segunda-feira, novembro 19, 2007

A Dream Society

Já aqui falei, por uma ou duas vezes, no livro de Pankaj Ghemawat “Redefing Global Strategy – Crossing Borders in a World Where Differences Still Matter

O capítulo 4 – “Adaptation” é muito, muito interessante. Ghemawat acredita que “seems to be a common bias towards under-adaptation in cross-border strategies. Part of the solution, as suggested earlier, is to analyze the differences that still divide countries instead of ignoring them because of a belief that they are or will become insignificant.”

Assim, propõe quatro alavancas, cada uma com quatro sub-alavancas, para lidar, para gerir as diferenças, a variedade: nos produtos; nas políticas; no reposicionamento; nos indicadores.

As alavancas passam por:
Enfoque - Reduzir a necessidade da variedade;
Externalizar – Reduzir o “peso” da variedade;
Design – Reduzir o custo da variedade;
Inovação – melhorar a eficácia da variedade.

Um aviso:
“Nor are the sublevers, and even the levers, mutually exclusive. That said, given their distinct requirements and ramifications, trying to achieve superior leverage along all the different levers or sublevers is probably a foolish pursuit. For one thing, excellence at any form or adaptation typically requires an aligned organization.”

Algumas conclusões:
“Very few businesses can operate on either a totally localized or a totally standardized basis across borders.”
“It is possible to adapt too much or too little – although the latter may be more common.”





Atenção variedade, não é o mesmo que variabilidade.


Variabilidade é a flutuação aleatória ou sistemática, que impede, por exemplo, que o volume de cerveja nas sucessivas garrafas que saiem de um enchedora seja sempre o mesmo.


Variedade é o que dá sabor à vida, diferenças deliberadas e planeadas que geram diferentes produtos e serviços: cor, som, brilho, sabor, cheiro, tudo o que apele aos sentidos, para cativar clientes.

E os jornalistas do Expresso ainda perguntam a Jagdish Bhagwati “Como podem os pequenos países como Portugal lidar com a globalização?”

A minha resposta recorre a uma pergunta:
Como é que o Hezbollah enfrentou o poderoso exército israelita?

Em sintonia com Chris ‘Long Tail’ Anderson, em sintonia com Tom Peters:
“Future products will have to appeal to our hearts, not to our heads.”

Nesse mundo, nessa Dream Society, o que conta é a diferença, a originalidade, a variedade, não a uniformidade, o cinzentismo, o contentor. Há outro acetato de Tom Peters que recordo, um com este texto:

““It suddenly occurred to me that in the space of two or three hours he never talked about cars.” —Les Wexner”

Na Dream Society o que as empresas vão precisar, como de pão para a boca, é de líderes sonhadores, líderes visionários, líderes que fomentem, promovam, acarinhem a novidade e a experiência.
Por isso, estranho como as grandes empresas ainda estão na onda dos gestores, que sabem tudo sobre a gestão financeira, e os seus rácios… mas que não conhecem, não provam, não sonham, não “dormem” com os seus produtos.

Sabem tudo sobre como reduzir custos, mas nem sabem o que é criar valor. Como não sabem seduzir clientes, só conhecem a linguagem do preço… e dos custos.

domingo, novembro 18, 2007

Aula # 6

Disciplina: Tecnologia e Inovação Ambiental I
4º ano de Engenharia do Ambiente, da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa
Módulo: Sistemas de Gestão Ambiental

Acetatos aqui:

A propósito do uso da cartografia de processos (process mapping) durante o levantamento ambiental. Porque vai ajudar a trabalhar:
  • as responsabilidades, autoridades e atribuições (4.4.1);
  • a formação, a sensibilização e as competências (4.4.2);
    o controlo operacional (4.4.6);
    a prevenção e a respostas a situações de emergência (4.4.7);
    a monitorização do que é relevante (4.5.1).
Proponho a leitura, para aprofundamento do tema, quando for útil um dia mais tarde na vida activa:

  • Environmental Management Systems Process Mapping Approach—DRAFT;
  • The Nothing to Waste Program: Incorporating Pollution Prevention into Small Businesses (o primeiro capítulo);
  • Process Mapping and Mass Balances - aqui; e
  • P2 Tools - aqui.Mais relacionado com as competências dos recursos humanos e a abordagem por processos, convido à leitura deste postal.
Não tem nada a ver com sistemas de gestão ambiental mas... por que será?

Merece um encore

"Nella Fantasia"
Chloe Agnew

A voz, o timbre, por um lado e o solo de oboé por outro ... é estupidez querer traduzir isto em palavras, sente-se e ponto!

Pós-Graduação: Gestão de Organizações e Desenvolvimento Sustentável

Pós-Graduação: Gestão de Organizações e Desenvolvimento Sustentável

Sessão 6: Acetatos aqui.

A propósito do uso da Ferramenta FMEA na área do ambiente, aqui vai uma sugestão interessante "How to Use FMEA to Reduce the Size of Your Quality Toolbox".

A propósito do uso da cartografia de processos (process mapping) durante o levantamento ambiental. Porque vai ajudar a trabalhar:

  • as responsabilidades, autoridades e atribuições;
  • a formação, a sensibilização e as competências;
  • o controlo operacional;
  • a prevenção e a respostas a situações de emergência;
  • a monitorização do que é relevante.
Proponho a leitura, para aprofundamento do tema, quando for útil:

  • Environmental Management Systems Process Mapping Approach—DRAFT;
  • The Nothing to Waste Program: Incorporating Pollution Prevention into Small Businesses (o primeiro capítulo);
  • Process Mapping and Mass Balances - aqui; e
  • P2 Tools - aqui.
Mais relacionado com as competências dos recursos humanos e a abordagem por processos, convido à leitura deste postal.

We're in control

Nós estamos ao volante!
Nós controlamos!
Nós gerimos a nossa vida e fazemos o nosso destino!

Espreitem este artigo do jornal "Faro de Vigo" de ontem "La automoción gallega reducirá en un 30% sus costes para hacer frente a la competencia del Este".

"El sector de la automoción de Galicia se prepara hacer frente a la competencia que representan los países emergentes, fundamentalmente por sus bajos salarios. Un centenar de directivos pertenecientes a la planta de viguesa del Grupo PSA Peugeot Citroën y a las 75 empresas que constituyen el entramado de la industria de componentes del Cluster de Empresas de Automoción de Galicia (CEAGA) pondrá en marcha un plan basado en el sistema de producción "Lean", que permitirá a las empresas rebajar sus costes hasta un 30% en dos años.
Durante este fin de semana los directivos del sector de componentes del automóvil se reúnen en el Balneario de Mondariz para "reflexionar sobre la situación actual y garantizar y mejorar la competitividad", aseguró Antonio Vega, presidente de CEAGA."

Trata-se de um negócio em que as empresas em causa, a começar pela fábrica do Grupo PSA, têm de produzir os modelos desenhados. Aqui, o aumento da produtividade só pode ocorrer por redução de custos.

Situação actual.
"Vega reconoció que el mundo de la automoción "está muy complicado porque hay un exceso de competitividad y de producción".Señaló que el mercado europeo se mantendrá establee este año "con una reducción del 0,7%,", Guterres diria "É a vida!"

Nem boa, nem má, nem moral, nem imoral, um autêntico "Rei Lear" amoral.

"Para Vega los problemas del sector en el mundo tienen repercusión en las empresas gallegas de automoción. "El mayor problema que podemos tener es creer que no tenemos ningún problema. Las dificultades nos van a llegar en algún momento de manera más fuerte o menos fuerte, pero nos van a llegar"." Homem prevenido vale por dois.

"Ante estas amenazas, explica que las empresas del sector y sus casi 25.000 trabajadores tienen que estar preparados para hacerles frente. "Este es un mundo de ganadores y perdedores, cada empresa es responsable de su estrategia, debe buscar su hueco, su camino para salir adelante. Las empresas de CEAGA somo optimistas, confiamos en nuestras posibilidades, entre otras cosas porque contamos con un capital humano extraordinario muy difícil de conseguir en otras regiones"." Repararam no que acabaram de ler..., leiam outra vez!
Alguma referência ao apoio do papá estado?
Só existencialismo puro e duro "cada empresa es responsable de su estrategia, debe buscar su hueco, su camino para salir adelante".
Constâncio e os outros dizem que os trabalhadores portugueses em Portugal são umas bestas ignorantes (apesar de no estrangeiro serem apreciados).
O que diz Vega? "contamos con un capital humano extraordinario muy difícil de conseguir en otras regiones" Que sorte que eles têm, em terem super-homens e super mulheres!!! É injusto eles pertencerem a uma raça superior... se ao menos a Galiza e Portugal fossem vizinhos... talvez partilhássemos uma herança genética comum...

"El vicepresidente de CEAGA, el director técnico de la planta del Grupo PSA Peugeot Citroën en Vigo, Pedro Piñeiro, afirmó que el proceso tiene como fin el "quedarse con lo que tiene valor y eliminar lo que no lo tiene tanto para el cliente, para las empresas y para la sociedad". "La competencia nos obliga", afirmó. "Los países de bajo coste están hay. No podemos competir por salarios ni por materias primas, competimos con otras clases de eficiencias. En este caso reduciendo costes", avisó.
Piñeiro explicó que los costes de producción eran antes la suma de las materias primas, elaboración, ensamblaje, distribución, además de los gastos y los beneficios. Ahora ya no es así. El precio del producto lo pone el cliente y éste tiene muchos mercados donde elegir tanto en calidad como en precios. Así que lo que pretendemos es actuar sobre los costes de producción para que sean los más bajos posibles"."

Nem uma referência ao papá estado em todo o artigo...
Nem uma acusação aos países de Leste ou à China. Esta é a vida, nem boa nem má, é a vida! Encarando-a de frente, agarrando o touro pelos cornos, como podemos tirar o melhor partido da situação?

Et voilá, estava escrito nas estrelas...

Neste postal intitulado "Vai uma aposta?" previa-se um cenário futuro de concorrência entre os sistemas nacionais de saúde dos diferentes países da União.

Pois bem, o Diário Económica da passada sexta feira brinda-nos com o artigo "Hospitais vão ter ranking europeu de qualidade", assinado por Mário Baptista, onde se pode ler:

"Concorrência pela escolha dos doentes, oferecendo melhores tratamentos, mais conforto no internamento e outras soluções terapêuticas viradas para o doente, que passa a ter mais liberdade para escolher o hospital onde é tratado. É isto que os hospitais portugueses vão ter de fazer quando a nova directiva sobre a mobilidade dos doentes no espaço europeu entrar em vigor, sob pena de os doentes preferirem ser tratados no estrangeiro."
n
"A nova directiva, que será apresentada em Dezembro, prevê a mobilidade sem limites em toda a União Europeia e responsabiliza financeiramente os Estados pelas deslocações para outros países em busca de melhores tratamentos."

Estava-se mesmo a ver o que ía acontecer... estava escrito nas estrelas!

sábado, novembro 17, 2007

Depois o problema é falta de formação, falta de escolaridade, falta de educação...

Ler primeiro o postal imediatamente anterior a este.

Ainda há 1/2 semanas líamos e ouvíamos sobre o relatório suiço que não era muito simpático acerca da predisposição dos portugueses para singrarem na escola.

O emigrante português é mal visto na xénofoba Suiça? Não, porque é um bom trabalhador.

O emigrante português é mal visto no Luxemburgo?

Resposta no Público de hoje, "Portugueses 2,7 vezes mais produtivos no Luxemburgo", artigo assinado por Raquel Almeida Correia.

"Os níveis de produtividade dos trabalhadores no Luxemburgo estão 66 por cento acima da média europeia, o que lhe confere a quarta posição no ranking dos países mais produtivos da Europa. Portugal, que ocupa a 39ª posição, apresenta níveis 40 por cento abaixo. Se os imigrantes portugueses que trabalham no país regressassem, começariam o fim-de--semana às 17 horas de terça-feira e teriam direito a mais de sete meses de férias, porque produzem a um ritmo 2,7 vezes superior em território luxemburguês."

Este lead induz em erro quem o lê, porque parte do princípio que os trabalhadores portugueses no Luxemburgo, fazem os mesmos produtos que os trabalhadores portugueses em Portugal. Não é verdade!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Os trabalhadores portugueses no Luxemburgo, mesmo que trabalhem ao mesmo ritmo que os trabalhadores portugueses em Portugal, são muito mais produtivos porque produzem produtos de muito maior valor acrescentado.

Este lead é típico de uma mentalidade que acredita que Portugal é pouco produtivo porque os trabalhadores são preguiçosos. Façam as contas, se o trabalhador de uma têxtil do Ave, uma daqueles que se queixa aqui, trabalhasse de borla para a empresa mais duas horas por dia, em quanto é que isso iria aumentar a produtividade?

O segredo, o truque, é apostar em produtos de maior valor acrescentado.

Volto, pela terceira vez a repetir a frase:

"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.

O que é que acontece a um trabalhador português que farto de ganhar uma miséria numa têxtil do Ave, emigra para o Luxemburgo?

Tout cour: "É como se a empresa onde trabalhava (de baixa produtividade) fechasse e ido para uma empresa de elevada produtividade. O português é o mesmo, a educação é a mesma, a escolaridade é a mesma.

Que queiram torrar dinheiro da UE na formação OK, mas não esperem milagres.

Mitos, mitos e frases feitas. Alguém já fez um roteiro para uma empresa em particular?

Bastava tentar fazer um roteiro concreto, para uma empresa em particular, para perceber que os saltos de produtividade necessários, não são conseguidos à custa da formação dos operários. Nunca serão suficientes!
Só à custa do aumento do valor acrescentado dos produtos, através da subida na escala de valor.

No Diário Económico de quinta feira passada, pudemos ler no Editorial assinado por Bruno Proença:
"Como é que a economia portuguesa chegou a esta situação? Todos sabem. Os diagnósticos estão feitos. Resultou de um conjunto de erros de política económica por parte dos vários Governos e da enorme incapacidade dos empresários, trabalhadores e sindicatos. O grande problema esteve sempre na produtividade. Ou na falta dela. Resultado: custos de produção elevados hipotecaram a competitividade externa da economia. "

"Portanto, o importante é olhar o futuro e pensar na forma de resolver o problema. E não há milagres. è preciso trabalhar mais e melhor. Só assim se resolve o problema da produtividade."

Ainda no Diário Económico de quinta, foi possível ler no artigo "Constâncio mais preocupado com o desemprego", assinado por Luís Reis Ribeiro e, com o subtítulo "Há demasiados trabalhadores pouco qualificados, uma "forte debilidade" que atrapalha o crescimento":

"No entender da instituição governada por Vítor Constâncio, a economia poderia crescer mais se não tivesse demasiadas pessoas com “fortes debilidades estruturais” ao nível da formação, sobretudo num contexto de mudança da economia que privilegia sobretudo quem tem maiores qualificações."

"António Gaspar, professor do ISEG, observa que o desemprego vai continuar alto pois “há muitas pessoas pouco qualificadas, na casa dos 40 ou mais anos, que muito dificilmente vão conseguir regressar ao mercado de trabalho”. E aponta o exemplo das trabalhadoras das fábricas de têxteis e vestuário que ficaram sem trabalho ao longo dos últimos anos"

IMHO, a trabalhadora da indústria têxtil e do vestuário que trabalha numa unidade fabril, independentemente das suas qualificações académicas, tanto produz camisolas interiores brancas, como fatos inteligentes anti-fogo para bombeiros. O cortar, coser e confeccionar camisolas interiores brancas é basicamente o mesmo que cortar, coser e confeccionar um fato anti-fogo para bombeiros.

Se a qualificação dos operários fosse assim tão importante para a produtividade, como justificar que emigrantes portugueses nos anos 60 tenham atingido os mesmos níveis de produtividade que os operários alemães e franceses com quem trabalhavam lado a lado, nesses países?

Ainda há dias encontramos esta citação:

"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.

Até parece que quem faz estas afirmações nunca visitou o chão de uma fábrica, com olhos diferentes de quem olha para uma montra. Um operário, qualquer operário, mais tarde, ou mais cedo acaba a fazer tarefas repetitivas. Desde que haja formação interna tudo se faz!


Queremos passar de onde estamos hoje, para onde queremos estar no futuro, muita gente, fala desta transição a um nível tão abstracto, que parece que nunca tiveram de fazer um mapa de como fazer a viagem a sério, basta-lhes falar. Nunca concretizam com pessoas, com empresas concretas.

Assim, vive-se muito de mitos:
Ah! Não conseguimos chegar ao futuro desejado, por causa da falta de formação académica dos nossos trabalhadores.

Curiosamente, no semanário Vida Económica de sexta (16 de Novembro), no artigo de opinião de António Vilar, intitulado “Formar e Educar, para quê?”, li:

“Num pequeno grande recente livro, “L’Avenir du Travail”, Fayard, 2007, escrito sob a direcção de Jacques Attali, estas e outras questões são enunciadas com rigor e inteligência e não as podemos ignorar. Segundo dados nesse livro incluídos, na Europa, nos próximos dez anos, cerca de 40% dos empregos que serão criados não requererão estudos particulares; 25%, ao contrário, vão exigir um nível superior à licenciatura; 35%, por fim, bastar-se-ão com um nível de estudos intermediário.”

Se se colocar uma licenciada, numa linha de confecção, a substituir uma costureira com a antiga quarta classe, em que é que isso melhora a produtividade? A universitária vai trabalhar mais depressa?

A figura que segue apresenta a equação que permite calcular a produtividade, e mostra como é que o seu aumento pode ser conseguido:
Muitas empresas, muita gente, só consegue(m) olhar para o denominador, para aumentar a produtividade:
Como a figura seguinte ilustra:

Quem aposta na redução de custos, para aumentar a produtividade, tem um ganho marginal… e não consegue competir com os asiáticos, ou os europeus de Leste.
Quem aposta na redução de custos mergulha no mercado das grandes quantidades, na standardização, Como não consegue ser competitivo, a sua posição não é sustentável, e começa a recorrer a expedientes, atrás de expedientes, na tentativa de adiar o inevitável. Daí que no Jornal de Notícias de sexta-feira (16 de Novembro), encontre este artigo: "Risco de falências em 2008 é "grande":

"Numa tentativa de travar o desaparecimento da indústria têxtil e vestuário em Portugal, mais de uma centena de empresários reuniram-se para exigir ao Governo medidas para assegurar a manutenção do sector."

No jornal económico OJE (de 16 de Novembro), li o seguinte artigo intitulado “Ridículos”:

“A ANIVEC/APIV promoveu “uma reunião de emergência” para exigir medidas excepcionais que travem as falências no sector têxtil e vestuário.
Os empresários querem perdões dos juros e das coimas das dívidas ao Fisco e à Segurança Social.
Reclamam a suspensão dos processos aos administradores acusados criminalmente por não terem entregue ao Estado os impostos e as contribuições devidas.”
O apoio a cada uma destas empresas, será mais um obstáculo ao desvio dos recursos aplicados em empresas que geram menos riqueza, para outras capazes de gerar mais riqueza.

Esta gente ainda está presa a um modelo de negócio obsoleto e parece que não sabe sair dele.

Só há uma solução, subir na escala de valor. Aumentar a produtividade à custa de produzir artigos de maior valor acrescentado:

Apostar na formação, não devia ser um objectivo em si mesmo. Vamos formar as pessoas, para continuarem a fabricar os mesmos produtos, e para ganharem cada vez menos.
A formação só devia ter lugar como um instrumento para chegar a algum lado.

sexta-feira, novembro 16, 2007

A cauda longa e o planeta Mongo

Quando tinha 12, 13, 14 anos delirava com as histórias de banda desenhada de revistas como o "Mundo de Aventuras" ou o "Falcão", um dos heróis dessas histórias era Flash Gordon.

Recordo muito bem uma história que me deixou um gosto, um sabor de incredulidade na altura. Ás tantas, no meio do enredo aparecia uma prancha com um mapa detalhado do planeta Mongo, que incluía não só a geografia dos continentes, ilhas, rios, mares e oceanos, como também os diferentes povos que habitavam o planeta.

O que me deixou incrédulo foi a perspectiva de existirem, num memo planeta, na mesma época, povos com culturas e sobretudo, com níveis tecnológicos tão distintos, não por dificuldade ou pobreza, mas por opção. Aos meus olhos de juvenil imberbe, tal era impossível, todos caminhávamos para a uniformização ocidental, e quem ainda lá não estava era por dificuldade, não por opção.

Anos depois, esta imagem do planeta Mongo veio-me à mente quando vi as imagens de uma conferência de imprensa improvisada, na selva filipina, por um grupo de guerrilheiros de uma facção separatista islâmica(?). Tinham catanas e velhas espingardas... para combater o exército filipino!!!

Ontem, voltei a recordar esta imagem do planeta Mongo, ao assistir à apresentação de Chris Anderson, o homem da cauda longa.

A internet vai ajudar, já está a promover, o estilhaçar de uma sociedade em que todos vestem as mesmas roupas, lêem os mesmos jornais, vêem os mesmos noticiários, acompanham as mesmas séries, comem as mesmas comidas... Mongo is coming to your door, não por necessidade, não por incapacidade, mas por opção, aliás, por milhares de opções.

Se Chris Anderson tiver razão, e espero bem que sim, trata-se de uma esperança, para as sociedades dos países pequenos. Quanto mais aumentar o poder da cauda longa, mais oportunidades de negócio existirão, para as pequenas empresas, rápidas e flexíveis que apostarem na diferenciação, na diversidade, na variedade. A cabeça pode ficar para os asiáticos, mas a nata das margens, essa ficará para quem, como dizia Jesus Cristo, tiver olhos para ver, e ouvidos para ouvir, a corrente, a tendência de fundo.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Prego atrás de prego...

... aqui vamos nós a caminho do último lugar!


Capa do Diário Económico de hoje...

"Há três vezes mais empresas dispostas a sair de PortugalEstudo da Ernst & Young revela que 20% dos empresários têm a intenção de deslocalizar a produção. Dados de Bruxelas mostram que Portugal já é mais pobre do que a Estónia."

Mas chegamos aos 3%!!!!!!!!!!!!!!!!

O cavalo do inglês também estava a aprender a viver sem comer e... foi-se.




Tem algo de mistério...

Seth Godin apresenta um ponto interessante, para quem lida directamente com os consumidores.

Imaginem chegar a uma banca de venda de peixe e, ao lado das raias expostas, está uma história, quem as apanhou, onde as apanhou, de que se alimentam, que artes de pesca foram utilizadas. Ou saber de que concelho são as amêndoas expostas, quem as apanhou, ...

Criar uma relação, uma atracção com o consumidor aqui

Um pouco de poesia com mensagem

Não tem nenhuma relação com, mas a discussão sobre a decisão do novo aeroporto da região de Lisboa, tem algo de julgamento estratégico, para lá de uma simples análise técnica:

“Most strategic decisions require judgment as well as analysis. Judgment involves recognizing that analysis is always potentially prone to error and that, therefore, you can improve the odds of making the right call by evaluating whether the recommendations that emerge from the analysis are reasonable.
While there are many ways of triangulating on the analysis, three kinds of judgments are considered crucial to strategy decision making:
Distinctive competence or capability: The ratio of good opportunities to bad ones is likely to be higher inside your company’s zone of distinctive competence than outside it.
Resource balance: In making major strategic decisions, you should pay some attention to maintaining a rough balance between the supply of and the demand for key resources, including capital.
Structural context: It is also important to consider how the strategic options being considered were surfaced and evaluated – often achieved, in part, by paying attention to who is championing them.”



Trecho extraído de "Redefining Global Strategy - Crossing Borders in a World Where Differences Still Matter" de Pankaj Ghemawat

quarta-feira, novembro 14, 2007

Tantos gatos escondidos com o rabo de fora...

"O novo método imposto este ano pelo Ministério da Saúde para os hospitais comprarem medicamentos inovadores tem atrasado "em cerca de um ano" a introdução destes remédios nos tratamentos dos doentes."


"A dívida das unidades de saúde não pára de crescer e deverá terminar o ano nos 700 milhões de euros, quase o dobro do valor em Janeiro. "Era preciso um orçamento rectificativo" para a questão ficar solucionada, afirma Manuel Gonçalves."


""Uma vez que o Ministério da Saúde diz que tem as contas controladas, não há motivo para que a dívida se continue a avolumar", refere João Almeida Lopes. "Além disso, há hospitais que vêm a público dizer que dão lucro", lembra José Carlos de Almeida Bastos, que integra também a direcção da associação."


No DN de hoje.

Competências e abordagem por processos

Um dos livros que mais me ajudou a definir uma abordagem, uma visualização, uma interpretação sobre como funcionam as organizações, foi: "Improving Performance: Managing the White Space on the Organization Chart" de Rummler e Brache. Não foi um despertar para a abordagem por processos, foi antes o ponto de partida para uma reflexão profunda sobre o que significa, e quais as suas implicações.n
Assim, subscrevemos em plena consciência esta afirmação:

"We firmly believe that the general understanding that work gets done – and value is added – through cross-functional processes is potentially the greatest business management breakthrough in the past 100 years. There is little doubt that process design and improvement over the past 20 years have yielded great gains in customer satisfaction and cost containment in organizations throughout the world. In addition, Thomas Friedman (1) has identified work flow/business process innovations as one of the “Ten Forces that Flattened the World” and changed our lives forever. "

A qual pode ser encontrada aqui (apreciar sobretudo o desdobramento ilustrado na figura 3).

Neste postal, abordámos o desafio de transformar as pessoas de uma organização em sintonia com a estratégia do negócio, onde expusemos a metodologia que seguimos.

Entretanto descobrimos estes dois artigos super-interessantes, que vêm reforçar, e enriquecer a abordagem que propomos, relacionada com os processos do negócio.

No "Process Mapping" saliento:

"Process mapping can be an excellent data collection method for identifying job duties and tasks because in defining a work process we are describing the specific actions each person takes. It also offers a systemic view of work, so we see each employee’s work in the context of the complete workflow and interactions with others rather than only studying the work of one person at a time."

"Process mapping can also provide an efficient technique of data collection for competency modeling."


No "A New Model for Systematic Competency Identification" saliento:

"A job model is a performance-based reflection of how an exemplary job performer does his or her work. It should be based on and aligned to the core processes of the business, which in turn should be aligned to the business unit’s goals and strategies."

"The majority of job competencies emanate from the process steps. This is logical, because most job behavior is found in the steps executed (and the skills and knowledge needed) in doing the work."

Há aqui matéria-prima para reflectir, para melhorar a minha abordagem à definição do perfil de competências de uma função.

terça-feira, novembro 13, 2007

Dedicado a Sarkozy

A propósito de mais um discurso em que pergunta: "Mas o que é que a economia de mercado alguma vez fez por nós?"

Introdução ao mapa da estratégia

Preparei este texto, como texto introdutório, texto de preparação, a uma reunião de arranque, para identificar os clientes-alvo, a proposta de valor e a ideia por trás do mapa da estratégia.

Consideremos uma organização.
Vamos representá-la como uma caixa negra, ou seja, não sabemos o que se passa no seu interior.

Esta representação pretende realçar que não estamos interessados, para já, nos pormenores do seu funcionamento. Estamos concentrados com a organização como um todo, como uma unidade.

Tendo em conta essa unidade, precisamos de responder às seguintes questões de enquadramento:

  • Para onde vai a organização? Qual o seu futuro? Qual a Visão?
  • Qual a razão de ser da organização? Qual a sua finalidade? Qual a sua Missão?

Uma vez dada resposta a estas duas questões, propomos que se identifiquem os clientes-alvo e as partes interessadas no funcionamento e, no cumprimento da missão da organização:

Os clientes não são todos iguais, é possível segmentá-los e agrupá-los em grupos homogéneos que esperam da organização coisas concretas.


  • Quem são os clientes-alvo?
  • Quem são as partes interessadas?

Estas entidades são importantes porque é para elas, e por causa delas, que existe a organização.
A organização será bem sucedida se conseguir, de forma sustentada, satisfazer estes clientes-alvo e estas partes interessadas. Por isso, o desafio seguinte passa por identificar os atributos que farão com que naturalmente estas entidades fiquem satisfeitas com o desempenho da organização.

O texto completo encontra-se aqui.

Sugestões?

A missão das organizações sem fins lucrativos

Enquanto que no topo do mapa da estratégia de uma organização com fins lucrativos colocamos os resultados financeiros, no caso de uma organização sem fins lucrativos colocamos a missão, a razão de ser de uma organização.
Quando uma organização sem fins lucrativos não cumpre a sua missão, pode fechar, porque, além dos seus trabalhadores e chefias, ninguém vai notar a sua falta (lembro-me desta frase assassina do Director Geral de Saúde, acerca do encerramento dos Centros Regionais de Alcoologia: "Os doentes não vão sentir nenhuma diferença.").
Este artigo do jornal Público "Pires de Lima responsabiliza Instituto dos Museus pelo "colapso" da falta de pessoal", assinado por Alexandra Prado Coelho, lembra-me o tema:
Qual a razão de ser de um museu? Para que existe um museu?
Se for só para armazenar peças: se calhar ocupam um espaço inadequado; se calhar têm chefias e pessoal a mais...
E por que é que a ministra vem para o jornal sacudir água do capote?
E por que é que os directores vêm para o jornal desculpar-se?
Não há mecanismos internos rápidos para resolver os probemas?

segunda-feira, novembro 12, 2007

Profit is Sanity, Volume is Vanity

Descobri o livro nas prateleiras da FNAC do Norteshoping “Manage for Profit, Not for Market Share: A Guide to Greater Profits in Highly Contested Markets” de Hermann Simon, Frank Bilstein e Frank Luby (já o encomendei à Amazon, uma vez que a FNAC não mo quis vender… go figure why!!!).

Foi um caso de amor à primeira vista.
O argumento é simples, há tanta gente bem intencionada neste país, que só conhece uma alavanca sobre o qual sabe actuar (o preço), para tentar manobrar no mar revolto da concorrência, que quando encontro uma voz diferente, uma voz com propostas alternativas, procuro logo recolher algum ensinamento.

Enquanto não chega o livro, aqui vão algumas notas que encontrei na Internet:

“By arguing against price cuts as a form of competitive reaction when you perceive a competitive threat, we hope to convince you to plan your responses more carefully and consciously by thinking through the consequences first.”

“But resist they should. Proactive price cuts don't make you different, nor do they make you better off. They make you poorer, unless you have the evidence, the data, and the math to prove otherwise.”

“Cutting prices almost always amounts to a huge transfer of wealth from corporate stakeholders to customers. You run a company, not a charity.”

“Price cuts make sense only when they earn you higher profits. Most don't. …
Take a "guilty until proven innocent" approach when someone suggests that you offer a customer giveaway, make a value attack, or cut prices. The risks to your profit are too great.”

Texto completo aqui.

Esquizofrenia social

Ás segundas, terças e quartas, prega-se contra o paradigma dos baixos salários.
Ás quintas, sextas e sábados, celebra-se a produtividade conseguida à custa dos baixos salários.
No Público de hoje, o artigo "Produtividade portuguesa cresce mais que a da zona euro pela primeira vez desde 1999", assinado por Sérgio Aníbal.
"Salários reais continuam a crescer a um ritmo muito moderado e abaixo da média europeia, o que leva as empresas a recuperarem competitividade"
...
"A explicação para este brilharete não está, na sua maioria, na aceleração do produto em Portugal. O PIB português até volta este ano a crescer bastante menos que a média europeia."
"Quando comparados com um grupo de 35 países industrializados, os custos unitários de trabalho (que medem aquilo que as empresas gastam para produzir uma unidade de produto) deverão reduzir-se este ano em 0,8 por cento, a descida mais forte desde 1971, primeiro ano para o qual a Comissão tem dados disponíveis."
Assim, estaremos condenados à simples sobrevivência e a um progressivo empobrecimento. Para quando a mudança de página? Para quando o momento de epifania, em que uma massa crítica acordará, para a necessidade de apostar na criação de valor e, na sua vantagem sobre a simples necessidade de poupar?
Basta atentar nos números no artigo “Managing Price, Gaining Profit” de Michael V. Marn & Robert L. Rosiello, em Setembro-Outubro de 1992. que reproduzo aqui.

domingo, novembro 11, 2007

Pós-Graduação: Gestão de Organizações e Desenvolvimento Sustentável

Sessão 4:

Acetatos aqui.

Fizemos o levantamento ambiental, estabelecemos prioridades estratégicas, em sintonia com o negócio (artigo de Porter & Kramer, artigo de Kaplan & Norton).

Definimos objectivos e metas.

Confrontamos a nossa realidade actual, aquilo que somos hoje, com a realidade futura desejada.

Reconhecemos que entre o "Hoje" e a "Meta" existe uma lacuna, um hiato que tem de ser colmatado, que tem de ser ultrapassado. Para que isso aconteça precisamos de mos interrogar:"Porque é que a organização de hoje não é a organização do futuro?""O que é que na realidade actual conspira para não termos já hoje, os resultados futuros desejados?"As respostas vão-nos ajudar a desenhar o caminho que promoverá a transformação que nos fará convergir para a meta.
A transformação será promovida por projectos, por programas de gestão ambiental.
No limite, na minha visão, um sistema de gestão não é mais do que um porfolio de projectos de melhoria do desempenho ambiental.
Acredito que a elaboração de programas de gestão ambiental é uma actividade a que, normalmente, se dá muito pouca atenção. Muitas empresas apresentam programas de gestão ambiental que não ocupam mais do que 1 linha de texto.
Pelo contrário, proponho programas de gestão ambiental completos. Ver esta sequência: I; II; III; IV; V; VI.
Uma boa fonte sobre a temática dos indicadores ambientais.
Sessão 5:
Acetatos aqui.