quinta-feira, dezembro 26, 2024

Um equilíbrio difícil

Em Outubro passado escrevi aqui "Again: O contrário de uma estratégia é outra estratégia." sobre a situação da Nike.

Agora no WSJ de 20.12 em "Nike Takes Big Risk With Holiday Discounts" leio:

"During one of the busiest shopping weekends of the year, Nike was the only brand to have a 30% discount on most of its footwear at Macy's famous Herald Square location in New York City.

Nike is in a race for cash. Chief Executive Officer Elliott Hill said after he took over in October that his priority was clearing out the company's inventory. The company is slashing prices on its website so aggressively that it is not only risking its own holiday sales but also weighing on its retail partners.

The sneaker giant Thursday reported its third consecutive quarterly sales decline—a 9% drop in currency-neutral revenue from a year earlier. Its profit fell 10% in the quarter ended Nov. 30 from the year earlier period.

...

"It impacts perception of the product by the consumer, it impacts negatively the brand," JD Sports CEO Régis Schultz said in November about Nike's discounts."

Um equilíbrio difícil, conciliar o aumento do cash flow com o evitar da deterioração da percepção da marca, e com o restabelecimento de relações com os donos das prateleiras.

terça-feira, dezembro 24, 2024

Feliz Natal!!!


O Logos encarnou.

A importância da inovação e adaptabilidade

Na revista The Economist do passado dia 21.12 li o artigo "Can Lego remain the world's coolest toymaker?" 

"Over the past 20 years the company’s revenue has grown ten-fold, reaching DKr 66bn ($9.7bn) in 2023. A decade ago it became the world’s largest toymaker by revenue. Today its sales are greater than those of its two biggest rivals—Mattel, creator of Barbie, and Hasbro, maker of Nerf guns—combined

...

We need to stay relevant for kids and adults,” says Mr Christiansen. New sets keep coming; nearly half the products in its range in 2023 were released that year. The firm also makes more than 140 elaborate sets, some with thousands of pieces, for adult fans of Lego (AFOLs), who now account for one-fifth of sales [Moi ici: A inovação e a adaptabilidade são cruciais. As PME podem inspirar-se na capacidade da Lego para actualizar a sua linha de produtos e entrar em novos mercados]

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Competing with the online world for time is hard. [Moi ici: Interessante. Algo que falta em muitas empresas, estar atento aos não-concorrentes que são concorrentes e por vezes são os mais importantes] On average, American children aged 8-12 spend 4-6 hours a day watching screens of various types... That is why in 2022 Lego invested in a partnership with Epic Games, maker of 'Fortnite', to build 'engaging digital experiences for kids of all ages'

...

Family ownership allows Lego to take the long view, Mr Christiansen says. (A foundation owns a quarter of the firm; the Kristiansen family owns the rest.)" [Moi ici: O planeamento a longo prazo e a manutenção de uma identidade de marca clara podem ser vitais para o sucesso duradouro]

segunda-feira, dezembro 23, 2024

Curiosidade do dia

 
"Os números revelam que, até novembro, os 150 mil trabalhadores do SNS faltaram um total de 4,6 milhões de dias. Se anualizarmos este absentismo e lhe somarmos os 22 dias de férias a que têm direito, chegamos a um valor de 56 dias úteis por ano em que não trabalham. Ou seja, cerca de 11,2 semanas, ou mais de dois meses e meio. O abuso do sistema de proteção é por demais óbvio, sendo que se têm vindo a consolidar padrões que muito contribuem para uma espécie de fuga ao trabalho, especialmente grave no setor público.
É o caso das baixas online, em que seis dias de faltas estão simplesmente ao alcance de um clique no portal SNS24. Mas também da fisioterapia, que prescreve nunca menos de 20 sessões para curar a entorse do último jogo de futsal entre amigos, naturalmente para serem cumpridas em cima do horário de trabalho. Ou ainda o estranho fenómeno que faz com que, na Função Pública, todas as gravidezes sejam de alto risco, obrigando a futura mãe a ficar em casa não menos de seis meses antes do parto."

Se fosse só na saúde, conheço casos na educação que ... não percebo como os seguros são tão exigentes com os trabalhadores que sobem a postes de electricidade, e aceitam tudo o que uma administrativa quer na sequência de uma "queda" durante o horário do almoço e fora do local de trabalho.

Trecho retirado de "SNS: a crise invisível do absentismo" publicado no JN de 22.12. 

Chet Baker


Hoje há 95 anos nasceu este senhor que me tem feito companhia com frequência nos últimos tempos.

Máquinas italianas e indústria alemã

Mão amiga fez-me chegar este artigo, "Significant decline for the Italian machine tool industry in 2024". Primeiro alguns factos que se retiram do texto e depois uma reflexão-especulação.

A indústria italiana de fabricantes de máquinas teve um desempenho misto em 2024:

  • A produção global caiu 11,4%; 
  • O mercado interno encolheu drasticamente (as entregas caíram 33,5%, o consumo caiu 34,8%); 
  • As exportações atingiram níveis recorde (aumento de 6,3% para 4490 milhões de euros); 
  • Prevê-se uma recuperação modesta para 2025 - A produção deverá crescer 2,9%. As exportações deverão manter-se estáveis (+0,3%). O mercado interno deverá apresentar alguma melhoria (+8%).

Os principais mercados de exportação apresentam um desempenho variado:

  • Forte crescimento nos EUA (+17,8%) e Índia (+100%) 
  • Crescimento modesto na Alemanha (+12,3%) 
  • Descidas na China (-15,3%) e França (-9,3% ) 

É interessante que dois países com a economia em terreno negativo, Alemanha e França, tenham desempenhos tão diferentes. Por que é que os alemães estaráo a comprar máquinas italianas e não máquinas alemãs?

Especulemos!

Máquinas italianas:

  • Os fabricantes italianos destacam-se na criação de máquinas que podem ser customizadas às necessidades específicas dos clientes;
  • Forte foco no design e na ergonomia, tornando as máquinas mais fáceis de utilizar e esteticamente agradáveis;
  • Mais económicas, mantendo a boa qualidade;
  • Podem sacrificar alguma robustez pela versatilidade;
  • Geralmente mais fáceis de modificar após a compra.

Máquinas Alemãs:

  • Reconhecidas pela engenharia de precisão e fiabilidade;
  • Construídas com foco na longevidade e construção robusta;
  • Normalmente mais caras, mas com custos de manutenção mais baixos ao longo do tempo;
  • Geralmente mais rígidas na sua configuração, mas mais estáveis ​​no desempenho

Um ditado comum na indústria é que as máquinas italianas são como carros desportivos (inovadoras, elegantes, que exigem mais atenção, mas altamente capazes), enquanto as máquinas alemãs são como tanques (robustas, fiáveis, construídas para durar, mas menos flexíveis).

No entanto, estas são generalizações e os fabricantes individuais de ambos os países podem desviar-se significativamente destes padrões. 

Continuemos a especular:

Com a economia alemã em terreno negativo, as empresas alemãs estão provavelmente à procura de soluções mais económicas sem comprometer drasticamente a qualidade. As máquinas italianas oferecem esta combinação de custo-benefício.

A indústria alemã está a passar por um período de adaptação e modernização. As máquinas italianas, sendo mais personalizáveis e flexíveis, permitem às empresas alemãs:

  • Adaptarem-se mais rapidamente às mudanças do mercado;
  • Experimentarem novos processos de produção;
  • Implementarem modificações com menor investimento inicial.

domingo, dezembro 22, 2024

Curiosidade do dia

Recordo de Setembro passado o que escrevi sobre o fim da Tupperware.

Entretanto no JN do passado dia 21.12 li em "Tupperware fecha sem pagar indemnizações a trabalhadores":

"Empenhado em evitar este desfecho, Sérgio Oliveira, presidente do Município de Constancia, partilhou ontem, no Facebook, ter conhecimento que já tinha sido comunicado aos trabalhadores que a empresa ia encerrar a 8 de janeiro.

...

Desde que a multinacional norte-americana tornou público que ia entrar em falência, Sérgio Oliveira fez tudo o que estava ao seu alcance para tentar "salvar" a fábrica instalada no seu concelho e impedir que 200 pessoas ficassem sem emprego. Pediu esclarecimentos à unidade de produção, e solicitou a intervenção do Ministério da Economia junto da empresa nos Estados Unidos. Contactado pelo JN, para saber que respostas obteve, remeteu esclarecimentos para estas entidades.

...

"Estamos atentos e a seguir muito de perto a notícia do encerramento da fábrica da Tupperware. O Ministério da Economia está em contacto com a Câmara de Constância e em articulação com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, no sentido de apoiar estes trabalhadores". , esclareceu o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira. No entanto, não foi possível saber quais as diligências tomadas anteriormente, para tentar evitar o fecho da fábrica em Portugal."

Pensam o quê? Que a empresa fecha por capricho de uns maus? 

As patentes expiraram, o mercado foi inundado por concorrentes mais baratos e ecológicos, e as gerações mais novas começaram a olhar para o plástico como um vilão ambiental. Tudo isso enquanto os custos de matérias-primas, mão de obra e transporte dispararam após a pandemia. E, claro, aquele modelo de venda directa, que já foi revolucionário, hoje parece uma relíquia da década de 80.

Pergunto-me: e se, lá atrás, antes da tempestade, a Tupperware tivesse tomado um rumo diferente? A Lego, por exemplo, deu a volta ao texto com inovação e criatividade. Podiam ter apostado em designs mais modernos, colecções exclusivas, ou até parcerias com chefs, influenciadores de sustentabilidade e designers de interiores. Podiam ter reinventado a roda – ou, neste caso, o recipiente.

Mas não. A história seguiu outro rumo. Agora o que temos? 200 pessoas em Constância a tentar entender o que aconteceu, e um presidente da câmara a remeter respostas para outras entidades. Parece que, no final, não foi o capricho de uns maus. Foi o descuido de muitos e a inevitabilidade de um mercado que não perdoa quem não muda.

Estratégia e Jogos

"There are Games in Every Strategy 
A game has the following elements: players, rules, scarcity, choices, [Moi ici: ] feedback loops, and outcomes.
...
  • You don't have to enjoy the game for it to be a game.
  • You're playing a game whether you realize it or not, and seeing the game helps you play it better. [Moi ici: Reconhecer que estamos num jogo dá-nos uma vantagem estratégica, pois conseguimos compreender os padrões, optimizar as nossas acções e antecipar os movimentos dos outros. Para isso, é extremamente importante ter autoconsciência e fazer uma análise crítica. Só ao percebermos o "tabuleiro" é que podemos evitar agir às cegas ou tornarmo-nos peões controlados por terceiros
  • The outcome of a game often has little to do with how much you want to win.
  • Everyone playing the game sees it differently. Some games are easy to quit, other games are forever.
  • Not all players follow the same rules or have the same goals, even when playing the same game.
  • No game stays the same for long, because playing the game changes the game. [Moi ici: Num jogo, cada jogada altera as condições do tabuleiro, mudando as possibilidades para todos os participantes. Recordar o espaço de Minkowsky. No mundo real, as nossas acções influenciam as circunstâncias e criam novas dinâmicas. Por exemplo, no mercado de trabalho, uma estratégia de sucesso pode tornar-se obsoleta se muitos a adoptarem. Esta reflexão lembra-nos que devemos estar sempre atentos às mudanças e não nos acomodarmos a estratégias antigas, porque o próprio acto de jogar transforma o jogo
  • Short-term gains can lead to long-term losses, and vice versa.
  • Sometimes the best way to win is to help others succeed. [Moi ici: É um ponto poderoso que desafia a visão tradicional de competição pura. Em muitos "jogos" da vida, a colaboração e o apoio mútuo criam cenários vantajosos para todos. Em sistemas interdependentes (como organizações, equipas ou redes sociais), ajudar os outros pode construir alianças, confiança e reciprocidade, que acabam por beneficiar o próprio jogador. Esta ideia reflecte estratégias de longo prazo baseadas na cooperação e na empatia, em vez de um foco limitado em ganhos imediatos
  • Large games are made of smaller games, all the way down.
  • Most games are not fair, and some games cannot be won.
  • The most valuable skills in one game may be useless in another.
  • Some games become easier as you win, others more difficult.
  • You don't always have to play the game you're offered.[Moi ici: Esta reflexão sugere a possibilidade de recusar ou redefinir as condições impostas por um sistema ou contexto. Frequentemente, somos convidados a participar em "jogos" que não são vantajosos, éticos ou alinhados com os nossos objectivos e valores. A metáfora encoraja-nos a avaliar as opções e, se necessário, a criar as nossas próprias regras, mudar de cenário ou adoptar uma abordagem completamente nova. É um lembrete da nossa autonomia e da necessidade de questionar pressupostos
  • Multiplayer games sometimes conceal themselves as two-player games.
  • We often spend more time figuring out how to win the game we're in instead of choosing which game to play in the first place." [Moi ici: Concentramo-nos em vencer dentro de um sistema sem avaliarmos se é o sistema certo para nós. A metáfora sugere que podemos gastar energia em "jogos" que não maximizam o nosso potencial ou não estão alinhados com os nossos objectivos de longo prazo. Escolher o jogo certo pode ser mais importante do que vencer qualquer jogo específico, porque isto alinha as nossas acções com os nossos valores e ambições mais profundas

Trechos retirados do último livro de Seth Godin, "This Is Strategy". 


sábado, dezembro 21, 2024

Curiosidade do dia

"Os nossos dirigentes não jogam no jogo do mundo, jogam apenas no jogo dos fundos estruturais."

Efectivamente desde a adesão à CEE, Portugal tem recebido avultados recursos financeiros destinados a fomentar a modernização e o progresso económico. No entanto, em vez de servir como uma base para construir um modelo sustentável e inovador, esses fundos têm frequentemente sido utilizados como um fim em si mesmo, orientados para cumprir metas de curto prazo e favorecer obras visíveis, sem necessariamente transformar de forma estrutural a economia do país. 

A frase é tão certeira que até dói.

Portugal é como aquele aluno que, em vez de estudar e dominar a matéria, depende da generosidade do colega europeu para passar o exame, mas nunca aprende a resolver os problemas por si mesmo.

Frase inicial retirada do jornal Público de hoje no âmbito de uma entrevista com José Manuel Félix Ribeiro.

Epifanias e avestruzes

"Armindo Monteiro, presidente da Confederação Empresarial de Portugal, assume também preocupação, antecipando que o cenário possa agravar-se "não só em Portugal, como na Europa". E reforça: "Portugal especializou-se durante muito tempo em baixo custo, e isso deixou de ser competitivo. Precisamos de começar a competir em nichos de mercado de valor acrescentado, com inovação, produtividade e competitividade, e muitas empresas não estão a conseguir fazer esse caminho."

Ah, uma brilhante epifania! 

Após décadas a surfar a onda dos baixos custos, descobrimos agora que... surpresa! - já não somos competitivos. E a solução proposta? "Vamos para os nichos de valor acrescentado!" Como se fosse tão simples quanto mudar o menu de um restaurante.

Senhor presidente, produzir para nichos não é como trocar de gravata. Não basta dizer às fábricas customizadas para o volume: "A partir de segunda-feira, somos premium!" 

Uma fábrica, uma empresa desenhada para custos baixos e grandes volumes é como um petroleiro - não é fácil fazê-la comportar-se como, transformar-se, num iate de luxo.

Os nichos premium exigem:

- Fábricas que respirem flexibilidade, não linhas rígidas de produção em massa.

- Trabalhadores formados para pensar, não para repetir.

- Redes de fornecedores de alta precisão, não os mais baratos.

- Canais de distribuição especializados que conhecem o cliente final.

- Marketing que vende valor, não preço.

- I&D que inova, não que copia.

É como tentar transformar um McDonalds num restaurante estrela Michelin. Não basta mudar o menu e subir os preços - é preciso mudar tudo, desde os fornecedores até à formação dos colaboradores.

Tenho a certeza que uma declaração assertiva de uma confederação empresarial vai magicamente transformar décadas de cultura industrial e práticas empresariais. Afinal, o que é que poderia dar errado?

Este é o equivalente industrial a descobrir que devíamos ter começado a poupar para a reforma... aos 64 anos. Um pouco tarde, não? 

Por isso é que em 2007 roubei esta citação a Maliranta:

"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high-skilled."Mas, e como isto é profundo: "In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.

"Do lado sindical, o discurso é contido. A palavra de ordem é "evitar o dramatismo, porque trabalhadores com medo estão menos dispostos a lutar", vinca um dirigente sindical, pedindo para não ser identificado."
Ah, que magnífica demonstração de "liderança sindical"! Temos aqui a versão sindical da avestruz - enterremos a cabeça na areia e fingimos que o predador não está lá.


"Evitar o dramatismo" - porque aparentemente a realidade não é dramática o suficiente por si só. As fábricas fecham, os postos de trabalho desaparecem, mas shhh... não vamos falar disso. Afinal, para quê informar os trabalhadores da realidade completa? Pobrezinhos, podem ficar assustados...

É uma posição paternalista absolutamente brilhante: vamos proteger os trabalhadores da verdade para que possam "lutar" melhor. Porque toda a gente sabe que as melhores decisões são tomadas com base em informação incompleta, não é?

E a cereja no topo do bolo? O dirigente sindical que não quer ser identificado. Nada diz "estamos prontos para lutar" como um líder que prefere o anonimato ao discutir a sua própria estratégia de comunicação.

Trechos retirados do artigo "Automóvel e têxtil cortam postos de trabalho" publicado no Caderno de Economia do semanário Expresso do passado dia 20.12.

sexta-feira, dezembro 20, 2024

Curiosidade do dia

No JN do passado dia 18.12:



Produtividades: europeia versus americana

No WSJ do passado dia 17.12 este texto "Why the U.S. Is Trouncing Europe" com um tema interessante e de esfregar na cara aos adeptos da caridadezinha:

O velho tema da "caridadezinha" aqui no blogue. Recordo:

Primeiro os ingredientes:
 
"Economists never cite one of the most significant statistics about the U.S. economy. According to data released last week by the Organization for Economic Cooperation and Development, only about 12% of Americans score at the highest levels on internationally administered academic tests, while 34% score at the lowest levels - nearly three low scorers for every high scorer. Germany's figures are nearly even: 18% score at the highest levels and 20% at the lowest. Put another way, Germany's ratio of high to low scorers is almost three times America's. Scandinavia's is five times; Japan's, seven.
These enormous differences have profound economic implications.
...
Yet America excels relative to Europe despite these enormous differences. While Europe has created 14 companies worth more than $10 billion in the past 50 years, with about $400 billion of market value in total, Americans have created nearly 250 such companies, worth $30 trillion. That success has driven up America's middle-class incomes. The median disposable U.S. household income, according to the OECD, is now 25% greater than the median German household and 60% greater than the median household in Italy.
...
The belief that taxing success more heavily will scarcely slow inevitable progress ignores the importance of being first to market and founding successful companies in America rather than the rest of the world, the enormous difference in the training and expected payoffs for successful risk-taking that it creates for America's talented workers, and the motivational effect higher expected payoffs for successful risk-taking have on our talented workers."
Se os economistas europeus realmente acreditam que o "Relatório Draghi" será a varinha mágica que tornará a Europa mais rica que os Estados Unidos, talvez estejam a subestimar a essência do sucesso americano: uma mistura de inovação à solta, tolerância face ao fracasso e uma boa dose de audácia que transforma ideias malucas em empresas bilionárias. Enquanto a Europa redige relatórios de 300 páginas, os americanos já lançaram três startups e uma criptomoeda. Portanto, se o plano europeu é ultrapassar os EUA apenas com novas regulamentações e ajustes fiscais, talvez seja melhor preparar um "Relatório Draghi 2.0" - desta vez com capítulos sobre como adoptar uma mentalidade mais empreendedora, com um anexo explicando como transformar burocratas em visionários e professores de economia em investidores de capital de risco. Afinal, quem sabe? Se o próximo relatório tiver menos fórmulas e mais fé no imprevisível, talvez a Europa tenha sua chance.

quinta-feira, dezembro 19, 2024

Curiosidade do dia

"Argentina emerged from a severe recession in the third quarter, marking a milestone for libertarian president Javier Milei's bid to end the country's longrunning economic crisis.

GDP expanded 3.9 per cent from July to September in seasonal-adjusted terms compared with the previous quarter, marking Argentina's first quarter of growth since it entered recession in late 2023, the country's statistics agency said on Monday.

...

While JPMorgan said it expected Argentina's economy to contract by 3 per cent this year, it is projecting 5.2 per cent growth in 2025. That would only return per-capita GDP to the level of 2021, however, when the economy was emerging from the pandemic.

The expansion was driven by a rebound in consumer spending and capital investment from a sharp decline earlier this year, and continued strong growth in agriculture and mining exports. Manufacturing and construction remain deeply depressed."

Trechos retirados de "Argentina's economy exits recession in milestone for Javier Milei

"This is strategy"

O último livro de Seth Godin, "This Is Strategy" começa da seguinte forma:

Who will we become, [Moi ici: "Who ... we" É acerca de nós, da nossa organização. "Will ... become" é acerca de transição, de mudança, de transformação, de aspiração para o futuro]

who will we be of service to, [Moi ici: "of service to" As organizações existem para servir outros. Quem são esses outros? E esses outros não podem, não devem ser um substantivo colectivo genérico, indefenido, devemos ser claros sobre quem são e quem não são]

and who will they help others to become [Moi ici: A ideia de ecossistema, de constelação de partes interessadas. Ir para além da simples relação diádica. Criar relações ganhar-ganhar-ganhar]

This is strategy.

A strategy isn’t a map—it’s a compass. [Moi ici: Uma estratégia não é um mapa com um caminho fixo, é uma bússola que aponta a direcção. O mapa limita; a bússola guia. O mundo muda, os obstáculos aparecem, e os planos rígidos ficam obsoletos. Com uma bússola, ajustamos a rota sem perder o norte. Estratégia é flexibilidade com propósito] Strategy is a better plan.

It’s the hard work of choosing what to do today to make tomorrow better. [Moi ici: "choosing" Escolher implica renunciar; ao decidir por um caminho, fechamos portas para outras possibilidades. E isso custa muito, e isso para muitos é impossível. "to make tomorrow betterInvestir hoje é arriscar; mesmo com esforço, o futuro permanece incerto devido a factores fora do nosso controlo. A escolha consciente requer coragem porque é uma aposta no potencial do amanhã, mesmo diante das dúvidas do presente, e das incertezas do caminho.]

This is the point. This is at the heart of our work and the challenge of our days.

Toward better.”

quarta-feira, dezembro 18, 2024

Curiosidade do dia

Roger Martin em "Educating Extremists" avança com uma teoria sobre como a educação formal, especialmente nas instituições de elite, tende a formar extremistas ao ensinar que há respostas certas e erradas absolutas, ignorando a complexidade e a incerteza do mundo humano.

"The modern formal education system is obsessed with science because science has advanced the world in many important and valuable ways. Science, in turn, is obsessed with the truth - determining what is the right answer so that we can declare anything other than that answer to be wrong, and act on what is right.

But, as I have written about before in Harvard Business Review and in this series, the father of science, Greek philosopher Aristotle, issued a warning about use of the method he created. By his description, his scientific method is only good for the part of the world where things cannot be other than they are. These are primarily the physical parts of the world where a set of laws govern always and everywhere.
...
But that part is a small chunk of the world. The other part of the world, according to Aristotle, is the one in which things can be other than they are. That is the world of business, economics, politics — and pretty much every field that involves human being interacting with one another.
...
Modern educators, because of their science obsession, ignore Aristotle’s warning and teach ever more subjects as having right/true answers versus wrong/false ones. This pushes students toward becoming extremists. Students feel compelled to get to the right answer — and then declare all other answers to be wrong. And others holding one of those wrong answers become seen in their eyes as either ill-informed (i.e. stupid) or ill-intentioned (i.e. evil)."

E remata com:

"The elite education system produces an accentuated version of this phenomenon. It enrolls the extreme right tail of the general intelligence (G) distribution and convinces its members that their super-high intelligence combined with their elite education makes them totally right beyond a shadow of a doubt. They are so smart and so well educated that when they arrive at an answer, it must be right." 

 

Não alimentem zombies...


 Ontem no JdN, "Um quarto das empresas está em falência técnica":

"Das mais de 500 mil sociedades em Portugal, mais de 25% têm capital próprio negativo. PME são as que mais pesam no valor negativo global. Baixo nível de autonomia financeira agrava riscos associados à descapitalização das empresas."

Deixem as empresas morrer! Não alimentem zombies porque eles acabam por infectar quem os alimenta. 

terça-feira, dezembro 17, 2024

Curiosidade do dia

"A Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenelac) antevê que o preço do leite ao consumidor possa continuar a subir em 2025, fruto do agravamento dos custos de produção. Já a CAP lamenta que o consumidor pague mais, sem que haja compensação ao produtor. "O problema do leite é um bocadinho como o petróleo. Os produtores estão a reagir ao contrário do que deviam. O preço desce e eles tentam fornecer mais para compensar a descida. Se fizessem como a OPEP, baixavam a produção e o preço voltava a subir", defende Luís Mira, que aponta o ano quente e a falta de forragens de qualidade como justificação para uma menor produção de leite em Portugal."

Quando se está no negócio de uma commodity:

  • ou se procura fugir desse negócio apostando numa marca, criando uma diferenciação válida aos olhos dos clientes/consumidores de um nicho;
  • ou se assume que se está num negócio do custo mais baixo e a forma de baixar custos unitários é aumentar o volume produzido mais rápido que os concorrentes.
Os sócios da Fenelac podem baixar a produção e ver o que acontece quando não se tem um cartel e não se é dono das prateleiras.


Trecho inicial retirado do DN em "Ano quente e falta de forragens fazem cair a produção de leite"

Vamos ver qual das opiniões envelhece melhor.


O número desta semana da revista The Economist traz vários artigos a louvar o desempenho da economia espanhola. Por exemplo, "Spanish lessons".

Eu faço uma leitura negativa da evolução da economia espanhola, mas claro eu sou um anónimo da província.

Vamos ver qual das opiniões envelhece melhor.

Marquei na agenda para em 14.06.2025 rever este postal.

A vida económica é assim

Há dias deparei com este artigo no FT, "Dyson is right to fight for British strawberries." Entretanto também encontrei uma referência ao tema em "Dyson's vision after vacuum cleaners: the great British strawberry."

Considero o tema super interessante porque tem tudo a ver com pensamento estratégico. Além disso, porque ainda está em curso, é impossível saber à priori se a coisa vai resultar ou não. Tem um risco semelhante ao da Raporal algo que é referido logo na parte inicial do texto do FT:

"Fruits are mostly sold by weight or under supermarket brands in the UK, with the growers appearing on packaging in small print at best. If they look good and taste sweet, that is enough for most shoppers.

...

This investment will only pay off if consumers accept that it is worth paying more for a punnet of Dyson strawberries than for the imported berries from Spain or Morocco that typically fill supermarkets in winter. They need to taste good and have their British provenance recognised and valued.

Dyson is making some progress with branding. His strawberries were at first sold by J Sainsbury and Marks and Spencer under their own premium labels but the Dyson name is becoming more prominent. The latest M&S packaging features a Union Flag and the Dyson Farming brand.

...

If the UK's largest farmer cannot make his fruit fetch a premium, it bodes ill for others."

É claro que é preciso algum volume para suportar os custos, mas creio que a proposta de valor da Dyson não pode considerar o que se segue o problema Recordar os casos da Rapidus e da Marvell:

"Perhaps Dyson should be intimidated by the scale of the challenge. His Lincolnshire farm grows 1,200 tonnes of strawberries a year; a tiny figure compared with the 150,000 tonnes of berries produced by Agroberries in 30 countries, let alone Driscoll's mighty network."

Os desafios são antes:

  • Será que um número suficiente de consumidores estará disponível para pagar um preço premium por morangos criados no Reino Unido? Até onde vai a sensibilidade ao preço face ao tema do ambiente e da origem?
  • Será que a vertente ambiental da produção será um factor reconhecido poelos consumidores-alvo?
  • Será que a Dyson conseguirá desenhar um modelo de negócio sustentável?
  • Será que a Dyson conseguirá sobreviver ao poder das cadeias de distribuição? Sem marca forte, no way! Será que vai ser possível criar um cenário win-win-win? (Dyson - donos das prateleiras - consumidores-alvo)
  • Como vão reagir os concorrentes do low-cost?

Toda uma série de variáveis que a Dyson ou não controla ou apenas pode tentar influenciar. A vida económica é assim.