sábado, julho 08, 2017

Curiosidade do dia

"A propósito de Espanha, é revelador que, apesar dos divertidos esforços dos “jornalistas” de cá para os calar, sejam sobretudo os jornais de lá a contar-nos o que o “estrangeiro” vê quando olha para aqui. Vê uma anedota perigosa, um manicómio em auto-gestão, uma experiência do Terceiro Mundo às portas da Europa. E, naturalmente, assusta-se."
Trecho retirado de "Uma experiência do Terceiro Mundo"

O século XX continua por cá (parte II)

Parte I.

Na parte I criticamos esta visão que consideramos ultrapassada ou simplista, "Porque somos pouco produtivos? Ter empresas pequenas não ajuda".

Do texto "Dissertação de Mestrado em Gestão de Serviços, Indústria Portuguesa de Calçado: Alteração do Modelo de Negócio para as PME’s" de David João da Silva Catanho, de Setembro 2014 retirei os seguintes elementos:
Do texto "A Entrada da China na OMC- Ameaça ou Oportunidade: O caso da Indústria Têxtil e de Vestuário no Norte de Portugal" de Eva Patrícia Fernandes Soares, de Outubro de 2012 retirei esta tabela:
Recomendo a observação atenta da última linha da tabela, qual a evolução das empresas grandes do sector ITV depois da entrada da China no mercado mundial.

Os académicos continuam a enquadrar o mundo sem considerar o impacte da entrada da China no tabuleiro... impressionante.

Recordar "3 momentos na evolução do sector do calçado":




Reconfiguração

Lembrei-me logo de um projecto do Victor que agora está de férias:
"Some technologies are truly revolutionary. ... But they take time to reshape the economic systems around us — much more time than you might expect. No discovery fits that description more aptly than electricity, barely comprehended at the beginning of the 19th century but harnessed and commodified by its end.
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Usable light bulbs had appeared in the late 1870s, courtesy of Thomas Edison and Joseph Swan. In 1881, Edison built electricity-generating stations in New York and London and he began selling electricity as a commodity within a year. The first electric motors were used to drive manufacturing machinery a year after that.
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Yet the history of electricity in manufacturing poses a puzzle. Poised to take off in the late 1800s, electricity flopped as a source of mechanical power with almost no impact at all on 19th-century manufacturing. By 1900, electric motors were providing less than 5 per cent of mechanical drive power in American factories. Despite the best efforts of Edison, Nikola Tesla and George Westinghouse, manufacturing was still in the age of steam.
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Productivity finally surged in US manufacturing only in the 1920s. The reason for the 30-year delay? The new electric motors only worked well when everything else changed too. Steam-powered factories had delivered power through awe-inspiring driveshafts, secondary shafts, belts, belt towers, and thousands of drip-oilers. The early efforts to introduce electricity merely replaced the single huge engine with a similarly large electric motor. Results were disappointing.
...
As the economic historian Paul David has argued, electricity triumphed only when factories themselves were reconfigured. The driveshafts were replaced by wires, the huge steam engine by dozens of small motors. Factories spread out, there was natural light. Stripped of the driveshafts, the ceilings could be used to support pulleys and cranes. Workers had responsibility for their own machines; they needed better training and better pay. The electric motor was a wonderful invention, once we changed all the everyday details that surrounded it.
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David suggested in 1990 that what was true of electric motors might also prove true of computers: that we had yet to see the full economic benefits because we had yet to work out how to reshape our economy to take advantage of them."

Números ilustram a obsolescência dos que influenciam o mainstream

Ainda ontem usei aqui esta frase de Napoleão:
Também posso recordar Max Planck:
"Uma nova verdade científica não triunfa convencendo seus oponentes e fazendo-os ver a luz, mas porque seus oponentes finalmente morrem e uma nova geração  que está familiarizada com ela cresce" (Moi ici: Mas Max Planck esqueceu-se da linha de montagem que os oponentes comandam nas escolas).
Isto a propósito de Paes Mamede e do seu modelo mental em "um atestado de desconhecimento da realidade":
"Como é que se resolve o desafio das exportações?
Baixam-se os preços e os salários"
Consultemos agora este texto "Dissertação de Mestrado em Gestão de Serviços, Indústria Portuguesa de Calçado: Alteração do Modelo de Negócio para as PME’s" de David João da Silva Catanho, de Setembro 2014.
"entre 1974 e 1994
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O PUM (Preço unitário médio de par de calçado) do par de calçado produzido passa, a preços correntes, de €0,82 para €14,88
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Ao comparar o PUM exportado, €14,36, com o PUM importado, €15,95, verifica- se que Portugal importava calçado a um preço mais elevado ao que exportava, diferença essa que se traduz num diferencial de, sensivelmente, 11%."
Foi neste mundo que Paes Mamede e os professores que o formataram foi criado, o mundo do século XX, o mundo de onde muitos ainda não sairam. Era neste mundo que a afirmação de Paes Mamede em Outubro de 2015 fazia sentido.
"entre 1994 e 2012
...
O PUM do par de calçado produzido passa de €14,88 para €24,23, o que em termos reais, face à variação do IPC no período, corresponde a uma apreciação de 2%;
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O PUM do par de calçado importado passa de €15,96 para €8,54 apresentando, assim, uma redução real, com base na variação do IPC neste período, de 66%;"
E é isto por todo o lado, gente em lugar de poder e influência continua a olhar o mundo e a influenciar os seus receptores, quase todos acríticos e encarando os académicos como inquestionáveis, com base em formatos obsoletos

Para reflexão



Tudo é passageiro, nada é eterno.

A menos que protegidas pelos governos com leis e regulamentos.

sexta-feira, julho 07, 2017

Curiosidade do dia

"Muito crítico da classe política em geral, Medina Carreira era sempre cáustico em relação ao modo de vida dos portugueses. “É legítimo que uma sociedade diga: 'quero ser pobre, não estou para me chatear, gosto de pontes, de praia, de sol e de sardinha assada'. O que não é inteligente é dizer que, depois disto, queremos viver como os suecos ou como os alemães”."
Trecho retirado de "Medina Carreira (1931-2017): Ser pobre ou viver como suecos ou alemães"

Longe vai o monolitismo do século XX

Ao ler "Teodora Cardoso defende criação de Conselho para a Produtividade" como não pensar na crença na homogeneidade sectorial?

Como não pensar na enorme dispersão da produtividade intrasectorial?
"o tema da distribuição de produtividades, o tema de se encontrar mais variabilidade no desempenho entre empresas do mesmo sector económico do que entre empresas de diferentes sectores económicos. A variabilidade intersectorial é menor que a variabilidade intrasectorial."(fonte)
Acerca das crenças do século XX:
""Em 2016, o Conselho Europeu aprovou uma recomendação sobre o estabelecimento de conselhos nacionais de produtividade, encarregados, nomeadamente, de "analisar de modo independente os desafios estratégicos no domínio da produtividade e da competitividade""
Este anónimo engenheiro da província não acredita nestes conselhos nacionais. O século XXI é uma paisagem competitiva com muitos picos, longe vai o monolitismo do século XX:
Depois há aquela provocação finlandesa que há quase 10 anos aprece na coluna das citações:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
Querer aumentar a produtividade a sério de um país passa por deixar morrer as empresas menos produtivas sem apelo nem agravo.

Causa e o efeito

O carrossel da economia a funcionar.

Turismo baseado no alojamento local a conseguir a revolução há muito pedida mas nunca concretizada porque pensada top-down. Agora, com uma actuação bottom-up vemos as consequências a disseminarem-se:
"De acordo com o inquérito de maio, realizado pela AICCOPN aos empresários que operam no segmento da Reabilitação Urbana, verifica-se um forte aumento do nível de atividade de 22,6%, em termos homólogos trimestrais."

O século XX continua por cá

Hoje, numa acção de formação vou usar esta imagem:

Tem tudo a ver com a mentalidade e os modelos de desenvolvimento que existiam no século XX e que explicam este racional: "Porque somos pouco produtivos? Ter empresas pequenas não ajuda".

A mesma treta da Junqueira. Gente bem intencionada mas formatada em Magnitograd:

quinta-feira, julho 06, 2017

"China is no longer the cheap labor haven it once was"

"China is no longer the cheap labor haven it once was. Monthly manufacturing wages reached 4,126 yuan at the end of 2015, equal to those in Brazil but much higher than Mexico, Thailand, Malaysia, Vietnam, and India."
Trecho retirado de "China Robots Displace Workers as Wage Spiral Pressures Profits"

Começar por problemas

"1. Start with specific problems that demand novel solutions. Every day, thousands of entrepreneurs pitch their startups to venture capitalists. Almost always, the first question the entrepreneurs hear is: “What problem does your new business idea solve?” This is because venture capitalists know that all innovations are born as a novel solution to an important problem. But this is true for big companies, too."
Ainda ontem visitei duas empresas. Cada uma com os seus exemplos de expansão da actividade baseados em pedidos iniciais de clientes que precisavam de respostas fora da caixa.

Trecho retirado de "Strategy Talk: How Can I Make My Company More Innovative?"

As estratégias são sempre transitórias

"The lesson for strategists is that you can never take for granted the most fundamental strategy questions: “What business should you be in?” “What should be your value proposition?” And “What capabilities do you need to win in your business and deliver your value proposition?” Answering these questions is never as easy as it seems, and the answers never last as long as you think or hope."
Trecho retirado de "Lessons from the Strategy Crisis at Netflix"

Discipline: experiment and prune

"S+B: How can companies identify their best growth prospects?
YU: It’s critical for organizations to experiment. If they don’t, sooner or later they will run into a crisis. They’ll end up having to bet the house money on a single initiative. Some people would call that a burning platform, and sometimes it works out. But oftentimes it doesn’t.
Instead, companies should focus on experimentation, and then see which idea ultimately generates a big win. This demands that the organization have the ability to form new business units along the way, because when we’re talking about commercializing disruption, the last thing you want is to ask your mainstream business to try a radical idea.
At the same time, you need to have the discipline to prune. When you experiment, there will be failures along the way, and large, complex organizations often find it difficult to let go of projects. Politically, it’s very hard for executives to declare failure and walk away. Projects drag on, consuming resources. But if an organization truly embraces the spirit of experimentation, the implication is that executives have to call a all a failure early enough to cut their losses. And that requires a cultural shift."
Trecho retirado de "Howard Yu Disrupts Disruptive Innovation"

quarta-feira, julho 05, 2017

Curiosidade do dia

"Do you send your children to the least demanding school you can find? Of course not. What kind of parent are you? You know that they need to measure up to a high standard in school if they are to do well in life. "
Depois de ler isto, apanhei isto: "ESCOLAS PODEM PASSAR ALUNOS COM SETE NEGATIVAS, DIZ GOVERNO"

Produzir carne para canhão, carne para uso e abuso das supostas "elites".

Trecho retirado de "The Red Queen"

Uma chamada de atenção

Uma chamada de atenção, um convite à reflexão a todos nós que já tivemos oportunidade de usar e abusar de escalas Likert nas avaliações da satisfação dos clientes em "The Illusion of Measuring What Customers Want".

Acerca dos processos




Umas tabelas interessantes que sistematizam informação relevante.

Tabela retirada de "The Processes of Organization and Management"

Subir na escala de valor

Uma catadupa de exemplos positivos de subida na escala de valor no Porto em "Why Porto is Portugal's new design powerhaus".

Sublinho sobretudo a linguagem e a mentalidade positiva tão diferente da linguagem dos novos-velhos.

terça-feira, julho 04, 2017

Curiosidade do dia

Cada um é livre de fazer férias onde muito bem entender e ninguém tem nada com isso ponto.

No entanto, estranho que o líder de uma estrutura que faz esta propaganda:


Opte por passar férias em Palma de Maiorca.

Razão tem Nassim Taleb:
"Beware of the person who gives advice, telling you that a certain action on your part is “good for you” while it is also good for him, while the harm to you doesn’t directly affect him.
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Of course such advice is usually unsolicited. The asymmetry is when the said advice applies to you but not to him –he may be selling you something, trying to get you to marry his daughter or hire his son-in-law."

Estratégia, vendas e marketing

Recordo o texto "Apesar das boas intenções" e uma situação vivida há anos em que laboratório de investigação desenvolvia produtos técnicas para PME tradicionais que depois não faziam nada com esses produtos ao ler "Leslie’s Compass: A Framework For Go-To-Market Strategy".

"All (Literally) in the Same Boat"

Começo por recordar Aristóteles e a sua reflexão sobre os actos voluntários e involuntários. Depois, convido à leitura de Nassim Taleb acerca da Lei de Rhodes aplicável ao comércio marítimo (e parece que também aplicável às caravanas de camelos):
"All (Literally) in the Same BoatGreek is a language of precision; it has a word describing the opposite of risk transfer: risk sharing. Synkyndineo means “taking risks together”, which was a requirement in maritime transactions.
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The Acts of the Apostles describes a voyage of St Paul on a cargo ship from Sidon to Crete to Malta. As they hit a storm: “ When they had eaten what they wanted they lightened the ship by throwing the corn overboard into the sea.”
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Now while they jettisoned particular goods, all owners were to be proportioned the costs of the lost merchandise, not just the specific owners. For it turned out that they were following a practice that dates to at least 800 B.C., codified in Lex Rhodia, Rhodian Law, after the mercantile Aegean island of Rhodes; the code is no longer extant but has been cited since antiquity. It stipulates that the risks and costs for contingencies are to incurred equally, with no concern of responsibility. Justinian’s code summarizes it:
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“It is provided by the Rhodian Law that where merchandise is thrown overboard for the purpose of lightening a ship, what has been lost for the benefit of all must be made up by the contribution of all.”
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And the same mechanism for risk-sharing took place with caravans along desert routes. If merchandise was stolen or lost, all merchants had to split the costs, not just its owner."
Não conhecia esta Lei de Rhodes... sinto que o Tribunal Constitucional em Portugal não a aprovaria por ir contra direitos adquiridos.

Trecho retirado de "Why Each One Should Eat His Own Turtles (Revised)"