre o numerador e o denominador.
.
"Efficiency and utility: an evolutionary perspective" de Stefan Mann e Henry Wustemann publicado pelo International Journal of Social Economics, Vol. 37 No.9, 2010 pp. 676-685
.
Do Abstract:
.
"Purpose – The purpose of this paper is to develop the argument that the link between efficiency and utility was strongest in the twentieth century. This would not only explain the growing focus on efficiency in the past, but also suggest that the importance of efficiency in society is set to decrease from now on.
Design/methodology/approach – The two arguments in support of the claim were: first, the growing importance of the service sector where an exaggerated focus on efficiency may decrease utility and second, the utility that is generated by different working environments and identities where heterogeneity is increasing.
Findings – Good reasons are found why the strong correlation between utility and efficiency that could be found in the process of industrialization is loosening."
.
Do texto, para esclarecer o conceito de utility:
.
"Since, utility is a more basic concept than efficiency, it is worthwhile to begin with the definition of utility which may subsequently be of help in defining efficiency. According to Jevon (1871), utility is the power of a commodity or a service to satisfy human wants."
.
Das conclusões:
.
"The focus of economics on efficiency has, over the decades, contributed to a high standard of living and to a correspondingly high level of utility for billions of consumers.
From a purely consumer perspective, the major importance of efficiency in maintaining or increasing this high level of utility is sustained. However, things take on a different perspective if we leave our consumer role and focus on our role in life wherewe are either members of a social community or part of the workforce.
In the rapidly growing service sector, our identity as social beings plays a far greater role than in the agricultural or industrial sector. This often makes it difficult to define measures of efficiency for services that are clearly linked with the quality of human interaction. Likewise, the growing diversity of working realities increases the importance of the utility (positive and negative) derived from working, so that the measure of efficiency in the professional world becomes less practicable.
.
Efficiency will probably always remain a core concept for production processes, for example in industry, and for a number of other processes in the economic world. However, there are strong arguments for the fact that the concept of efficiency had its most significant impact on society in the twentieth century because the link between societal utility and simple efficiency measures is set to weaken in the future. As economic science is largely defined as a science concerned with efficiency, it is also likely that the importance of economic science as compared to other disciplines will rather decrease."
.