Mostrar mensagens com a etiqueta paradoxo da estratégia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta paradoxo da estratégia. Mostrar todas as mensagens

domingo, abril 29, 2012

Do paradoxo da estratégia à psicologia, passando pelo preço do dinheiro e o horror a perder

Ainda na passada sexta-feira de manhã, a conversa, na viagem de carro da Figueira da Foz para Coimbra, veio parar a isto, ao paradoxo da estratégia.
.
A conversa começara por causa de um sinal que vimos na autoestrada, aquele que se coloca a 1300 metros a avisar que vai haver um corte de faixa. Um sinal daqueles custa cerca de 700 euros. 
.
Fará sentido, para uma empresa que faz uma obra por ano numa auto-estrada, adquirir um sinal? Não fará sentido haver no mercado empresas que aluguem sinais como quem aluga gruas?
.
Perguntava-me a jovem:
- Então, se o futuro for no sentido que diz, empresas mais pequenas e especializadas. Elas podem ganhar mais dinheiro enquanto tudo correr bem mas, se o mercado mudar, têm menos hipóteses de escapar?
.
Claro que concordei com o seu raciocínio. E tentei descrever esta figura e o seu significado:
Mais foco, mais pureza estratégica, maior rentabilidade e mais risco, logo mais mortalidade.
Menos foco, menos pureza estratégia, menor rentabilidade e menos risco, logo menos mortalidade.
.
Este trecho veio-me recordar a conversa da passada sexta-feira:
"As I was reading this book I kept wondering why organizations were so reluctant to employ a strategy. All of this thinking reminded me of another book I had read a few years back on strategy called The Strategy Paradox. What is the paradox?

The most profitable strategies are “extreme” strategies that commit companies to positions of either product differentiation or cost leadership. These extreme positions expose firms to a greater likelihood of bankruptcy by increasing the strategic risk they face. Consequently, the strategies likeliest to succeed are also likeliest to fail. That is the strategy paradox.
At first I thought organizations avoided good strategy simply because it was complicated and involved hard choices. The more I thought about it, however, the more I settled on the fact that people avoid good strategies because they don’t want to be wrong."
E isto leva-me a fazer a ligação com o capítulo 28 do livro de Daniel Kahneman "Thinking, Fas and Slow", um capítulo chamado "Bad Events":
"The concept of loss aversion is certainly the most significant contribution of psychology to behavioral economics. This is odd, because the idea that people evaluate many outcomes as gains and losses, and that losses loom larger than gains, surprises no one. ... The brains of humans and other animals contain a mechanism that is designed to give priority to bad news. ... The brain responds quickly even to purely symbolic threats. Emotionally loaded words quickly attract attention, and bad words (war, crime) attract attention faster than do happy words (peace, love). ... The self is more motivated to avoid bad self-definitions than to pursue good ones. Bad impressions and bad stereotypes are quicker to form and more resistant to disconfirmation than good ones."
E agora estas estatísticas retiradas do golfe:
"Pope and Schweitzer reasoned from loss aversion that players would try a little harder when putting for par (to avoid a bogey) than when putting for a birdie. They analyzed more than 2.5 million putts in exquisite detail to test that prediction. They were right. Whether the putt was easy or hard, at every distance from the hole, the players were more successful when putting for par than for a birdie. The difference in their rate of success when going for par (to avoid a bogey) or for a birdie was 3.6%. This difference is not trivial. ... These fierce competitors certainly do not make a conscious decision to slack off on birdie putts, but their intense aversion to a bogey apparently contributes to extra concentration on the task at hand."
 Como o preço do dinheiro está cada vez mais elevado, são precisas rentabilidades cada vez mais elevadas para remunerar o capital, logo, um desafio interessante em cima da mesa... o paradoxo da estratégia, o preço do dinheiro e o horror às perdas que permeiam a nossa psicologia.

segunda-feira, julho 27, 2009

Já que o vão fazer... convém planear a abordagem

Portugal é um pequeno mercado!
.
É o que me dizem, por sistema, os empresários com quem abordo a temática do posicionamento estratégico das empresas.
.
"Se trabalharmos só para um determinado grupo de clientes não tenho dinheiro para os salários!"
.
Já no ano passado abordamos o tema do paradoxo das estratégias híbridas versus estratégias puras e da relação entre o retorno e a taxa de sobrevivência.
.
Nada impede que uma empresa procure servir todo o tipo de clientes, ou mais do que uma gama de clientes. Tem é de ter cuidado com a maneira como o faz. E quanto mais diferentes são os clientes maior terá de ser o cuidado a ter para os servir:
.
Cuidado com a competição pelos mesmos recursos para servir diferentes clientes-alvo.
.
Diferentes clientes-alvo devem ser servidos por:
  • marcas diferentes;
  • equipas comerciais diferentes;
  • diferentes circuitos de distribuição (?);
  • diferentes circuitos de aquisição (?);
Cuidado com a competição pela mesma estrutura produtiva. Se não houver capacidade em excesso quem é que vai ser prejudicado? Aqui, lembremo-nos das ideias de Skinner e do plant-within-plant.

E como é que é feito o custeio? Por que é que a marca barata terá de suportar os custos da estrutura dedicada ou requerida pela marca mais cara?

Já que o vão fazer... convém planear a abordagem.

Ora aqui está um bom tema para investigação.
.
Skinner:
.
"For example, if the company is currently involved in five different products, technologies, markets, or volumes, does it need five plants, five sets of equipment, five processes, five technologies, and five organizational structures? The answer is probably yes. But the practical solution need not involve selling the big multipurpose facility and decentralizing into five small facilities.

In fact, the few companies that have adopted the focused plant concept have approached the solution quite differently. There is no need to build five plants, which would involve unnecessary investment and overhead expenses.

The more practical approach is the “plant within a plant” (PWP) notion in which the existing facility is divided both organizationally and physically into, in this case, five PWPs. Each PWP has its own facilities in which it can concentrate on its particular manufacturing task, using its own work-force management approaches, production control, organization structure, and so forth. Quality and volume levels are not mixed; worker training and incentives have a clear focus; and engineering of processes, equipment, and materials handling are specialized as needed.

Each PWP gains experience readily by focusing and concentrating every element of its work on those limited essential objectives which constitute its manufacturing task. Since a manufacturing task is an offspring of a corporate strategy and marketing program, it is susceptible to either gradual or sweeping change. The PWP approach makes it easier to perform realignment of essential operations and system elements over time as the task changes."

Já agora, as tabelas 2 e 5 deste artigo "Incompatibilities of the low-cost and full service business models within the same airline" de Luca Graf ajuda a reflectir sobre o tema.

domingo, fevereiro 15, 2009

Diversidade um seguro comunitário para fazer face ao futuro

Várias vezes recordo neste espaço um trecho de poesia, saído do número de Setembro de 2003 da revista Harvard Business Review e da autoria Gary Hamel e Liisa Valikangas no artigo "The quest for resilience":
.
"Life is the most resilient thing on the planet. I has survived meteor showers, seismic upheavals, and radical climate shifts. And yet it does not plan, it does not forecast, and, except when manifested in human beings, it possesses no foresight. So what is the essential thing that life teaches us about resilience?
.
Just this: Variety matters. Genetic variety, within and across species, is nature's insurance policy against the unexpected. A high degree of biological diversity ensures that no matter what particular future unfolds, there will be at least some organisms that are well-suited to the new circumstances."
.
Como é impossível prever o futuro, o melhor seguro para uma comunidade é apostar na diversidade. Quando o futuro chega e premeia uns e cobra a outros, a diversidade permite a sobrevivência estatística da comunidade e a transmissão e evolução de ADN para novas experiências.
.
Os crentes no Grande Planeador acreditam que entidades únicas, os governos ou as oposições, têm o dom de adivinhar o futuro e determinar que apostas vão ter sucesso no futuro... pois, fiem-se na Virgem e não corram!
.
Foi deste tema que me recordei quando descobri este artigo "A Villacanas, haut lieu castillan de la filière bois, le "miracle des portes" est fini" no Le monde na internet.
.
"Bienvenue à Villacanas, 11 000 habitants, capitale de la menuiserie industrielle. Hier encore, ce gros bourg prospérait grâce à la spécialité locale : la porte en bois. Ses dix usines produisaient plus de 70 % des huisseries traditionnelles de toute l'Espagne.
.
Depuis l'éclatement de la bulle immobilière, la ville paie son hyper-spécialisation : deux entreprises ont fermé en 2008, deux autres sont en cessation de paiement, toutes tournent au ralenti après avoir dégraissé. En 2006, sept millions de portes sortaient annuellement des ateliers de Villacañas. Dans le pays, on mettait alors en chantier quelque 800 000 logements, plus qu'en Allemagne, au Royaume-Uni et en France réunis.
.
Cette mono-industrie offrait alors 5 650 emplois aux habitants de la région. Aujourd'hui, à peine 3 000 personnes ont conservé leur poste. Et pour combien de temps ? L'Espagne devrait construire moins de 200 000 logements en 2009. Dans son bureau, le maire socialiste de Villacañas tient les comptes du chômage. "En janvier, il y a eu 80 demandeurs d'emploi de plus, ce qui met notre taux de chômage à 14 %, pile dans la moyenne nationale, commente Santiago Garcia Aranda. Mais depuis une semaine, il y a 250 chômeurs de plus et, fin février, on atteindra 17 % ou 18 %."
.
Regiões que apostam tudo no têxtil, tudo no calçado, tudo no turismo, tudo no... tornam-se mais rentáveis enquanto a economia desse sector cresce, todavia, tornam-se muito mais vulneráveis durante as situações de revés, pois a mono-cultura coloca todos no mesmo saco não há distribuição de risco (engraçado estou a escrever isto sobre regiões e estou a dectectar um fractal, vou procurá-lo ... O paradoxo da estratégia (parte I: Compromissos) e Não há almoços grátis: Há que optar ... estratégias puras versus híbridas e a sua relação com o retorno e com a taxa de sobrevivência).
.
Aviso para os crentes no Grande Planeador: a humildade é muito importante.

terça-feira, julho 08, 2008

Como é que o governo pode saber qual é o futuro?

É relativamente comum ouvir, ou ler, as mais variadas pessoas ou instituições, clamar por uma estratégia governamental para o seu sector de actividade económica.
.
Ainda ontem, na rádio, ouvia um tal Bernardo Albino clamar por uma estratégia governamental para os cereais.
.
Michael Raynor expõe o problema desta postura no seu livro "The Strategy Paradox":
.
"A successful strategy allows an organization to create and capture value. To create value, a firm must connect with customers. For a firm to capture value, its strategy must be resistant to imitation by competitors. Satisfying customers in ways competitors cannot copy requires significant commitment to a particular strategy, that is, strategic commitments, to unique assets or to particular capabilities.
.
Commitments are a powerful determinant of success because they make a strategy difficult to imitate."
...
"The downside of commitments is that if you make what happen to be wrong commitments, it can take a long time to undo them and make new ones.
.
"The strategy paradox, then, arises from the collision of commitment and uncertainty. The most successful strategies are those based on commitments made today that are best aligned with tomorrow's circumstances. But no one knows what those circunstances will be, because the future is unpredictable."
...
"Success is very often a result of having made what turned out to be the right commitments (good luck), while failed strategies, which can be similar in many ways to successful ones, are based on what turned out to be the wrong commitments (bad luck). In other words, the strategy paradox is a consequence of the need to commit to a strategy despite the deep uncertainty surrounding which strategy to commit to. Call this strategic uncertainty."
...
Julgo que é o medo da escolha, o receio de ter de fazer opções, opções que podem sair furadas, que leva as pessoas a aspirar que a escolha seja feita por uma entidade externa.
.
"... no one can legitimately claim to have a meaningful ability to foresee the future in anything like the level of detail required to make consistently successful strategic commitments."
.
Esta incerteza é que dá valor à diversidade de estratégias seguidas por diferentes entidades num mesmo ecossistema. Em vez de colocar todos os ovos no mesmo cesto, uma paleta de estratégias, uma gama de escolhas assegura que algumas hão-de fazer as boas apostas, diminuindo o risco.
.
Como é que o governo, como é que um governo pode saber qual é o futuro?