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quinta-feira, outubro 09, 2025

Nunca poderia ser escrito em Portugal


No WSJ do passado dia 6 de Outubro um artigo que julgo que nunca poderia ser escrito em Portugal, "Healthcare Is Becoming A DIY Project for Patients".

Por cá, um texto destes esbarraria logo em três muralhas intransponíveis: ordens profissionais com poder quase feudal, interesses económicos solidamente instalados e uma cultura de saúde paternalista que ainda acha que o paciente é uma criança incapaz de decidir se toma ou não uma aspirina.

Nos EUA, discute-se abertamente o inevitável: pacientes a gerir a própria saúde com tecnologia, inteligência artificial e comunidades digitais. Em Portugal, isso ainda soa a heresia. O médico continua a ser visto como o único guardião da verdade revelada, e qualquer tentativa de democratizar dados de saúde parece uma afronta pessoal.

"Healthcare is fast becoming a do-it-yourself project for patients.
With a shortage of doctors, long wait times for appointments and an increasing prevalence of chronic diseases such as diabetes earlier in adulthood, patients are taking a more active role in managing their own health.
Similar to the way workers who once depended on employers to oversee their retirement pensions were handed the reins with 401(k) plans, patients are shouldering responsibility for diagnosing their own symptoms, tracking their own medical data and even ordering their own lab tests.
...
"In the future, primary-care doctors could act more as expert consultants rather than paternalistic bosses to patients.""
Enquanto lá fora já é trivial comprar um teste da Quest Diagnostics, monitorizar o sono com um wearable, acompanhar o batimento cardíaco ao segundo ou até usar algoritmos de IA para prever sintomas antes de aparecerem, cá continuamos agarrados ao papelinho da prescrição médica, como se fosse um talismã contra o caos.

É claro que isto não está isento de riscos: diagnósticos mal interpretados, gadgets sem validação clínica, dados expostos a seguradoras e empresas de tecnologia. Mas também abre portas a algo impensável no nosso sistema: pacientes informados, autónomos, a colaborar com os médicos como parceiros — em vez de subalternos na sala de espera.

Por cá, ainda vamos fingindo que o modelo aguenta. Mas a verdade é que, entre listas de espera intermináveis, falta de médicos e doentes crónicos a multiplicarem-se, esta autonomia não será uma escolha — será uma inevitabilidade.

No fim, talvez também nós descubramos que o maior perigo não é o paciente assumir o controlo, mas sim insistir no contrário.

Até lá, vamos varrendo para debaixo do tapete. Afinal, como sempre, só nos mexemos quando o sistema colapsar.



segunda-feira, setembro 05, 2011

O sentido das prioridades

O bastonário da Ordem dos Médicos quer conjugar saque fiscal com catequese, vai daí quer taxar as batatas fritas, depois será a feijoada e sei lá que mais "Bastonário dos Médicos quer imposto para a fast food".
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Não há nada mais prioritário?
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Sei lá... talvez melhorar este desempenho "Estudo conclui que existe taxa de 11% de infecções nos hospitais portugueses e de 2,6 % na Europa", não?
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Nem de propósito, podiam aprender algo com a McDonald's... procurem nos arquivos, quando Correia de Campos foi ministro pela segunda vez, o primeiro discurso que fez no Porto, no Hospital de S. João (?) ao pessoal assentou numa mensagem "Lavem as mãos".