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sexta-feira, março 28, 2014

"The Moment of Clarity" (parte I)

Acabei a leitura de "The Moment of Clarity".
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O livro começa com este delicioso trecho:
"How we experience the world may be as important as, or more important than the hard, objective facts about the world."
O segundo capítulo, "Business Analysis, Data, and Logic" é dedicado a desmontar aquilo a que os autores chamam "The Default-Thnking Method of Problem Solving" e que aqui no blogue se chama pensamento da tríade:
"The default problem-solving model has its roots in what can be called instrumental rationalism. At the heart of the model is the belief that business problems can be solved through objective and scientific analysis and that evidence and facts should prevail over opinions and preferences." 
O capítulo fez-me recuar ao tempo em que os políticos, desde o jovem presidente Eduardo dos Santos até ao primeiro-ministro Mário Soares debitavam na televisão, com o ar mais sério deste mundo, sobre a superioridade do "socialismo científico"!!!
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Os autores desmontam os mitos que suportam este modelo:
  • People are rational and fully informed;
  • Tomorrow will look like today;
  • Hypotheses are objective and unbiased;
  • Numbers are the only truth; e
  • Language needs to be dehumanizing.
O segundo capítulo, "Getting Creative - The Think-Outside-the-Box Method of Problem Solving" é hilariante, com a descrição de situações reais em que se acreditou que a criatividade só por si seria suficiente para resolver os problemas do mundo.
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A introdução à segunda parte do livro é outro ponto forte, a listagem das soluções miraculosas:
  • The Big-Data Solution;
  • The "Steve Jobs" Solution;
  • The Customization Solution;
  • The Open Innovation Solution;
  • The Social Media Solution;
Continua.

sexta-feira, março 21, 2014

Apostar nas experiências

"ReD trained a group of adidas design staff in basic techniques, and sent each of them to spend 24 hours with a customer: to have breakfast, run and do yoga with them, and find out what made them exercise. In a related project, an anthropology doctoral student working for ReD mailed dozens of customers a disposable camera, asking them to photograph something that made them work out. Of 30 women who responded, 25 sent a picture of a little black dress, says Mr Carnes. The company had assumed that most customers were training to be good at specific sports; in fact for many, fitness itself was their “sport”."
Em vez de apostar em atributos:
"A mobile phone, he said, may have 72 functions, but that is 50 more than most people wanted, or used." 
Apostar nas experiências, apostar no que a oferta faz na vida das pessoas.

Trecho retirado de "The adidas method"

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

A escolha dos pivôs (parte III)

Parte I e parte II.
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O que fazer depois de identificados e seleccionados os pivôs do ecossistema da procura que interessa à nossa empresa?
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Não é novidade aqui no blogue; contudo, como santos da casa não fazem milagres e, a galinha da vizinha é melhor que a minha, voltemos a Simons e ao seu segundo passo:
"Once you’ve determined who your primary customer is, the next step is to identify which product and service attributes the customer values. [Moi ici: Aqui no blogue já estamos noutra, produtos e serviços são artifícios para gerar a experiência, para produzir um resultado na vida do cliente. Isso é o que realmente conta] Within the same market and industry, different primary customers may value different things: Some demand the lowest possible price, others want a dedicated service relationship, and still others are looking for the best technology or brand or other specific attribute. To complicate matters, customers often don’t know exactly what it is they value.
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Let’s take the easy part first. Assume you have already chosen the best primary customer and have a good working idea of what the customer wants.
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Such data can help you fine-tune a product or a website’s functionality to better meet your customer’s known needs. They’re unlikely, though, to help you identify what your customers want but aren’t getting. For that, you need to actually ask them. Smart companies set up systematic dialogues with their primary customers. [Moi ici: Por isso, cuidado com o Big Data]
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you should set up processes for identifying products or services that customers may not know they need.
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Most companies assume that their products and services meet the needs of their customers. But surprisingly few actually test this assumption. So ask yourself, What are the processes we use to make sure that we truly understand what our customers value and that we can deliver value better than our competitors do?"

terça-feira, junho 12, 2012

Uma aposta manca (parte II)

Parte I.
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Na passada terça-feira, numa reunião com uma equipa de operacionais que têm de usar uma checklist antes de iniciar o seu trabalho, comecei a intervenção desenvolvendo a ideia:

- O papel, a checklist, não é importante. O importante é o que fazemos com ele, o importante é o que retiramos do seu uso

E continuando com Ravald:
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"Value is an interactive relativistic preference experience" (Moi ici: Frase de Holbrook que já aqui citamos por mais de uma vez)
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"Value is idiosyncratic, experential, contextual, and meaning laden" (Moi ici: Frase de Vargo & Lusch)
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"If value emanates from individual goals, i.e. a total personal perception of what is good, co-creation of value would only be possible when a common goal or good exists between the parties.
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being a customer or a consumer is presumably not the most important role in the life of an individual.
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The customer’s process of value creation can hardly be isolated from the environment within which the customer lives and acts as an individual. Every process of value creation is an integral part of a bigger connected whole, which can be described as the customer’s context for value creation. This context consists of several elements, and one of the most important ones is the intrinsic dimension, i.e. the individual’s total perception of the good. The individual’s total perception of the good forms the basis upon which he/she, in the customer role, makes judgements of what is good, better or best for him/her.
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Service providers can gain competitive advantage only by sensing the customer’s context for value creation."
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À medida que uma empresa se dedica a criar produtos/serviços cada vez mais sofisticados, com especificações cada vez mais exigentes, com, como ainda dizemos moldados que fomos no paradigma industrial, cada vez maior valor acrescentado, a relação com os clientes tem de mudar, tem de se aprofundar. Quando se fala na importância dos antropólogos tem-se em mente a necessidade de estudar a vida e o contexto em que os clientes integram os produtos e serviços na sua vida e percepcionam a criação de valor.
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Seduzir clientes a comprarem um produto/serviço com maior potencial de criação de valor não pode ser feito da mesma forma que se seduz outros clientes a comprarem pelo preço mais baixo. Têm de ser abordagens diferentes... quantas empresas preparam os seus comerciais para essa transição? A maior parte deles foi educado desde tenra idade na empresa a usar a carta do preço para conquistar um cliente e, só sabe usar essa carta. Só sabe ser vendedor, nem imagina o que é ser consultor de compra!!!
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A maior parte das vezes a conclusão é que o produto não presta... então os nossos comerciais, gente com tanta experiência não conseguiu nada com os novos produtos... é porque os produtos não prestavam.
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Continua.

quarta-feira, maio 02, 2012

Ouvir, ouvir e ler nas entrelinhas para detectar padrões

Quando li o título "Maioria dos turistas que visitou Portugal quer voltar nos próximos três anos" pensei na distância que vai entre aquilo que se diz e aquilo que se faz.
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Ontem, a partir de um comentário no tweeter, onde também se referia a diferença entre o que se diz e o que se faz, cheguei a este artigo "Would You Do This To Boost Sales By 20% Or More?":
"“Customers do not do what they say they do. Our sales started to improve when we refocused from what customers were saying they wanted to what they talking about and actually doing."
O que recomendo, o que me fica deste artigo é aquele trecho:
"Bob stopped trying to sell, and focused instead on listening to couples talk about the move. He heard thousands of stories about family life in the old homestead—the good times and the bad. As it happens, most of these indelible memories were forged around the dining room table—celebrations, announcements, introductions, homework, heart-to-hearts. The list went on and on.
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Then Bob got it."
É a abordagem do antropólogo:
"“When you’re having the conversations, practice reading between the lines and picking up on patterns. No one will ever come out and tell you that their dining room table kept them from moving for two years, but once you hear consumers mention it enough times, you’ll realize that you need to dig deeper and unpack why they’re bringing it up. It’s those second-order insights that lead to highly successful product designs.”"
É a abordagem dos batoteiros, é a vantagem dos consultores de compra sobre os vendedores.

quinta-feira, novembro 03, 2011

Antropologia e relações amorosas

"The biggest enemy of top-line growth is analysis and its best friend is appreciation. Sure, in a small minority of companies and industries, like the smartphone business these days, there is explosive growth, and if an analysis is done of past trends, it shows lots of opportunity for top-line growth.
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But in the majority of businesses, if the available data are crunched, it shows a slowly growing industry — one growing with GDP or population. That generally convinces the company in question that there aren't really opportunities for top-line growth, and that in turn becomes a self-fulfilling prophecy.
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The fundamental reason is that analysis of data is all about the past. Data analysis crunches the past and extrapolates it into the future. And the past does not include opportunities that exist but have not yet happened. So, analysis conspicuously excludes ways to serve customers that have not been tried or imagined or ways to turn non-customers into customers.
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Thus the more we rely on data analysis, the more it will tell a dour story on top-line growth — and not give particularly useful insights.".
Por isto, também por isto, é que a tríade só conhece o preço como alavanca competitiva. Por isto, também por isto, é que falo de relações amorosas com clientes, fornecedores e produtos. Por isto, é que escrevo sobre o "optimismo não documentado"... e lembram-se da frase "valor não é um cálculo, é um sentimento"?
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Quando as empresas em sectores competitivos contratam gestores de topo que não conhecem o negócio... como é que eles podem adquirir este conhecimento não documentado? E quando conhecem o negócio, como podem fugir à armadilha da análise?
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O CEO da Office Depot's Kevin Peters responde a estas perguntas!!!
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Observando e conversando com os clientes!!! 
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Antropologia pura e dura!!!
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"If instead, the core tool is not analysis but rather appreciation —deep appreciation of the consumer's life — what makes it hard or easy; what makes her (in this category) happy or sad — there is the opportunity to imagine possibilities that do not exist.
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Organizationally and behaviorally, analysis and appreciation are two very different things. Analysis is distant, done in office towers far from the consumer. It requires lots of quantitative proficiency but very little experience in the business in question. It depends on data-mining: finding data sources to crunch, often from data suppliers to the industry. Appreciation is intimate, done in close proximity to the consumer. It requires qualitative proficiency and deeper experience in the business. It requires the manufacture of unique data, rather than the use of data that already exists.
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In my experience, most organizations have more of the former capabilities and behaviors than of the latter and hence most struggle with top-line growth. The biggest issue isn't the absence of top-line growth opportunities but rather the lack of belief that they exist. And that is driven by the dominance of analysis over appreciation."
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Excelente reflexão de Roger Martin em "You Can't Analyze Your Way to Growth"

segunda-feira, julho 04, 2011

Antropologia

Ontem foi dia. Hoje, logo pela pela manhã, em Mangualde, é outra vez dia.
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Dia de observar a falta de formação de quem lida com o público.
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Hoje, uma senhora de idade, com todo o aspecto de emigrante nos Estados Unidos ou Canadá, queria comprar um doce para levar para uma visita a um familiar. Estava indecisa entre levar pão-de-ló ou um bolo.
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Quando a senhora estava decidida a levar o bolo... a funcionária por preguiça, porque já tinha pesado o pão-de-ló, começa:
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Olhe que o bolo é mais pesado, vai-lhe ficar mais caro... fiquei com a ideia de que a senhora desistiu do bolo porque percebeu que não valia a pena gastar o seu dinheiro com tal gente.
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Ontem, deu para observar o desperdício publicitário que se faz na Worten, e na Staples.

segunda-feira, junho 13, 2011

Incumbentes e Antropologia

Interessante esta entrevista de Diogo Vasconcelos ao JdN:
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"Portugal é uma sociedade assente na protecção do que existe. Das ideias que existem, das pessoas que existem,das empresas que existem."
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Como disse alguém: "Portugal é um país de incumbentes!"
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Isto é demasiado perigoso... basta recordar o exemplo e o efeito da destruição criativa na Finlândia.
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E a coincidência, não há coincidências, todos os acasos são significativos. Aqui, no dia 10, sem ter lido a entrevista, escrevi:
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"Talvez por isso, comecei a olhar para a antropologia de uma outra forma... sim, eu sei, eu adivinho que as universidades vão achar a coisa um pouco bastarda e indigna...
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Talvez seja o momento de as empresas começarem a contratar os serviços de antropólogos... observadores embebidos na vida dos clientes para perceberem, para racionalizarem as experiências que os clientes vivem... mesmo quando não se apercebem delas."
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Na entrevista de Diogo Vasconcelos, publicada a 9 de Junho, encontro:
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"A Antropologia vai ser importante para as empresas como foi o marketing no século XX. Se as pessoas levam a sério esta ideia de co-criar o consumidor, têm que evoluir dos próprios grupos para a research etnográfica.Têm que aprender vivendo com as pessoas, e criando com elas,com um estado de espírito aberto para construir soluções que sejam radicalmente novas"

sexta-feira, junho 10, 2011

Observar é melhor que perguntar

Fonte 1:
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"Understanding when value for a customer occurs is also an elusive issue, perceived in an individualistic way.
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We know very little about the process of value creation, when it starts, what it includes, when it ends. Although value creation probably is among the most ill-defined and elusively used concepts in service marketing, and in management in general.
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it is debatable whether the process of creating value is best described using the verb ‘create’. Creating value gives the impression of a conscious, explicitly considered process. However, in many situations, where value is experienced in an unconscious way, it seems more accurate to say that value emerges out of the use of goods and service activities
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In our view, when considering value-in-use the best way of understanding value for customers, value creation cannot mean anything else than the customer’s, or any other user’s, experiential perception of the value-in-use that emerges from usage or possession of resources, or even from mental states.
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All resources and processes are distribution mechanisms for service provision, however without including value in themselves.
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The firm cannot deliver value, but only make value propositions
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Fundamentally, the firm is a facilitator of value for the customer
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The firm can only offer value propositions. Conventional marketing is basically about making promises. A value proposition is a promise about future potential value"
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Ao chegar aqui, escrevi nas margens do papel:
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A unidade (aquilo em que as empresas podem trabalhar) não é a criação de valor, as empresas não criam valor. A unidade é a criação de experiências que o cliente experiencia e valoriza.
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Depois, recordo Damásio: emoções geram sentimentos. E só com o advento do sentido de si é que tomamos consciência dos sentimentos que vivemos.
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Ora os clientes não usam os produtos/serviços como experiências controladas, os clientes vivem, e é durante essa vida, integrados nessa vida, que usam as plataformas de serviço, as plataformas de facilitação da emergência de valor, mesmo sem tomarem consciência dos sentimentos que elas geram.
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"Value is an elusive concept. Typically, in the literature value concepts imply some form of an assessment of benefits against sacrifices"
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Mesmo sem tomarem consciência dos sentimentos que elas geram... quer dizer que se lhes perguntarmos à posteriori vão ter de racionalizar e reconstituir algo que não sentiram conscientemente...
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Talvez por isso, comecei a olhar para a antropologia de uma outra forma... sim, eu sei, eu adivinho que as universidades vão achar a coisa um pouco bastarda e indigna...
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Talvez seja o momento de as empresas começarem a contratar os serviços de antropólogos... observadores embebidos na vida dos clientes para perceberem, para racionalizarem as experiências que os clientes vivem... mesmo quando não se apercebem delas.
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Pois... nem de propósito "Want To Sell Product? Sleep With Your Customers":
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"I regularly ask CEOs when they've last spent a day in the homes of their core consumers. The best I can usually hope for is that they've intended to but have never found the time. In reality, most executives operate from large offices where they function with all the information that technology can provide." (Moi ici: Veio-me à memória um empresário que, quando ia ao estrangeiro, fazia questão de entrar em lojas onde se vendiam os seus produtos, e ficava horas a observar quem entrava, que idade e sexo tinha, o que fazia, o que experimentava, o que decidia...)
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Estão a ver big-boss da CP a andar de comboio... estão a ver os decisores da CP a apanhar um suburbano que sai de S. Bento às 19h em direcção a Caíde ou Guimarães?
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Estão a ver os decisores dos STCP a viajarem normalmente de autocarro? Não para uso pessoal, mas para perceberem o que se passa?
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Fonte 2:
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"Let me tell you about an experience I once had on a flight from New York to California. As usual, 1 was flying JetBlue. 1 boarded the plane with the other passengers, and the door closed. As we sat there, buckling our seat belts and checking out the televisions in front of us, a middle-aged man with slightly graying hair stood up in the front of the plane. He had on the long apron that all JetBlue flight attendants wear, with his name stitched onto it. "Hi," he said, "my name is Dave Neeleman, and I'm the CEO of JetBlue. I'm here to serve you this evening, and I'm looking forward to meeting each of you before we land.""
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Fonte 1: "Value Co-creation in Service Logic. A Critical Analysis". Marketing Theory, Vol. 11 (forthcoming 2011) de Christian Gronroos (uma excelente reflexão sobre a "service-dominant logic" ou como ele prefere chamar "service logic")
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Fonte 2: "The Knack - How Street-Smart Entrepreneurs Learn to Handle Whatever Comes Up" de Norm Brodsky e Bo Burlingham.
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BTW, não posso deixar de recordar o empresário do interior do país que tinha uma empresa de betões betuminosos e que na Alemanha mandava parar o táxi, sempre que passava por uma estrada em obras, para ir apalpar o tapete betuminoso que estavam a  ser aplicado. O Eu-Criança a funcionar num adulto é espectacular ... Mongo precisa dele.