Recordo de Setembro passado o que escrevi sobre o fim da Tupperware.
Entretanto no JN do passado dia 21.12 li em "Tupperware fecha sem pagar indemnizações a trabalhadores":
"Empenhado em evitar este desfecho, Sérgio Oliveira, presidente do Município de Constancia, partilhou ontem, no Facebook, ter conhecimento que já tinha sido comunicado aos trabalhadores que a empresa ia encerrar a 8 de janeiro.
...
Desde que a multinacional norte-americana tornou público que ia entrar em falência, Sérgio Oliveira fez tudo o que estava ao seu alcance para tentar "salvar" a fábrica instalada no seu concelho e impedir que 200 pessoas ficassem sem emprego. Pediu esclarecimentos à unidade de produção, e solicitou a intervenção do Ministério da Economia junto da empresa nos Estados Unidos. Contactado pelo JN, para saber que respostas obteve, remeteu esclarecimentos para estas entidades.
...
"Estamos atentos e a seguir muito de perto a notícia do encerramento da fábrica da Tupperware. O Ministério da Economia está em contacto com a Câmara de Constância e em articulação com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, no sentido de apoiar estes trabalhadores". , esclareceu o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira. No entanto, não foi possível saber quais as diligências tomadas anteriormente, para tentar evitar o fecho da fábrica em Portugal."
Pensam o quê? Que a empresa fecha por capricho de uns maus?
As patentes expiraram, o mercado foi inundado por concorrentes mais baratos e ecológicos, e as gerações mais novas começaram a olhar para o plástico como um vilão ambiental. Tudo isso enquanto os custos de matérias-primas, mão de obra e transporte dispararam após a pandemia. E, claro, aquele modelo de venda directa, que já foi revolucionário, hoje parece uma relíquia da década de 80.
Pergunto-me: e se, lá atrás, antes da tempestade, a Tupperware tivesse tomado um rumo diferente? A Lego, por exemplo, deu a volta ao texto com inovação e criatividade. Podiam ter apostado em designs mais modernos, colecções exclusivas, ou até parcerias com chefs, influenciadores de sustentabilidade e designers de interiores. Podiam ter reinventado a roda – ou, neste caso, o recipiente.
Mas não. A história seguiu outro rumo. Agora o que temos? 200 pessoas em Constância a tentar entender o que aconteceu, e um presidente da câmara a remeter respostas para outras entidades. Parece que, no final, não foi o capricho de uns maus. Foi o descuido de muitos e a inevitabilidade de um mercado que não perdoa quem não muda.
Sem comentários:
Enviar um comentário