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sábado, abril 14, 2018

"Torna-se um mito"

"uma afirmação falsa, ainda que muitas vezes repetida, não se torna verdadeira. Torna-se um mito, uma explicação mágica que é inverosímil, mas que influencia o modo como a sociedade interpreta os acontecimentos. ... Para sobreviver nesta nova época das notícias falsas, é imperativo romper as bolhas de ilusão, procurar o que se esconde atrás das notícias falsas, para que a força das coisas não tenha de se impor pela via das catástrofes.
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na base do poder político está a legitimação dos eleitores, que não podem ser vistos como ingénuos enganados."
Trechos retirados de "Os mitos em política"

terça-feira, novembro 07, 2017

"estamos na eterna repetição do mesmo"



"Quando partidos que não querem mudar se prestam a ser apoios de partidos que não podem mudar, forma-se uma plataforma política incongruente: pode ocupar o poder, mas não pode governar, pode esconder o passado, mas não pode reformar o presente e clarificar o futuro. Há partidos que gostariam de mudar, mas não sabem como, porque as questões que terão para resolver quando voltarem ao poder serão as mesmas (ou mais graves) que enfrentaram quando estiveram no poder.
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tem de se reconhecer que não se aprendeu nada e não se esqueceu nada - estamos na eterna repetição do mesmo."
Trechos retirados de "Não aprender nem esquecer"

quarta-feira, outubro 25, 2017

"estrutura possibilidades para atingir objectivos compatíveis com essas possibilidades"

O que se segue também serve para as empresas, e de que maneira, em vez de ser levado pela maré, escolher um caminho:
"O exercício do poder é a gestão de um campo de possibilidades, é o desenho de uma trajectória que leva do presente, com os recursos que existem, para um alvo no futuro, gerando e organizando os recursos necessários para se chegar a esse objectivo. Quem não souber que a política é a gestão de um campo de possibilidades não é político - e se exerce uma função política é por razões que não são políticas. Quem não souber desenhar uma estratégia para o futuro poderá ocupar o poder, mas não exercerá o poder, apenas se resignará à inércia das correlações de forças. [Moi ici: Quantas vezes sinto isto em algumas empresas, servas da inércia] A política é uma vocação, que identifica e estrutura possibilidades para atingir objectivos compatíveis com essas possibilidades."
Trecho retirado de "Poder e possibilidade"

quarta-feira, dezembro 21, 2016

Curiosidade do dia

"Para escolher entre alternativas, não basta selecionar uma e rejeitar a outra, é preciso mostrar que entre duas insustentabilidades não serve para nada escolher uma e deixar tudo o resto na mesma.
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Quatro décadas depois, os comunistas portugueses pretendem abandonar o euro e reestruturar a dívida, como se ignorassem que isso destruiria as poupanças que os portugueses aplicaram em títulos de dívida e faria desaparecer dos balanços dos bancos as aplicações em dívida pública portuguesa. Destruídos os últimos vestígios de capital existente em Portugal, não poderia haver recurso ao Banco Central Europeu e não se poderia emitir novos títulos de dívida. Na borda do abismo, seria o passo em frente revolucionário."



Trechos retirados de "Próximo do abismo"

terça-feira, julho 05, 2016

Curiosidade do dia

"Os responsáveis bancários (há muito que já não há banqueiros) não perceberam que numa economia aberta (sem barreiras alfandegárias), integrada (com uma moeda comum) e globalizada (porque não pode manter o seu nível de rendimentos e de despesa pública com a pequena escala do seu mercado interno), a avaliação do risco dos créditos que concediam não dependia do nome do devedor ou das garantias que este oferecia, mas sim da competitividade dos activos em que esses créditos eram aplicados."
E o mais triste:
"Agora que se chega ao fim desta história sem qualidade, sem palavra e sem honra, só quererá continuar quem não percebeu nada." 
Acho que a maioria ainda não encaixou.

Trecho retirado de "A história do fim"

terça-feira, junho 28, 2016

Curiosidade do dia

Pela primeira vez em desacordo com Joaquim Aguiar:
"Se não houver União Europeia, com os seus recursos e regras de regulação comuns, cada nação europeia terá de ser capaz de viver com o que a sua economia produz, não podendo recorrer aos tormentos do défice e da dívida. Se isso acontecer, todos os que reclamam o direito da livre escolha pelo eleitorado nacional vão verificar que a soberania sem escala é o inferno da estagnação e da miséria."
Singapura ou o Mónaco, por exemplo, não precisam da escala. Aliás, ainda hoje no Twitter me recordaram este texto "The Rebirth of the City-State".
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Interessante este ponto:
"Besides the uneasy truces capitalism offers, what other factors might push cities across the globe to start functioning in a more self­-reliant way? One answer is simple: a coming change in the price, availability, and source of energy.
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For the next few hundred years it’s improbable that we’ll see the death of the nation-state altogether, but the power of cities both large and small is in the ascendant, and they will almost certainly move closer to self-governance."
Claro que soberania sem escala implica não poder estar no mundo tentando ser mais igual aos outros. Isso provoca o mesmo efeito que vemos em Portugal com a desertificação do interior. Quando o interior tenta copiar o litoral as pessoas preferem o original.
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Esta ideia das cidade-estado casa perfeitamente com a ideia de Mongo, do Estranhistão.

Trecho inicial retirado de "O choque da realidade"

quarta-feira, junho 22, 2016

Curiosidade do dia

Tudo dito:
"O que acontece e que tem de ser explicado, ou o que tem de ser antecipado para que não aconteça, ou o que tem de ser corrigido depois de ter acontecido não são produtos da sorte e do azar. Fracassos, falências, crises, são os resultados, naturais e previsíveis das acções dos que decidiram em função dos seus imaginários, dos seus interesses e das suas ilusões, que não tiveram a prudência de acautelar os equilíbrios de viabilidade no presente e de sustentabilidade no futuro.
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Os que compraram eleitores com promessas e ilusões difundiram a epidemia do imaginário, que prende agora eleitos e eleitores, economia e sociedade, num presente que nem tem futuro, nem quer compreender o que foi o seu passado."
Techo retirado de "A roda dos culpados"

quarta-feira, março 16, 2016

Curiosidade do dia

"Nunca haverá soluções justas e sustentadas construídas no imaginário e na ilusão, onde todos sejam inocentes e ninguém seja culpado, ou onde se escolhe um para expiar as culpas de todos. O que esteve mal? Décadas de culpados mascarados de inocentes, onde, porque ninguém confessou, ninguém teve de se arrepender. É por isso que todos estão presos numa rotunda onde não encontram saída."
Trecho retirado de "Os culpados inocentes"

quarta-feira, fevereiro 24, 2016

Curiosidade do dia

"Ocupar o lugar do poder não é o mesmo que exercer o poder. Para governar, é preciso conhecer o campo de possibilidades e a dotação de recursos, ter um projecto e identificar o alvo, a finalidade, que se quer atingir.
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Quem escolhe um campo de possibilidades imaginário, só para não ter de reconhecer que o campo de possibilidades real não lhe permite realizar as propostas que anuncia, não governa."
Trecho retirado de "O caminho do fim"

terça-feira, agosto 04, 2015

Curiosidade do dia

"Não há emprego sem capital, porque não há postos de trabalho se não houver o investimento (transformando a liquidez em capital) que compre instalações, equipamentos e matérias-primas para, com o adequado plano de negócios, utilizar os factores produtivos para responder a uma procura do mercado. As sociedades que não gostam do capital estão, de facto, a prejudicar o emprego, revelando que preferem entregar ao crédito a responsabilidade de manter e de criar postos de trabalho ou que ficam à espera de que os estímulos do Estado financiem a manutenção e a criação de emprego. Quando não se gosta do capital, está a trocar-se um custo flexível (o lucro é o risco do empresário) por um custo rígido (o juro é definido pelo credor e majorado pela avaliação do risco do devedor) ou por um aumento da carga fiscal imposta pelo Estado. Como o custo salarial não é flexível (os trabalhadores recusam a descida do salário nominal), um contexto em que não haja a ilusão monetária criada pela inflação só terá emprego se houver taxas de juro negativas."

Trecho retirado de "A sombra do desemprego"

terça-feira, julho 14, 2015

Curiosidade do dia

"A questão não está no perdão da dívida (que é óbvio que não poderá ser paga, como já aconteceu com os anteriores perdões e descontos), mas sim na neutralização dos factores que geraram e continuam a gerar a dívida. A questão não está no que querem os eleitores gregos, mas sim no que é o campo de possibilidades numa área monetária comum, em que todos os eleitorados são partes interessadas."

Trecho retirado de "Uma esquina na História"

sábado, junho 06, 2015

Limpinho, limpinho, limpinho

"Um regime económico baseado na dívida é diferente do regime económico estruturado pelo capital. O capital vale mais do que o seu valor actual, porque nele está inscrito o padrão de relações económicas, sociais e políticas que permitiram no passado a sua acumulação e que contém a potencialidade de continuar a gerar mais capital no futuro. A dívida revela que foi gerada por um padrão de relações que é inviável, pelo que só tem interesse como via de entrada para quem, tendo capital, quiser impor a dominação e a subordinação, é uma canga que se põe ao pescoço.
 .
Na estimativa de Francisco Louçã, a dívida de toda a economia portuguesa será de 702 mil milhões de euros, quatro vezes o PIB, a que corresponde uma dívida por habitante de 70 mil euros. É melhor descobrir esta realidade tarde do que nunca, mas já não chega a tempo de evitar as consequências. Quando a esfera da dívida interfere na articulação das esferas económica, social e política, tudo fica distorcido e perturbado e as relações em que se baseiam as decisões já não podem insistir nas ilusões do passado."
Trecho retirado de "A canga e o pescoço"

terça-feira, maio 26, 2015

Curiosidade do dia

Isto é tão verdade mas tão verdade que até dói:
"Se a palavra "troika" é associada a uma realidade, essa é, inevitavelmente, "dívida" - porque foi a acumulação de dívidas (do Estado, das empresas, das famílias) que conduziu à bancarrota que, sem a benevolência da troika, teria implicado, não o empobrecimento, mas a miséria e a ruína de todos e de um dia para o outro. Foi para mim um mistério ver como observadores responsáveis se recusavam a reconhecer que se seguia numa trajectória para a impossibilidade. Agora, é para mim um mistério ver como classificam de empobrecimento aquilo que é apenas a consequência lógica e inevitável de o enriquecimento anterior ser uma fantasia que foi paga com endividamento.
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O que designam por empobrecimento ou por austeridade não é mais do que a nudez forte da verdade sem o manto diáfano da fantasia: as dívidas que se acumularam são a prova material, real, de que esse enriquecimento nunca existiu, foi o resultado de um imenso dispositivo distributivo que transferiu recursos financeiros emprestados para pagar o que sucessivos responsáveis políticos designaram como direitos que eles próprios atribuíam - e que financiavam com o dinheiro de estrangeiros. Se esse enriquecimento nunca existiu, que justificação pode ter quem fala de empobrecimento?"

Trechos retirados de "Ricos de dívidas"

quarta-feira, janeiro 07, 2015

Curiosidade do dia

"O que destruiu a velha ordem e precipitou a catástrofe foi a moeda comum europeia. De modo gradual mas irreversível, a disciplina do euro destruiu as redes de interesses e protecções e tornou evidente o que significava ter estilos e níveis de vida, direitos e garantias, financiados pela dívida. O paradoxo - e o castigo - é que só se resolve a dívida com a moeda comum."
Trecho retirado de "Ordem e soberania"

quarta-feira, outubro 29, 2014

"o paradoxo das democracias contemporâneas"

"Quando as escolhas democráticas eram estruturadas pelas diferenças de programas políticos, de modelos de sociedade e de modelos de desenvolvimento, eram as ideias e os programas que determinavam o que os eleitores poderiam preferir. Quando se inverteu esta relação, formou-se o paradoxo das democracias contemporâneas: os eleitores têm preferências que já não estão dentro do campo de possibilidades e os candidatos propõem o que não têm possibilidades para oferecer.
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Não se sai deste paradoxo sem subordinar as preferências ao que for o campo de possibilidades."
Apanhei no Domingo passado no Twitter:
"Se os porcos pudessem votar, o homem com o balde de comida seria eleito sempre, n importa qtos porcos já tenha abatido no recinto ao lado." 
Desconfio sempre de quem só promete coisas boas, de quem garante que vamos poder comer carne todos os dias, sem problemas para a carteira ou para a saúde.
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Trecho retirado de "As preferências dos eleitorados"

quarta-feira, julho 02, 2014

Testamentos de moicanos

Excelente Joaquim Aguiar:
"A ilusão é um bem livre, cada um pode consumir a quantidade que quiser sem ter de pagar por isso. Mas não é um produto gratuito, porque o seu consumo, sobretudo quando imoderado, tem um custo: a perda de contacto com a realidade.
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O tempo europeu da memória (com mercados administrados e redes imperiais) é diferente do tempo europeu do futuro (em que os factores se deslocam em função da remuneração, mas onde o factor capital tem uma velocidade muito superior). Os que se endividaram na ilusão acordam para a realidade da dívida que imita, mas não é, capital. Sem capital, não há trabalho nem crescimento. E sem dívida remunerada, não haverá nova dívida. Não tem de haver uma estratégia do capital financeiro para impor a servidão, basta a ilusão imprudente dos devedores."
Trecho retirado de "Ilusões e banalidades"

O que é triste é perceber que estes textos, que seriam considerados banalidades elementares por qualquer pessoa há 40 anos, hoje, são testamentos de moicanos classificados como propaganda neoliberal, ou pior, merkelismo perigoso.

quarta-feira, abril 30, 2014

Não me digam a verdade!

"É natural que se multipliquem os protestos contra a situação. Mas se não se rejeitar o que produziu a crise, esta será cada vez mais grave, até que a força do absurdo entregue ao acaso a resolução da crise. A origem da situação está no sistema político, onde os candidatos seduzem os eleitores com as promessas que lhes apresentam e os eleitores se deixam iludir acreditando que essas promessas são realistas e realizáveis.
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Quem protesta contra a situação não protesta contra o presente, está a protestar contra o passado (mesmo que não tenha consciência disso). Os que protestam contra a situação estão, de facto, a protestar contra os candidatos (que seduziram pela ilusão) e contra os eleitores (que se deixaram seduzir pela ilusão)."

Trecho retirado de "Os paradoxos do inconsciente"

quarta-feira, abril 02, 2014

A evidência demográfica

"As sociedades maduras desenvolvidas (na Europa, no Japão, nos Estados Unidos) estão obrigadas a absorver os desequilíbrios que acumularam nos seus diferentes passados quando não podem esperar voltar a ter as altas taxas de crescimento a que se tinham habituado e que embutiram nos dispositivos de financiamento das suas políticas sociais. A evidência demográfica rompe o último véu da ilusão."
Gosto de uma frase que li no Twitter "Gente que acreditou em histórias de unicórnios"

Trecho retirado de "A sentença do futuro"

quarta-feira, agosto 28, 2013

A infecção

"A infecção da dívida só encontrará tratamento com a mudança da natureza dos dispositivos de políticas públicas que geram endividamento – porque a economia e a sociedade já mudaram. A infecção que provoca a anemia do crescimento só encontrará tratamento com uma cultura da competitividade que substitua a distribuição (que está a ser financiada pela dívida e não pela transferência de rendimentos através dos impostos) pela acumulação de capital (porque sem capital não haverá trabalho nem investimento que produzam o crescimento)."
Exemplos recentes aqui:

Trecho retirado de "Dor e infecção"


segunda-feira, abril 23, 2007

Fim das Ilusões, Ilusões do Fim

O Bloguítica chama a atenção para um livro que apreciei bastante «Fim das Ilusões, Ilusões do Fim», de Joaquim Aguiar.