segunda-feira, julho 03, 2017

Sintoma da mudança em curso

Sou um crítico habitual de Paes Mamede, basta pesquisar aqui no blogue (por exemplo aqui).

Desta conversa, "Paes Mamede. "Este euro não é para nós, portugueses"", queria sublinhar um número que vem ao encontro de um tema que tenho abordado aqui com o marcador "reshoring".
"É importante, quando olhamos com atenção para os dados de investimento, repararmos que o investimento que está a crescer mais não é, necessariamente, o investimento típico que houve em Portugal com o investimento em construção. O investimento em equipamentos, no primeiro trimestre de 2017, cresceu quase 16%, que é praticamente o dobro da taxa de crescimento do investimento em construção. Isto significa que há uma retoma do ponto de vista da capacidade produtiva e todos os indicadores avançados sugerem que há aqui uma dinâmica muito positiva na indústria transformadora, que foi um sector que sofreu um choque muito severo nos últimos anos. Portanto, há aqui retoma que está a ser generalizada nos vários setores de atividade económica. Os fundos europeus ajudam, na medida em que estamos no momento em que as empresas começam a executar projetos que já estavam aprovados há um, dois, até três anos. E também há aqui um efeito quer de alguma predisposição do Estado para investir um bocadinho mais do que investiu no ano passado, como sabemos foi bastante pouco, mas, acima de tudo, há um crescimento na Europa." 
Nem uma palavra de Paes Mamede sobre o reshoring. Não faz a mínima ideia da mudança em curso...

Só me resta um conselho

Muitas PME do sector transaccionável que nos últimos 10 anos descobriram a forma de subir na escala de valor, e de como fazer o by-pass à competição pelo low-cost, vão sentir uma tentação tremenda pelo caminho mais fácil:

O regresso da produção industrial à Europa vai voltar a colocar em cima da mesa a hipótese de apostar no low-cost. E o low-cost parece tão intuitivo, tão atraente...

Só me resta um conselho, "Just because you can doesn't mean you should"

domingo, julho 02, 2017

Curiosidade do dia

"“Não deixes que a verdade dos factos te estrague um argumento ideológico” parece ser a máxima de muita gente nestas discussões.
E enquanto nos entretemos com estas discussões evitamos enfrentar a dura realidade que nos persegue. O país em geral e o Estado em particular são avessos ao planeamento, organização, rigor, avaliação e responsabilização. Somos tão fracos nisto como depois somos bons a reagir, a improvisar, a ajudar, a contribuir, a abraçar.
O Estado não tem falta de dinheiro. É antes desorganizado, capturado por grandes e pequenos interesses – sejam eles empresariais ou corporativos -, mal estruturado, partidarizado e pouco exigente. É pena que para resolver estas questões estruturais não se veja muita gente com propostas sérias ou com vontade de mudar, de facto. O populismo e a demagogia das soluções rápidas e mágicas para problemas antigos e complexos é sempre mais fácil.
Perante isto, não nos admiremos com as suas consequências, humanas ou materiais. Elas vão continuar, porque quando se erra continuadamente no diagnóstico nunca se combate verdadeiramente a doença."
Trecho retirado de "Não deixes que os factos estraguem um argumento ideológico"

A força da testosterona é demolidora... (parte II)

Na parte I o Azrael recomendou-me a leitura de "How Volvo Lost The Plot":
"You see, that scrappy car company was doing so well that in 1999 it caught the eye of Ford, who was creating the Premier Automotive Group, simply called, inelegantly, PAG.
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PAG was an umbrella corporation that included Jaguar, Land Rover, Aston Martin, Lincoln and, as of 2000, Volvo. It was all run by a guy whose name sounded like European royalty: Wolfgang Rietzle. Then CEO of Ford, Jacques Nasser, wanted Volvo so badly, he paid $6 billion with Ford family money for it.
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In 2001, people I had known for years were gone and replaced with Ford people, and they saw Volvo as part of the collective PAG group, which I deemed to be lacking some soul. That soul was replaced with chaos that I experiences personally.
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Between then and 2009, Volvo introduced the XC90, XC60, C30, S40, XC70 and much more. Yet Ford, and the marketing people it hired, felt that safety was really of no interest as a talking point. All those people who had been trained to buy a Volvo were thrown under the bus. A new direction was taken."
Resultado:
"Geely paid $1.3 billion and the sale was completed in 2010. That’s a loss of $4.7 billion to Ford."
Agora:
"Volvo’s saga over the past 30 years has seen billions of dollars invested or lost. Ford killed what Volvo stood and the brand has yet to recapture its original focus, despite the tinkering of too many people to count." 

Como não voltar à biologia e recordar os anfíbios e as noites de temporal que convidam à exuberância das vacas gordas.

"The granddaddy of all [strategy] mistakes"



Como não recordar "Nem de propósito!!!":
"The granddaddy of all [strategy] mistakes is competing to be the best, going down the same path as everybody else and thinking that somehow you can achieve better results."
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"really robust strategy is based, instead, on delivering unique value on both the customer side and the ‘supply’ side."

Apostar nas forças

Excelente reflexão, útil para empresas que sentem que têm de mudar de vida:
"In their efforts to compete, business strategists often forget a basic principle: Build from your strengths. [Moi ici: Começar pela análise do ADN] The most successful companies have a clear, well-articulated view of what's important to them and their customers. They understand that the way to win consistently is through what they do rather than what they sell.
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These companies also understand that “what they do” is unique to them; they have their own capabilities and practices that no other company could quite duplicate, even if it tried. In that sense, building from your strengths is the most reliable way we have found to differentiate your company.
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when you understand what you’re great at, and design your capabilities and strategy accordingly, you can define how you want to compete, and shape your own future rather than waiting for others to do it for you.
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1. Accept Your Weaknesses
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All of us — individuals, teams, and organizations — have weaknesses. These are not skill gaps; those can be corrected with learning. Weaknesses are inherent deficiencies of talent or capability that do not change even after aggressive efforts to improve them. Pride and our ingrained work ethic may cause us to deny our weaknesses, but acceptance is the first step toward designing for strength.
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2. Recognize Your Specific Strengths
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Weaknesses tend to be universal and broad. ... But strengths are often extraordinarily specific.
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3. Solve the Right Problem
A moment of magic accompanies the willingness to quit. It involves gaining a better perspective. Prior to this moment, it is almost impossible to be objective about your challenges. Too many emotions and pressures intrude. But now, you can evaluate your options more dispassionately, and — in the language of design thinking — learn to ask better questions. The problem you are trying to solve may not be the right one to address.
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In my case, fixing my weaknesses was the wrong problem to solve. I have since come to think that the same is true for many other people and organizations seeking breakthrough performance. Instead of solving for “how do I fix my weaknesses?”  [Moi ici: Isto é o que critico quando escrevo aqui sobre o Return-of-Attention das organizações patronais. Gastam demasiado tempo a combater a última guerra quando o mundo entretanto mudou, em vez de procurar uma nova guerra onde tenham vantagens únicasI asked myself, “how can I design for my unique strengths?
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4. Double Down on Your Strengths"
Trechos retirados de "Design for Your Strengths"

Num país que faz leis por tudo e por nada um tipo desconfia

"Indeed much of the work of investment banks my days was to play on regulations, find loopholes in the laws. And, counterintuitively, the more regulations, the easier it was to make money."
Trecho retirado de "Why Each One Should Eat His Own Turtles (Revised )"

O artigo é demasiado rico e merece ser lido e relido. Voltaremos a ele.

sábado, julho 01, 2017

Curiosidade do dia

"O primeiro-ministro esteve impecável. Em vez de explicar, como os fracos, o dr. Costa exigiu explicações. Em vez de dar respostas, como os pelintras, o dr. Costa fez perguntas. Em vez de pedir desculpas, como os malucos, o dr. Costa pediu um “focus group” para avaliar o impacto dos fogos na sua imprescindível popularidade."
Trecho retirado de "Tudo está bem quando acaba bem"

Alinhar vendas com estratégia

Na sequência de "Fiquei com curiosidade ..." recordei "Executives and Salespeople Are Misaligned — and the Effects Are Costly":
"The results show that executives feel that they have a high level of understanding of their companies’ strategic priorities, while sales reps — who aren’t typically in the planning meetings, on the conference calls, or roaming the halls with the people crafting strategy — said they did not.
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The sales force gets better and better at things that leaders and customers value less and less while remaining unclear about performance expectations.
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In order to achieve alignment, companies need to break these routines and treat causes, not symptoms.
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They linked strategy to behaviors.
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They changed their approach to training.
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They revamped their compensation and performance evaluations."

"A lack of workers"

"China Daily reported in 2015 the building of the first robot-led plant in Dongguan by the Guangdong Everwin Precision Technology company, in which it planned to use 1,000 robots to reduce the labour needed for the factory by 90 per cent.' The gearing is interesting, as the assistant general manager of the company indicated that sixty robots could take an assembly line that needed 600 workers in the past down to 100. So, not fully dark, but a significant reduction in the number of hands involved in the production process.
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This story is repeated in factory after factory, across sectors and companies around China. The Cambridge Industries Group (CIG) wants to replace two-thirds of its workers in a factory making optical networking equipment in Shanghai because labour costs have doubled over the past seven years and they face competition from automated manufacturing in Germany and other traditionally high-cost economies, According to Gerald Wong, the CEO of CIG, 'It is very clear in China: people will either go into automation or they will go out of the manufacturing business:. The main driver for these changes? A lack of workers. Hiring is difficult in the region, with estimates of a shortage of 100,000 workers from the local government. It may seem counter-intuitive to those outside China that there is a labour shortage in these areas, as the narrative was companies moving east to access the lower labour costs where hands were abundant. That has changed, as wages in manufacturing have risen and China's working-age population begins to shrink. According to some estimates, between now and 2050 China will see the number of its population aged between fifteen and fifty-nine shrink by 212 million." For the planners and factory owners across China, it looks as if they are hoping to pivot from labour-intensive manufacturing to robot-intense manufacturing, leaping forward to become a high-tech centre for making."
Tendo em conta o que a Toyota e a Mercedes já aprenderam com a automatização, esta tendência pode contribuir para um acelerar do reshoring por causa da falta de flexibilidade e as exigências de quantidades mínimas crescentes por modelo.

Por outro lado, a "lack of workers" relatada leva-me a fazer um paralelismo com as celuloses e os modelos cancerosos de crescimento. É preciso apostar num crescimento baseado na subida na escala de valor e não na quantidade pura e simples.


Trecho retirado de "From Global to Local" de Finbarr Livesey

Prioridades?

E na sua empresa como é?

Figura retirada de "Closing the skills gap: companies and colleges collaborating for change"

Tour de France 2017

O maior espectáculo desportivo em solo europeu começa hoje:



Força Froome e Cavendish.

sexta-feira, junho 30, 2017

Curiosidade do dia

"O ministro da Agricultura afirmou que é preciso disciplinar as plantações de eucaliptos. Novas plantações vão ser proibidas excetuando transposição de áreas ecologicamente mal localizadas."
O que são áreas ecologicamente mal localizadas?

Qual o critério para classificar uma área como bem ou mal localizada ecologicamente?

Recordo:
"Se o eucalipto for introduzido em territórios onde não exista falta de água, ao contrário do seu terreno natural, este crescimento será ainda mais rápido, com elevada voracidade de absorção de água e nutrientes dos solos. E é assim que em Portugal e Espanha temos boas condições para o eucalipto, razão pela qual os mais altos Eucalyptus globulus do mundo se encontram na Península Ibérica e não na Oceânia O eucalipto está perfeitamente adaptado a Portugal, o problema é que Portugal não está perfeitamente adaptado ao eucalipto."
E volto a perguntar:
O que são áreas ecologicamente mal localizadas?
Por que é que nenhum so-called jornalista coloca a questão?

Fazem-me lembrar o José Alberto Carvalho a convenientemente perguntar, "Esta assinatura é sua?" Em vez de perguntar, "E este projecto, é da sua autoria?"

Primeiro trecho retirado de "Capoulas Santos: É preciso “disciplinar” o eucalipto" (O mesmo que Abril passado se justificava assim):


Segundo trecho retirado de "Eucaliptugal, o ecocídio da floresta nacional"

Heranças



Cuidado com estas crenças herdadas do século XX.

Onde é que eles não têm vantagem? Onde é que eu sou bom e posso ter vantagem? Quem é que valoriza aquilo que a minha vantagem permite atingir?

Recordar:













Imagem retirada daqui.

"All models are wrong, some are useful"

Há anos que uso esta frase "All models are wrong, some are useful." Ajuda a não ser fundamentalista, a aprender a tolerar os modelos "infantis" que encontro, segundo os meus padrões, mas que são autênticos quando bem intencionados e funcionam:
"All models are wrong, some are useful.
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Remember that all models are wrong; the practical question is how wrong do they have to be to not be useful.
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A model is a simplification which fosters understanding.
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we believe in using models for the purpose of building a massive, but finite amount of fundamental, invariant knowledge about how the world really works. Applying this knowledge is the key to making good decisions and avoiding stupidity.
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“Scientists generally agree that no theory is 100 percent correct. Thus, the real test of knowledge is not truth, but utility. Science gives us power. The more useful that power, the better the science.”
...
Too many people are caught up wasting time on physics-like precision in areas of practical life that do not have such precision available. A better approach is to ask “Is it useful?” and, if yes, “To what extent?”
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Mental models are a way of thinking about the world that prepares us to make good decisions in the first place."

Trechos retirados de "All Models Are Wrong"

A força da testosterona é demolidora...

A propósito de "Pick-up da Mercedes já pode ser encomendada" que li ontem à noite lembrei-me logo da sensação que tive ontem de tarde quando passei por um SUV da Porsche.

Lembrei-me do hummer da Volvo e de "Reflexões sobre a evolução das marcas".

A diluição de uma marca avança assim... a força da testosterona é demolidora...

A confiança é demasiado importante

Artigos destes "Tem a certeza de que está a comprar comida biológica?" põem em causa todo um sector.

Ao não identificarem os "culpados" lançam um suspeição sobre todos.

Justo ou injusto não interessa, é a vida.

Eu, se fosse um operador biológico procuraria forma de me destacar da massa e estaria a pensar em forma de me distinguir e de reforçar a minha credibilidade.

A confiança é demasiado importante para este tipo de negócio ...

quinta-feira, junho 29, 2017

Curiosidade do dia


Além do timing... quem paga?

Estas coisas não lembram à corte lesboeta

Ontem em conversa com um empresário fiquei a saber do caos que reina na zona de Águeda.

Parece que estas coisas não chegam ao mainstream, não lembram aos lesboetas que mandam nos media.

Águeda é um avatar do que vai acontecer em breve no resto do país. Águeda é forte na metalomecânica. Ainda há dias sublinhava isto:
"“O setor não tem número de formandos necessários e isto é uma tragédia e com a taxa de desemprego a baixar, este é um problema que se vai agudizar”, sublinha." 
Este empresário já está a pensar numa resposta: automatização.

Ainda mais especulações

Assim que li o título, "Businesses Scale Back Investment in America" veio-me logo à mente a leitura e a reflexão de um passeio "Mais especulações".

Conjugo facilmente o estarmos a entranharmos-nos em Mongo e o choque com a teimosia anglo-saxónica de continuar a acreditar no século XX: eficiência, volume, escala, custo.
"if investment declines over the long term, it could imply at least two bad trends -- either businesses don’t see many good opportunities, or society is becoming more short-termist in its thinking.
...
Net of depreciation, privately held American businesses are only investing about 2 percent of the country’s gross domestic product in the U.S. itself"