quinta-feira, fevereiro 18, 2016

Curiosidade do dia

E foi isto que a geringonça veio estragar:
"As contas externas portuguesas registaram um excedente de 3.066 milhões de euros em 2015, superior em quase 300 milhões de euros ao saldo positivo verificado em 2014, divulgou o Banco de Portugal (BdP).
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Segundo os dados do Boletim Estatístico divulgados hoje, o excedente externo totalizou 3.066 milhões de euros em dezembro de 2015, ou seja, 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB)."
Trechos retirados de "Portugal fecha 2015 com excedente externo superior a 3.000 milhões de euros"

Decididamente Mongo não é para gigantes

Acerca de Mongo, das tribos, dos segmentos de um, de não querer ser tratado como plankton ... decididamente Mongo não é para gigantes:
"69 % of Britons are closing down accounts and subscriptions, and ‘unfriending’ companies because of poorly targeted communications.
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Ultimately brands must be able to respond quickly to each consumer’s individual customer journey."
Gigantes trabalham com margens apertadas e elevada rotação... plankton.
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Trechos retirados de "Why brands need to respond to individual customer journeys"

Correr atrás do prejuízo, não é português é humano

Interessante este exemplo prático da aversão à perda:
"When it comes to getting people to participate in workplace weight loss programs, financial rewards may not be much of an incentive. Penalties, on the other hand, work great.
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For three months, 281 employees at the University of Pennsylvania participated in a step challenge. The goal was to walk at least 7,000 steps a day. Researchers used different incentives: One group got $1.40 for each day they met the goal, while another got $42 up front each month, and lost $1.40 for each day they didn't finish. Also participating in the study, published Monday in the Annals of Internal Medicine, was a group that got to enter a lottery to win $1.40 each time the goal was reached, and a control group that got no money at all.
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Rewarding people with money, it turns out, didn't inspire more people to achieve their goal. About 30 percent of people who got no money performed their 7,000 steps, compared with about 35 percent of those with a potential reward, a statistically insignificant difference, according to lead researcher Dr. Mitesh S. Patel.
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The people who faced a penalty for failure, however, reached their goal 55 percent of the time."
A velha lição, nós humanos, somos satisficers não maximizers. Por isso, tantas vezes, só mudamos quando nos retiram da nossa zona de conforto. Por isso, só agimos a correr em resposta a um "prejuízo" em vez de actuar proactivamente.
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Trechos retirados de "Why Pay Employees to Exercise When You Can Threaten Them?".

Acerca da produtividade

Ontem ao final do dia li "Our Approach to Economic Growth Isn’t Working":
"The Great Recession is widely understood to have been triggered by a financial crisis, but that analysis diverts attention from an even more malignant current that threatens to erode the U.S. economy at its very foundation: our productivity in the years since the recession has grown at only half its historical average, and in the last two years, against the backdrop of an alleged recovery, it has been essentially stagnant. This should be the central economic issue of our time because productivity is the most important driver of overall economic welfare, the sine qua non for increasing people’s incomes and improving their standards of living.
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If the U.S. is going to flourish again, it must put technology-driven productivity first, which requires restoring robust public and private investment in the drivers of growth: research, infrastructure, and investment in new machines, software, and skills.
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We should instead adopt a new, more proactive economic strategy that is grounded not in fiscal or monetary policy, but in the recognition that productivity drives growth and that achieving sustained high rates of productivity growth requires spurring persistent investment in R&D, infrastructure, skills, and capital equipment, especially in the next wave of information and communications technologies."
E sorri, porque no dia anterior tinha relido com prazer "The Focused Factory", publicado a 1 de Maio de 1974 (era o tempo da ascensão imparável do Japão) na HBR da autoria de Wickham Skinner, onde encontrei:
"In the popular press and at the policy level in government, the issue has been seen as a “productivity crisis.” The National Commission on Productivity was established in 1971. The concern with productivity has appealed to many managers who have firsthand experience with our problems of high costs and low efficiency. So pessimism now pervades the outlook of many managers and analysts of the U.S. manufacturing scene. The recurring theme of this gloomy view is that (a) U.S. labor is the most expensive in the world, (b) its productivity has been growing at a slower rate than that of most of its competitors, and therefore (c) our industries sicken one by one as imports mushroom and unemployment becomes chronic in our industrial population centers.
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In this article, I shall offer a more optimistic view of the productivity dilemma, suggesting that we need not feel powerless in competing against cheaper foreign labor. Rather, we have the opportunity to effect basic changes in the management of manufacturing, which could shift the competitive balance in our favor in many industries. What are these basic changes? I can identify four:
1. Seeing the problem not as “How can we increase productivity?” but as “How can we compete?”2. Seeing the problem as encompassing the efficiency of the entire manufacturing organization, not only the efficiency of the direct labor and the work force. (In most plants, direct labor and the work force represent only a small percentage of total costs.) [Moi ici: Os elementos da tríade precisam de ler isto]
3. Learning to focus each plant on a limited, concise, manageable set of products, technologies, volumes, and markets.
4. Learning to structure basic manufacturing policies and supporting services so that they focus on one explicit manufacturing task instead of on many inconsistent, conflicting, implicit tasks."

Aprenda a duvidar dos media (parte V)

Parte I, parte IIparte III e parte IV.
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O exemplo de hoje é um dois em um, um velho exemplo neste blogue e que não podia deixar de fora desta série:
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Começo por referir que já mais do que uma vez entreguei o exemplo de hoje em papel a empresários com o seguinte alerta:
"Sempre que ouvirem um economista, um consultor, um ministro, botar faladura sobre o que devem ou não deve fazer, lembrem-se sempre deste texto"

Neste caso nem é preciso pôr números a desmentir, são auto-evidentes.
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O próximo guru a ser desmentido será o comentador ... André Macedo.

quarta-feira, fevereiro 17, 2016

Curiosidade do dia

Embora não me reveja em tudo o que é dito, isto para mim faz todo o sentido:
"The growth trap is the assumption of business that growth and health are the same thing"

Trecho retirado de "Douglas Rushkoff: 'I’m thinking it may be good to be off social media altogether'"

Três perguntas

A propósito de "Exportações para os EUA atingiram o valor mais alto dos últimos dez anos" três questões relacionadas: quanto deste crescimento resulta da desvalorização do euro face ao dólar? Quanto deste crescimento resulta da erosão da China como fábrica do mundo? Quanto deste crescimento resulta intrinsecamente das ofertas das empresas portuguesas e da sua proactividade?
"As exportações para os Estados Unidos atingiram, em 2015, o valor mais elevado dos últimos dez anos. Não só ultrapassaram os 2500 milhões de euros (68% de aumento entre 2000 e 2015), como destronaram Angola, até agora o principal destino dos bens nacionais para fora da União Europeia. Em comparação com 2014, as vendas portuguesas para aquele país subiram 22%.
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Os combustíveis continuam a ser o produto mais vendido para os Estados Unidos – que é o maior importador mundial – e registaram um crescimento de 25%
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Entre os três produtos mais exportados estão os químicos, com destaque para os medicamentos: 245 milhões de euros, mais 20% face a 2014.
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Houve três categorias que alcançaram aumentos na ordem dos 50%: plásticos e borracha, calçado e produtos agrícolas.
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a valorização do dólar ajudou a “tornar os produtos portugueses mais apelativos”, chegando aos Estados Unidos “com preços mais apetecíveis”. Contudo, este não é o único factor que ajuda a explicar o crescimento verificado em 2015. A situação de Angola ou do Brasil, a braços com crises económicas, fez com que as empresas olhassem para os EUA, “onde o risco é menor”.
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“Há também uma mudança de atitude das empresas portuguesas, que associa a tradição à inovação, o que permite a abordagem ao mercado americano, onde o design e a inovação são muito importantes. A nossa indústria têxtil, ou o sector da joalharia, fez essa mudança, chegando ao mercado com outro posicionamento. Não estão a apostar em preço pois não conseguiriam bater produtos chineses, mas apostam na qualidade e na inovação”, sublinha."
Sem direitos adquiridos nem queijo garantido. há que estar sempre a preparar o dia de amanhã. Parar é andar para trás, até porque os Estados Unidos podem vir a entrar numa recessão e um novo crash não está fora dos pensamentos das pessoas com quem falo.

Acerca da actividade comercial

Bom material, algum de aplicação imediata à sua PME, em "Help Your Salespeople Spend Time on the Right Things".
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Não são poucas as vezes em que isto acontece:
"Do salespeople know what’s important? [Moi ici: Quem são os clientes-alvo? Quais os produtos com melhores margens? Como é que a actividade comercial ajuda a executar a estratégia da empresa] If salespeople aren’t clear about which markets and products are priorities, they’ll create their own rules about how to spend time.
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Do salespeople have the information they need? Salespeople are more likely to spend time effectively when they have access to good information and tools. [Moi ici: Que bases de dados sobre os clientes e sobre as melhores práticas de venda?]
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Do salespeople have the competencies required? When salespeople neglect priorities due to insufficient skills and knowledge, the remedy is coaching and training.[Moi ici: Diferentes propostas de valor implicam diferentes competências para vender. O ajuste está actualizado?]
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Are salespeople motivated to succeed? Salespeople are motivated when they perceive value from their efforts: career success, recognition, personal satisfaction, money, or all of the above.[Moi ici: Claro que a motivação tem de estar relacionada com os pontos anteriores]
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Do salespeople have enough bandwidth? When salespeople spend time inappropriately because they have too many diverse responsibilities, [Moi ici: Veio-me logo à cabeça um exemplo... o comercial que tinha de partilhar a tarefa de comercial com a de ajudante de armazém] a new sales force structure can ensure focus on company priorities.
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Do salespeople have the right innate characteristics? Training can develop salespeople’s competencies, but success can also require certain innate qualities."

Riqueza e diversidade de estratégias

Acho que estou a ser picuinhas mas não me importo. Quando há dias procurava o tal artigo de Mintzberg que referi, também encontrei um outro, de Bruce Henderson, "The Origin of Strategy" publicado pela HBR em 1989.
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Um trecho que sublinhei em tempos foi:
"Variety. The richer the environment, the greater the number of potentially significant variables that can give each species a unique advantage. But also, the richer the environment, the greater the potential number of competitors - and the more severe the competition."
Hoje, sei que Henderson estava errado, a realidade é ao contrário, quanto mais pobre o ambiente, maior a diversidade e maior a concorrência, mais alternativas estratégicas são testadas. Recordar "Um dos nossos problemas?"

Aprenda a duvidar dos media (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.
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Gurus de Lisboa a comentar a indústria nortenha dá nisto:
Mira Amaral acha que a indústria a Norte não foi tocada pela globalização. Como é possível ignorar a realidade?
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Por exemplo no calçado, entre 1994 e 2010 o sector perdeu 45% do emprego e 23% das empresas. E saliento que o número de empresas que fechou foi muito superior a 23%, em 2010 muitas das empresas existentes não eram as mesmas que existiam em 1994.
E será que Mira Amaral não conhece estes números relativos ao sector do têxtil e vestuário?
"O Plano Estratégico para o "Cluster Têxtil e Moda 2020", divulgado em Setembro de 2014, prevê que esta indústria chegue ao final da década a exportar cinco mil milhões de euros por ano, o que significaria "voltar ao pico" das vendas ao exterior, registado em 2001, mas agora com quase metade das empresas e dos trabalhadores, que recuaram para 120 mil."
O próximo guru a ser desmentido será ... Daniel Bessa.

terça-feira, fevereiro 16, 2016

Curiosidade do dia

A propósito do anónimo da província, hoje no Twitter mandaram-me este recorte:

Pois.

O poder da interacção

Outro texto com um trecho precioso, o artigo é "The Reason Twitter’s Losing Active Users" e o trecho é:
"today, the business of most businesses isn’t just mass-manufacturing product (industrial age), plastering slightly slicker stickers on it (branding age), or even gleaning vital intelligence faster than rivals (information age). The business of most businesses is interaction."

É mais do que o produto

Ontem li "Last week's reading: Creating Value from Touch-Points to Journeys and Big Data Analytics" e sublinhei:
"Product vision is surprisingly not about the product at all, it is about the customers you choose to serve and the specific problems you want to solve for them"
Interessante porque se encaixa perfeitamente num exercício que lancei a uma empresa:

  • Coloquem em cima da mesa um exemplar de um produto que fabricam com a margem mais elevada  e, um outro exemplar de um produto que fabricam com a margem mais baixa.
Depois, desafiei-os a, com base naqueles casos concretos, a reflectir para cada um:
  • Que gama de preços?
  • Que tipo de clientes? 
  • Que abordagem comercial?
  • Que relação têm com os clientes?
  • Qual o grau de interacção com os clientes?
  • Qual a razão da interacção? Com quem interagem?
  • Qual a função de quem vos compra? 
  • Quando compram, o que é que esses clientes realmente compram? O cliente nunca compra o que lhe vendemos, compra o que pode fazer com o que lhe vendemos. 
  • Que materiais? 
  • Que máquinas?
  • Que custos? 
  • Que regras? 
  • Que quantidades?
  • Que prazos?
O que vêem emergir associado a cada tipo de margem?
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É muito mais do que o produto mas o produto é um bom ponto de partida, porque fugimos das abstracções e alicerçamos a reflexão em coisas reais.


My Fair Minister


No meu papel de Professor Henry Higgins vou contribuir para a formação do nosso ministro da Economia, ainda maravilhado com o desempenho exportador do sector do calçado.
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Ontem na página do Facebook da APIMA (Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins) estes números:
"Exportações de mobiliário e colchoaria atingem 1.5 mil milhões de euros em 2015
O volume de vendas acumuladas para o estrangeiro posiciona-se acima 1.5 mil milhões de euros, crescimento homólogo de 13% de janeiro a dezembro de 2015"
Também pode escolher o exemplo da metalomecânica:
"A metalomecânica voltou a ser no ano passado a campeã das exportações portuguesas.
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As vendas ao exterior destas empresas, que produzem desde louças metálicas a gruas para construção, ascenderam a 14,6 mil milhões de euros. No total, esta indústria representou 31% do total de vendas que Portugal fez ao estrangeiro.
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Em 2015, as vendas ao exterior aumentaram 5,6% face a 2014, voltando a confirmar um crescimento das exportações de quase mil milhões de euros por ano nos últimos seis anos."

Aprenda a duvidar dos media (parte III)

Parte I e parte II.

Gurus de direita e de esquerda, moldados na teoria neoclássica que tão bem explicava o que se via no Normalistão, que tão bem explicava as exportações portuguesas antes de haver China, ou quando nós éramos a china da Europa, acreditam que o sucesso das exportações portuguesas se consegue praticando preços mais baixos na exportação do que os praticados no mercado interno:

Talvez não conheça os números:
E em todos os sectores industriais exportadores é a mesma coisa. Importamos móveis baratos da Ásia e exportamos móveis bem mais caros para outro nível de vida.
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Como se o sector transaccionável português pudesse competir pelo preço baixo quando tem esta diferença de custos laborais:

(ITV = Indústria do Têxtil e Vestuário)

O próximo guru a ser desmentido será ... Luís Mira Amaral

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Curiosidade do dia

É fazer o paralelismo com o nosso país:
Malvados empresários e grupos económicos.

Para reflexão profunda

Costumo escrever acerca dos fragilistas.
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Convido a reflectir sobre isto:
Fragilistas andam sempre na corda bamba e com o coração nas mãos, têm aversão à volatilidade


Acerca da estratégia

Ontem andei a vasculhar a minha antiga biblioteca de artigos, base de dados em papel que mantinha com cuidado quando ainda não tinha blogue, em busca do artigo original de Mintzberg sobre estratégia e os 5 P's.
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Durante a pesquisa não resisti a parar, sentar-me e reler os sublinhados que tinha feito há milhões de anos em "Crafting Strategy", de Henry Mintzberg e publicado pela HBR em 1987. Fiquei logo a matutar em:
"In my metaphor, managers are craftsmen and strategy is their clay. Like the potter, they sit between a past of corporate capabilities and a future of market opportunities.
...
Strategies are both plans for the future and patterns from the past.
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An organization can have a pattern (or realized strategy) without knowing it, let alone making it explicit.
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strategies can form as well as be formulated."
Quanto disto, a fermentar no meu subconsciente e sujeito à experiência de lidar com as PME, está na origem de "Do concreto para o abstracto e não o contrário".

Quando se passa da oposição para a situação

Quem acompanha este blogue desde 2004 sabe o quanto tenho escrito e elogiado o sector do calçado desde talvez 2007. Julgo que a primeira vez que o calçado me fez pensar em estratégia foi quando em 2006 reflecti numa frase de um empresário que vim a conhecer mais tarde "deixar de ser como a Arca de Noé, onde cabia tudo".
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Por isso, sorrio ao ler esta afirmação do ministro da Economia "É importante reproduzir o êxito do calçado noutros sectores".
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Só o êxito do calçado? Para onde quer que se vire tem bons exemplos. Ainda nem há cinco dias "Secretário de Estado da Indústria aponta setor dos moldes como exemplo".
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Apreciemos a evolução das exportações entre 2004 e 2014:

BTW, o que faz passar da oposição para a situação.
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Agora, na situação, Caldeira Cabral usa os números que ajudam a embelezar o desempenho das exportações (recordar o BTW neste postal da semana passada):
"as exportações do calçado conseguiram nos últimos seis anos crescer 50%"
Quando na oposição manipulava os dados para diminuir o brilho das exportações, recordar este postal "Curiosidade do dia".

Aprenda a duvidar dos media (parte II)

Parte I.
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Conhece este mantra tão querido dos gurus de esquerda e de direita?

Sim, para eles competitividade só existe à base do custo. Por isso, é que andam todos de Fiat Panda não é?
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Quase que aposto que não conhece a realidade:

Como é que se podem aumentar as exportações?
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O próximo guru a ser desmentido será ... Ricardo Pais Mamede