sexta-feira, março 27, 2009

Quando se mistura catequese com economia...

... dá isto E depois do mercado.
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O João Miranda só peca pela generalização que faz Portugal tem baixa produtividade, Portugal é um país e os países não produzem. Quem produz são as empresas e as empresas são todas diferentes. Os comentários ao postal de JM fazem-me lembrar este gráfico de Frasquilho.
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Tanto considero absurdas as palavras de Alegre (que quer que se aumentem os salários para salvar o comércio) como as de Silva Lopes, Ferraz da Costa, Daniel Amaral ou Nogueira Leite (que querem que os salários desçam para aumentar a competitividade da economia).
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Por que não deixam a economia funcionar? Por que não deixam falir as empresas que não são capazes de dar a volta? Por que não se voltam para a redução do cuco-mor?

Segundo acto - O que prevê Ram Charan

Continuado daqui.
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No Semanário Económico do passado dia 21 de Março pode ler-se, como título de uma entrevista:
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"Todas as empresas vão ser mais pequenas em 2010"
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"P - O conceito de "smal is beautiful" sairá reforçado depois da crise?
RC - As companhias já estão a tornar-se mais pequenas neste momento.
P - Estarão?
RC - Todas as empresas serão mais pequenas no ano 2010. E haverá sempre espaço para nascerem pequenas empresas."
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Pois bem, o que se lê como principal título na capa do Diário Económico da passada segunda-feira?
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"Governo tenta salvar fornecedores da Autoeuropa"
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Pois bem, o que se lê como principal título na capa do Diário Económico da passada terça-feira?
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"Plano anti-crise nos têxteis vale 850 milhões"
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Ontem foi o plano para a indústria da cortiça.
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Será que alguém lê estes artigos?

Por exemplo:
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"With respect to productivity, we found that the productivity of entering firms is higher than that of exiting firms. Our decomposition of industry productivity growth also shows that external restructuring has its largest share in economic slowdowns, while internal restructuring makes its largest contribution in economic upturns."
...
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Aside the fact that 10 years is perhaps too short a period to draw definitive conclusions about the impact of restructuring – internal and external – on productivity growth, especially in relation with the economic cycle, there is clear evidence in favour of the hypothesis that cleansing is countercyclical, while active learning seems to be procyclical, two findings in line with our priors.
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Under our assumptions, it is surprising though to find that countercyclicality of passive learning, a result that we are tempted to allocate to the “scars” of the first sub-period recession and to what seems to be the lack of sufficient firm competition in the Portuguese manufacturing sector, especially in good times."
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Enfim, aprendizes de feiticeiro armados em Grandes Planeadores

quinta-feira, março 26, 2009

Qual é a diferença?

Entre um pivot de televisão mum canal de notícias e um actor?
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Acabo de ouver a entrevista do ministro da Agricultura na RTP-N ... por que é que um pivot de televisão se limita a fazer perguntas superficiais que apenas fazem eco do que se ouve nas manifestações da rua (descurando a tradição do campo contra o mau-olhado, ver abaixo)?
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OK, o pivot não é obrigado a saber tudo... mas não devia ter uma equipa de jornalistas nos bastidores a prepararem-lhe as entrevistas?
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A entrevista serviu para aumentar a minha simpatia pelo ministro, que julgo ser dos poucos, ao longo dos anos e em vários governos, a ter pensamento estratégico e a não ter receio de dizer não.
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"Ao longo do trajecto o carro de Magascià encontrou uma família de camponeses: marido, mulher e filho, todos sobre o mesmo burro.
A mulher, com o seio descoberto, amamentava o filho.
- Que tal vão as colheitas? - perguntou Magascià ao homem do burro.
- Mal - respondeu aquele.
Magascià segredou ao ouvido do padre:
- Aquele espera uma boa safra.
- Porque mentiu então?
- Para não ser vítima da inveja - respondeu Magascià"
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in "Vinho e pão" de Ignazio Silone,

Já estou instalado e aguardo...

A propósito desta notícia "Qimonda apresentou pedido de insolvência e vai tentar viabilização" encontrei esta outra "Qimonda: Pinho quer recuperar apoios até ao último tostão" onde se pode ler:
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"O ministro da Economia já esperava o processo de insolvência com que a Qimonda avançou esta quinta-feira e garante que o Estado vai tentar recuperar os apoios financeiros dados à empresa"
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Já montei o meu estaminé, já estou numa posição confortável aguardando saber "até ao último tostão" quantos milhões de euros foram encaminhados para captar e manter no país o maior importador nacional.
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Estou mesmo cheio de curiosidade para saber até "ao último tostão" de quantos milhões estamos a falar.
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Aguardo pois ...

ADENDA: Penoso demais para aguentar ouver Pedro Adão e Silva na RTP-N discorrendo e discorrendo e discorrendo sobre a Qimonda. Aconselha-se Pedro Adão e Silva a documentar-se melhor, basta ler esta fonte anterior ao choque de Agosto de 2007 Qimonda Reports Third Quarter Results of Financial Year 2007... mas documentar-se para quê, o pivot também não se prepara e engole tudo o que lhe dizem...
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Mentes livres de mapas cognitivos castradores


Muitas vezes, na minha interacção nas empresas, uso uma imagem para ilustrar a necessidade de criar distanciamento para formular o pensamento estratégico. Recorro à figura da mente abandonar o corpo, por momentos, para pairar sobre a paisagem competitiva e, longe da pressão do dia-a-dia, encadear os acontecimentos sob uma outra luz.
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Há dias, no artigo “Understanding and breaking the rules of business: Toward a systematic four-step process” de Dodo zu Knyphausen-Aufsess, Nils Bickhoff e Thomas Bieger publicado em Business Horizons (2006) 49, 369-377, encontrei uma referência à definição que Bertold Brecht atribuía à palavra alienação: “Bertold Brecht introduced the notion of alienation, which contends that new insights cannot emerge if we identify too closely with a subject or issue; therefore, we need to distance ourselves from it and shed light on interrelationships from a different angle in order to make progress.”
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É isto que eu procuro transmitir, fugir às grilhetas e ao jugo da pressão quotidiana que nos pode trazer de olhos virados para o chão em vez de virados para a frente e muito lá à frente. Pois, como escrevem os autores no artigo acima referido:
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“We live within paradigms, and it takes tremendous energy to break out of those paradigms and redraw cognitive maps.”
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Escrevo isto, por que na passada segunda-feira, durante uma viagem de comboio, tive oportunidade de ler na revista Outlook do Semanário Económico de Sábado 21 de Março o texto intitulado “Este é o azeite”
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“Andreas Bernhard é suíço, está em Portugal há 15 anos e nunca tinha prestado muita atenção aos olivais do Alentejo. Faz sentido: também não vivia ali. Começou por instalar-se no Algarve, na zona de Castro Marim, onde viveu sete anos. Procurou um lugar para começar uma vida nova e encontrou, à saída de uma pequena aldeia chamada Santa Iria, uma herdade. “Encontrei um paraíso olivícola”, pensou. Para decidir a seguir: “É mesmo isto que vou fazer.” Este “isto” não era ainda o melhor azeite biológico do mundo, mas uma produção que apostasse no acompanhamento permanente do olival, que respeitasse árvores centenárias e que conseguisse competir com a concorrência dos grandes azeites italianos.
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Este azeite competiu e ganhou. O Risca Grande Virgem Extra venceu o primeiro prémio do Concurso de Azeites Biológicos da BIOFACH 2009 em Nuremberga, na Alemanha.”
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Um suíço?!
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E agora a cereja em cima do bolo, voltemos ao texto de Ângela Marques no jornal:
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“Para Andreas, o facto de nunca antes ter trabalhado com azeite é uma vantagem. “Chegar a um ramo completamente novo é uma vantagem. Informamo-nos mais, queremos saber como é que os espanhóis fazem, como é que os italianos fazem, como é que os outros fazem, e depois decidimos como é que nós queremos fazer, encontrando uma maneira diferente de fazer”, explica.”
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Estes momentos de crise, são também momentos em que gente que já não tem nada a perder, depois de perder quase tudo, se lança em novos empreendimentos, libertos de mapas cognitivos gastos, carregados de regras castradoras obsoletas que se seguem por que foi sempre assim que se fez. Essa gente nova, não de idade necessariamente, introduzirá os choques epistemológicos que precisamos para dar saltos de produtividade à custa da criação de mais valor.
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E quanto mais se defender o passado e os incumbentes enquistados, mais se dificultará a transição, after all:
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"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.”

Os canários ...

... são úteis por que vão à frente e alertam para o que pode acontecer-nos mais tarde.
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"City alarm as Treasury fails to sell Government gilts"
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"Fears are growing on the financial markets that Britain may not be able to repay the billions of pounds in debt it is amassing to rescue banks and revive the economy.
The Government admitted yesterday that, for the first time since 1995, investors had been unwilling to buy the full complement of its so-called gilt-edged bonds at one of its official auctions"
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Quando são precisos 48 milhões de euros por dia emprestados para manter cá o Titanic a flutuar...
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"Mouse droppings found in hospital operating theatre"
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"They showed me photographs of mouse holes, mouse droppings in the operating theatre, blood smeared in wards."
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quarta-feira, março 25, 2009

Bem vindos ao clube!!!

A SIC Notícias esta noite está alarmada, só agora é que descobriu o que é que está a acontecer: A caminho da Sildávia do Ocidente

Primeiro acto - O que sentem os fabricantes de automóveis

"Renault espera “crise longa” até 2011"
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"A Renault vai conhecer uma "crise longa" que se poderá estender até 2010 ou mesmo 2011, declarou hoje o director-geral delegado Patrick Pelata, que confirmou ainda uma redução de nove mil funcionários no quadro de pessoal da empresa para o decurso deste ano.
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O grupo deve "preparar-se para que a situação actual, de uma baixa dos mercados da ordem de 20 a 25 por cento, possa durar ainda todo o ano de 2009, todo o ano de 2010 e talvez todo o ano de 2011", declarou Pelata."
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Não esquecer que o número um da Ford na Alemanha descobriu que na Europa existe capacidade instalada para produzir mais 27 milhões de automóveis do que aqueles que os europeus são capazes de consumir.
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Segunda parte - O que sente Charan (continua)

Como é que foi?

Como é que foi justificada a baixa do IVA de 21 para 2o% no final do primeiro semestre de 2008?
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A casa estava arrumada!?
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"Falências de empresas subiram 51 por cento no primeiro semestre de 2008"
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Porquê? Que inveja!!!

Por que é que desde 1974 nunca tivemos um governador do banco de Portugal que dissesse, alto e bom som, coisas destas?
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"Mervyn King warns Gordon Brown to stop spending"
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"The Governor of the Bank of England laid bare tensions between Gordon Brown and the Treasury yesterday by warning that Britain could not afford a second economic stimulus in the Budget.
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Mervyn King threw caution to the wind as he sided with Alistair Darling and the CBI against Downing Street in raising strong doubts over any prospect of another round of “significant fiscal expansion” next month.
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Mr King spoke as the Prime Minister, beginning an international tour to co-ordinate measures for next week’s G20 gathering in London, called on leaders to do “whatever it takes to create growth and the jobs we need”. "

Para reflexão

"people go mad in crowds, and return to their sanity one by one,"
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Retirado deste blogue obrigatório Debtdeflation
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Hoje, traz uma diatribe contra a Economia Neoclássica e a sua mania do equilibrio. Apreciei sobretudo este apontamento (à tia de Cascais):
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"Key here should be a rejection of neoclassical microeconomics in its entirety. This was the missing component of Keynes’s revolution. While he tried to overthrow macroeconomics shibboleths like Say’s Law, he continued to accept not merely the microeconomic concepts such as perfect competition, but also their unjustified projection into macroeconomic areas—as with his belief that the marginal productivity theory of income distribution, which is fundamentally a micro concept, applied at the macro level of wage determination.
From this failure to expunge the microeconomic foundations of neoclassical economics from post-Great Depression economics arose the “microfoundations of macroeconomics” debate that led ultimately to rational expectations representative agent macroeconomics, in which the economy is modelled as a single utility maximising individual who is blessed with perfect knowledge of the future.
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Fortunately, behavioural economics provides the beginnings of an alternative vision as to how individuals operate in a market environment, while multi-agent modelling and network theory give us foundations for understanding group dynamics in a complex society. They explicitly emphasise what neoclassical economics has evaded: that aggregation of heterogeneous individuals results in emergent properties of the group which cannot be reduced to the behaviour of any “representative individual” amongst them. These approaches should replace neoclassical microeconomics completely.
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The changes to economic theory beyond the micro level involve a complete recanting of the neoclassical vision. The vital first step here is to abandon the obsession with equilibrium.
The fallacy that dynamic processes must be modelled as if the system is in continuous equilibrium through time is probably the most important reason for the intellectual failure of neoclassical economics. Mathematics, sciences and engineering long ago developed tools to model out of equilibrium processes, and this dynamic approach to thinking about the economy should become second nature to economists.
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The economic theory that should eventually emerge from the rejection of neoclassical economics and the basic adoption of dynamic methods will come much closer than neoclassical economics could ever do to meeting Marshall’s dictum that “The Mecca of the economist lies in economic biology rather than in economic dynamics” (Marshall 1920: xiv).
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As Veblen correctly surmised over a century ago (Veblen 1898), the failure of economics to become an evolutionary science is the product of the optimising framework of the underlying paradigm, which is inherently antithetical to the process of evolutionary change. This reason, above all others, is why the neoclassical mantra that the economy must be perceived as the outcome of the decisions of utility maximising individuals must be rejected."
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Mais actual que nunca

A leitura do artigo "A Dynamic View of Strategy" da autoria de Constantinos Markides e publicado pela Sloan Management Review na Primavera de 1999.
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"in every industry, there are several viable positions that companies can occupy.
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Therefore, the essence of strategy is selecting one position that a company can claim as its own. A strategic position is simply the sum of a company's answers to the following questions:
  • Who should the company target as customers?
  • What products or services should the company offer the targeted customers?
  • How can the company do this efficiently?
Strategy involves making tough choices on three dimensions: which customers to focus on, which products to offer, and which activities to perform.
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Strategy entails choosing, and a company will be successful if it chooses a distictive strategic position that differs from those of its competitors. The most common source of strategic failure is the inability to make clear and explicit choices on these three dimensions."
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"the heart and soul of strategy is asking the "who-what-how" questions, developing alternatives, and selecting specific goals and actions."
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E muito importante:
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"As industries change, new strategic positions arise to challenge existing positions. Change in industry conditions, customer needs or preferences, demographics, technology, government policies, competition, and a company's own competencies generate new opportunities and the potential for new ground rules.
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Existing niches expand while others die, new niches appear, mass markets fragment into new segments (or niches), "old" niches merge to form larger markets, and so on. This dynamics occurs in every industry."

terça-feira, março 24, 2009

O cozinhado

Misturar isto:

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com isto: "'No extra cash' for UK economy, Bank of England chief warns" (um dia destes somos nós)
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Depois, adicionar um pouco de:
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"A receita registou uma taxa de variação homóloga acumulada (tvha) de -8.9%, tendo as receitas fiscais justificado esta contracção em -8.4 p.p..
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A despesa cresceu 3.7% relativamente ao período homólogo do ano anterior, sendo o respectivo grau de execução da ordem dos 14.5%, abaixo do padrão de segurança. Por sua vez, a despesa corrente primária registou um crescimento de 5.5%
."
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Acrescentar ainda uma pitada de:
E sabemos que estamos a caminho de:
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Com um brilhosinho nos olhos...

"China’s central bank on Monday proposed replacing the US dollar as the international reserve currency with a new global system controlled by the International Monetary Fund."
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Hummmm... mais uma machadada no ocidentocentrismo. É a consequência natural dado que alguém não se deu ao respeito.
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Isto sim, é um sinal do dealbar de um mundo realmente novo: "China calls for new reserve currency".
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Só não percebo é por que não propõem já o ouro, "In an essay posted on the People’s Bank of China’s website, Zhou Xiaochuan, the central bank’s governor, said the goal would be to create a reserve currency “that is disconnected from individual nations and is able to remain stable in the long run, thus removing the inherent deficiencies caused by using credit-based national currencies”."

Os empresários têm de usar o coração.

Muitas vezes, neste blogue, chamamos a atenção para a superioridade da micro-economia sobre a macro-economia.
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A macro-economia vive distante da realidade, faz uso de modelos simplificados da realidade, modelos lineares que não admitem a riqueza da actividade da ingenuidade (à inglesa) humana.
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Um paradigma desta filosofia e mentalidade é dado sempre que a União Europeia é chamada a intervir num sector económico. Por que distante da realidade, trata tudo por igual, só consegue abordagens à Lanchester daí que a solução mais comum seja o abate, a eliminação de concorrentes na secretaria.
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Quando falo de superioridade da micro-economia (afinal, Só a micro-economia é que nos vai dando boas notícias ) alicerço a minha opinião naquilo que não pode ser previsto pelos modelos de burocratas, na paixão, no amor, na intimidade entre fornecedores-clientes e produtos (aqui, aqui e aqui).
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Por isso, foi com especial carinho que encontrei uma entrevista da Mario Moretti Polegato, presidente da Geox, ao semanário Expresso. De retirei alguns trechos que ilustram o meu sentimento sobre a micro-economia:
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"Expresso - Há uma receita para o sucesso?
Polegato - Ter fome de mudar, ser inovador e surpreender o cliente, ser global, ser pertubador e simultaneamente genuíno.
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O problema é que alguns empresários perderam o foco nas suas empresas e preferiram investir nas finanças. Mas ser empresário e ser financeiro são coisas muito diferentes.
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Expresso - O que os separa?
Polegato - O empresário é criativo, é líder, tem de ter entusiasmo e contagiar a sua equipa. O banco é um fornecedor de dinheiro. Os empresários têm de usar o coração. Os bancos só vêem taxas. São mentalidades diferentes. Precisam de ser independentes."

Estranhas prioridades.

Em teoria sou a favor de sistemas não subsidiados em que quem melhor servir os clientes, quem tiver o melhor modelo de negócio ganha e é beneficiado no e pelo mercado.
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É sob essa orientação que apoio a liberalização do sector leiteiro na Europa.
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Adivinho, no entanto, grandes dificuldades para muitos produtores europeus, grande turbulência e falências por que muitos não estão preparados para o que aí vem.
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Os governos não falam abertamente da revolução que aí vem no sector leiteiro pelo que a maioria não está, nem se está a preparar, nem que seja com estratégias de saída do sector pela mó de cima.
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Isto tudo a propósito deste artigo no Público: "Comissão Europeia recusa rever liberalização da produção de leite".
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"A Comissão Europeia recusou hoje liminarmente o pedido de Portugal e mais seis países da União Europeia (UE) de “congelamento” do aumento programado das quotas de produção de leite para permitir ao sector em dificuldades ultrapassar a actual crise"
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Sintomático que os políticos sejam tão firmes e batam o pé no chão, e venham para a televisão ameaçar... tudo por causa do IVA nas pontes de Lisboa e não usem a mesma bitola para a defesa do sector leiteiro.
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Estranhas, estas prioridades.

segunda-feira, março 23, 2009

Este é um ponto crítico!

Dá que pensar:
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"Charles Dumas, global strategist at Lombard Street Research, said Europe's leadership class have ensured "likely disaster" for EMU by assuming for so long that they could continue to rely on "predatory export-led growth" by feeding off world demand rather adopting radical stimulus measures of their own.
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"It looks as if surplus countries, particularly those of north-central Europe clustered around Germany, imagine they can wait for recovery and then enjoy export-led growth again," he said."
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E a queda do PIB alemão em 7% "German economy to contract 7pc this year"

O que se pode aprender com quem compete em mercados emergentes?

Admitamos um cenário de depressão económica mundial continuada.
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Com o fim do crédito fácil e barato temos e teremos connosco por alguns anos a derrocada na procura, a queda na capacidade de consumir.
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Como enfrentar esta nova paisagem?
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Peter Williamson e Ming Zeng publicam na Harvard Business Review deste mês de Março um interessante artigo com algumas pistas que podem ser exploradas.
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Primeiro a situação actual:
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"No one needs convincing that the economic situation we’re facing today is almost unprecedented. Yet much of the advice that executives have received is remarkably similar to what they heard during the recession in 2000. Particularly in Western enterprises, the preferred antidotes seem to be standard ones: Evaluate your risks, develop contingency plans, focus on your core, reduce costs, expect the unexpected, and so on. The unspoken objective appears to be to survive or, at most, to maintain market share.
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Like many orthodoxies, however, this will not serve companies well today. The world has changed so much because of, among other reasons, deregulation, lowering of trade barriers, rapid technological advances, demographic shifts, and greater urbanization, that strategies that worked a decade ago are unlikely to do so anymore. Previously, downturns often favored incumbents, which possess economies of scale and customer relationships that allowed them to prevail over upstarts. What’s different now is that companies from several emerging markets are poised to wrest market share from, or even take over, Western firms."
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O que os autores propõem é que analisemos a forma como actuaram algumas empresas de sucesso em mercados emergentes (mercados caracterizados por um fraco poder de compra)
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"During the Depression, (...) companies developed value-for-money strategies: They grew by delivering products and services that enabled hard-hit consumers to do more with the same resources and become more effective; to do the same with fewer resources, thereby improving their efficiency; or to do less with far fewer resources, which helped them economize.
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Value for money has again become a strategic imperative—and not just because of the recession."
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"In both the developed and the developing world, therefore, delivering value for money has become critical. What capabilities must companies possess to thrive in this environment? Our research suggests that instead of refining cost-cutting techniques, companies should develop cost-innovation capabilities. They must learn to reengineer their cost structures in novel ways so they can offer customers dramatically more for less. That may not be good news for many U.S., European, and Japanese corporations, which have usually dealt with low-cost competitors by going upmarket and creating premium segments, both at home and abroad."
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Os autores propõem a inovação para reduzir os custos.
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"The idea of innovating to develop offerings that provide greater, or almost the same, functionality but at a lower price is unconventional. Some executives may regard it as silly: Why invest in research to sell products for less than the prevailing price? However, smart companies in emerging markets have done just that to appeal to the great mass of value-conscious customers at home."
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E depois, algo que faz recordar "The Blue Ocean Strategy" de Chan e Mauborgne:
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"Cost-innovation strategies are disruptive in that they result in products or services that look inferior in some ways to existing ones but are more affordable and easier to use than incumbents’ offerings."
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"Como não acredito em acasos fico a pensar nesta coincidência "No meio não está a virtude, ou seja, não vale guterrear"
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Os autores apresentam três avenidas de progresso e pesquisa:
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"Selling high-tech products at mass-market prices.
Companies often apply the latest technology only to the most complex applications or sell it to early adopters. By restricting a state-of-the-art technology to a few segments initially and transferring it to mainstream markets over time, they capture the maximum value throughout its life and enhance the return on their investment in research and development. However, some newcomers from developing countries have found ways to offer the latest technology to mass-market customers at low prices."
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Ou seja, serializar a produção de artigos que de outra forma não abandonariam a categoria de protótipo ou semi-protótipo.
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"Offering choice and customization to value customers.
Customers usually have to pay hefty premiums if they want a large selection of products or customized offerings. That’s because most companies in developed countries, which focus on gaining economies of scale, fear that if they offer a plethora of choices, their operations will spiral out of control. They will spend additional time making changeovers on manufacturing lines and lose money from write-offs on obsolete inventory. But companies in emerging markets have been able to transform the rules of variety and customization by learning to gain economies of scope."
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Ou seja, apostar na flexibilidade, reduzir os limites que tornam uma pequena série rentável, para poder apostar em séries mais pequenas, maior diversidade, maior rapidez.
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"Turning premium niches into mass markets.
Most companies define a niche market as one that consists of relatively few customers willing to pay premium prices for goods and services that meet their specialized requirements. They don’t check to see if there may be a wellspring of latent demand choked off by high prices and poor value-for-money offerings."
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Mais do que nunca a grande restrição vai continuar a ser, e ampliada, a conquista de clientes.

domingo, março 22, 2009

Surrealista (parte II)

Como ilustram os dois últimos postais, resolvi dar uma chance à TSF de me fazer companhia no final da tarde de domingo enquanto trabalhava diante do computador.
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Algures por volta das 19h15 a rádio deixou de emitir qualquer sinal, na altura nem dei conta do sucedido.
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Depois, por volta das 19h30 o sinal regressa e para meu espanto começo a ouvir uma voz feminina em castelhano. Por momentos pensei que se tratava de alguma reportagem, só que o tempo continuava a passar e continuava a passar uma senhora em castelhano a promover um programa em que as pessoas lhe ligavam e ela lia o seu futuro nas cartas!!!!
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São 21h25 e a TSF desapareceu em 107.4 para dar ligar a esta emissão surreal... agora, é uma voz masculina em castelhano.

Surrealista

O desemprego a subir, as empresas a fechar e a TSF de braço dado com a UGT vai promovendo o aumento do SMN "O líder da UGT afirmou esperar que o próximo Governo «seja sensível» à necessidade de aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN)".
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É surrealista a situação... até parece retirada de um programa dos gatos fedorentos...