segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Causal mapping

"The world is often a muddled, complicated, dynamic place in which it seems as if everything is connected to everything else - and that is the problem! The connections can be a problem because while we know things are connected, sometimes we do not know how, or else there are so many connections we cannot comprehend them all. Alternatively, we may not realize how connected things are and our actions may lead to unforessen and unhappy consequences."




"Causal mapping is a simple and useful technique for addressing situations where thinking - as an individual or as a group - matters .

A causal map is a word-and-arrow diagram in which ideas and actions are causally linked with one another through the use of arrows. The arrows indicate how one idea or action leads to another. Causal mapping makes it possible to articulate a large number of ideas and their interconnections in such a way that people can know what to do in an area of concern, how to do it and why, because the arrows indicate the causes and consequences of an idea or action.

Causal mapping is therefore a technique for linking strategic thinking and acting, helping make sense of complex problems, and communicating to oneself and others what might be done about them."

Uma ferramenta espectacular! Ao começar a desenhar as relações de causa-efeito, activam-se sinapses sucessivas, que levam à descoberta de novas relações. O cenário gerado permite identificar ciclos, arquétipos (na linguagem de Peter Senge), que explicam porque continuamos a tropeçar nos mesmos problemas, apesar das nossas soluções "dérmicas" bem intencionadas.

Trecho retirado de "Visible Thinking - Unlocking causal mapping for practical business results", de John Bryson, Fran Ackermann, Colin Eden e Charles Finn.

Linguagem figurada.

"Ferreiro quer continuar a fazer tesouras de tosquia " - Artigo no DN de hoje, assinado por António Sá Rodrigues.

"... é o último artesão do país a fazer tesouras de tosquia para ovelhas, prometendo continuar com a actividade "enquanto puder"."

"O ferreiro de Donfins faz 200 a 300 tesouras por ano, lembrando os velhos tempos quando "fazia 1500 a duas mil por ano". "

Não adianta ser bom, ser muito bom, a produzir algo que o mercado não quer, não precisa!

Basta passear pelos armazéns de muitas empresas... cheios, empanturrados, congelados. No entanto, só se ganha o que se vende, não o que se produz.

domingo, fevereiro 03, 2008

O salto tecnológico

O que escreveu Daniel Bessa há 2/3 anos?
Se tudo correr bem, o desemprego vai aumentar!

O desemprego aumentou, mas terá aumentado o suficiente?
Esta linguagem parece dura, é dura, mas a realidade é como as peças de Shakespeare amoral e ajusta.

No DN de hoje, no artigo "Portugal não conseguiu dar salto tecnológico", assinado por Rudolfo Rebêlo, pode ler-se: "Muitos economistas portugueses - e o próprio ministro da Economia, Manuel Pinho - defendem que a economia no País poderia galgar degraus tecnológicos e com isso crescer acima dos parceiros europeus. Mas não é isso que, para já, os números demonstram."

A mudança das organizações não é impossível, mas é muito difícil, e muito penosa.
A mudança das organizações é lenta. Lenta a executar-se, e lenta a decidir-se... há sempre a esperança de que o que resultou no passado volte a resultar no futuro, e até lá aguenta-se mais um pouco. Por isso, muitas organizações, ou ainda ignoram a necessidade de mudar (o seu locus de controlo é externo, os outros é que têm de mudar), ou contemplam a necessidade de mudar (mas sem o realizar), como um fumador que sabe que precisa de deixar de fumar, mas...

Os políticos, por causa da estatística e dos momentos-Chavez, e as empresas por causa dos subsídios, acreditam que a formação profissional permite dar o salto tecnológico. No entanto, não adianta dar formação profissional de empurrão, ela tem de ser puxada. Ela tem de ser dada em resposta a uma necessidade concreta prévia, não como medida preventiva do tipo "just in case".

Os subsidios são um veneno, atrasam a inevitabilidade da mudança!
A minha leitura das palavras de Daniel Bessa vai antes neste sentido: muitas empresas não têm capacidade, não têm possibilidade de subsistir num mundo mais competitivo, porque são incapazes de mudar, e por isso vão fechar. Cada euro que recebem é um atraso dessa inevitabilidade.

"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled." Daí a crença na formação profissional!

Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação. Aquele gráfico que Miguel Frasquilho apresentou no Jornal de Negócios é eloquente, é aterrador.

Atenção! High produtivity plants, não são fábricas onde os trabalhadores correm mais depressa, são fábricas onde se criam e fabricam produtos de valor acrescentado.
A costureira que sai da pequena confecção onde se fabricavam, a subcontrato, blusas ao minuto, para uma marca dinamarquesa, vai fazer o mesmo para uma outra confecção que tem marca própria... agora o valor que cria para a sua empresa é completamente diferente.
Subidas incrementais da produtividade podem ser conseguidas com melhor organização (à custa da redução dos custos, mas sem mexer no valor criado), agora saltos de produtividade, só à custa da criação de mais valor... e isso é tarefa da gestão. Por isso, fico triste e desesperado, quando vejo gente com mais responsabilidades do que a que telefona para os foruns radiofónicos da TSF, ter o mesmo discurso, ao elevar à categoria de assunto, a contabilização do tempo que as pessoas gastam a fumar!

Se as empresas não mudam, é mais fácil deixá-las fechar, para darem lugar a outras: "As creative destruction is shown to be an important element of economic growth, there is definitely a case for public policy to support this process, or at least avoid disturbing it without good reason. Competition in product markets is important. Subsidies, on the other hand, may insulate low productivity plants and firms from healthy market selection, and curb incentives for improving their productivity performance. Business failures, plant shutdowns and layoffs are the unavoidable byproducts of economic development."

E a sua empresa, o que está a fazer para mudar? Para ter direito a um amanhã?

E agora, por que é que alguém no seu perfeito juízo há-de abrir uma nova fábrica, para ocupar o lugar das que fecham?
"Portugal pode ser o país certo para reformados, herdeiros ou comendadores, mas é seguramente o país errado para aqueles que acreditam no valor efectivo dos produtos que vendem ou dos serviços que prestam à comunidade, em regime de liberdade de escolha e sem favores.
A vassalagem imposta pelo Estado tem custos exorbitantes e incomportáveis."
João Luis de Sousa no semanário Vida Económica aqui.
Ou seja, a coisa não está fácil.

Como é que ficam as exportações portuguesas de tecnologia, se excluirmos o que vai para Angola?
Há dias, vi na televisão, uma reportagem de Moçambique, onde as pessoas faziam blocos de cimento com um molde à mão.
Conheço pelo menos duas fábricas de blocos obsoletas ( ainda com "poedeiras"), que foram empacotadas e enviadas para Angola.
Quando o departamento de manutenção de uma construtora, envia uma máquina de grande porte, por exemplo uma grua em 2ª mão, para uma obra em Angola, ou na Argélia... será que isso entra para as contas das exportações? Não se esqueçam que a TAP tem 2 voos diárias para Luanda, e que a estatística é ... enganadora.

sábado, fevereiro 02, 2008

The Mystery Of Bulgarian Voices

Shopsko Rhapsody 3

Conhece os drivers estratégicos da sua organização?

Um título destes atrai logo a minha atenção: "Empresas desconfiam de medição com base em indicadores não financeiros" (no semanário "Vida Económica" de ontem).

"Cerca de um quarto das empresas nacionais continua a não a utilizar qualquer sistema para delinear a sua estratégia."

Não sei qual é a base, qual o cálculo que suporta este "um quarto", se as 1000 maiores empresas Portuguesas em 2006 representavam apenas 8.4% do emprego total!

OK... admitamos que sim (talvez seja um quarto das empresas que tenham respondido voluntariamente a um inquérito feito na internet (?)... Aha cá está ).

"... as empresas nacionais apresentam ainda alguma dificuldade em implementar ideias. Segundo o estudo do AMG, embora uma esmagadora maioria de empresas reconheça ter Visão e Missão bem formalizadas (91% e 89% respectivamente), apenas 17% confirma que metade da sua equipa conhece os drivers estratégicos da organização."



Esta é uma realidade que sinto no dia-a-dia, em quantas empresas podemos chegar e perguntar olhos nos olhos, à equipa de direcção: Quem são os vossos clientes-alvo? Qual é a vossa proposta de valor? Como se propõem fazer a diferença face aos concorrentes? Em que processos têm de ser, precisam de ser excelentes? Em que processos basta serem eficientes? Quais são os vossos clientes mais lucrativos? Com que clientes, com que tipo de negócios perdem dinheiro (apesar do cliente pagar religiosamente o combinado)?



Num futuro postal, hei-de procurar defender a tese de que pode ser pior ter uma estratégia e não conhecer os drivers estratégicos, do que não ter estratégia nenhuma.


Não havendo estratégia, ou não havendo conhecimento dos drivers estratégicos, uma organização corre o risco de ter muito trabalho, nuita canseira e pouco rendimento, pouco retorno, pouca eficácia.
Se cada um dos vectores da figura representar esforço, trabalho, energia, recursos, tempo, ... qual o resultado da sua soma? Um ponto, zero, NADA!!!


Desperdício!!!



Como a Kanthal!



Por isso é que nas minhas pregações chamo ao mapa da estratégia um motivador intrínseco, porque dá esperança "Transformamos frases, proclamações estratégicas, tantas vezes bombásticas ou estratosféricas, em relações que as pessoas podem ver, podem perceber, e podem relacionar com as suas actividades quotidianas", porque enquadra as coisas, porque apresenta o caminho, porque mostra como participar, "onde é que eu entro".



Uma estratégia e o conhecimento dos seus drivers, é tão importante para saber o que fazer, como para saber o que não fazer!

"Por sua vez, a maioria fá-lo com base em indicadores de natureza financeira, cujo controlo é realizado entre um e três anos."


Já aconteceu, não há nada a fazer!
O desafio não é só o de balancear indicadores financeiros com indicadores não-financeiros, é também, o de balancear indicadores de resultados com indicadores indutores de resultados futuros.

"Estas duas das principais conclusões retiradas do estudo «Sistemas de gestão de desempenho nas organizações portuguesas», da responsabilidade do Active Management Group. Face a este cenário, as empresas nacionais devem apostar em novos mecanismos de medição do seu desempenho, no âmbito de «corporate performance measurement». É que, com este sistema, as organizações podem aprender a tornar os seus colaboradores em pontos de energia que potenciam a eficácia do seu negócio." (Cá está o motivador intrinseco!)

"É um facto que se torna muito difícil implementar eficazmente medidas de gestão de desempenho se as empresas não conseguirem transmitir e envolver os seus colaboradores em objectivos e missão comuns." (Cá está o motivador intrinseco!)

"O referido estudo adianta que «saber de que forma a gestão converte as estratégias empresariais em acção conduz, a curto prazo, a resultados de valor acrescentado»." (etapa 6)

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Formação em auditorias internas

Introdução


Acetatos aqui.




Programar


Acetatos aqui




Planear


Acetatos aqui


Exemplo de agenda aqui




Conduzir
Acetatos aqui




Reportar


Acetatos aqui






Seguir auditoria e Reflectir


Acetatos aqui

Outra cena tão cómica que faz chorar...

Somos uns grandes negociadores "Governo poupou 3,2M€ com atraso na entrega dos helicópteros Kamov"

De acordo com o noticiário da Antena 1, os referidos helicópteros não cumprem dois dos mais importantes requisitos para os quais foram adquiridos: transporte da equipa de 9 homens para o primeiro combate a um incêndio; e transporte de sinistrados em maca!

Ou seja, mais um tapete rolante Alcantara-Mar - Alcantara-Terra, boa.

Ser realista!

E se os políticos tivessem o mesmo discurso que Silva Lopes teve ontem à noite na SIC-Notícias?

Deixaríamos de ver e ouvir os mesmos políticos, à segunda e terça, a pregar contra a jihad fiscal, à quarta a exigir mais aumentos para os funcionários da administração pública, à quinta horrorizados com o valor das reformas e às sextas e sábados a defender a aquisição de submarinos e outros equipamentos.

Há empresas que operam em sectores de actividade regulados por decretos-leis com mais de 250 páginas no total, mas poucas são as que têm uma visão holística do conjunto de exigências e opções disponíveis. Na semana em que está na berlinda o tema A, toda a tripulação enclina o barco ao dirigir as suas atenções e preocupações para A, descurando B, C,... U. Na semana a seguir os jornais, ou uma fiscalização, põem na agenda o tema D ... e lá vai toda a tripulação em direcção ao mesmo, esquecendo tudo o resto, a começar pelo tema A.
Como não existe uma visão do todo, sente-se que o problema não está delimitado, que pode sempre haver mais uma surpresa no momento menos esperado, ou menos conveniente.

Se um político com o discurso de Silva Lopes chegasse ao poder, no dia da sua tomada de posse diria "Batemos no fundo!". Quando se é realista, tira-se a fotografia do todo e fazem-se opções, não se escondem, não se maquilham os problemas. Engraçado, os políticos falam cada vez mais em desenvolvimento sustentável, mas atiram cada vez mais o fardo dos custos das gerações actuais para as costas das gerações que ainda estão por nascer.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

"Quando ninguém se diferencia é tão fácil diferenciarmo-nos!"

Recebi um impressivo e documentado e-mail do brilhante, a contar novos episódios da saga. Aqui vai um extracto, depois de um crescimento anual de 30% em 2007, já sobre o crescimento de 2006!

"Entretanto, em Outubro de 2007, ... passei a assumir novas funções. ... Ora essas funções são o quê? Agarrar um conjunto de novos produtos e marcas que tinham sido introduzidos na empresa nos últimos 2 anos e cujas vendas estavam aquém das expectativas.
A mesma equipa que já estava, uma nova estratégia e cá vai:
Em Novembro 2007 e Dezembro2007, os mesmos recursos venderam tanto como haviam vendido no último ano até aí…as margens…subiram.
A carteira de encomendas de Janeiro 2008 tem já mais de metade do valor da totalidade das vendas do ano passado…as margens…subiram!
...
Fica feito o breefing...e cá entre nós: "Quando ninguém se diferencia é tão fácil diferenciarmo-nos!"

Palavras para quê!!

Preço igual e tudo igual, para todos os clientes

"Kanthal, a manufacturer of heating wire, analyzed its customer profitability and discovered that the well-known 80-20 rule (80% of sales generated by 20% of customers) had to be revised. A 20-225 rule was actually operating: 20% of customers were generating 225% of profits. The middle 70% of customers were hovering around the breal-even point, and 10% of customers were losing 125% of profits.
The Kanthal customers generating the greatest losses were among those with the largest sales volume. Initially this finding surprised managers, but it soon began to make sense. You can't lose large amounts of money on a small customer. The large, unprofitable customers demanded lower prices, frequent deliveries of small lots, extensive sales and technical resources, and product changes."*

Em quantas empresas isto acontece? Eu conheço várias!


* Trecho retirado de "Profit Priorities from Activity-Based Costing" de Robin Cooper e Robert Kaplan na Harvard Business Review (Maio-Junho 1991)

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Fast Strategy: Staying ahead of the game

Da importância da mudança:

"The more successful you become, the co-authors say, the greater the risk of losing your ‘strategic agility.’ “Your vision starts to become more and more tunnel-like,” Kosonen says. “You just repeat the success formula and your resources become trapped in different organisational silos, and then your leadership unity also starts deteriorating, everyone is busy with operational growth … "

Fast Strategy: Staying ahead of the game

O velho existencialismo...

... a nossa liberdade é absoluta e sem apelo, a nossa existência é o tecido que resulta das nossas opções, como depositar nos outros a responsabilidade pelo nosso futuro, pela nossa formação?



Extraído de "High Flyers - Developing the Next Generation of Leaders", de Morgan McCall.



A formação profissional de cada um, é um assunto demasiado importante para ser delegado em regime de outsourcing a quem quer que seja.

Do jornal Público de hoje, no artigo "Mais trabalho, menos família", assinado por José Manuel Rocha, retiro o seguinte trecho:

"Um estudo que vai ser hoje divulgado - e a que o PÚBLICO teve acesso - mostra que, nos últimos 12 meses, apenas 22 por cento dos portugueses inquiridos receberam alguma formação para melhorar as suas competências profissionais. A média dos dez países europeus analisados é de 43 por cento."

terça-feira, janeiro 29, 2008

Diferenciar, diferenciar, diferenciar...

"... managers who are not market focused often come to the conclusion that there is really no fundamental difference between their offering and that of their competitors. Commoditization, the natural outgrowth of all competitors fighting with the same weapons, becomes a self-fulfilling prophecy. And commoditization is why so many industrial companies that embraced time-based competition or reengineering may have realized short-term gains but have ended up destroying their industries' profit margins.
Top-level managers need to spend a day in the life of key customers in their distribution chains. There is no substitute for managers' instincts, imagination, and personal knowledge of the market. It should be the essence of corporate strategy."

Trecho retirado de "Spend a Day in the Life of Your Customers", de Francis Gouillart e Frederick Sturdivant, publicado na Harvard Business Review de Janeiro-Fevereiro de 1994.

Quem tiver acesso ao artigo que leia o imperdível "The Tale of Woodbridge Papers", ou preço versus diferenciação

Vamos no bom caminho

Interessante, o ponto de vista de João Salgueiro na entrevista a Maria Flor Pedroso.
Que interessa dizer "Vamos no bom caminho, se não se sabe, se não se conhece o local de destino?"

Realmente, também o indivíduo que cai de um balão a 600 metros de altura, aprecia, durante alguns segundos, "a hell of a ride"... até se esborrachar contra a realidade.

Se ao menos se informassem...

Quando ontem à noite, no programa "Prós e Contras, Fátima Campos Ferreira perguntava, com alguma admiração "Mas se os lucros das grandes empresas cresceram tanto em 2007, como é que se explica que Portugal esteja em crise?"

Eheheh!!!

Para responder, podemos começar por usar as palavras proferidas pelo Presidente da República, durante o dia de ontem:

"Sublinhando que são as PME que dominam o universo empresarial do país, Cavaco disse ser uma "ilusão" acreditar que é através das grandes empresas nacionais e estrangeiras que o país poderá aproximar-se dos níveis de desenvolvimento dos restantes países da União Europeia. Ilusão, considerou, é também pensar em alcançar taxas de desenvolvimento económico sem o "contributo muito positivo" das PME"

Trecho retirado do jornal Público de hoje, do artigo "Cavaco Silva pega no exemplo da Labesfal e chama a atenção para a importância das PME", assinado por Sandra Ferreira.

Em 2006, em Portugal, estavam empregados cerca de 5,147,350 pessoas (dados do Público - caderno "1000 Maiores Empresas 2006".

O peso do emprego das 50 maiores empresas representava 0.4% do total.
0.4%!!!

Foi pena não ter visto no palco nenhum representante da economia real, nenhum Manuel ou Alzira (como rezava um anúncio antigo), só vi políticos e incumbentes instalados e protegidos pelo estado... aliás, eles alternam-se e revezam-se. Anda me lembro de ver o político que está à frente da REN, durante o consulado de Guterres, a fazer da sua vida uma missionação da regionalização...

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Não é preciso ser mágico, basta somar um mais um igual a...

O Diário Económico da passada sexta-feira inclui o artigo "Unicer lança mini-fábrica para descobrir sabores" assinado por António Freitas de Sousa.

No artigo refere-se o óbvio:

"Os nichos de mercado para novos sabores são uma forma de rodear a maturidade do mercado.

O sector das bebidas está de tal forma exposto à multiplicação dos produtos para variantes cada vez mais próximas dos limites do imaginável, que já ninguém se recorda do tempo em que a água era só água e os sumos eram só laranjada."

Assim, a UNICER pretende construir uma mini-fábrica de cervejas especiais, para investigar novas cervejas e realizar a sua produção numa série limitada. "Essa produção será depois colocada à venda na "sua" rede de restaurantes que funcionará como um banco de ensaios."

As experiências bem sucedidas poderão chegar à produção massificada.

Ou seja, se recordarmos este postal "Agora vou especular", podemos dizer que estava escrito nas estrelas...

O que me faz alguma espécie, e que gostava de conhecer, é a metodologia que vai ser seguida para gerir a introdução das experiências bem sucedidas na produção massificada.

Como é que a Produção, que é avaliada com base em critérios de eficiência: tempos de paragem, tempos de mudança e lavagem, e custos unitários rastreados ao cêntimo, vai descalçar a bota?

E o que será uma experiência bem sucedida?

Ao fechar a fábrica de Loulé, a fasquia do que será uma experiência bem sucedida teve de aumentar, para compensar e justificar as paragens e mudanças associadas na fábrica de Leça do Balio.

Como escreveram Clayton Christensen e Michael Raynor no livro "The Innovator's Solution - Creating and Sustaining Successful Growth":

"An organization's capabilities become its disabilities when disruption is afoot" e "Processes are defined or evolve de facto to address specific tasks. When managers use a process to execute the tasks for which it was designed, it is likely to perform efficiently.

But when the same, seemingly efficient process is employed to tackle a very different task, it often seems bureaucratic and innefficient. In other words, a process that defines a capability in executing a certain task concurrently defines disabilities in executing other tasks."

Ou, baseando-nos no artigo de Terry Hill, Rafael Menda e David Dilts "Using Product Profiling to Illustrate Manufacturing-Marketing Misalignment", publicado em INTERFACES 28: 4 Julho-Agosto de 1998 sobre o qual falamos aqui:


Não se pode ser bom a obrigar a misturar, numa mesma fábrica, numa mesma linha, grandes séries e pequenas séries, não joga certo.

Ainda voltando ao "Innovator's Solution":

"An opportunity that excites a small organization simply isn't large enough to be interesting to a very large one. One of the bittersweet rewards of success is, in fact, that as companies become large, they literally lose the capability to enter small emerging markets. Their size and success put extraordinary resources at their disposal. Yet they cannot deploy those resources against the small disruptive markets of today that will be the large markets of tomorrow, because their values will not permit it."

Os autores são peremptórios "Organizations cannot disrupt themselves." Por isso "Companies can create new prioritization criteria, or values, only by setting up new business units with new cost structures." Porque "The reason an organization cannot disrupt itself is that successful organizations can only naturally prioritize innovations that promise improved profit margins relative to their current cost structure."


Aquela frase "only by setting up new business units" faz-me voltar a recordar a fábrica de Loulé... como unidade autónoma... até porque a obrigava a ser muito mais impaciente com os lucros e paciente com o crescimento do volume. Assim, ...


Acerca da proposta de valor

Acredito que a criação de valor é um dos maiores desafios que as empresas com futuro enfrentam. Por que é que alguém há-de optar pelos produtos ou serviços de uma empresa, em detrimento de outras, sem ser por causa do preço?

Assim, IMHO o conceito de proposta de valor é fundamental, para concentrar uma organização no que é essencial para o sucesso:

"Some managers, though, simply view value propositions as something that the marketing folks do as a basis for creating business marketing communications such as advertising or signage for trade show booths. We believe that this view is shortsighted and neglects the potential contribution of value propositions to superior business performance. Properly constructed, customer value propositions force companies to rigorously focus on their target customer’s requirements and preferences and what it is worth in monetary terms to fulfil them.”

“… the creation and assessment of value propositions provide a means of forging shared understanding of what the supplier is seeking to accomplish in the marketplace.
Viewed in this way, the value proposition statement can serve as guiding beacon and touchstone for the agreed-on market strategy and, especially, as the answer to this question: “What do the supplier regards as relatively important customers, what the supplier wants to emphasize about its market offering, and what promise the supplier is making to customers about the value they will receive. Everyone in the supplier’s workforce needs to have a good grasp on these issues.

“over time, customer value propositions can function as a reference standard in making decisions about contemplated changes in the market offering.” … “but by actively managing change, firms can avoid blurring their positioning in the marketplace.. thus, for example, the general manager of a business unit should be able to rely on a value proposition to guide decisions among conflicting tugs and pulls within the organization on how to further develop a market offering. In doing so, she focuses scarce resources on making the offering outstanding on the few elements that targeted customers value most and would be willing to reward the supplier for providing.”

Trechos retirados de "Value Merchants: Demonstrating and Documenting Superior Value in Business Markets" de James Anderson, Nirmalya Kumar, e James Narus.

Para quem faz apresentações...

Alguns conselhos, tendo por base a última apresentação de Steve Jobs: "Deliver a Presentation like Steve Jobs"

domingo, janeiro 27, 2008

Esperteza saloia

Em Março de 2007, um iluminado, um fanático do corte nos custos teve uma ideia luminosa, despedir toda a gente, todos os colaboradores, para contratar em seu lugar, caloiros mais baratos: "Circuit City Cuts Wages to Juice Profits".


Em Dezembro de 2007: "In the world of pricey consumer electronics, where customer service is arguably as important as quality products, Circuit City Stores is missing the mark and further eroding its profits.
At the beginning of this year, the specialty retailer fired 3,400 of its highest paid, and presumably best qualified and performing, employees, as part of a broad cost-cutting program. That's led to substantial deterioration in customer service" em "Circuit City Gets Crushed"

Em resumo um verdadeiro "Cost Cutting Nightmare"

Julgo que foi por causa de gente capaz de tomar decisões como esta, que Sutton escreveu o livro "The No Asshole Rule: Building a Civilized Workplace and Surviving One That Isn't "

São impostados e...

... ainda por cima têm de pagar do seu bolso a segurança da aldeia.

"Aldeia insegura vai contratar guarda-nocturno" no DN de hoje, assinado por Roberto Dores.

Somos impostados para ter escolas e.....
Somos impostados para ter apoio na saúde e.....
Somos impostados para ter segurança e.....
Somos impostados para ter segurança social e.....

Quando frequentava o 11º ano de escolaridade, e tinha um professor de filosofia que punha os alunos a pensar, um dia deixou-nos sem resposta quando nos perguntou "Quando e como é que nasce a legitimidade de uma revolução?"

Por isso é que Manuel Alegre fala tanto da "Maria da Fonte"...

Daqui recordo:

"Quando a autoridade pública, excedendo os limites da sua própria competência, oprime os cidadãos, estes não se recusem às exigências objectivas do bem comum; mas é-lhes lícito, dentro dos limites definidos pela lei natural e pelo Evangelho, defender os próprios direitos e os dos seus concidadãos contra o abuso dessa autoridade (GS 74, § 5). "

"A resistência à opressão do poder político não recorrerá legitimamente às armas, senão nas seguintes condições: (1) em caso de violações certas, graves e prolongadas dos direitos fundamentais; (2) depois de ter esgotado todos os outros recursos; (3) sem provocar desordens piores; (4) havendo esperança fundada do êxito; (5) e não sendo possível prever razoavelmente soluções melhores"(*).

(*) Catecismo da Igreja Católica: 2242.

Acho que já faltou mais...