terça-feira, julho 24, 2007

O negócio, e os clientes-alvo dos políticos

Na última página do jornal Público de hoje, do artigo de opinião de Rui Tavares "O fim da quadratura do círculo (I)" ficou-me a ressoar na cabeça a frase "fazer um discurso para o povo das fábricas que fecham e outro para os empresários dinâmicos que de vez em quando fecham as fábricas."

Duas reflexões:

Primeira:
Se, como consultor, trabalhasse para um político, teria de o ajudar a concentrar o seu discurso, as suas acções e promessas num único propósito, ganhar eleições. O negócio dos políticos é ganhar eleições!

Para ganhar eleições, o político tem deconcentrar o seu discurso, acções, visibilidade, promessas nos clientes-alvo: os eleitores que poderão votar nele.

Quantos votos representam "o povo das fábricas" e os "empresários"?
Quem quer ganhar eleições não fala para esta gente a sério, porque sabe que são um segmento marginal, em termos numéricos.

O que é aterrador, é que para ganhar eleições, nos tempos que correm, é preciso, ou basta, seduzir reformados, funcionários públicos e quem vive à custa de contratos e rendas fornecidas pelo estado. Numericamente é suficiente!

Segunda:
Quem são "os empresários empresários dinâmicos que de vez em quando fecham as fábricas."?

Se descontarmos os gestores das multinacionais, que primeiro fecharam em França e na Alemanha, para abrir em Portugal, e que agora fecham para abrir na Bulgária, ou na Estónia... quantos empresários fecham de livre vontade a sua empresa? Quantos optam pelo encerramento como a medida mais fácil, como a primeira medida?

Até parece que o encerramento das empresas não é uma actividade dolorosa também, para os empresários!!!

Nas pequenas cidades deste país, o encerramento de uma empresa, mesmo podendo ser racionalmente a decisão correcta, é o último recurso... o falatório, a vergonha, o fracasso ainda é um factor importante a ter em conta.

domingo, julho 22, 2007

Chloe Agnew - Nella Fantasia

Do pó viemos, para o pó voltaremos... but in the meantime, os humanos podem criar o belo!

E agora... um pouco de cinismo

O que é que este senhor diria,
se tivesse de comentar uma notícia com este lead:


"Uma indústria europeia competitiva e sustentável a nível ambiental, aumento do emprego e apoio às pequenas e médias empresas (PME) foram objectivos definidos ontem, em Lisboa, pelos ministros da Economia da União Europeia." aqui.

Como conseguem conciliar competitividade com proteccionismo? Como conseguem conciliar apoio às PME's com apoio aos campeões nacionais? Como conseguem conciliar emprego para a vida com flexibilidade?


Esta linguagem de amanhãs que cantam, recorda-me estes tempos e paragens

Já agora com este som

Ainda sobre o vinho...

Extractos retirados da revista Harvard Business Review de Julho-Agosto de 2007, do artigo "The Making of an Expert" assinado por K. Anders Ericsson, Michael J. Prietula, e Edward T. Cokely:

"In 1976, a fascinating event referred to as the “Judgment of Paris” took place. An English-owned wineshop in Paris organized a blind tasting in which nine French wine experts rated French and California wines—ten whites and ten reds. The results shocked the wine world: California wines received the highest scores from the panel. Even more surprising, during the tasting the experts often mistook the American wines for French wines and vice versa."

"After the 1976 Judgment of Paris, for example, when California wines bested French wines in a blind tasting, the French wine “experts” argued that the results were an aberration and that the California reds in particular would never age as well as the famous French reds. (In 2006, the tasting of the reds was reenacted, and California came out on top again.) Had it not been for the objective results from the blind tastings, the French wine experts may never have been convinced of the quality of the American wines."

É tão fácil cavalgar a ignorância, cavalgar as ideias preconcebidas...

sábado, julho 21, 2007

Citando Deming


Keith Jarrett Solo Concert

Já tenho o CD do concerto de Colónia!!!

O impulso inovador

Este título "Sector eléctrico é pouco competitivo" levou-me aqui, onde se pode ler:
"De acordo com o Tribunal de Contas, há uma «baixa competitividade no mercado de electricidade», pode ler-se no documento, numa altura em que «persiste um domínio de empresas com ligações ao Estado».
«O mercado continua dominado pelos operadores históricos, nos quais o Estado detém interesses directos», acrescenta a mesma entidade.
O mercado da electricidade foi liberalizado em 2000, para os consumidores empresariais, e em Setembro de 2006, para os consumidores domésticos.

Apesar dessa liberalização, «subsistem entraves à entrada de novo comercializadores», acrescenta o tribunal referindo-se aos clientes de baixa tensão normal (empresas), não existindo na prática concorrentes à EDP."

Este cenário, casa bem com esta descrição ""(na Europa) As grandes empresas têm todas mais de 100 anos e não têm servido de rastilho a outras, o que inibe a inovação e, portanto, o crescimento", acrescenta. Uma visão "assustadora" e que "não se fica a dever a um acaso do destino".
Para o investigador, é a falta de mobilidade dos colaboradores, a ausência de políticas de incentivo ao empreendedorismo e o proteccionismo dos grandes gigantes instalados que têm minado o rejuvenescimento e produtividade do tecido empresarial na Europa. E são estes três factores que explicam, também, a ameaça dos países emergentes, terrenos férteis de inovação nos dias que correm."

Trecho retirado do caderno de Economia do Público de ontem, do artigo "Semear para multiplicar", assinado por Raquel Almeida Correia, sobre os investigadores David Housnshell, Ashish Arora e Steven Klepper

sexta-feira, julho 20, 2007

Amanhem-se

Num mercado aberto, numa economia capitalista, só há uma postura defensável:

Camilo Lourenço no Jornal de Negócios de ontem.

Saldos, promoções e o desvanecimento do poder da marca

A revista Harvard Business Review deste mês, traz um artigo de eleição, um artigo que devia ser lido pelos decisores de muitas empresas, “If Brands Are Built over Years, Why Are They Managed over Quarters”, assinado por Leonard Lodish e Carl Mela.

O artigo começa por um número surpreendente “From 2003 to 2005, global private-label market share grew a staggering 13%. Furthermore, price premiuns have eroded, and margins follow suit. Consumers are 50% more price sensitive than they were 25 years ago.”

Procurei sistematizar algumas conclusões dos autores no esquema que se segue:

Para realçar os ciclos presentes:
Assim, quem semeia ventos, colhe tempestades!

Fontes

quinta-feira, julho 19, 2007

Quando eu era criança...

Uma organização calcula mensalmente um indicador. Mês após mês, vai preenchendo uma tabela com os valores mensais.Essa tabela é usada para comparar os resultados e tomar decisões.
Que conclusões tirar da leitura desta tabela?
Que uns meses são melhores e outros são piores!

E se usarmos um gráfico que nos mostre a evolução ao longo do tempo?O gráfico mostra a evolução ao longo dos últimos 29 meses.

Que conclusões tirar da leitura deste gráfico?
Que uns meses são melhores que outros!

Já houve um tempo em que eu, criança, (como dizia S. Paulo):Ao passar do mês com o resultado A, para o mês com o resultado B, saudaria os meus colegas de reunião mensal como bestiais;
Ao passar do mês com o resultado C, para o mês com o resultado D, saudaria os meus colegas de reunião mensal como bestas.

E não satisfeito com isso, azucrinaria as suas cabeças, para que investigassem tudo e mais alguma coisa para explicar tão grave deterioração de desempenho.

Como referi neste postalAgora, um pouco mais adulto, já analiso os dados com muito mais método… com uma carta de controlo da amplitude móvel…… concluímos que temos, ao longo dos últimos 29 meses um sistema com uma variabilidade estável, em torno da amplitude móvel média.

Com uma carta de valores individuais…… concluímos que temos, ao longo dos últimos 29 meses um sistema com uma média estável e sob controlo. Ao passar de A para B nada aconteceu que não possa ser explicado pela variabilidade natural, tal como ao lançar um dado, o resultado tanto pode dar 1, como 6. Também ao passar de C para D, nada aconteceu…

Assim, ao usar uma carta de controlo abstraímo-nos do valor pontual do mês e olhamos para a voz do processo subjacente, está em controlo estatístico ou não?
Se não, o que é que anda a actuar sobre o processo? Vale a pena procurar, há algo a agir e a influenciar os resultados.
Se sim, só há uma forma de melhorar… mudar o processo, porque o que existe já está a dar o seu melhor.


quarta-feira, julho 18, 2007

The Flower Duet

Hoje, ontem e amanhã

O jornal Público de hoje inclui o artigo "Cotec pede mais apoios para a transferência de inovação para as empresas" assinado por Ana Fernandes.

No artigo pode ler-se este trecho "Uma das grandes diferenças entre a Europa e os EUA no que diz respeito à inovação é que na Europa fazem-se descobertas e depois tenta-se ver onde podem ser aplicadas. Os americanos avaliam as oportunidades e tentam dar resposta às necessidades do mercado" e este outro "algumas das preocupações dos empresários, que defendem que a Europa deveria dar mais prioridade à transferência de conhecimento para quem o utiliza."

Por que é que a Europa não é capaz de gerar ao mesmo ritmo que os EUA, pequenas empresas chamadas: Google; Microsoft; Yahoo; ...???

Enquanto não se responder a esta questão, tal como com o vinho, os protagonistas de hoje continuarão a defender as suas posições de ontem, e a minimizar o risco de construir o amanhã.

A propósito da afirmação do Presidente Cavaco Silva "sublinhou, no encerramento do encontro, a necessidade das empresas não ficarem "à espera da próxima crise do seu sector para então procurarem soluções que, num momento de inspiração, lhes resolvam os problemas de competitividade". " recomenda-se este postal.

O problema é que, quem pensa no futuro enquanto o hoje está a dar, tem, normalmente, razão antes do tempo.

Defender o ontem

A guerra em torno das propostas da Comissão Europeia sobre o vinho fizeram-me lembrar esta expressão de Peter Drucker:

A verdade é que a União Europeia gasta cada vez mais com a indústria de produção de vinho, e os europeus consomem cada vez mais vinho importado.

O cavalo do inglês

Logo agora, estava quase a aprender a viver sem comer e... morreu!!!

Uma economia a crescer a passo de caracol, o saque aos impostados a crescer a 10,5% ao semestre, e a despesa, ainda e sempre, a crescer a 3,9% ao semestre.

Qualquer dia encosta mesmo à base...

terça-feira, julho 17, 2007


IVA a 25%? Por que não a 60%?

Nos dias de hoje em Portugal, um pai que ame verdadeiramente os seus filhos, deve prepará-los, deve mentalizá-los, para fugirem deste país ASAP, sob pena de se transformarem em escravos que trabalham, só para pagar a reforma dos velhos que não tiveram filhos.

No jornal Público de hoje "Estudo considera "inevitável" nova mudança nas pensões", assinado por João Manuel Rocha.

Economia socialista

Este extracto do JN de hoje, do artigo "Livre plantação de vinhas ameaça as regiões demarcadas", assinado por Teresa Costa:
"... até agora, plantar vinha na União Europeia (UE) implica ter uma autorização, isto é, um direito. O produtor tem de ter área de vinha e o direito para a plantar. Atribuir mais direitos significa aumentar a área de vinha e, neste momento, há um desequilíbrio entre a oferta e a procura, situação que tem levado a UE a restringir a emissão de novos direitos. E, como há muito condicionamento, tem havido muita transacção de direitos, cujo valor varia, também, em função do potencial de cada região.

Com a liberalização dos direitos, Jorge Monteiro leva-nos a imaginar o cenário "O Douro ver-se-ia inundado, de um momento para o outro, de mais hectares de vinha. Sabendo que o Douro já é excedentário, isso ia criar um problema social profundo, na medida em que podem aparecer novos projectos de empresas organizadas, que iriam concorrer com explorações vitícolas de cariz familiar. Quem iria desaparecer? Os financeiramente mais frágeis, os mais pequenos"."
É uma autêntica Lei de Condicionamento Industrial...
Mas qual é o problema do Douro ver-se inundado de mais hectares de vinha?
E o pormenor "podem aparecer novos projectos de empresas organizadas, que iriam concorrer com explorações vitícolas de cariz familiar"... Acreditam estes senhores que o mercado de vinho do futuro será servido por explorações de cariz familiar? Acreditam que é esse tipo de exploração que suportará actividades como o marketing?
Por que é que estes senhores não deixam o mercado funcionar?
Pensava eu que a invasão da Alemanha por cidadãos húngaros em 1989 tinha acabado com este tipo de economia na Europa... que ingenuidade a minha!

segunda-feira, julho 16, 2007

Jongleurs

Uma das principais dificuldades com que me deparo nas organizações, ao facilitar projectos de transformação estratégica, é a quase incapacidade de muitos gestores para, qual jongleur, lidar em simultâneo com as exigências do curto-prazo e com os requisitos do futuro.


Assim, foi com uma sensação de "deja vu" que encontrei o livro "A empresa negligenciada" de Jorge A. Vasconcellos e Sá, de onde retirei o seguinte extracto:



"Ou seja, para além de gerir a empresa do presente, um gestor tem igualmente de gerir a empresa do futuro.

A vida de um gestor consiste pois em gerir duas empresas em simultâneo: a presente e a futura. Se ele se limitar a gerir a presente (e não a futura), a sua empresa em breve se tornará obsoleta por via da alteração das condições de mercado em que está inserida. Se ele gerir apenas a futura (e negligenciar a presente) a empresa nunca chegará a atingir esse futuro. Ficará pelo caminho.

Sendo assim, a competitividade de uma empresa depende de uma boa gestão de curto prazo (a empresa do presente) e da introdução de saltos qualitativos (a empresa do futuro).