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sexta-feira, dezembro 30, 2011

It's not the euro, stupid! (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.
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Comecemos tendo em conta as imagens e a mensagem deste postal "As mudanças em curso na China - parte II" e esta imagem
retirada deste postal "O choque chinês num país de moeda forte (parte II)". Hoje, corrigiria o título para "O choque chinês num país com salários mais elevados". Os norte-americanos não têm uma moeda forte e, mesmo assim sofreram o mesmo impacte chinês como nós em Portugal.
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A figura é elucidativa do que acontece com o choque chinês:

  • muitas empresas desaparecem;
  • as empresas maiores desaparecem mais do que as mais pequenas, o nº de trabalhadores por empresa diminui;
  • a quantidade total produzida diminui.
BTW, não percam os outros gráficos que se seguem nesse mesmo postal.
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Ontem, este "amigo" apresentou-me este outro "amigo": "An Alternative Theory of the Plant Size Distribution with an Application to Trade" de Thomas J. Holmes e John J. Stevens" publicado em Abril de 2010.
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Por um lado pensei "Duh! É o que andamos a dizer há anos neste blogue", por outro lado também pensei, "Meu Deus, se isto é assunto para artigo publicado é porque é novidade, logo... ainda vai durar a entrar na mente dos encalhados... bem dizia Max Planck:
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"Uma nova verdade científica não triunfa convencendo seus oponentes e fazendo-os ver a luz, mas porque seus oponentes finalmente morrem e uma nova geração  que está familiarizada com ela cresce" (Moi ici: Mas Max Planck esqueceu-se da linha de montagem que os oponentes comandam nas escolas).
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Vamos lá ao que escrevem Holmes e Stevens no artigo, começamos pelo fim, pelas conclusões:
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"This paper develops a model in which industries are made up of mass-production factories making standardized goods and specialty plants making custom or niche goods. (Moi ici: Os governos e encalhados acham que uma unidade de produção pequena pode ou deve fazer o mesmo que uma grande) The paper uses a combination of confidential and public Census data to estimate parameters of the model and, in particular, produces estimates of plant counts in the specialty and standardized segments by industry. The estimated model fits the observed plant size/geographic concentration relationship relatively well. The estimates reveal that, for those industries that have been heavily affected by a surge of imports from China, there has been a dramatic decline in plant counts for the standardized segment, while the specialty segments have been relatively stable. (Moi ici: Em sintonia completa com a nossa recomendação de anos: fujam do campeonato de preço mais baixo. Esse campeonato joga-se com produtos maduros, grandes quantidades e é para quem pode e não para quem quer)
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The paper also shows that for the China surge industries, locations with large concentrations of the industry and large plants, like High Point, North Carolina, have declined relative to the rest of the country. (Moi ici: Recorrendo mais uma vez ao exemplo do calçado, recordar estes postais sobre o declínio das multinacionais do calçado em Portugal- aqui, aqui e aqui. Recorrendo ao exemplo do têxtil estes postais sobre a TMG e o renascer do sector - aqui e aqui) These results are consistent with the hypothesis that products made in China are close substitutes to the products of big plants (like those in High Point), and not so close substitutes to the products of the small plants that are diffuse throughout the country. The results are inconsistent with standard theories that assert that small plants are just like large plants, except for having a low productivity draw. (Moi ici: DUH!!!!! Que teoria tão tola e afastada da realidade... peca por desprezar o valor potencial do que se produz... É claro que se medirmos a produtividade em quantidade de coisas produzidas por unidade de tempo as fábricas maiores são mais produtivas. No entanto, se medirmos a produtividade num rácio entre o que se ganha a vender e o que se precisa de gastar para produzir o que se vende, a história é bem diferente como demonstram os outros gráficos do postal acima referido)

In our theory, if a plant in the United States is huge, it is a signal that the plant is potentially vulnerable to competition from China. A huge plant is likely making something that can be traded across space–something that can be put in a container and shipped–as a local market would not likely be able to absorb all the output of a given huge plant."
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O que é estranho é que estas conclusões, para a comunidade científica são ... novidade!!!
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Do abstract retiro:
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"There is wide variation in the sizes of manufacturing plants, even within the most narrowly defined industry classifications used by statistical agencies. Standard theories attribute all such size differences to productivity differences. This paper develops an alternative theory in which industries are made up of large plants producing standardized goods and small plants making custom or specialty goods. ... the predictions of the model for the impacts of a surge in imports from China are consistent with what happened to U.S. manufacturing industries that experienced such a surge over the period 1997—2007. Large-scale standardized plants were decimated, while small-scale specialty plants were relatively less impacted." (Moi ici: Os encalhados da tríade não fazem ideia disto... )
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Isto vai ficar comprido mas vale a pena:
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"Take wood furniture as an example. The large plants in this industry with more than a thousand employees are concentrated in North Carolina, particularly in a place called High Point. These plants make the stock bedroom and dining room furniture pieces found at traditional furniture stores. Also included in the Census classification are small facilities making custom pieces to order, such as small shops employing skilled Amish craftsmen. Let us apply the standard theory of the size distribution to this industry.
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Entrepreneurs that enter and draw high productivity parameters would likely open up megaplants in High Point, North Carolina; those that get low draws might open Amish shops in other locations. The Melitz model and the BEJK model both predict that the large North Carolina plants will have large market areas, while the small plants will tend to ship locally. So far so good, because this result is consistent with the data, as we will show. But what happens when China enters the wood furniture market in a dramatic fashion, as has occurred over the past 10 years? While all of the U.S. industry will be hurt, the Melitz and BEJK theories predict that the North Carolina industry will be relatively less affected because it is home to the large, productive plants. In fact, the opposite turns out to be true in the data.
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To address this shortcoming, our theory takes into account that most industries have some segment that provides specialty goods, often custom-made goods, the provision of which is facilitated by face-to-face contact between buyers and sellers. (Moi ici: Há anos que chamamos a atenção para a importância da proximidade, do desenvolvimento de relações amorosas, da flexibilidade, da rapidez, da relação) This specialty segment is the province of small plants. Large plants tend to make standardized products. ... When China enters the wood furniture market, naturally it follows its comparative advantage and enters the standardized segment of the market, making products similar to the stock furniture pieces produced in North Carolina. Thus, in our theory, the North Carolina industry is hurt the most by China’s entry into the industry, as actually happened.
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We show that over the period 1997 to 2007, in industries where exports from China have surged, the domestic industry has shifted toward large metropolitan areas, places where average plant size has typically been small. 
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These are places where we expect to see a large demand for specialty and custom goods.
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And we also expect to find there a large supply of inputs suited for specialty and niche products. These are different from the low-skill inputs used in mass production of standardized products in large plants–inputs readily available in China and places like High Point.
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(Moi ici: O mesmo no sector têxtil) That study explained how large plants in places like North Carolina tended to mass-produce standardized garments like nurses’ uniforms, while the small plants in New York City tended to produce fashion items. The new development is that China has entered to play the role of North Carolina, while New York still plays New York (Moi ici: É assim tão difícil perceber o que aconteceu por cá também?) (albeit in a relative sense, given the overall decline of manufacturing as a share of the domestic economy).
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When we take into account that plants vary in productivity as well as in function (with small plants specializing in specialty goods), we cannot tell a priori whether a given large plant will be more likely to survive a trade onslaught than a small plant."





sábado, abril 16, 2011

Diferenciação, customização, relação, ... milhões de nichos

Sabendo que vai ser um fim de semana de trabalho, sabemos que, todavia, será um bom fim de semana, quando começamos por ler um artigo deste calibre:
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"Why User-Customized Products Are the Future of Business (For Real This Time)"
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Leiam e sonhem...
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É o triunfo da proximidade...
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Lembram-se de "Pedido de ajuda"? Há n exemplos no dia-a-dia em que o consumidor, mesmo disposto a um sacrifício monetário, não encontra o que quer e tem de se contentar com sucedâneos (ersatz).
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No artigo acima, um dos exemplos que me fascinou foi o da mymuesli porque estou a imaginar um modelo de negócio em que uma empresa trabalhe em cooperação com nutricionistas para preparar alimentos concebidos à medida de cada pessoa, em função da sua idade, da época do ano, das suas maleitas e da vida que faz... diferenciação, customização, relação, ... UAU que potencial.
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E depois, é toda uma cadeia de oferta que tem de trabalhar e partilhar a mesma proposta de valor... Que adorável pandemia... criadora de valor e de emprego...
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BTW, visitem o blogue da mymuesli e vejam os temas que podem ser usados para alimentar o blogue de uma marca.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Paixão e relações amorosas

É um dos meus temas preferidos, um tema que nenhum livro me ensinou, antes resultou da observação em primeira mão: o amor, as relações amorosas, a paixão que se desenvolve entre uma empresa e os seus clientes, fornecedores e produtos.
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Pois bem, mais um autor, Tom Asacker, aborda o tema "Stop marketing and selling":
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"I've worked with hundreds of sales and marketing professionals during my career, and I've had client relationships with hundreds more. I've observed some of the best (my father and brother, to name two) and some of the worst (the folks at my cable company come to mind). And I've finally come to understand and appreciate the one trait that separates the successful and confident ones from the also-rans.

No, it's not superior brainpower, discipline, or a mega-memory. And no, it's not the all-consuming desire for riches or for trips to tropical island resorts. It's not even brilliant copy, a killer USP, or the lowest prices.

It's passion. Passion for their people, products, and services. Passion for their customers, for their experiences, concerns, and dreams. A passionate belief in their view of the world and their unique place in it. A passion to really matter, to make a difference."

domingo, abril 18, 2010

Small is better

Um dos livros que herdei do meu pai foi um intitulado "Small is beautiful".

Gosto de trabalhar com PMEs porque têm uma cara, têm um rosto, têm um nome.

Uma das consequências de trabalhar com PMEs, porque são pequenas, é que raramente a proposta de valor onde podem ser competitivas de forma sustentada assenta no preço. Assim, muitas vezes tenho de desenvolver uma guerra de guerrilha contra o modelo mental da gerência que instintivamente resvala para uma disciplina de valor que só faz sentido para a proposta de valor associada ao preço mais baixo.

Quando uma PME, em vez de se concentrar na produção sistemática da sua proposta de valor para os clientes-alvo, se perde a cortar recursos naquilo que suporta a sua capacidade para fazer a diferença... está tudo estragado.

Na área da saúde, assistimos ao encerramento das pequenas unidades para se proceder à concentração em unidades centrais. O argumento é de que não há dinheiro... bem, o argumento oficial é mais técnico, brandem-se umas estatísticas para justificar níveis de proficiência e risco.

Quem sou eu para defender o desperdício! E o que é o desperdício? É fácil, nas poucas vezes que entro em contacto com o mundo da Saúde, encontrar desperdícios... é fácil mas... reconheço-os quando os vejo, não me peçam para os definir.

Neste blogue ilustro, entre outras coisas, uma revolta contra os deboches despesistas assentes em endividamentos sucessivos só para melhorar as estatísticas de hoje, evitar ir à raiz dos problemas e… tramar as gerações seguintes, por isso não me interpretem mal no que se segue.

Se o SNS fosse uma empresa, qual deveria ser a sua proposta de valor?

O preço mais baixo? A inovação?

Julgo que, como aprendi com Covey, sempre que estão metidas pessoas a eficiência nunca é a resposta. A resposta tem de passar pela eficácia, tem de passar pela relação, tem de passar pela proximidade.

Os burocratas já decidiram: concentração significa eficiência significa redução de custos.

Não se admirem se dentro de uns anos, corte após corte, desfiguração após desfiguração, (todas perfeitamente justificadas e suportadas em estatísticas e pareceres) as pessoas olharem para o SNS e profiram a mesma frase assassina que o Director Geral de Saúde há anos: “Se desaparecer, ninguém vai notar a diferença”.

Não sei qual é a solução, este é mais uma das tais wicked messes em que mais importante que uma solução é a equação do problema e de todas as suas cambiantes.

Como conciliar poupança com proximidade e relação?

Estas linhas foram geradas pela leitura deste artigo “The Power of Compassion

domingo, maio 03, 2009

O mundo a preto e branco não existe.

No dia 11 de Setembro de 2001, enquanto acontecia o que todos sabemos, eu realizava uma auditoria a uma organização sem fins lucrativos na margem sul do Tejo.
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Recordo, das conversas informais que mantive durante a auditoria, o genuíno sentimento de dó e de piedade que os dirigentes dessa organização, todos vereadores eleitos, nutriam pelos explorados trabalhadores das fábricas do Norte.
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Lembrei-me dessa conversa na passada quinta-feira. Por volta das 14 horas, ao dirigir-me para a porta da recepção de uma fábrica onde ía ter uma reunião, dou com uma senhora, com uma operária, a instalar em várias janelas do edifício... raminhos de maias.
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Mas não era só "botar" umas maias como dizia a minha avó, era também o cuidado e compenetração com que o fazia.
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Por que se colocam as maias? Segundo a tradição, tal protegerá os bens que nos são caros e queridos.
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Acham que foi o dono da fábrica que lhe pediu para colocar as maias? Ou terá sido por iniciativa própria?
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Os vereadores de 2001 não teriam dúvidas quanto à resposta.
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Esta manhã voltei a recordar todo este pensamento por causa desta notícia do Público de hoje "Suspensão do trabalho chega amanhã à Oliva". Impressiona ler o como após 36 anos as pessoas ainda recordam com orgulho a empresa que foram, e listam as benesses que usufruiam.
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Em 1990 um formador contava-me que tinha realizado uma formação para funcionários de uma empresa pública no ramo do gás e tinha sido surpreendido por um grupo de pessoas que 16 anos depois ainda continuava a ser, no seu interior, e continuava a envergar a camisola da Gás Cidla (nacionalizada em 1975).
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O mundo a preto e branco não existe.

terça-feira, novembro 28, 2006

Ainda a propósito de uma frase assassina

Ontem, neste postal, chamamos a atenção para a frase assertiva proferida pelo Director Geral de Saúde acerca do encerramento dos Centros Regionais de Alcoologia: "Os doentes não vão sentir nenhuma diferença."

Esta frase fez-nos regressar, mais uma vez, ao livro "Grow to be Great" de Gertz e Baptista, onde se pode ler, acerca das organizações que apostam na relação com os seus clientes (ou partes interessadas):

"Strategy based upon the customer as the unit of value. Not factories, not databases or products, but customers." Interessante, e alinhado com a minha "mania" de começar sempre um mapa da estratégia, pela perspectiva clientes e/ou partes interessadas (os destinatários da missão da organização). Tudo o que se faz é, ou devia ser, em função deles.

"A company's strength is clearly not the features of its products... it is the knowledge of its customer's needs and its ability to fulfill these needs efficiently and profitably."