quarta-feira, novembro 25, 2009

Afinal Medina Carreira sempre teve razão

"O tempo esgotou-se"
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Mas é nestes pormenores que se percebe o que é ser funcionário do jornal do Governo:
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"Agora que a pior crise económica global desde 1930 parece estar, finalmente, a ser debelada, é altura de os países pensarem em voltar a crescer acima dos 2,5% ou 3% para começarem a combater o flagelo do desemprego, o que em Portugal, de acordo com as últimas estimativas, não deverá acontecer antes de 2012."
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Que estimativas? De quem? Onde foram publicadas? As previsões da OCDE são negras.
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O próximo combate vai ser trocar Paulo Bento (aka Teixeira dos Santos) e contratar Carlos Carvalhal para nos convencer que sem mudar de paradigma vamos crescer entre 2,5 e 3% nos próximos anos (sem recurso a insuflação governamental, ou seja, construção de pirâmides, expos e estádios de futebol em Faro, Aveiro e Leiria). O que é preciso é confiança e auto-estima.

A velha guerra do "agarrem-me senão eu mato-me"

Uma continuação da série "Agarrem-me senão eu mato-me":
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""Quando compramos produtos da marca do distribuidor, optamos pelos mais básicos. Por exemplo, em vez de comprarmos a massa enriquecida com vitaminas, levamos a massa mais básica. São produtos de menos valor acrescentado e isso afecta as margens", disse ao PÚBLICO."
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Também é verdade, mas é simplista, basta ver o exemplo do arroz e comparar os preços na loja online do Continente:
Qual o arroz mais caro?
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Qual o segundo arroz mais caro?

Dúvida

Nos últimos tempos, volta e meia aparece na rádio um anúncio da Winthrop Genéricos, a marca do grupo Sanofi-Aventis para os genéricos (à semelhança da marca Sandoz para os genéricos da Novartis).
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Esse anúncio contém um texto absurdo, começa por dizer que somos 6 mil milhões de humanos no planeta e que a Winthrop Genéricos quer apresentar soluções customizadas à medida de cada humano para cada humano.
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Genéricos são escala, são mass production, por que é que o anúncio quer associar a marca a mass customization?

Folhas na corrente (parte V)

Regis McKena publicou o artigo "Marketing in an Age of Diversity" na revista Harvard Business Review em Setembro-Outubro de 1988.
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Defendo a tese de que o que aconteceu nessa altura nos EUA é equivalente ao que nos tem acontecido em Portugal na última década.
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Pois bem, McKenna apresenta esta figura:
Entre 1981 e 1987 o número médio de produtos apresentados nas prateleiras dos supermercados americanos subiu 60%.
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"manufacturers are making more and more high-quality products in smaller and smaller batches; today 75% of all machined parts are produced in batches of 50 or fewer.
Consumers demand - and get - more variety and options in all kinds of products, from cars to clothes.
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In trying to respond to the new demands of a diverse market, the problem ... is not fundamental change, not a total turnabout in what an entire nation of consumers wants. Rather, it is the fracturing of mass markets. To contend with diversity, managers must drastically alter how they design, manufacture, market, and sell their products."
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"Customization by users as flexible manufacturing makes niche production every bit as economic as mass production.
Changing leverage criteria as economies of scale give way to economies of knowledge - knowledge of the customer's business, of current and likely future technology trends, and of the competitive environment that allows the rapid development of new products and services.
Changing company structure as large corporations continue to downsize to compete with smaller niche players that nibble at their markets.
Smaller wins - fewer chances for gigantic wins in mass markets, but more opportunities for healthy profits in smaller markets."
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As multinacionais que já partiram e a Rhode, estavam concebidas para um paradigma que desapareceu e quanto mais pouparmos ou amortecermos o choque com a realidade... atrasamos a chegada do futuro e desviamos recursos para apoiar o passado... num esforço inglório que não evita o dia do julgamento final.

terça-feira, novembro 24, 2009

A moda das implosões

Esta manhã, no período antes do arranque de uma reunião, alguém contava a ideia de implodir o estado do Beira-Mar em Aveiro para poupar nos custos de manutenção. Foi então que alguém contou uma novidade para mim, parece que uma alma terá proposto na Assembleia Municipal (?) deitar abaixo o novo estádio e construir de raiz um novo, agora como deve ser!!!
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É claro que primeiro nos rimos da parvoíce... mas depois caímos em nós e percebemos que quem paga estas palhaçadas somos nós... pobre saxões.
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Daí que há bocado, com o Jornal de Negócios nas mãos, percebi logo o alcance do título de um artigo de opinião (à Medina Carreira, ou seja suportado em números e não em treta de jurista no Prós e Contras. A oratória e a retórica são capazes de nos fazer jurar que a água do mar é doce) "As contas do TGV: um comboio para implodir?"

Curiosidades

Interessante, a receita do IRC (-23,7%) caiu mais do que a receita do IVA (-21,4%).
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And yet a receita do IRS só caiu 4,6%

A morte anunciada de um hospedeiro

O surpreendido normando Constâncio pavlov-levianamente repete a receita do costume, aumentar impostos, impostar os saxões, já cheira a refrão de musical.
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Os normandos nos últimos anos sofreram uma mutação e tornaram-se em parasitas estúpidos, em vez de sangrarem (impostarem) com calma os saxões, levados pela ganância da matulagem das construtoras e pelas trapalhadas das governações (independentemente dos partidos) transformaram-se numa espécie que vai matar o hospedeiro.
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O canário grego (parte II)

"Bets rise on rich country bond defaults"
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"Could sovereign debt be the new subprime?"
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Vai ser uma festa bonita pá!

segunda-feira, novembro 23, 2009

O canário grego

Simplesmente adoro.
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Adoro a poesia incluída nos textos de Ambrose-Pritchard, por exemplo:
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"Euro membership blocks every plausible way out of the crisis, other than EU beggary. This is what happens when a facile political elite signs up to a currency union for reasons of prestige or to snatch windfall gains without understanding the terms of its Faustian contract."
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"The newly-elected Hellenic Socialists (PASOK) of George Papandreou confess that the budget deficit will be more than 12pc of GDP this year, four times the original claim of the last lot. After campaigning on extra spending, it will have to do the exact opposite. "We need to save the country from bankruptcy," he said. (Moi ici: onde é que eu já vi este filme? Eu não sabia!!!)
Good luck. Communist-led shipyard workers have already clashed violently with police. Some 200 anarchists were arrested in Athens last week after they torched streets of cars in a tear gas battle.
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Mr Papandreou has mooted a pay freeze for state workers earning more than €2,000 a month. (Moi ici: Picanço e Avoila contratariam snipers") This has already set off an internal party revolt. "There is enormous denial," said Lars Christensen, emerging markets chief at Danske Bank. "They don't seem to understand that very serious austerity measures are needed. It is a striking contrast with Ireland," he said."
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"Modern economies have reached such debt levels before, and survived, but never in the circumstances facing Greece. "They can't devalue: they can't print money," said Mr Christensen.
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Wages rose a staggering 12pc in the 2008-2009 pay-round alone (IMF data), suicidal in a Teutonic currency union. Greece has slipped to 71st in the competitiveness index of the World Economic Forum, behind Egypt and Botswana."
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E se o dominó grego cair, acreditam que não seremos afectados?
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Trechos retirado daqui.

Folhas na corrente (parte IV)

Continuado.
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"Vieira da Silva assume comando do plano para salvar a Aerosoles"
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Um título espectacular, um título que define uma economia, um título que define uma mentalidade...
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E prego eu a necessidade de ter casos amorosos com clientes, fornecedores e produtos... quando afinal basta sacar a nota aos saxões via um qualquer ministro.
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Folhas na corrente (parte III)

Continuado daqui.
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O ocaso de todas as multinacionais do calçado em Portugal era um acontecimento escrito nas estrelas, não se tratou de uma questão de "maldade", foi o efeito decorrente de uma cadeia de causas a montante: adesão da China à OMC; queda do Muro de Berlim e entrada da Europa de Leste na UE; redução dos custos das telecomunicações; capital disponível para investir; mão de obra barata à espera de trabalhar; uma moeda, o euro, forte; e consumidores cada vez mais exigentes e em busca da diferenciação.
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Gilmore & Pine na introdução a "Markets of one" expõem a revolução em curso que levou na enxurrada as apostas estratégicas das multinacionais do calçado.
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"Things used to be made to order and made to fit. But they were labor-intensive and expensive. Mass production came along and made things more affordable, but at a cost - the cost of sameness, the cost of one-size-fits-all.
Technology is beginning to let us have it both ways. Increasingly, we're getting more
personalization at mass-production prices. We're moving toward mass customization."
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Caminhamos para uma realidade que obriga quem compete a optar por atributos contrários aos que davam vantagem às multinacionais.
Continua.

É isto?!!!

É isto?!!!
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Um homem está à frente da AEP durante "milhares" de anos e depois só se lembra disto "Lugdero propõe projecto para criar 250 mil empregos".
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Precisamos de apostar na produção competitiva de bens transaccionáveis, temos meio milhão de fogos por vender, temos um sector de construção civil sobredimensionado, e ... isto?!!!
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Talvez fizesse bem a Ludgero Marques ler e reflectir sobre este artigo publicado no i "Kurzarbeit à espanhola":
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"Em Espanha, em contrapartida, pelo menos metade dos trabalhadores do sector imobiliário (cerca de 4% do total dos assalariados) e de outros de sectores subsidiários terão de reciclar-se e mudar de actividade. Este fenómeno retira sentido ao acto de subsidiar empresas para que mantenham os ditos postos de trabalho."

O deboche despesista

"In my view, whatever predictive ability markets once had has been steadily eroded by years of monetary recklessness, a cultural shift away from long-term investing towards short-term trading and speculation, and the shrinking share of market participants -- read professionals -- who actually understand the fundamentals that matter.

So, to those economists who keep insisting that the large and growing obligations our government is committing us to in the name of saving or increasing jobs -- a theory that hasn't quite panned out yet, as it happens -- don't matter because markets are signalling otherwise, I say one thing.

Bunk."
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Trecho retirado daqui

domingo, novembro 22, 2009

Não é sexy ...

Ao contrário do que dizia Nuno Crato ontem na SIC-N não temos de produzir mais barato para poder exportar... não podemos combater nesse terreno como o fazíamos no passado, o mundo mudou e as nossas vantagens competitivas nesse campo foram-se erodindo.
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Pelo contrário, temos de produzir artigos cada vez mais caros, artigos com cada vez mais valor acrescentado, como referiu João Duque no mesmo programa de ontem na SIC-N.
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Ouvi num noticiário televisivo qualquer um trecho de um discurso do Presidente da Republica proferido durante o dia de ontem. Procurei nos vários jornais uma referência à mensagem e nada.
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O que mais aproximado encontrei foi este trecho no DE "Nesse sentido, frisou, é fundamentar reforçar a cultura de inovação para aumentar a produtividade e competitividade da produção nacional nos mercados internacionais." (Moi ici: reforçar a cultura de inovação, apostar no numerador da equação da produtividade, no aumento do valor acrescentado, a única hipótese de em simultâneo aumentar a produtividade, a competitividade e os salários. Tudo o resto é treta!)
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Se Cavaco Silva tivesse falado sobre a espuma, os jornais estariam repletos de transcrições, comentários e análises, como falou do cerne... não é sexy, não excita, não ...

Folhas na corrente (parte II)


Continuado daqui.
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Olho para a situação da Rhode como o pico do icebergue. Então, a boa prática passa por mergulhar e ir à procura dos padrões...
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Os jornais dão-nos boas pistas para percebermos quais são os padrões:


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Ao longo dos últimos anos, o que está a acontecer à Rhode agora, aconteceu a várias
empresas de calçado.
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No entanto, o calçado português está mais forte do que nunca com cerca de 90% da sua produção destinada à exportação.
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O que falhou e falha não é o sector do calçado. O que chegou a fim da linha foi uma estratégia em particular, a estratégia seguida pelas multinacionais... que se tornou impraticável no nosso país.
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As fábricas das multinacionais caracterizavam-se pela sua dimensão, pelo elevado número de trabalhadores, pela aposta na escala, pela aposta no preço.
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Continua.

sábado, novembro 21, 2009

Folhas na corrente (parte I)

Ao ler este título "Assembleia de credores da Rohde discute eventual despedimento de 500 trabalhadores" e o seu conteúdo foi-se materializando uma metáfora na minha mente:
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As mudanças nas variáveis externas (PESTEL) nos últimos 20 anos (queda do Muro de Berlin, adesão da China à OMC, entrada de Portugal na eurozona e o rebentar da economia suportada na dívida dos particulares) provocaram variações mais ou menos violentas nas paisagens estratégicas de cada sector económico de bens transaccionáveis.
Assim, com a migração de valor ocorrida, com a evolução das oportunidades e ameaças, muitas empresas com estratégias ajustadas a um mundo que deixou de existir não aguentaram a parada e foram na corrente descendo para as planícies cobertas pela neblina envenenada (imagem seguida por Beinhocker, Ghemawat e Kauffman - é só procurar no blogue).
A Rhode é mais uma das folhas da fotografia que em vez de cair em solo firme caiu na corrente.
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O que aconteceu à Rhode não foi caso único... se recordamos o icebergue do pensamento sistémico, segundo Senge:
A situação da Rhode é um evento, é o que se vê, é o happening que nos assalta e toma conta do prime-time da nossa atenção.
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Quando ficamos por este nível só tratamos do penso-rápido: "A culpa é do Governo que não dá o dinheiro à Rhode e à Investvar...." (Como ontem ouvi na rádio - infelizmente os media há muito que deixaram de escavar e descer no icebergue, quase só servem de microfone para os agitadores e activistas fazerem passar a sua.)
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Ficar pelo primeiro nível é o mesmo que chorar sobre leite derramado (parte I, parte II e parte III).
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BTW, Não há acasos!!!
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Continua.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Sei o que não me disseste na última campanha eleitoral (parte VII)

Estava escrito nas estrelas...
Apesar do estado a que isto chegou, Ana Avoila na TSF defende que os salários na Função Pública devem ser aumentados em 5%.
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Pois...

Nova Zelândia

Em vez de mais uma Ana Jorge precisávamos de quem tivesse estudado, percebido, vivido(?), promovido a experiência agrícola neo-zelandesa.
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Uma dica importante

Em 1992 descobri e li vários livros de Donal Wheeler sobre o SPC.
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Uma das muitas lições que aprendi com ele foi esta "Avoiding the p-chart for enterprise quality tracking", desde essa altura que deixei de usar cartas p e passei a usar cartas de valor individual e amplitude móvel.