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sábado, julho 18, 2009

Conta-me a tua experiência de vida

A propósito deste artigo no sítio do Público “Intelectuais lançam manifesto com “questões prementes” destinadas aos partidos políticos” por causa deste tipo de linguagem:

“Por outro lado, de há muito que se sente no País uma ausência de um modelo de desenvolvimento minimamente consensual que permita traçar orientações de médio e longo prazo e propiciar um quadro de coerência às políticas públicas e às estratégias empresariais.”

Desconfio que se trata de mais uma reflexão bem-intencionada de gente que vive na e da sociedade de produção de bens não transaccionáveis e, que acredita na capacidade e bondade do Grande Geometra.

“Como pensam reduzir o horário de trabalho regular, o abuso de recurso a horas extraordinárias, o duplo e triplo emprego de alguns, de modo a assegurarem melhor qualidade de vida das pessoas e melhor repartição do tempo entre o trabalho produtivo e a vida pessoal, familiar e cívica?”

Será que imaginam o que é competir no mercado de bens transaccionáveis? Será que percebem que num mês uma empresa pode estar cheia de encomendas e depois, no seguinte pode estar às moscas? Será que alguma vez viveram longe do ramram universitário, na dúvida sobre se haveria dinheiro para pagar o mês seguinte?

BTW, o documento fez-me recordar o livro “Broken Window Broken Businesses” de Michel Levine:

The broken windows theory originated in the context of crime. It states that if a window in a building is broken and is not quickly repaired then within a short period all of the windows will be broken, or that leaving such minor infractions uncorrected indicates that major crimes might also be condoned.

Levine has taken this model and applied it to business. His hypothesis is that it is the small problems left unattended that lead to business failure.

This is an interesting book. It deals with some familiar issues including customer service, marketing and website design, but from a slightly different angle. Levine recommends an obsession with the details and a compulsion to fix problems as soon as they arise. He emphasises the importance of customer perception and the obvious, if too frequently ignored, fact that values and promises are no good to the company if they are not practised by everyone.

Levine is not necessarily advocating that a CEO micromanage the frontline business, but he makes some good points around the value of maintaining high standards in the small, seemingly unimportant things.”

Hummmm!!! Estou mesmo a envelhecer!!!

Aranha, mais estudiosos de golfinhos!!!

sexta-feira, junho 26, 2009

Perceber a crise para Encontrar o Caminho

Livro escrito por Vítor Bento, faz um retrato factual da nossa situação: como chegamos onde chegamos e suporta as afirmações que faz com tabelas, números, enfim, factos (um pouco ao estilo de Medina Carreira).
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Por exemplo, o gráfico 12 mostra como Portugal é um dos países com uma das maiores taxas de investimento do estado em % do PIB entre 1999-2008. Depois, no gráfico 13 mostra que a par da Itália, Portugal foi o País que apresentou a pior eficiência marginal do capital.
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Depois lista a nossa sina, a Expo, o Euro 2004, as SCUTS, ... para concluir:
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"Desta errada estratégia de investimentos públicos, e de incentivos ao investimento privado, não poderia deixar de resultar uma considerável redução da produtividade do capital e um sacrifício da produtividade geral, com inevitáveis consequências, quer na competitividade, quer no potencial de criação de riqueza pela economia."
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E acrescentamos: TGV, novo aeroporto, terceira travessia de Tejo, aeroporto de Beja, ...

sábado, junho 06, 2009

Temos de actuar na originação do valor, não na extração do valor.

Cristina Casalinho, economista-chefe do Banco BPI, escreveu este artigo na sua habitual coluna das sextas-feiras no Jornal de Negócios "De que falamos quando falamos de competitividade".
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Quantas empresas nacionais do sector de bens transacionáveis terá Cristina Casalinho visitado nos últimos 12 meses?
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Só esta semana estive em cinco!!!
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Lêmos o artigo... chegamos ao fim e o que fica de concreto?
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"Num estudo do FMI, constata-se que, no conjunto dos países europeus do Mediterrâneo, Portugal é o mais exposto à concorrência chinesa."
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E é esse o nosso concorrente? A Portugal como país aplica-se o ditado "Do not try to compete with Wall-Mart on price or with China on cost". Indústrias, unidades de negócio que tenham empresas chinesas a competirem pelos mesmos clientes-alvo, clientes que valorizem acima de tudo o preço... não têm futuro, ponto.
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"Portugal é um dos países europeus que usam menos capital por trabalhador"
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É só recordar o gráfico que Frasquilho me deu a conhecer para identificar o que nos separa do resto da Europa Ocidental. Os salários portugueses são baixos, quando comparados com os salários de outros países da Europa Ocidental. No entanto, a maior parte do valor acrescentado gerado pelas empresas portuguesas vai para ... pagar salários!!!
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As empresas não pagam pouco para engordarem as contas dos sócios, as empresas pagam pouco porque ganham muito pouco, porque geram menos valor acrescentado.
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"Mas, com os actuais custos de produção e com a concorrência principal que os produtos portugueses enfrentam, como incentivar a deslocação de factores para os sectores dos bens transaccionáveis, concretamente, a indústria?"
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"Para torná-los (os sectores de bens transaccionáveis) mais atraentes, tem de se aumentar a sua rentabilidade ou baixar a dos outros. No último caso, o incremento da concorrência, abrindo ainda mais o mercado ao exterior, poderá ser uma possibilidade. No primeiro caso, importa mais investimento, inovação e investigação. Como estes movimentos demoram a produzir resultados, numa fase inicial, impõe-se reduzir custos, designadamente laborais, ou aumentar a produtividade do trabalho."
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Competir com a China pelos custos nunca será uma opção viável, um país europeu para ser feliz, FELIZ (não basta ter o défice externo equilibrado, durante o "reinado de Salazar" isso acontecia, é preciso que as pessoas vivam melhor de uma forma sustentada e não à custa de dinheiro emprestado), tem de subir na escala de valor. Competir pelo preço é competir no terreno que dá vantagem ao oponente.
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Há uns meses realizei uma auditoria a uma empresa de calçado na zona de Felgueiras. No final da auditoria, um dos sócios lançou-se numa "saudável" diatribe contra o calçado de S. João da Madeira, como não conheço o sector achei interessante a diatribe. Depois, em conversa com alguém que conhece muito bem o sector percebi a diatribe, ou antes, percebi a diferença que motiva a diatribe.
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O calçado tradicional português era made in S. João da Madeira! As empresas de calçado de S. João da Madeira nasceram, cresceram e prosperaram a trabalhar para o mercado nacional.
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Nos anos oitenta do século passado, surge em força o calçado em zonas como Felgueiras, quase sempre ligado a capital estrangeiro e vocacionado para a exportação.
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Com a adesão da China à OMC e com o derrubar da comporta dos direitos aduaneiros, o paradigma do calçado dos anos oitenta e noventa desapareceu.
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As empresas vocacionadas para competir pelo preço, multinacionais estrangeiras voltaram a fazer o que as tinha cá trazido, deslocalizaram-se, as empresas portuguesas tradicionais entraram quase todas numa espiral de definhamento... porque continuaram a aplicara modelos mentais que deixaram de funcionar com a alteração do paradigma do sector. As empresas da zona de Felgueiras, que tinham nascido viradas para a exportação, tinham no ADN algo de diferente e deram a volta (por exemplo aqui e aqui).
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Trago esta estória por causa do ADN.
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E volto ao que Cristina Casalinho escreveu "impõe-se reduzir custos, designadamente laborais," o nosso problema não são os custos... o nosso problema é o valor acrescentado criado, o nosso problema não é o denominador, é o numerador.
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Quanto mais apostarmos na redição dos custos, mais vamos adiar a trandsição para a criação de valor. Se apostarmos na redução de custos, tout court, vamos continuar a suportar um ADN que nos pode no limite equilibrar o défice externo, mas nunca fará de nós um país FELIZ.
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Temos de actuar na originação do valor, não na extração do valor.
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Essa é a lição das cinco empresas onde estive esta semana.
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Continua.

terça-feira, dezembro 23, 2008

A questão central

"Mas o que é importante sublinhar é que Portugal tem um défice da Balança de Transacções Correntes (BTC) muito significativo, pois compramos muito mais ao exterior em bens e serviços do que vendemos.
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Ora é esse défice que tem que ser financiado. E ainda temos dívida que quer os bancos, quer a República contraíram no passado [de quase 20 mil milhões de euros] e essa dívida tem que ser refinanciada todos os anos.
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É a sua maior preocupação?
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Portugal é um dos países com um dos maiores défices da BTC do mundo. Quer em percentagem do PIB, quer em valor absoluto. O país com maior défice da BTC é os EUA, o segundo é a Espanha. E Portugal está nos dez primeiros. E o desafio é este, pois financiar este défice vai ser muito mais difícil do que foi até aqui. E pode até não ser possível.
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E se não for possível?
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Terá consequências negativas quer nos programas de investimento que queremos fazer em Portugal, quer no nível de vida dos portugueses. A necessidade de financiar um dos défices da BTC maiores do mundo e de refinanciar a dívida que emitimos no passado é a questão central.
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Em condições do boom financeiro dos últimos dez anos era facílimo, em condições da actual crise de crédito é muito complicado. Portugal, nas emissões internacionais de obrigações da República, que têm associado o melhor rating que existe, antes de começar a crise financeira pagava 0,2 por cento a mais do que a Alemanha. Neste momento as obrigações a 10 anos emitidas pela República já pagam mais um por cento do que a dívida alemã. Este é um sinal claríssimo do como o mercado está a fazer a selecção dos vários países. Na Grécia a situação ainda é pior, pois paga mais de dois por cento a mais do que a Alemanha, quando há um ano pagava mais 0,3 por cento, enquanto a Espanha paga quase tanto como Portugal, e a Itália e a Irlanda, que há um ano pagavam o mesmo que Portugal, agora até pagam mais. O mercado está a penalizar os países do Sul da Europa, e também a Irlanda, exigindo-lhes um preço cada vez maior para os financiar. O problema está muito para além dos bancos."
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Entrevista a Fernando Ulrich no Público de hoje por Cristina Ferreira.
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Parece que Ulrich também não está de acordo com a Inteli.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

A homilia de Metelo e o que chega aos jornais

A homilia de Peres Metelo hoje na TSF está em linha com as palavras de António Barreto no postal "O que chega aos jornais".
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É preciso salvar a construção....
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Por que é que não o ouvi a dizer o mesmo quando, com a entrada de Portugal na então CEE, se "descobriu" que tinhamos agricultores a mais?
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Não teremos demasiadas empresas, pessoas, dinheiro, ilusões enterrados num modelo e num sector sem pernas para continuar?
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Não é preciso consolidar?

segunda-feira, dezembro 08, 2008

O que chega aos jornais

Juntem-se estas reflexões sobre o poder e o jornalismo:
E analisem-se alguns exemplos do que chega aos jornais: O meu baú de tesourinhos deprimentes (parte II) de onde retiro este pormenor (o artigo do jornal é de ir às lágrimas num primeiro momento e de preocupação num segundo... pois começamos lgo a imaginar quem terá dado a ordem de pagamento e quem terá encomendado tais pérolas de ignorância).
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"A acumulação de capital por parte dos sectores produtores de bens ou serviços não transaccionáveis, como a construção, as telecomunicações ou a energia, criou as condições que podem permitir a alavancagem de um novo modelo de desenvolvimento económico"
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"É também nestes sectores que existe maior acumulação de capital em termos absolutos. Destacam-se, em particular, cinco áreas - construção e imobiliário, banca e seguros, comércio, telecomunicações e ainda electricidade e gás - que representaram mais de 50 por cento dos lucros de toda a economia no período em análise e que se caracterizam pelo facto de as grandes empresas ocuparem lugares de destaque ou de crescente preponderância."
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Para rematar, o artigo de António Barreto no Público de ontem que roubei ao autor aqui e do qual saliento este pormaior:
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"Banca, energia, obras públicas e telecomunicações: parecem ser estes os territórios preferidos dos grandes partidos do regime. É possível que a maior parte dos homens de que se fala hoje não tenha cometido um só crime. É possível que não tenham tido, jamais, um comportamento ilícito. Mas tal se deve ao facto de as leis permitirem que se faça o que se faz. Até porque foram eles que as fizeram."
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Não há acasos... todas as coincidências são significativas.

sexta-feira, novembro 21, 2008

Moral hazzard e não transaccionáveis

No Jornal de Negócios de hoje Teodora Cardoso com "Não podemos cair no erro de financiar tudo" .
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"Os financiamentos, na opinião da economista, devem servir para “reestruturar e financiar projectos de forma a que a economia se torne mais eficiente”.
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E dá o exemplo das energias alternativas, área em que a descida abrupta do petróleo pode levar ao adiamento da aposta."
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Até parece que as energias alternativas, mesmo com o petróleo a 150 dólares, tornavam a economia mais eficiente!!!!!
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Ou seja, mais uma desculpa para apoiar os incumbentes do costume, a matulagem da rua do pacotão, como refere Medina Carreira.
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No mesmo jornal "Pinho garante que não vai apresentar hoje qualquer plano para a indústria automóvel". Seria engraçado e paradigmático... pelo lado do orçamento ataca-se o sector todo, para depois vir dar apoios e subsídios só a alguns.

terça-feira, novembro 11, 2008

O meu baú de tesourinhos deprimentes (parte II)

Este recorte se não fosse deprimente, pelo que encerra, pelo que significa, era cómico.
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A 3 de Dezembro de 2007 o diário Público apresenta na sua página 39 esta encomenda "Onde está o dinheiro?"
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O artigo pode ser relido no sítio do Público e no sítio da Inteli (BTW, neste sítio a Inteli apresenta 19 artigos, o único que não está assinado, o único em que o autor não é identificado é este... por que será?).
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O artigo está repleto de pérolas de ficção Bollywoodesca, apetece perguntar: quem terá feito a encomenda?
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"A acumulação de capital por parte dos sectores produtores de bens ou serviços não transaccionáveis, como a construção, as telecomunicações ou a energia, criou as condições que podem permitir a alavancagem de um novo modelo de desenvolvimento económico" (AHAHAHAHAH)
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"Os sectores capitalizados
Apesar de a economia nacional apresentar valores de crescimento abaixo do desejável desde 2002, alguns sectores assistiram a uma forte capitalização nos últimos anos.
Os sectores que produzem maioritariamente bens e serviços mais protegidos da concorrência internacional, isto é, bens e serviços não transaccionáveis, apresentaram um aumento nominal dos lucros de 24 por cento entre 2000 e 2004." (E de onde vem este dinheiro Duhhh, é à custa de quem?)
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"É também nestes sectores que existe maior acumulação de capital em termos absolutos. Destacam-se, em particular, cinco áreas - construção e imobiliário, banca e seguros, comércio, telecomunicações e ainda electricidade e gás - que representaram mais de 50 por cento dos lucros de toda a economia no período em análise e que se caracterizam pelo facto de as grandes empresas ocuparem lugares de destaque ou de crescente preponderância." (construção e imobiliário... estamos falados; banca e seguros... estamos falados; comércio... estamos falados)
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Fiem-se na Virgem e não corram não, acreditem que é possível manter uma sociedade sustentavelmente à custa dos bens não transaccionáveis que vão ter um lindo destino.
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Se acabar o alimento o cuco morre: