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segunda-feira, junho 21, 2010

So Krugman's...

Há dias, no seu blogue, Krugman publicou um postal intitulado "That '30s feeling"
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"As grandes obras públicas estão a revelar-se incapazes de diminuir o desemprego em Bragança, com os inscritos nos centros de emprego a aumentarem, apesar das necessidades de mão de obra serem suficientes para absorver todos os desempregados da região.

O distrito está transformado num estaleiro, com empreitadas em simultâneo de estradas e barragens que representam um investimento sem precedentes no Nordeste Transmontano superior a 1.500 milhões de euros, só na fase de construção."
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Se não fosse trágico era uma excelente comédia...
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Façamos contas de merceeiro:
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Estipulemos que 50% dos desempregados são mulheres... alguém está à espera de ver, em Portugal, mulheres nas obras (além das licenciadas)?
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Dos restantes 50% (homens) quantos é que vêm de empregos com trabalho ao ar livre (construção, agricultura, ...)? E quantos dos que vêm de empregos fabris, escritórios e serviços, estão preparados para morder o pó da terra?
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Até parece que pensam que estamos nos anos 30 do século XX norte-americano em que exércitos de agricultores, expulsos das suas terras, habituados a trabalhar a terra estavam disponíveis.
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Já agora, a propósito do texto de Krugman recordo este texto "Verdades inconvenientes???"
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O emprego, tal como o lucro, é uma consequência, não um objectivo para o qual se trabalhe directamente.

sábado, outubro 04, 2008

O leite da minha rua é melhor do que o leite da rua dos outros

Ricardo Rio, no número desta semana da Vida Económica no artigo "As guerras do leite" escreve: .
"uma das principais queixas dos produtores se prende com a estratégia de aprovisionamento de alguns grupos da grande distribuição nacional - porventura com a excepção da Sonae - que optam por importar leite para os seus produtos «marca branca».
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Ora, segundo tais produtores, esse leite importado é manifestamente mais barato, mas tal competitividade advém da falta de qualidade dos produtos em questão.
.Em terminologia que me escuso a reproduzir por ser totalmente ignorante em relação a tais especificações técnicas, garantiam-me alguns que no que concerne aos valores que estão sujeitos a verificação no âmbito do controlo de qualidade e dos normativos legais, nacionais e comunitários, a diferença é abissal, em benefício da nossa produção doméstica."
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Esta conversa da falta de conformidade com requisitos legais é velha e estafada, não percebo como é que os media ainda lhe dão espaço de antena no megafone.
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Se atravessarmos a fronteira temos a mesma conversa: "Además, el responsable de sectores ganaderos del SLG calificó de "dudosos" los controles de calidad a los que se somete la leche importada" no Faro de Vigo (jornal que julgo até manter uma relação priveligiada com a Vida Económica).
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"Campolongo (La Coruña), 13 mar (EFE TV).- Varios ganaderos gallegos se concentraron hoy ante las instalaciones de la firma Leche Celta, del grupo Lactogal (Portugal, Galiza...Galiza, Portugal) en el municipio coruñés Pontedeume"
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Seria mais útil que os jornais, em vez de argumentos étnico/xenofobos encapotados" (deste estilo = o nosso é bom por que é português) ocupassem o seu espaço a explicar a todos o que se está a passar e vai passar no futuro próximo, com argumentos racionais, com teoria económica, com conceitos de estratégia dos negócios.
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Por exemplo, em vez de estarem constantemente a correr atrás das notícias do que já ocorreu e a servir de ombro aos coitadinhos, para despejarem as lágrimas e a raiva, seria bom que de vez em quando, levantassem os olhos do chão e mirassem o horizonte de depois de amanhã, e com base nos drivers do negócio, com base nas alterações da legislação, com base na forma como os custos unitários se formam e como funcionam as economias de escala, com base no comportamento dos consumidores, e mostrassem quais poderão ser os cenários mais prováveis e qual o leque de opções que um produtor terá pela frente.

segunda-feira, novembro 19, 2007

E não há ninguém, in high places, que suba acima da palmeira?

O livro "Strategy Safari: A Guided Tour Through The Wilds of Strategic Management", às tantas, transmite esta imagem: imaginem uma coluna de exploradores a circular ao longo de uma selva tropical luxuriante. Às tantas, alguém sobe acima de uma palmeira bem alta, olha em redor, e grita para baixo "Estamos na selva errada!"

Este artigo, do Diário Económico de hoje "Portugal perdeu 167 mil empregos qualificados", com o subtítulo "O desemprego continua a crescer entre os licenciados. Segundo o INE, as profissões com menor valor acrescentado continuam a ganhar peso nos números nacionais.", devia ser mais uma gota, a ajudar a transbordar o copo, e a levar uma massa crítica de pessoas, a questionar o paradigma em que assenta a formação profissional e a educação académica.

Como é que desenhamos um mapa da estratégia?

Primeiro resultados (financeiros e de clientes), depois a resposta à pergunta "E onde temos de trabalhar, ser bons, ser excelentes, para atingir os resultados?". Só respondendo a esta pergunta, e tendo em consideração os dois tipos de resultados pretendidos, é possível responder a uma outra pergunta "E onde temos de investir?"

De pouco adianta investir na formação profissional, ou na educação académica, se não existir onde a aplicar. A formação, para o mercado, é instrumental, não um fim em si mesmo. E enquanto isto não for percebido...

Trata-se do mesmo tipo de racional que está por detrás da Estratégia de Lisboa e que não funciona.

"o mercado de trabalho não está à procura de qualificações muito elevadas" e "Em compensação, os grupos profissionais menos qualificados ganharam peso, mostram os dados do INE. Neste contingente estão os trabalhadores dos serviços às empresas (empregadas de limpeza e seguranças, por exemplo), vendedores, pessoal administrativo, agricultores, operários, manobradores de máquinas e trabalhadores não qualificados. Em 2005 este tipo de emprego valia 73%, hoje está em quase 76% do total. Volvidos dois anos e meio de Governo, o pessoal dos serviços e vendedores aumentou quase 20%, os não qualificados 8%, os operários 12%, os agricultores/pescadores 4%."

Enquanto continuar o apoio, o subsídio, o soro, a ligação à máquina do papá estado, às empresas ineficientes, às empresas de baixa produtividade da velha economia... não haverá recursos suficientes para deixar rebentar a nova economia.

Depois o problema é falta de formação, falta de escolaridade, falta de educação...

quarta-feira, junho 20, 2007

O espaço económico mais competitivo do mundo.

Não era o que prometia a Estratégia de Lisboa?

A propósito do artigo "OCDE alerta para ameaças sociais da globalização" assinado por Manuel Esteves, no DN de hoje, o que aconteceu à indústria portuguesa de calçado nos últimos anos?

O que está a acontecer agora à indústria portuguesa de calçado?

Qual a opção? Perceber isto ou fechar-mo-nos sobre nós próprios?

terça-feira, junho 05, 2007

Verdades inconvenientes???


Do artigo de opinião do Jornal de Negócios de ontem “Desemprego e verdades (in)convenientes”, assinado por Glória Rebelo, retiramos o seguinte extracto:

“Por tudo isto, e também porque a génese da construção da União Europeia foi (é, e será) a partilha do interesse comum entre os Estados, urge reconhecer que a única resposta eficaz a todos estes desafios – e reveladora da sua coesão – passa pela concepção de uma "Política Laboral e de Emprego Europeia", una e transversal ao conjunto dos Estados-membros, capaz de assegurar emprego e bem-estar a todos os europeus.”

Cheira-me a conversa da Velha Europa a tentar controlar a Nova Europa!
O que será isto de "Política Laboral e de Emprego Europeia"? Válida para a França decadente, para o ingovernável Portugal, e para a jovem Letónia, em simultâneo?

Quando desenhamos um mapa da estratégia, temos o cuidado de chamar a atenção, para o facto de, apesar dos resultados financeiros serem o objectivo último, são uma consequência. Assim, não trabalhamos directamente para os resultados financeiros, trabalhamos e investimos a montante, para conseguir a jusante os resultados financeiros futuros desejados.

Os políticos, parece que não seguem esta prática, trabalham directamente para obter resultados a nível do emprego… só que o emprego sustentado é uma consequência, não o fruto de trabalho directo. Temos de trabalhar a montante, para que o crescimento económico aconteça, acontecendo o crescimento económico, o emprego crescerá.

A autora refere “No actual contexto socioeconómico, alguns investigadores sociais temem que, tendencialmente, "o crescimento económico deixe de significar criação de emprego".”

Só se for na Velha e Empedernida Europa, por que: “A taxa de desemprego nos Estados Unidos, no mês de Abril, baixou para 3,9%, o valor mais baixo dos últimos "30 anos“.

IMHO, traduzo os objectivos da Estratégia de Lisboa, da seguinte forma:Investir na inovação, para se ser competitivo (pela produtividade e não pelo preço) e para assentar num desenvolvimento sustentado. Assim, teremos crescimento económico, que gerará emprego e promoverá a coesão social.

Os objectivos não são todos iguais: A imagem aqui é absurda, contudo, quando olho para um balanced scorecard com iniciativas programadas, directamente associadas a indicadores financeiros e de clientes, apetece-me fazer logo um comentário-boi “Huuuuuummmm… cheira-me a esturro”.