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segunda-feira, dezembro 12, 2016

"deviam aprender com estes casos da vida real"

Ontem o Aranha ligou-me a dizer que tinha de ver um programa que estava a dar no canal Travel. Na altura não podia ver televisão e, depois, confirmei que não tenho acesso ao canal Travel.

No entanto o Aranha tinha-me deixado com as coordenadas. Program "Hotel Impossible", temporada 4, episódio 12. Após uma breve pesquisa no youtube encontrei uma versão pirata aqui (perto do minuto 30).

Ao fim de pouco tempo percebi o porquê da insistência do Aranha. O episódio é sobre o caso de um hotel num bom local, um hotel arrumado e limpo, um hotel com trabalhadores dedicados ... mas um hotel que perdia dinheiro.

Uma das grandes lições que o consultor não se cansa de martelar na cabeça do gerente é: a importância do revenue management.

Outras lições que sublinho:

  • a importância do ecossistema de parceiros. Desde o catering até à rede de gente capaz de criar experiências que valorizem o hotel como destino. Como se o hotel funcionasse como uma plataforma.
  • a importância dos eventos. Uma outra forma de fazer do hotel uma plataforma, uma outra forma de aumentar a rentabilidade do hotel ainda que fugindo da função tradicional de um hotel. O que levanta a necessidade de desenvolver parcerias com entidades que possam fazer com que o hotel entre em novos ecossistemas.
Em lado nenhum se fala na necessidade de reduzir pessoal, de cortar nos custos, de aumentar a eficiência. Por todo o lado se aborda o tema do aumento da produtividade pela actuação no numerador.

Muitos académicos, jornalistas e comentadores económicos deviam aprender com estes casos da vida real.



BTW, lembram-se dos descontos nas portagens? OMG! Qual era o meu conselho em 2008?
"Como podem tornar a experiência da estadia memorável?"
Ah! Desconfio que no Algarve não havia na altura o tal ecossistema de parceiros em potência... e volto a recordar Theodor Levitte:
"Lembram-se do que Theodore Levitt  escreveu na HBR em 1960 sobre os gestores de caminhos de ferro? Pode ser dito o mesmo hoje sobre os da hotelaria."


sábado, dezembro 03, 2016

Acerca da economia das experiências

Este exemplo da economia das experiências "Design Your Own Pop-Up Hotel and Sleep Literally Anywhere in the World" faz-me recordar uma noite acampado à beira Douro no Vesúvio.

Talvez existam leis e regulamentos que impeçam uma versão tuga deste modelo de negócio mas locais não faltam: no Douro, no Gerês, em Montesinho, no Alto Sabor, no Águeda e podiam ser conjugados com este modelo de negócio.

Imaginem o que será dormir numa praia no trecho do Douro acima de Miranda do Douro? Já o fiz, à hora mágica do lusco fusco ouvir os mochos galegos, com sorte um bufo real, assistir ao voo pausado da cegonha preta, aos últimos protestos das gralhas de bico vermelho, ao voo do noitibó, ... depois o grupo coral dos "Ranidae".

Lembram-se do que Theodore Levitt  escreveu na HBR em 1960 sobre os gestores de caminhos de ferro? Pode ser dito o mesmo hoje sobre os da hotelaria.

quarta-feira, julho 27, 2016

Exemplos

Exemplos de subida na escala de valor.
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Exemplos de segmentação e diferenciação: começar pela escolha dos clientes-alvo e montar mosaico dedicado ao seu serviço.
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Exemplos de paranóia ao serviço dos clientes-alvo.
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Exemplos do Estranhistão a funcionar.
"“O preço foi a decisão mais difícil que tomámos neste projeto”, confessa Maria do Carmo Barbosa, co-proprietária e diretora do hotel. “Mas foi uma escolha acertada, porque trabalhamos com operadores que não discutem preços e temos uma ocupação de 80% entre maio e outubro”, desvenda. Rentabilizar o investimento de três milhões de euros num hotel de luxo não ostensivo significa, para a empresária, uma preocupação constante com os pormenores que ditam o bem-estar dos hóspedes
...
Entre maio e setembro, mesmo a 200€ por noite, o hotel está frequentemente esgotado, ainda que a média de ocupação anual ronde apenas 35%. “É rentável”, assegura a diretora, sem desvendar pormenores."
Agora pense no seu negócio, pense na sua empresa ... quem são os seus clientes-alvo? Qual é o seu ecossistema da procura? Qual é a sua proposta de valor? Que investimento faz na interacção e na co-criação de valor? Que mosaico montou para servir o modelo do negócio? Que indicadores utiliza para monitorizar o projecto? Que marketing usa e dirigido a quem?


Trechos retirados de "Turismo a crescer no Norte atrai investimento na hotelaria de luxo"

terça-feira, julho 05, 2016

O caminho do futuro (parte II)

Parte I.
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Como não relacionar a parte I com este working paper "Entrepreneurs and the Co-Creation of Ecotourism in Costa Rica"?
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Desde a importância da estabilidade política, até ao papel do ecossistema de parques públicos e privados, biólogos e naturalistas, e empreendedores (na hotelaria, nas agências de viagens, nas empresas de organização das expedições, ...)
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Como não pensar no potencial do Douro Internacional...
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Birdwatching da pesada, gastronomia, enoturismo, linha do Douro, comboios a vapor (em 1984 ou 85 encontrei no Pocinho um casal de neo zelandeses que lá tinham ido para ver uma locomotiva a vapor), Douro, paisagem,  monumentalidade, paz e sossego.

quarta-feira, maio 25, 2016

Um exemplo do Evangelho do Valor

Esta semana o caderno de Economia do Expresso traz uma artigo que me enche as medidas, "Um produtor que arrisca dizer não":
"Um produtor que tem 47% do volume de vendas concentrado num rótulo e vende esse vinho na totalidade pode descontinuar a marca? Os irmãos Serrano Mira. da Herdade das Servas, em Estremoz. decidiram que sim. Por isso, assumem o risco de descontinuar a produção da marca de entrada de gama em nome da "qualidade acrescida" da oferta, fiéis à estratégia de fazer todo o seu vinho com uvas próprias.
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A vindima de 2015, marcada por uma quebra de produção e um aumento da qualidade de uvas e vinhos, ajudou a tomar esta decisão. A reconversão de 70 dos 300 hectares de vinhas próprias. que só estarão a produzir dentro de alguns anos, também.
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Chegaram a estar na grande distribuição, mas em 2007 saíram, para se focarem no canal Horeca (restauração e hotelaria), com uma política de proximidade dos clientes e uma rede nacional de pequenos distribuidores.
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acredita que a tendência é ver a moderna distribuição a tentar pressionar o preço e quem segue uma política diferente a tentar comprar outros vinhos, o que o leva a não misturar marcas nos dois canais.
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A decisão de descontinuar a gama mais baixa, que estava a crescer 40% ao ano, surge numa altura em que a empresa não era capaz de responder à procura e decidiu assumir uma nova visão, apostando em produtos com mais valor e na criação de margem de manobra para reforçar a presença internacional, numa lógica de consolidação. recusando a dispersão por mais mercados. Perde à partida 47% do negócio em volume e 27% em valor. Admite vender menos umas 300 ou 400 mil garrafas este ano, mas acredita poder manter a facturação.
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na época das vindimas, estão prontos a receber enoturistas, outra vertente no negócio desta quinta"
Um exemplo prático da aplicação do Evangelho do Valor.
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Aquele último sublinhado é todo um tratado. Comparar uma empresa que aposta na eficiência a todo o gás e uma empresa que faz o mesmo que estes irmãos:

  • menos 300/400 mil garrafas este ano
  • menos horas de funcionamento da linha de engarrafamento - menos horas de trabalho, menos custos de energia, menos risco, menos ... e igual facturação.
A eficácia é muito mais rentável.

BTW, sublinho também a postura relativamente à distribuição grande. Em vez de "ladrar" e continuar a jogar o seu jogo, foram consequentes e deixaram esse campeonato.

terça-feira, maio 17, 2016

A economia não é um jogo de soma nula

Agora com os dados de Março de 2016, "Hotelaria fecha primeiro trimestre com subida de 16% nas dormidas", retomo o tema desta Curiosidade do dia e saliento este outro título "Casas para arrendar a turistas não param de aumentar".
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A mensagem é a de que a economia não é um jogo de soma nula.
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Ao mesmo tempo, recordo o postal de há um mês acerca da mentalidade extractiva que nos auto-mutila, "A mentalidade extractiva" e este outro de Janeiro último, "Prestes a cometer um crime".
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A sério, convido à leitura dos números de Março de 2016 sobre a hotelaria, quando o RevPar médio sobe 22,1%... está tudo dito.

domingo, maio 15, 2016

Curiosidade do dia

Para os que acham que a economia é um jogo de soma nula:

"Já há quase 25 mil casas de aluguer temporário a turistas em Portugal, o maior valor de sempre.
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Em Dezembro de 2014, altura em que entrou em vigor a nova lei, havia 2579 casas. Nos meses seguintes o crescimento foi expressivo e, em Junho de 2015, já havia 15.832 registos."
  • Atividade Turística - Fevereiro de 2016


  • "A hotelaria registou 989,9 mil hóspedes e 2,6 milhões de dormidas em fevereiro de 2016, equivalendo a aumentos homólogos de 14,1% e 15,1% (+9,4% e +10,0% em janeiro). O crescimento das dormidas contou com o contributo do mercado interno (+11,3%) e, de forma mais expressiva, dos mercados externos (+16,8%).

    sábado, abril 16, 2016

    A mentalidade extractiva

    Veneza.
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    Veneza.
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    Veneza.
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    Veneza.
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    Veneza.



    Ontem saíram os dados do INE sobre o turismo em Portugal em Fevereiro de 2016. Alguns números:
    "A hotelaria registou 989,9 mil hóspedes e 2,6 milhões de dormidas em fevereiro de 2016, equivalendo a aumentos homólogos1 de 14,1% e 15,1% (+9,4% e +10,0% em janeiro2).
    ...
    A estada média aumentou (+0,9%; 2,58 noites), tal como a taxa líquida de ocupação cama (+2,5 p.p., situando-se em 32,3%).
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    Os proveitos registaram acréscimos significativos (+20,6% para os proveitos totais e +20,7% para os de aposento), superiores aos registados em janeiro (+13,5% e +15,6%)."
    Um desempenho muito bom em cima do de um ano que bateu o record de 2014 que por sua vez tinha batido o record de 2013.
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    E recordo o que li no cadermo de Economia do semanário Expresso do passado dia 9 de Abril numa entrevista com o novo presidente da Associação da Hotelaria de Portugal com o título "Sem estrelas nos hotéis, é a confusão total"
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    Em vez de celebrar este sucesso, o espírito era o mesmo daqueles mercadores de Veneza que, com uma mentalidade extractiva, transformaram Veneza de um centro do comércio e finança da Europa numa cidade-museu, como aprendi com Acemoglu em "Why nations fail".
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    Em vez de celebrar o sucesso do sector da hotelaria, está mais preocupado com o que o alojamento local está a ganhar. Em vez de perceber que o turismo não é todo igual, e que muitos que ficam no alojamento local nunca ficariam num hotel, está preocupado com "a lei do alojamento local que foi feita pelo anterior Governo com excesso de liberalismo está a provocar situações de conflitos na sociedade que hoje estão à vista". (BTW, dá exemplos do que classifica como "mal" do alojamento local e que eu vivi hospedado num hotel esta semana no centro de Almeirim)
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    sábado, janeiro 09, 2016

    Prestes a cometer um crime


    O mesmo país onde se consegue isto "Preços na hotelaria subiram 20% num ano" está prestes a cometer um crime "SET vai alterar a legislação do alojamento local para “tratar de forma igual o que é igual”" para fazer um favor a este lobby "O incumbente".
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    Isto cheira-me tanto ao relato que Acemoglu faz do começo da decadência em Veneza...
    "HOW VENICE BECAME A MUSEUM
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    The switch toward extractive political institutions was now being followed by a move toward extractive economic institutions. Most important, they banned the use of commenda contracts, one of the great institutional innovations that had made Venice rich. This shouldn’t be a surprise: the commenda benefited new merchants, and now the established elite was trying to exclude them. This was just one step toward more extractive economic institutions. Another step came when, starting in 1314, the Venetian state began to take over and nationalize trade. It organized state galleys to engage in trade and, from 1324 on, began to charge individuals high levels of taxes if they wanted to engage in trade. Long-distance trade became the preserve of the nobility. This was the beginning of the end of Venetian prosperity. With the main lines of business monopolized by the increasingly narrow elite, the decline was under way. Venice appeared to have been on the brink of becoming the world’s first inclusive society, but it fell to a coup. Political and economic institutions became more extractive, and Venice began to experience economic decline. By 1500 the population had shrunk to one hundred thousand. Between 1650 and 1800, when the population of Europe rapidly expanded, that of Venice contracted."
    Isto é completamente ao contrário do que se recomenda para Mongo "Concorrência vs cooperação em Mongo"

    domingo, dezembro 27, 2015

    O que vale é que o fisco vai deixar de exercer pressão, não é?

    Já sabem o que penso acerca da credibilidade da AHRESP (recordar "Baptistas da Silva ao ataque?"). Mais curioso fiquei quando pensei na conjugação de spin que resulta do trabalho conjunto da AHRESP com o DN ao ler o título "Verão de recordes no turismo não criou emprego":
    "No ano de todos os recordes para o turismo, houve só um que não foi batido: o do emprego. Pelo contrário. O verão de 2015 foi aquele em que o setor registou maior número de hóspedes, de dormidas e de proveitos. Mas, ao contrário do que seria de esperar, o número de pessoas empregadas na restauração e no alojamento caiu para o valor mais baixo alguma vez registado num terceiro trimestre - ou a chamada época alta.
    ...
    Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a hotelaria portuguesa recebeu, no conjunto de julho, agosto e setembro deste ano, mais de 6 milhões de hóspedes (um aumento de 8% face a igual período do ano passado), que foram responsáveis por 18,8 milhões de dormidas (mais 4% do que há um ano). Ao todo, a hotelaria faturou 999,6 milhões de euros só no verão, uma subida homóloga de 11,6%. Comparando com o verão de 2008 - ano em que, aliás, o setor estava em desaceleração -, as diferenças são brutais: nessa altura, Portugal tinha recebido 4,5 milhões de hóspedes, que totalizaram 14,3 milhões de dormidas e renderam 707 milhões de euros à hotelaria.
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    O emprego não acompanhou, porém, a evolução destes indicadores. Durante este verão, mostram os dados do INE, os setores da restauração e do alojamento empregaram 272,7 mil pessoas, o que representava 5,9% do total da população empregada em Portugal. No verão passado, o setor empregava 302 mil pessoas (6,6% da população empregada); em 2008, eram 327,9 mil (6,3% da população empregada)."
    O que é que verdadeiramente mudou no sector?
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    O IVA subiu para 23%
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    E foi só o IVA que subiu? E o que aconteceu à pressão do fisco, quer pela máquina fiscal quer pela factura da sorte?
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    Qual terá tido mais impacte no sector, a subida do IVA ou a redução da fuga ao fisco?
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    Continuo a olhar para os números do IEFP sobre o desemprego em "Alojamento, restauração e similares":

    • Em Setembro de 2015 estavam registados 36339 desempregados
    • Em Setembro de 2014 estavam registados 41412 desempregados 
    • Em Setembro de 2013 estavam registados 48519 desempregados
    Tem de haver uma explicação para a disparidade das evoluções enre os números do INE e do IEFP, não sei qual é.
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    BTW, estão a imaginar se estivéssemos com um ano de governo de Costa em cima qual seria o comentário do DN aos números?
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    Notável evolução da produtividade do sector do turismo:

    BTW, como é que a AHRESP e o DN enquadram o impacte do turismo tipo Airbnb? Como contabilizam o impacte de um modelo disruptor?

    terça-feira, novembro 10, 2015

    "Estávamos cheios de encomendas e... a empresa fechou

    A propósito da argumentação usada neste artigo "Sindicato da Hotelaria denuncia fecho de hotéis a norte sem "nenhuma razão"":
    "O Sindicato da Hotelaria do Norte denunciou hoje um agravamento da situação social no setor, com diversos despedimentos coletivos e encerramentos na região, considerando não haver "nenhuma razão" para tal porque a atividade "vive uma boa situação económica".
    ...
     "requereu insolvência e mandou para o desemprego seis trabalhadores, quando o hotel mantinha uma boa ocupação".
    ...
    Para o sindicato, não há, contudo, "nenhuma razão" para esta situação, "já que o setor vive uma boa situação económica: 2013 foi o melhor ano turístico de sempre para Portugal, 2014 foi ainda melhor e todos os indicadores apontam que 2015 será melhor que 2014"."
    Recordar:

    Recordar que existe mais variabilidade de rentabilidade dentro de um sector económico do que entre sectores económicos (aqui, aqui e aqui por exemplo). Por exemplo, neste documento do Banco de Portugal de Outubro de 2014, "Análise do sector do turismo", pode encontrar-se esta figura:

    Em 2013 30% das PME do sector do turismo com EBITDA negativo...

    domingo, novembro 01, 2015

    O incumbente

    O mundo muda e os incumbentes tentam defender o passado, "Associação de hotelaria pede regulação do aluguer de apartamentos". Em vez de perceber por que é que os clientes optam por outros prestadores do serviço, preferem proibir os clientes de poderem optar.
    .
    O senhor Veiga é assíduo neste blogue "Luís Veiga: "O Governo foi longe demais na liberalização do sector do Turismo":

    Como não recordar a versão de Acimoglu acerca do descalabro do império comercial de Veneza... instituições extractivas.

    sexta-feira, agosto 28, 2015

    Curiosidade do dia

    Primeiro esta narrativa:
    "O autarca ressalvou que se trata de trabalho temporário, pago ao dia, entre 30 a 40 euros a jeira, que não tem consequências nas estatísticas oficiais de desemprego e que esbarra com "preconceito que as pessoas ainda têm de que o emprego é um contrato que fazem para a vida"."
    Depois, esta outra:
    "“Fomos contratadas por dois meses e meio. É um trabalho sazonal, mas é muito bom”, afirmou Patrícia Almeida à agência Lusa. Daniela Guedes acredita que esta experiência de trabalho vai ser “enriquecedora a nível pessoal e de currículo”.
    ...
    Marta Teixeira é licenciada em animação turística e veio do Porto para trabalhar nesta unidade de enoturismo. “Faço visitas guiadas, mas também faço trabalho de receção e ajudo no serviço das mesas. Está a ser muito bom e estou a gostar muito do que estou a fazer”, salientou a jovem. O contrato dura até dezembro. E depois? “Vamos ver o que acontece. É procurar de novo e estar aberta a novas experiências”, salientou."
    Depois, a narrativa decorrente da visão do século XX:
    "O aumento do número de turistas no Porto fez disparar a necessidade de contratar mais pessoas para os restaurantes, hotéis ou caves de vinho, mas isso não significa necessariamente empregos fixos ou salários mais altos.
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    "Existe um grande paradoxo: 2013 foi o melhor ano turístico de sempre, 2014 foi melhor e 2015 vai ser ainda melhor, contudo o patronato continua a apostar na desvalorização, desregulamentação e falta de condições de trabalho, congelamento salarial e baixos salários, pondo em causa Portugal como destino turístico de qualidade", disse à Lusa o presidente da direcção do Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria do Norte." [Moi ici: Lembram-se de Luís Veiga? Será que muitos destes patrões ouvem o discurso pessimista do seu presidente associativo e têm muito receio de compromissos de longo prazo]
    1º trecho retirado de "Quer trabalhar? Carrazeda precisa de gente para as campanhas da maçã, azeite e vinho"
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    2º trecho retirado de "Enoturismo e vindimas são oportunidade de trabalho para muitos no Douro"

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    3º trecho retirado de "Crescimento do turismo no Porto não significa empregos fixos ou aumentos salariais"

    domingo, agosto 23, 2015

    O poder das associações e nas associações

    Ainda há dias perguntava no Twitter:



    Presidir a uma associação sectorial é um assunto demasiado sério para que um qualquer presidente se eternize. Não é nada de pessoal, é simplesmente o que propus ao PSOE e a Zapatero em Janeiro de 2009.
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    No sector do turismo temos Luís Veiga, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). Luís Veiga é um velho "amigo" deste blogue, sempre disposto a fornecer frases que ilustram situações merecedoras de comparecer neste blogue.
    .
    A primeira vez que o referimos foi em Janeiro de 2013 em "Não há nada a fazer?". Em Janeiro de 2013 o presidente da AHP dizia:
    "Para 2013 espera-se menos emprego, menos investimento, pior prestação em termos de resultados. Não há milagres"
    Eu, ingenuamente perguntava "Não há nada a fazer?"
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    Qual o papel do presidente de uma associação? Não é também o de ajudar os associados a agarrar o touro pelos cornos? Não é também o de sugerir alternativas? Não é também o de ser vanguarda?
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    Depois, em Outubro desse ano de 2013, verificou-se que o turismo em Portugal batia recordes! Registei o acontecimento em "O exemplo da hotelaria" sublinhando as palavras de Luís Veiga:
    "A hotelaria portuguesa poderá ter um ano de recordes em 2013. Até ao final do ano, o sector prevê receber 14,5 milhões de hóspedes, contra 13,9 milhões em 2012, e 42 milhões de dormidas, face aos 39,8 milhões do ano passado. “Nunca se atingiram estes números em Portugal e vamos ter resultados significativos este ano”, sublinha o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Luís Veiga, em entrevista ao SOL."[Moi ici: Na altura até perguntei se ele se tinha retratado]
    Entretanto, em Março deste ano voltei a sublinhar umas palavras de Luís Veiga no postal "Sim, é muito mais complexo do que o "paradigma"" onde apelava a um proteccionismo do negócio dos hotéis e a satanização do turismo local, como se não houvesse lugar para todos. Decididamente Luís Veiga precisava de conhecer os rouxinóis de MacArthur:

    Na altura desabafei no postal:
    "É sempre mais fácil arranjar um culpado externo (o alojamento local), ou um salvador externo (o governo), para não ter de olhar para nós mesmos, para dentro e para o peso da responsabilidade própria que nos cabe de melhorar a nossa situação. É sempre mais fácil assumir o papel de vítima e esperar pelo salvamento."
    Hoje, em "Operadores antecipam "novos máximos" na época turística de 2015" volto a encontrar Luís Veiga e a sua visão pessimista. Depois do artigo desbobinar uma série de estatísticas muito interessantes:
    "A época turística em Portugal deverá registar “novos máximos” em 2015,
    ...
    o crescimento “muito perto dos dois dígitos, de 8,5 a 9%, na generalidade dos indicadores” do turismo em Portugal, a que corresponde um crescimento acumulado de cerca de 30% nos últimos dois anos
    ...
    os ganhos competitivos que o país tem vindo a obter, ao crescer “mais depressa” do que vários dos destinos internacionais alternativos, nomeadamente Espanha. “Estamos a crescer ao dobro do ritmo de Espanha no que diz respeito aos elementos quantitativos e a crescer muito mais nos elementos qualitativos, com progressões que chegam a atingir quatro a cinco vezes aquilo que se passa no país vizinho”, destaca.
    ...
    Como resultado desta evolução, o Turismo de Portugal antecipa também para 2015 “novos máximos a nível das receitas capturadas pela actividade” e, designadamente, a nível do saldo da balança turística."
    Luís Veiga mostra a sua preocupação:
    "Contudo, o presidente da AHP nota que estas evoluções “vão tão só recolocar os dados de 2007/2008 relativos à taxa de ocupação e RevPar”, sendo que “os dados médios das regiões turísticas do Norte, Centro, Alentejo, Açores e Madeira não são ainda satisfatórios face ao RevPar previsto”." 
     Basta-me recordar este postal sobre uma das primeiras lições que aprendi no mundo da Qualidade "Cuidado com as médias" e a preocupação de Luís Veiga em Março deste ano, para me interrogar: o que é que está a acontecer à oferta turística? Está a crescer uniformemente ou está a fragmentar-se em diversos tipos?
    .
    Depois, consultamos o último boletim do INE sobre a "Actividade Turística" e encontramos esta evolução dos valores do RevPar:
    "O rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) foi 43,6 euros em junho de 2015 (+15,7%); no período de janeiro a junho este indicador revelou uma evolução igualmente positiva (+11,4%), tendo correspondido a 29,7€.
    Lisboa foi a região com RevPAR mais elevado (65,8€), seguindo-se o Algarve (48,1€) e a Madeira (42,9€). Salientaram-se as evoluções verificadas no Norte (+24,1%), Lisboa (+20,9%) e Açores (+20,3%)." [Moi ici: E o Alentejo cresceu 17%]
    E dada a variedade da oferta:
    Será que faz sentido trabalhar com um RevPar médio?
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    Qual o papel de uma associação com um presidente com este discurso?
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    terça-feira, junho 09, 2015

    Continua a não bater certo ...

    Em Abril passado escrevemos "Decididamente há aqui alguma coisa que não bate certo..."
    .
    Agora, chegados a Junho, continua a não bater certo com o discurso do presidente da Associação da Hotelaria de Portugal:
    "Volvidos os primeiros 6 meses do ano, e em jeito de balanço, este comparador de preços de hotéis realizou uma análise comparativa dos preços da hotelaria em Portugal face ao ano passado e apresenta como principal conclusão que Portugal tem apresentado um perfil de crescimento crescente. Segundo o estudo, em janeiro (+4,1%), fevereiro (+4,2%), março (+6,5%) e abril (+7,9%) o nosso país registou subidas cada vez mais expressivas nos preços; em maio este crescimento atingiu a marca dos 10% e agora, no mês de junho, situa-se nos 14,3%."

    sexta-feira, abril 17, 2015

    Decididamente há aqui alguma coisa que não bate certo... (parte II)

    Parte I.
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    Recordando o choradinho de há dia"60% da hotelaria e da restauração em alto risco de falência", os números do INE de 15 de Abril:
    "A hotelaria registou 2,2 milhões de dormidas em fevereiro de 2015, correspondendo a um acréscimo homólogo1 de 11,2% (+13,4% em janeiro)....Os proveitos também aumentaram (+12,5% para os proveitos totais e +15,4% para os de aposento), menos que no mês anterior (+18,1% e +17,9%). O RevPAR foi 19,6 euros (+12,4%)."
    Recuar a 2009:
    "- Que tal vão as colheitas? - perguntou Magascià ao homem do burro.
    - Mal - respondeu aquele.
    Magascià segredou ao ouvido do padre:
    - Aquele espera uma boa safra.
    - Porque mentiu então?
    - Para não ser vítima da inveja - respondeu Magascià" [Moi ici: Ou de mais impostagem e taxagem das câmaras municipais!]
    .
    in "Vinho e pão" de Ignazio Silone, "

    quinta-feira, abril 09, 2015

    Decididamente há aqui alguma coisa que não bate certo...

    Enfim...
    .
    Em Janeiro de 2013 o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal previa:
    "Para 2013 espera-se menos emprego, menos investimento, pior prestação em termos de resultados. Não há milagres"
    Em "Não há nada a fazer?" perguntei se a função de um presidente associativa seria a de afunilar as mentes e colocar um sector em modo negativo.
    .
    Em Outubro de 2013 em "O exemplo da hotelaria", perante o ano recorde perguntei se o senhor já se tinha retratado.
    .
    Entretanto 2014 voltou a ser ano recorde, o melhor ano de sempre para o turismo português.
    .
    Em Março de 2015 o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal voltava ao choradinho, aos pedidos de protecção, e afirmava:
    "O dado aqui mais importante é que o preço médio tem-se mantido estável desde 2007 para cá. Isso é que é preocupante, isso é que determina que a rentabilidade dos hotéis esteja a ser posta em causa
    ...
    Os preços médios na hotelaria, que é claramente o peso pesado da cadeia de valor do turismo, não aumentaram. E quando isso não acontece as empresas não têm condições para gerar cash flow e um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) que permita pagar os juros."
    Entretanto, em "Hotéis do Porto campeões europeus da subida de preços" pode ler-se:
    "A hotelaria portuguesa continua, em abril, a conseguir subir os preços cobrados por quarto e por noite (+7,87% face a 2014), de acordo com um dos maiores motores de busca mundiais, a Trivago.
    ...
    A hotelaria da cidade do Porto é, neste mês, a campeã europeia da subida de preços, com um aumento de 44,78% em relação a abril do ano passado. Há um ano, uma noite na cidade custava em média 67 euros e, agora, o mesmo quarto custa 97 euros.
    "A subida de preços da hotelaria em relação ao período homólogo verifica-se um pouco por todo o país, com especial destaque para o Norte (+25%), seguido da Madeira (+17,82%), Alentejo (+10%) e Lisboa (+9,43%). A única região em queda é o Algarve (-2,47%)", adianta fonte da empresa.""
    Decididamente há aqui alguma coisa que não bate certo...
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    Sempre o choradinho "60% da hotelaria e da restauração em alto risco de falência"

    sábado, março 14, 2015

    Sim, é muito mais complexo do que o "paradigma"

    "O presidente da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, Luís Veiga, alerta para o crescente aumento do alojamento local. Queixa-se de que o Governo tem de decidir se quer um turismo de “qualidade ou de alojamento local”. [Moi ici: Será que é o governo que tem de decidir, ou será que são os turistas? Será que é o governo que tem de decidir, ou será que são os apologistas do turismo de qualidade? Porquê o governo? E se retirarmos o governo da equação?] Luís Veiga chama ainda a atenção para o facto de as plataformas online estarem a cobrar comissões excessivas aos hotéis. [Moi ici: IMHO há aqui potencial para trabalhar o ecossistema, para fazer o by-pass a estas plataformas em particular] “Só a Booking chega a cobrar comissões de 25%”, garante.
    ...
    O dado aqui mais importante é que o preço médio tem-se mantido estável desde 2007 para cá. Isso é que é preocupante, isso é que determina que a rentabilidade dos hotéis esteja a ser posta em causa [Moi ici: E por que é que o preço médio se tem mantido constante? Por causa da explosão da oferta? E o que têm feito para seduzir a procura? Se a procura explodiu...  ] e foi isso que eu quis destacar na BTL. Isto porque, do ponto de vista político fala-se que neste momento os hotéis já são rentáveis, porque os hóspedes e as dormidas aumentaram, mas não é verdade, porque temos preços médios que ao longo dos últimos cinco anos não mexeram. [Moi ici: Talvez dizer que o preço médio se mantém constante seja simples demais. Talvez o preço médio se tenha mantido constante e o mix da oferta que entra para o cálculo do preço médio tenha variado e gere esse efeito enganador na média. Recordo que o preço médio do calçado português baixou em 2014, apesar do preço do calçado de couro ter continuado a subir. Simplesmente porque aumentou a produção de calçado com materiais que não o couro, como plásticos e borracha] Os preços médios na hotelaria, que é claramente o peso pesado da cadeia de valor do turismo, não aumentaram. E quando isso não acontece as empresas não têm condições para gerar cash flow e um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) que permita pagar os juros.
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    Por exemplo, a dependência das plataformas online é cada vez maior, cada vez se paga mais à Booking e a outras plataformas, há uma dependência muito grande. O preço líquido que temos não mexe, não cresce, a oferta tem continuado a crescer, terceiro aspecto a oferta de alojamento local não pára de crescer.
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    Temos um paradigma, [Moi ici: Não será antes dilema?] que é saber qual o caminho que queremos para o turismo de Portugal, se é de manter esta liberalização extrema, esta massificação de oferta de alojamento local, que são 50% das camas que existem na hotelaria, e perante este crescimento… [Moi ici: Será que faz sentido eleger o alojamento local como um concorrente do alojamento em hotel? Será que os ginásios devem ver a corrida na rua como um concorrente, ou como uma porta de entrada para o mundo do exercício físico e, por isso, mais potenciais futuros clientes, quando quiserem subir na escala de valor da experiência?]
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    ficamos perante um paradigma que é o de saber se queremos um País de alojamento local ou se queremos um País de hotéis, [Moi ici: E tem de ser mata-mata? E tem de ser uma decisão centralizada? Não existe mercado para os dois modelos?] ou seja, se queremos um País de low cost ou se queremos um País com oferta de qualidade. [Moi ici: Low cost não é falta de qualidade. Assim como um velho Skoda Felicia tem qualidade, já me conduziu durante quase 500 mil km sem problemas, um BMW também tem qualidade. Os atributos é que são diferentes porque aquilo que as pessoas querem dos seus carros também é diferente] É essa a grande questão que temos de colocar hoje em dia.
    É este ponto de interrogação é que nos preocupa neste momento.
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    Mas, friso o aumento da oferta desregrada das camas de alojamento local, que coloca a questão de para onde caminhamos.
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    toda esta facilidade levou a um crescimento exponencial, colocando em causa aquilo que queremos para o País no turismo.[Moi ici: Quem é que quer? Quem é que é detentor da verdade sobre o que é bom para o país no turismo?]
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    Num quadro em que a rentabilidade é duvidosa na hotelaria e que o preço médio não aumenta, o que é certo é que mais de 60% dos hotéis não tem resultados líquidos positivos nos últimos anos, [Moi ici: Por que é que 40% tem resultados positivos? O que fazem de diferente? Onde estão? Trabalham para que públicos?]  e esta situação recorrente, sobretudo desde 2007, leva a que 45% tenha capitais próprios negativos."
    É sempre mais fácil arranjar um culpado externo (o alojamento local), ou um salvador externo (o governo), para não ter de olhar para nós mesmos, para dentro e para o peso da responsabilidade própria que nos cabe de melhorar a nossa situação. É sempre mais fácil assumir o papel de vítima e esperar pelo salvamento. Ao longo dos anos, muito antes do alojamento local, muito antes da chegada das companhias de aviação low-cost e, da liberalização do alojamento, o discurso já era o mesmo:

    Do melhor que já li sobre turismo e estratégia:
    E, para fechar (Janeiro de 2014):
    "Contudo, o panorama do sector em Portugal pode ser mais complexo e até apresentar situações de incapacidade de gestão de muitos líderes de empresas. "Existem poucos hoteleiros com capacidade para gerir", salienta Manuel Proença."

    Trechos retirados de "Luís Veiga: “Estamos perante um paradigma. Queremos um turismo de hotéis ou de low cost?”"