segunda-feira, dezembro 03, 2007

Ainda a produtividade luxemburguesa vs a portuguesa

Na edição desta semana do “Vida Económica”, no artigo “Produtividade nacional é um terço da luxemburguesa”, assinado por Fernanda Silva Teixeira (sobre o primeiro programa televisivo “Economia do Mês”) encontramos algumas afirmações sobre a produtividade que … que não gostamos e não resistimos a comentar.

“Sendo o país mais pequeno da União Europeia, e contando na sua população activa com cerca de 20% de emigrantes portugueses, o Luxemburgo é o quarto país mais produtivo do mundo. Portugal encontra-se em trigésimo nono lugar. De facto, a produtividade luxemburguesa atinge cerca de 2,7 vezes a produtividade nacional.
Vasconcellos vai mais longe. Se os nossos compatriotas viessem a Portugal fazer o nosso trabalho, entravam em fim-de-semana às 17 horas de terça-feira ou em férias anuais a 15 de Maio até 2 de Janeiro.
Como explicação para a produtividade nacional ser cerca de um terço da luxemburguesa, Muyser apontou a forte motivação e o elevado sentimento de saudade.”

Esta saborosa explicação foi dada pelo senhor Alain de Muyser, embaixador luxemburguês em Portugal… como se a motivação e a saudade pudesse ser responsável por uma diferença de 2,7 vezes.

Mas a afirmação de Vasconcellos e Sá, profissional que muito respeito e admiro, também não é melhor: “se os nossos compatriotas viessem a Portugal fazer o nosso trabalho, entravam em fim-de-semana às 17 horas de terça-feira ou em férias anuais a 15 de Maio até 2 de Janeiro.”
Se os nossos compatriotas viessem a Portugal fazer o nosso trabalho, teriam uma produtividade muito parecida com a nossa, e ponto.

Grande parte da produtividade “extra” dos trabalhadores luxemburgueses resulta de produzirem produtos e serviços com muito maior valor acrescentado que os produtos e serviços produzidos e prestados em Portugal.

Como é possível acreditar que a saudade e o correr mais depressa pode ser responsável por tal diferença de produtividade?
É claro que a organização do trabalho, a capacidade de gestão, contribui para uma produtividade superior, mas 2.7 vezes superior é muito!!!!
A produtividade será tanto maior quanto maior o valor acrescentado, quanto maior a margem conseguida.

Enquanto apostarmos no negócio do preço-baixo, com margens apertadas, nunca poderemos aspirar a saltos na nossa produtividade como país.


domingo, dezembro 02, 2007

Sabedoria popular

Um provérbio Sioux:

"Quando descobrires que estás a montar um cavalo morto, a melhor estratégia a seguir é desmontar!"

Enxuto, directo, simples, mas poderoso!!!

Quando descobrimos que o nosso negócio não tem futuro, quando descobrimos que as nossas práticas actuais geram os resultados problemáticos actuais...


Como a 1ª Lei dos Buracos:

"Quando descobrires que estás num buraco. Pára de cavar!"

Para quê enterrares-te mais!!!

Ainda a propósito de quem crê na solução mágica única.



Algures, no início da década de noventa do século passado, ainda antes dos meus trinta anos, passei por uma experiência que me perturbou. Durante uma reunião com várias pessoas, de repente, dei conta de que não conseguia deixar de olhar para um dos participantes como mais um ser humano.
Olhava para ele e via-o como se estivesse a olhar para um extra-terrestre pela primeira vez, olhava para a forma e localização dos olhos, olhava para a forma e dimensão daqueles canais a que os humanos chamam nariz, olhava para o tamanho e forma das orelhas, para a dimensão, textura e movimento das sobrancelhas …E foi esta a sensação que voltei a sentir quando olhei para o pormenor deste
vídeo
, ver um ser em detalhe, como se fosse a primeira vez.

Durante os anos que se seguiram, não voltei a lembrar-me dessa experiência, nem a revivê-la. Em 2003, estava acampado num parque de campismo, nos arredores de Barcelona, e voltei a passar por uma experiência “visual” parecida. Estava no balneário a pentear-me, depois de um duche de final de tarde, quando, ao olhar para os pés de alguém que a essa hora fazia a barba, reparei na forma dos seus pés, na dimensão e posição relativa dos dedos … não tinha nada a ver com a forma dos meus pés, era como se pertencêssemos a espécies diferentes …
Naquele período de férias, tempo de maior liberdade, o meu consciente começou a processar a informação e, … tive um momento de epifania!!!

O nosso cérebro, o meu cérebro, não é preguiçoso, é mas é um tarado, um paranóico concentrado na eficiência. Como a largura de banda do nosso estado consciente é limitada, para que o nosso “Eu” consciente não dê “tilt (como nas velhas máquinas de jogos dos anos setenta do século passado), para que o nosso “Eu” consciente não empanque (como um computador antigo, por excesso de dados, “data overflow” como acontecia num filme que vi na televisão, ainda a preto e branco), o meu cérebro trabalha com padrões (com modelos, com arquétipos, com simplificações da realidade) e “engana-me” (sem querer, sem maldade).
Assim, quando olho para a cara de alguém, o meu cérebro vai buscar uma imagem, uma base de dados genérica de pré-conceitos e sobre ela implanta, embebe, aquilo que à primeira vista distingue uma pessoa de outra. Ou seja, vejo mas não vejo, vejo a cara de A e sou capaz de reconhecê-la de entre uma multidão, mas o meu cérebro consciente não perde tempo com pormenores a que no momento não dá importância … por exemplo, falar com alguém cara-a-cara e não perceber que a pessoa, de um dia para o outro, cortou o cabelo.

Provavelmente, aquilo a que convencionalmente se chama um artista, é alguém que tem apurada a capacidade de não se deixar enganar tão facilmente pela sua base de dados de imagens genéricas e que implanta mais informação concreta sobre o seu pré-conceito, quando olha para as coisas. Lembro-me de estar à espera da minha namorada e, para ajudar a passar o tempo, olhar para uma montra de quadros, de uma daquelas lojas incaracterísticas e humildes que povoavam (povoam?) a cidade do Porto, e dar de caras com um quadro que me surpreende: o artista tinha retratado um gato nas suas tarefas diárias de higiene pessoal. O artista tinha retratado um gato, era um gato mas não era um gato. O autor não se tinha preocupado com o pormenor retratista, o autor tinha procurado colocar na tela a essência de ser gato, coisas em que no dia-a-dia eu já não reparava, mas que quando as vi, ali plasmadas na tela, me impressionaram até ao dia de hoje (já lá vão mais de vinte anos): aquilo era “UM GATO”.

Provavelmente, aquilo que se passa com o meu cérebro passa-se com o cérebro das outras pessoas, e se imaginarmos um “cérebro social”, como o pensamento, a forma de ver o mundo que emerge de uma comunidade de seres humanos, também esse “cérebro social” pode ser enganado, de boa-fé(?), por ideias pré-concebidas.

Quando reconhecemos onde estamos, como sociedade, o Hoje, e comparamos com o onde queríamos estar, ou o onde imaginamos que deveríamos estar, ou o onde pensamos que teríamos o direito a estar, o Futuro, constatamos que existe uma lacuna, um hiato:
Depois, porque somos humanos, pensamos logo em soluções para colmatar esse hiato.
Mas porque não temos experiência no terreno, mas porque vivemos de preconceitos, mas porque não estamos habituados a investigar e a conjugar factos e teorias em tandem, mas porque temos de apresentar soluções politicamente correctas, mas porque temos um pensamento muito linear e não somos capazes de abarcar o todo, acreditamos que a vida é um puzzle, ou seja, um problema, um desafio com uma solução existente à partida, uma solução que não conhecemos mas que existe, e não um desafio tipo “mess” (à inglesa), uma verdadeira confusão onde “anything goes” …
… por isso, temos tendência a refugiarmo-nos nas Grandes Explicações (se calhar este texto é mais uma delas), nas Grandes Soluções. E como o cérebro social funciona e também nos engana, nas Grandes Simplificações, nos Grandes Mitos:Escondemos e simplificamos a realidade complexa com os mitos. Assim, a culpa dos nossos males é do Outro: seja ele chinês, vietnamita, indiano, romeno, marroquino, o Outro. A culpa dos nossos males é da legislação laboral, dos empresários, dos impostos, dos trabalhadores, do governo, …

Ando a frequentar uma acção de formação sobre Inteligência Emocional. Daniel Goleman define: “Inteligência Emocional significa conhecer as nossas emoções, gerir os nossos sentimentos, motivarmo-nos a nós próprios, reconhecer as emoções dos outros e gerir relacionamentos …”

Por que não somos capazes de reconhecer no Outro aquilo que já fomos? Nós também, algures nos anos setenta e oitenta do século passado, já fomos o Outro dos trabalhadores têxteis alemães, dos trabalhadores do calçado franceses!
Por que nos refugiamos em mitos: o Plano Tecnológico; a Formação Profissional; a Invasão Chinesa?

Há vinte e cinco anos, como refere Tom Peters no início deste podcast, os americanos temiam o poder económico japonês. Em vez de se fecharem, em vez de copiarem, mudaram as regras do jogo, “anything goes"!!!

Aspiro a viver num país - e procuro contribuir para isso - onde se oiçam menos as vozes de
chorões mimados e mais as vozes dos sonhadores que criam mundos novos, que criam novas oportunidades, que desenham, como os artistas, pequenas soluções, milhões de soluções. Destas, umas falham, outras têm sucesso e outras TÊM UM GRANDE SUCESSO. Só que o sucesso nunca é eterno, é sempre transitório, e cada vez mais transitório (HYPERCOMPETITIVE PERFORMANCE: ARE THE BEST OF TIMES GETTING SHORTER? de Robert R. Wiggins).
A culpa não é de ninguém, é a vida, dizia Guterres e escrevia Shakespeare…

Como dizia Mao(?) “Que milhões de flores desabrochem!”
Que milhões de tentativas surjam, que milhões de pequenos planos apareçam, muitos hão-de perecer, alguns hão-de ter sucesso e ainda outros hão-de ter muito sucesso. Pequenos planos são mais flexíveis, são mais ajustáveis, são mais realistas e mais próximos da realidade.

A crença mítica NUMA
estratégia mágica, numa estratégia mítica, numa estratégia única, está tão desactualizada… é tão “krushoviana”,!!!
“Hello!” Acordem!!!

A minha leitura das férias de Verão, “The Origin of Wealth” the Eric Beinhocker, conta as experiências de Lindgren e o seu “The Game of Life” combinado com o “The Prisioner’s Dilemma”, as conclusões são … eloquentes, esmagadoramente óbvias “after the fact”:

So who was the winner? What was the best strategy in the end? What Lindgren found was that this is a nonsensical question. In an evolutionary system such as Lindgren’s model, there is no single winner, no optimal, no best strategy. Rather, anyone who is alive at a particular point in time, is in effect a winner, because everyone else is dead. To be alive at all, an agent must have a strategy with something going for it, some way of making a living, defending against competitors, and dealing with the vagaries of its environment.”

O trecho que se segue, faz-nos pensar no choradinho dos coitadinhos, que protestam contra os concorrentes, por serem chineses, por serem espanhóis, por serem …, por existirem.
“Likewise, we cannot say any single strategy in the Prisioner’s Dilemma ecology was a winner. Lindgren’s model showed that once in a while, a particular strategy would rise up, dominate the game for a while, have its day in the sun, and then inevitably be brought down by some innovative competitor. Sometimes, several strategies shared the limelight, battling for “market share” control of the game board, and then an outsider would come in and bring them all down. During other periods, two strategies working as a symbiotic pair would rise up together – but then if one got into trouble, both collapsed.”

And now, the grande finale:
“We discovered that there is no one best strategy; rather, the evolutionary process creates an ecosystem of strategies – an ecosystem that changes over time in Schumpeterian gales of creative destruction.”
Estratégia única foi a perdição de Roma em Canas, estratégia única é aquilo a que a vida tem horror.
""Life is the most resilient thing on the planet. It has survived meteor showers, seismic upheavals, and radical climate shifts. And yet it does not plan, it does not forecast, and, except when manifested in human beings, it possesses no foresight. So what is the essential thing that life teaches us about resilience?
Just this: Variety matters. Genetic variety, within and across species, is nature's insurance policy against the unexpected. A high degree of biological diversity ensures that no matter what particular future unfolds, there will be at least some organisms that are well-suited to the new circumstances."
Poema de Gary Hamel e Liisa Valikangas em "The quest for resilience", Harvard Business Review, Setembro de 2003"


Depois de terminar este texto, em que abordo o uso do pré-conceito, deparo com este postal de Pedro Arroja sobre os preconceitos. Acredito que os preconceitos são perigosos, quando as condições em que eles se formaram, desapareceram, porque induzem comportamentos que já não estão adequados à nova realidade.

“Os preconceitos são regras de acção automáticas que as gerações anteriores nos legaram e que nos permitem economizar muito tempo e outros recursos.” Cá está a questão da eficiência na utilização da largura de banda do “Eu” consciente.
“Tendo-se confrontado com problemas semelhantes aos nossos no passado, as gerações dos nossos antepassados tiveram de encontrar soluções para eles.” OK, Arroja fala na vertente social, eu falo na vertente económica, e nessa vertente está tudo em mudança constante.

sábado, dezembro 01, 2007

É só fazer as contas!!!!!

Independentemente do que eu penso e valorizo na abordagem estratégica das organizações que sobrevivem à custa de baixos salários.

Faz-me espécie as pessoas e instituições que não são capazes de se situar a elas próprias numa relação com o outro. São capazes de aconselhar uma coisa ao outro, e para si próprios não conseguem, não querem aplicar os mesmos critérios... go figure!

O que é que o governo português decidiu quanto à progressão salarial dos seus colaboradores em 2008?
O que é que o governo português quer impor às empresas, quanto à progressão salarial dos seus colaboradores em 2008?

O artigo do JN de hoje ajuda a responder.
"Subida do salário mínimo sem impacto nas empresas"... não é exactamente esta mesma equipa do ministério do Trabalho que há 10 anos nos prometia a resolução do problema das reformas por 100 anos?
Não era esta mesma equipa liderada pelo homem que à saída de um hospital, algures em 1994/95, depois de meter os pés pelas mãos nos rematou "É só fazer as contas!"
Não é esta equipa parte da mesma tribo que semana sim, semana sim, é vergastada em público pelo Tribunal de Contas, por causa da sua criatividade?

Quem é que compraria um carro em 2ª mão a esta equipa?

Pensamento linear, o Grande Planeador, o Bezerro de Ouro e o Plano Tecnológico

Sometimes (tokidoki), encontramos postais na internet que despertam em nós um sentimento de comunhão. Este postal é um deles "Embrace the mess?".
Quinta-feira passada escrevi sobre o bezerro de ouro do Plano Tecnológico, hoje encontro um texto destes:
"It made me think of how many of my clients want to attack their business problems as if they were playing checkers, when in reality, their business is more like a three-dimensional chess game. Every move at the executive level has implications throughout the organization and, eventually, the marketplace. The impact of these moves can be subtle and often take a significant period of time before they surface. By then, the cause and effect relationship is often not recognized.
Many of the executives I deal with are linear thinkers
."
...
"They often look at an emerging issue as an engineering problem controlled by predictable laws of physics, rather than a messy puzzle ruled by random variables in the behavior of employees, board members, investors, competitors, and customers." Este trecho acerta na "mouche".
...
É por isso que acredito no pensamento sistémico, é por isso que não acredito em acasos, é por isso que cada vez mais percebo as implicações do 'anything goes", é por isso que procuro desenvolver o lado direito do cérebro e não confiar tanto no lado racional, no denominador da equação da produtividade, no mais fácil e directo, no: ""If margins are poor, cut costs." Rarely are all the possible impacts on future revenue generation or current productivity considered."

Há que apostar no numerador da equação da produtividade, há que apostar na criação de valor, ou seja: "Most believe that innovation will be the answer, although most also acknowledge their organizations are not very good at it."
Nem de propósito, acabo de ler nesta encíclica papal "Spe Salvi" esta verdade, para as pessoas, e para os negócios "La vita non è un semplice prodotto delle leggi e della casualità della materia, ma in tutto e contemporaneamente al di sopra di tutto c'è una volontà personale".

sexta-feira, novembro 30, 2007

Uma das canções da minha vida

Quase que sinto a sintonia dos electrões dos átomos que me contituem, com esta melodia.

Só pode estar a brincar

Só pode estar a brincar, só pode estar a brincar, só pode estar a brincar...
Portugal é um pequeno país, senão o homem tinha gerado manifestações de protesto contra o desplante.

A Índia é um país em que mais de oitenta por cento dos seus habitantes são hinduistas. A religião hindú considera as vacas como animais sagrados. Os hindús não comem carne de vaca e ponto.

Que exemplo é que o ministro Pinho arranjou para exemplificar as barreiras que existem quanto às exportações europeias para a Índia? É verdade, ele teve o desplante...
"Pinho sabe, no entanto, que continuam a existir muitos bloqueios ao investimento estrangeiro na Índia e na China. Não apenas pautas aduaneiras que sobrecarregam os produtos, mas também outras barreiras técnicas ou até embargos. Por exemplo, a carne de vaca europeia ainda não pode entrar na Índia devido à doença das vacas loucas, apesar de o foco estar controlado há muito tempo."

Weird stuff. Weird, weird, weird...

Muita há a dizer sobre este artigo no Diário Económico de hoje "“Se a Índia é emergente, vocês na Europa são submergentes”", mas esta afirmação ... alguém que conheça o ministro que lhe faça chegar um esquema da metodologia CAGE, no livro de aqui falei (ver figura 2 na página 13 deste texto).

Whoever owns the job...

Lembro-me de uma reportagem na TV sobre este caso da fábrica de confecções Afonso-Produção de Vestuário, de Arcos de Valdevez.

A leitura deste artigo no JN de hoje "Fábrica salva por um euro já factura quase um milhão", assinado por Ana Peixoto Fernandes, conjugou-se com uma afirmação que li algures "Whoever owns the shelf, owns the market".
Será que um dia chegaremos a um estado em que os trabalhadores terão de se juntar, numa espécie de associação sem fins-lucrativos, para construirem os seus postos de trabalho?

Tom Peters ao vivo

Com a indicação do nosso leitor "Aranha", chegamos a este endereço, onde podemos ouvir um podcast de Tom Peters "Aula Inaugural do IPAM com Tom Peters".

Alguns sublinhados meus:

11:40
"I have never seen an effective marketing decision that was based on the data... you collect the data, you analyse the data, you smell the data, you taste the data, and then you go with your gut."
Os números são muito importantes, os números são mesmo muito importantes, mas sem um pouco de arte ... toda a gente ganharia o totobola.

15:20
"Leadership has not changed since Alexander the Great, at the end of the day it is about nothing other than people, it's about people, it's about relationships."
Essa é uma das aprendizagens que não se faz na Universidade. Por mais tempo que passe, por mais experiência que acumule, não consigo deixar de me surpreender com o poder da comunicação, da genuína comunicação, do seu poder catalítico, e dos milagres que opera.

25:10
"Sam is absolutely unafraid of failing", o que tenta mais vezes ganha! Anything goes!! Como descreve Eric Beinhocker no "The Origin of Wealth".

39:48
"If you want to put the customer first, then you must put the employees that serve the customers, more first." Ligar esta afirmação com este postal.

O mundo em que vivemos e o mundo em que fomos criados.

Muitas vezes, ao ouvir os desabafos de alguns ... "empresários", de alguns ... "gestores", de alguns ... políticos, lembro-me desta imagem.

Alguém tirou o brinquedo ao bébé!!!

Fomos criados num mundo em que tinhamos uma vantagem competitiva, os baixos salários. Depois, a 9/11 o mundo mudou, lá no distante ano de 1989, 3.5 biliões de humanos chegaram ao mercado para exigir o seu lugar na festa. Então, a onda começou a crescer e acabou, estilhaçou com a nossa vantagem competitiva. Não adianta chorar, há que repensar e ir à luta, não existe nenhum papá a quem possamos fazer queixa dos outros meninos, porque tiveram o desplante de também vir brincar para o recreio que julgávamos que era só nosso, que víamos como uma dádiva de Deus a este país dos Descobrimentos.


Se tomarmos consciência, verificaremos: nos milhares de livros de gestão que se publicam por esse mundo fora anualmente; nas revistas de gestão e de negócios, que esta é realidade do mundo em que vivemos. Basta atentar neste título "Sustaining Competitive Advantage: Temporal Dynamics and the Rarity of Persistent Superior Economic Performance" de Robert Wiggins.

Acordem, that's life

quinta-feira, novembro 29, 2007

Ainda há quem acredite no Grande Geómetra, no Grande Planeador

"A ideia do Plano Tecnológico tem todo o sentido. É fundamental criar uma marca que sinalize as prioridades de um caminho que tem que ser feito."
...
"Precisamos que o Plano Tecnológico passe a ser o ponto de partida e de chegada de uma atitude social que os indivíduos em Portugal deverão querer protagonizar para assumir duma vez por todas um Modelo de Desenvolvimento diferente e com razão de ser."
...
"O Plano Tecnológico tem que passar a ser o Plano Estratégico dos Portugueses. São cada vez mais necessários protagonistas operacionais capazes de induzir dinâmicas de diferenciação qualitativa nos territórios e capazes de conciliar uma necessária boa coordenação das opções centrais com as capacidades de criatividade local. Capazes de dar sentido à “vantagem competitiva” de Portugal, numa sociedade que se pretende em rede."

Escreve, num artigo de opinião, Francisco Jaime Quesado, no Jornal de Negócios de ontem.

Já há algum tempo que não lia um artigo tão kepleriano (antes do seu momento de epifania), tanta crença num caminho único, num grande planeador, num grande geómetra...

Como se houvesse um caminho único! Como se houvesse uma entidade inteligente capaz de saber qual é a resposta... como se a vida de um país fosse como um puzzle!!!
Um puzzle tem uma única solução, e o Grande Planeador conhece-a!!!

A vida de um país não é um puzzle! Não há solução, há soluções, milhares, milhões de soluções, todas temporárias, umas mais duradouras que outras.

Viva a liberdade, vivam os caminhos alternativos, vivam os divergentes, vivam os que teimam em ser diferentes, vivam os que não acreditam nos monolitismos de qualquer espécie...

Duas propostas para o papel da liderança


“Defendemos que a tarefa fundamental dos líderes consiste em potenciar sentimentos positivos nas pessoas que são lideradas. Isto ocorre quando o líder cria ressonância, isto é, quando consegue aumentar a intensidade dos sentimentos positivos ao seu redor – a ressonância é, assim, um reservatório de positividade que liberta o que há de melhor nas pessoas. No fundo, a tarefa essencial da liderança é de natureza emocional.”

Li esta introdução e não resisti, adquiri o livro “Os novos Líderes – A Inteligência Emocional nas Organizações”, de Daniel Goleman, Richard Boyatzis e Annie McKee.

Ao ler esta introdução fiz logo a ponte para o título do passado fim-de-semana no semanário Expresso "Têxteis querem salário mínimo sectorial" ... que hiato, que abismo, que oceano, que galáxias de divergência!!!

Uma posição aponta para o futuro, para a abertura, para o arriscar ...

A outra remete-nos para a defesa do passado, para a construção de uma barragem de madeira, para suster a torrente do Amazonas.


quarta-feira, novembro 28, 2007

Citações



Emergência dos sistemas

Ao desenvolver um mind map:

Com o jogo de cores, texto e desenhos, não só estimulamos a criatividade e a memória, como fazemos emergir relações entre os diferentes conceitos, criando um novo nível de conhecimento.

Daí que já há algum tempo que namore a possibilidade de comprar o livro de Robert Horn "Visual Language - Global Communication for the 21st Century".

Tantas possibilidades! A capacidade de lidar com um volume de informação enorme e diverso, como se pode ver neste mural.

terça-feira, novembro 27, 2007

Mais um pouco de harmonia...

Já que não posso embeber aqui o vídeo, fica aqui a ponte para o maravilhoso som de Keith Jarrett no famoso Koln Concert de 1975.

Porter, mind maps, mapa da estratégia, produtividade e outras ideias

O Diário Económico de hoje, com o artigo "Para que servem estudos como os de Porter" recorda-nos as recomendações que Porter deixou no final do seu estudo.

Esta é a minha interpretação do artigo, já que ando com a mão na massa dos mind maps do senhor Buzan.Ao desenhar um mind map, começamos a despertar para uma das propriedades fundamentais dos sistemas, a emergência. Quando vários componentes de um sistema interagem entre si, emergem novas relações, novas propriedades, novos componentes, como tão bem demonstra Stuart Kauffman no seu livro "O Universo, A Nossa Casa".

Gostaria no entanto de fazer algumas achegas "racionais" ao texto do artigo:

"1 - Concentração em clientes sofisticados
... As empresas precisam de desenvolver formas mais sofisticadas de competir, baixando os custos através de um aumento da produtividade ou conquistando margens adicionais no preço em produtos diferenciados." Até parece que a conquista de margens adicionais no preço não é, também, uma forma de aumentar a produtividade!!!

"
2 - Formular estratégias competitivas
O primeiro ponto é identificar clientes alvo da empresa e depois escolher qual o posicionamento dentro da indústria: baixo custo ou diferenciação. Uma vez definida a estratégia da empresa, os seus gestores devem reiventá-la para levar a cabo essa estratégia." Até parece um resumo deste blogue: identificar clientes-alvo, escolher uma proposta de valor; depois, subordinar toda a actividade da organização à produção natural, mas dedicada, obcecada, alinhada, da proposta de valor, formulando e traduzindo a estratégia em acções concretas.
"A procura, a produção, a logística, o marketing e as vendas e pós vendas devem ser
eficientes." Nos processos de contexto, temos de ser eficientes, mas nos processos críticos para a estratégia temos de ser eficazes. Aí, e só aí, faz sentido falar em processos excelentes, aqueles que fazem a diferença junto dos clientes-alvo.

"
3 - Aumentar a produtividade
Para aumentar a competitividade as empresas devem aumentar a produtividade através da inovação." Bi
ngo!!! Como demostramos por aqui.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Esquizofrenia?

A página 38 do Público de hoje é tão estranha...

Grande parte da página é ocupada com uma entrevista dada por Paulo Nunes de Almeida, o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal:

"Salário mínimo nos 500 euros pode gerar mais desemprego"

No texto, assinado por Natália Faria, duas mensagens principais:

"O responsável associativo do sector têxtil quer alteração do regime de horários e de pagamentos para facilitar a vida das empresas." e
"O desemprego vai aumentar, caso o Governo insista em aumentar o salário mínimo nacional até aos 500 euros em 2011 sem avançar com contrapartidas para as empresas."

Todo o discurso é baseado na defesa das empresas que apostam na proposta de valor preço, preço, preço.

Depois, a jornalista, na caixa colocada no canto inferior direito coloca a questão "Que caminhos aponta o plano estratégico para o sector têxtil a apresentar em Dezembro?"

E a resposta não bate certo com o corpo principal da entrevista, senão vejamos:

"Pensamos que o sector se vai desenrolar segundo três grandes eixos. No primeiro, estarão as empresas que continuarão a trabalhar para marcas de terceiros, já não numa óptica de mera contratação de mão-de-obra, mas de prestação de serviços, com grande proximidade aos clientes, produtos de alta gama, pequenas séries, serviço rápido e valor acrescentado. Portugal vai continuar a ser um país de private label e acho que temos que nos deixar de complexos quanto isso, pelo contrário, devemos orgulhar-nos de estarmos a produzir num segmento topo de gama. "

As empresas que apostam no trabalho para terceiros, segundo as palavras de Paulo Nunes de Almeida, já não o vão fazer por causa do preço-baixo, mas por causa do serviço, da relação, da intimidade com os clientes, daí ele falar em "prestação de serviços, com grande proximidade aos clientes, produtos de alta gama, pequenas séries, serviço rápido e valor acrescentado"... então qual o sentido do discurso de todo o resto da entrevista? Se estamos a falar de serviço rápido e valor acrescentado, então, a proposta de valor é a intimidade com o cliente não o preço. Se não é o preço, para quê perder tempo com o rosário de temas da entrevista principal?
Não faz sentido!!!
Maldosamente apetece perguntar, e como é que empresas que não conseguem fazer o planeamento financeiro, e querem passar para contas com 12 meses e não com 14 meses, conseguem lidar com a complexidade desta proposta de valor (intimidade com o cliente)?

"E quanto aos restantes eixos?
Prevê-se um crescimento em duas áreas - que hoje têm pouco peso, na casa dos 15 a 20 por cento - que são as marcas próprias e os têxteis técnicos ou funcionais. Aqui Portugal tem algumas vantagens, porque está, como poucos, em condições de desenvolver um produto desde a concepção ao fabrico e à distribuição. "

Estas duas áreas estão relacionadas com a proposta de valor associada à inovação. Mais uma vez não estamos a falar de preço. Então para quê tanto investimento na defesa do ontem, do passado?

Ou estes três eixos são treta, ou não se está seguro de que esta é a aposta certa, e quer-se ficar com uma perninha no passado!

Na Idade Média alguns exércitos colocavam na sua rectaguarda, as mulheres e os filhos dos seus combatentes, para que estes dessem o seu melhor, para que estes se comportassem como se não houvesse alternativa à vitória, como se não houvesse plano B. Como se demonstra facilmente, não é possível ter sucesso querendo ser uma coisa, e o seu contrário, ao mesmo tempo, quando se decide, tem de se mergulhar de vez e em profundidade nas consequências.

Agora que estamos a aproximar-nos do Natal, recomendo como prenda útil, para o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, a leitura do livro "Confronting Reality - Doing What Matters to Get Things Right" de Larry Bossidy & Ram Charan.

"Whether change is abrupt or gradual, at some point it makes old beliefs and behaviors obsolete. Ignoring that reality, as so many leaders do, is devastating."

Já agora, outra das minhas discordâncias preferidas, face ao mainstream, será que o trabalhador têxtil que trabalha na linha de confecção de uma têxtil que aposta no preço e que tem a 4ª classe, não consegue ser útil e muito produtivo se for colocado a fazer o mesmo mas numa empresa que aposta num dos três eixos? O problema não são os trabalhadores, o problema é a sobrevivência das empresas pouco produtivas.

domingo, novembro 25, 2007

Um piano especial

Palavras para quê...

Aula # 7

Disciplina: Tecnologia e Inovação Ambiental I
4º ano de Engenharia do Ambiente, da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa
Módulo: Sistemas de Gestão Ambiental





Última aula: acetatos podem ser encontrados aqui



Para o exame basta estudar os acetatos, a norma ISO 14001, e estar atento aos exercícios realizados nas aulas.

Para quem quiser ir mais além, agora ou no futuro, deixo estas referências bibliográficas:
Há uns anos, com 20/30% da minha lavra e retirando uns textos aqui e acolá, sobretudo daqui (atenção que o texto está de acordo com uma versão, hoje obsoleta, da ISO 14001) criei os seguintes apontamentos:
a; b; c; d; e.


Apesar de um pouco desactualizados, porque são de 2002 e a nova versão da norma é de 2004, o essencial está lá, e pode servir de referencial (esperemos que útil) para um trabalho de campo futuro.


Atenção!!! Hoje, tenho um certo receio deste tipo de abordagem porque promove uma visão dos Sistemas de Gestão Ambiental, como um conjunto de respostas às cláusulas da norma. E espero ter demonstrado que um sistema é mais, muito mais do que uma amálgama de respostas individuais, um sistema é mais do que a simples soma dos seus componentes.
Como tentei demonstrar nesta figura.

Votos de sucesso!!!

Pós-Graduação: Gestão de Organizações e Desenvolvimento Sustentável

Sessões 7 e 8.

Pós-Graduação: Gestão de Organizações e Desenvolvimento Sustentável

Acetatos das sétima e oitava sessões, podem ser encontrados aqui.

A declaração ambiental de uma produtora de energia hidroeléctrica, aqui e para o produto torneira aqui.

As PME’s, sem capacidade para avançarem para declarações ambientais completas, podem optar pelo esquema simplificado StepWise EPD, informação complementar aqui, com exemplos de declarações aqui (chamo a atenção para as empresas portuguesas).

Um documento base que relaciona a avaliação do ciclo de vida e as declarações ambientais aqui.

Licenciamento Ambiental e Prevenção e Controlo Integrado da Poluição:

Legislação aqui e Guia de Apoio ao Preenchimento do Formulário aqui. Formulário que as empresas abrangidas têm de preencher aqui.

Neste endereço podemos aceder à lista de BREF’s com as Melhores Tecnologias Disponíveis.

Uma página onde podemos aceder a uma série de licenças ambientais emitidas na região centro, para empresas portuguesas aqui. Um exemplo de uma licença ambiental aqui.

Quanto à proposta de trabalho final, aqui está ela

By the way, só por curiosidade aqui vai o documento que revolucionou a minha forma de encarar as auditorias internas, após certificação.

Agradeço a Vossa colaboração, participação e curiosidade.