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terça-feira, junho 03, 2025

Curiosidade do dia

Na segunda-feira, durante a conversa com o meu parceiro das conversas oxigenadoras, dei comigo a recordar esta estória de 2008. Vou transcrevê-la na íntegra:

"O DN de hoje publica o artigo "Médico espanhol fez 234 cirurgias em seis dias", assinado por Roberto Dores.

Gostava de saber, preto no branco, quais os argumentos que levam a Ordem dos Médicos a manifestar indignação.

A taxa de pacientes com complicações pós-operatórias é superior ao normal no país, ou no hospital?

A taxa de intervenções cirúrgicas ineficazes é superior ao normal no país?

Este trecho "Os preços praticados são altamente concorrenciais, tendo sido esta a solução encontrada pelo hospital para combater a lista de espera. O paciente mais antigo já aguardava desde Janeiro de 2007, tendo ultrapassado o prazo limite de espera de uma cirurgia. No ano passado chegaram a existir 616 novas propostas cirúrgicas em espera naquela unidade de saúde. Os sete especialistas do serviço realizaram apenas 359 operações em 2007 (cerca de 50 por médico num ano). No final do ano passado, a lista de espera era de 384, e foi entretanto reduzida a 50 com a intervenção do médico espanhol. " faz pensar.

Como melhorar o processo? No limite pode-se acabar com o processo e sistematizar temporadas espanholas no hospital.

"As 234 cirurgias realizadas no Barreiro, por um total de 210 mil euros" ... conclusão, para quê ter 7 especialistas a tempo inteiro? Quanto custam ao contribuinte?

Como melhorar este nível de produção (359 operações em 2007)?

A continuar assim, sem mexer no processo, mais qualidade (rapidez para os pacientes) é mais caro.

Há um mundo de poupanças, um tesouro por recuperar, se houvesse capacidade de subordinar tudo nos hospitais ao cumprimento da sua missão...

Adenda: Se cada um dos 7 especialistas a tempo inteiro custar mensalmente ao hospital cerca de 5000 euros (entre salário, segurança social e...), então: 7 x 5000 € x 14 = 490 000 €. Como os 7 especialistas produzem anualmente 359 operações, cada operação custa ao hospital 1365 €.

Cada operação feita pelo médico espanhol custa 897 €.

Se o hospital descontinuasse o contrato com os 7 especialistas e contratasse o médico espanhol 2 temporadas por ano, iria poupar 70000 € e realizar 468 intervenções, ou seja mais 109 que actualmente.

Já sei que uns vão-me chamar economicista mas..."

Vinte anos depois, descobrimos que afinal a solução não era importar espanhóis hiperprodutivos, mas sim criar uma verdadeira indústria nacional de produção cirúrgica ao Sábado — com tarifa premium, claro. Chamemos-lhe “cirurgia gourmet”: paga-se mais, mas é feita com a calma e o foco que só o fim-de-semana proporciona.




segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Da próxima vez...

Da próxima vez que alguém argumentar que poupar mais dinheiro com o Serviço Nacional de Saúde é colocar em risco a qualidade do serviço...
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Da próxima vez que alguém falar nos cortes no Serviço Nacional de Saúde para justificar o aumento das listas de espera...
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Vou ter à mão este postal "Ele há coisas..."

domingo, abril 18, 2010

Small is better

Um dos livros que herdei do meu pai foi um intitulado "Small is beautiful".

Gosto de trabalhar com PMEs porque têm uma cara, têm um rosto, têm um nome.

Uma das consequências de trabalhar com PMEs, porque são pequenas, é que raramente a proposta de valor onde podem ser competitivas de forma sustentada assenta no preço. Assim, muitas vezes tenho de desenvolver uma guerra de guerrilha contra o modelo mental da gerência que instintivamente resvala para uma disciplina de valor que só faz sentido para a proposta de valor associada ao preço mais baixo.

Quando uma PME, em vez de se concentrar na produção sistemática da sua proposta de valor para os clientes-alvo, se perde a cortar recursos naquilo que suporta a sua capacidade para fazer a diferença... está tudo estragado.

Na área da saúde, assistimos ao encerramento das pequenas unidades para se proceder à concentração em unidades centrais. O argumento é de que não há dinheiro... bem, o argumento oficial é mais técnico, brandem-se umas estatísticas para justificar níveis de proficiência e risco.

Quem sou eu para defender o desperdício! E o que é o desperdício? É fácil, nas poucas vezes que entro em contacto com o mundo da Saúde, encontrar desperdícios... é fácil mas... reconheço-os quando os vejo, não me peçam para os definir.

Neste blogue ilustro, entre outras coisas, uma revolta contra os deboches despesistas assentes em endividamentos sucessivos só para melhorar as estatísticas de hoje, evitar ir à raiz dos problemas e… tramar as gerações seguintes, por isso não me interpretem mal no que se segue.

Se o SNS fosse uma empresa, qual deveria ser a sua proposta de valor?

O preço mais baixo? A inovação?

Julgo que, como aprendi com Covey, sempre que estão metidas pessoas a eficiência nunca é a resposta. A resposta tem de passar pela eficácia, tem de passar pela relação, tem de passar pela proximidade.

Os burocratas já decidiram: concentração significa eficiência significa redução de custos.

Não se admirem se dentro de uns anos, corte após corte, desfiguração após desfiguração, (todas perfeitamente justificadas e suportadas em estatísticas e pareceres) as pessoas olharem para o SNS e profiram a mesma frase assassina que o Director Geral de Saúde há anos: “Se desaparecer, ninguém vai notar a diferença”.

Não sei qual é a solução, este é mais uma das tais wicked messes em que mais importante que uma solução é a equação do problema e de todas as suas cambiantes.

Como conciliar poupança com proximidade e relação?

Estas linhas foram geradas pela leitura deste artigo “The Power of Compassion

quinta-feira, agosto 02, 2007

Grávida assistida no átrio após recusa de hospital

A propósito deste trecho da entrevista de António Arnaut à revista "Visão":

"Utente ou... cliente?
Pois aí é que está! Você sabe que fui a um congresso de administradores hospitalares e a maioria dos oradores falava em clientes?! Disse-lhes logo: «Não estou a perceber esta linguagem. São cidadãos, utentes!» Na Saúde, com o peso cada vez maior dos privados e a continuar assim, o SNS ficará para pobres e o resto para ricos."

A Saúde a continuar assim, não ficará nem para ricos nem para pobres, ficará para si próprio, para alimentar uma série de empregos, lugares, vaidades,... por que quando chega a hora da verdade (os momentos da verdade de Carlsson) we get this:

""A funcionária de Amarante mandou-me ler o Diário da República, porque pelos vistos agora são dois hospitais num."

É nestes momentos que a Administração de uma casa tem oportunidade de transmitir mensagens indeléveis para a equipa, mensagens que formam a cultura de uma organização. Numa organização privada o destino da funcionária seria RUA!!!. Num hospital... who knows, who cares!!!

A história completa pode ser lida aqui, no JN, no artigo "Grávida assistida no átrio após recusa de hospital" assinado por José Vinha.