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sexta-feira, fevereiro 29, 2008
Tofflers, Quercus e a Escola
Ontem a rádio relatava o folclore da Quercus sobre a pressão junto do ministro Pinho, para proibir a venda de lâmpadas incandescentes.
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Então?
E os direitos adquiridos de quem trabalha nas fábricas onde se fabricam essas lâmpadas?
E os direitos adquiridos de quem investiu nas fábricas onde se fabricam essas lâmpadas?
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Há uns dias que os jornais vêm relatando os desenvolvimentos recentes nas universidades portuguesas.
Há uns meses que os media vêm relatando e amplificando o conflito na educação, entre professores e a ministra da educação.
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Olhando de fora para as manifestações, para as tricas, para a paranoia de tudo regular e de tudo manter... dos famosos direitos adquiridos ao sei lá o quê, ouve-se Alvin Toffler falar de "Katrinas institucionais", falar do fim da escola da era industrial e vê-se o filme.
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Um dos fundadores da Quercus costumava dizer "O maior aliado dos polícias são os ladrões, porque sem ladrões não são precisos polícias".
Assim, sindicatos e ministério na sua luta umbiguista entretêm-se, justificando-se um ao outro e impedindo um olhar para o futuro que os Tofflers anunciam.
O fim do programa nacional, do programa único. O fim das disciplinas como elas existem hoje, separadas (estilo jobshop). O fim dos horários rígidos com as suas aulas de duração em módulos de tempo fixos, ou seja o fim da campainha.
Como é que estruturas centralizadas, carregadas de direitos adquiridos, vão poder lidar com um futuro viscoso, cinzento, em mudança permanente?
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Então?
E os direitos adquiridos de quem trabalha nas fábricas onde se fabricam essas lâmpadas?
E os direitos adquiridos de quem investiu nas fábricas onde se fabricam essas lâmpadas?
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Há uns dias que os jornais vêm relatando os desenvolvimentos recentes nas universidades portuguesas.
Há uns meses que os media vêm relatando e amplificando o conflito na educação, entre professores e a ministra da educação.
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Olhando de fora para as manifestações, para as tricas, para a paranoia de tudo regular e de tudo manter... dos famosos direitos adquiridos ao sei lá o quê, ouve-se Alvin Toffler falar de "Katrinas institucionais", falar do fim da escola da era industrial e vê-se o filme.
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Um dos fundadores da Quercus costumava dizer "O maior aliado dos polícias são os ladrões, porque sem ladrões não são precisos polícias".
Assim, sindicatos e ministério na sua luta umbiguista entretêm-se, justificando-se um ao outro e impedindo um olhar para o futuro que os Tofflers anunciam.
O fim do programa nacional, do programa único. O fim das disciplinas como elas existem hoje, separadas (estilo jobshop). O fim dos horários rígidos com as suas aulas de duração em módulos de tempo fixos, ou seja o fim da campainha.
Como é que estruturas centralizadas, carregadas de direitos adquiridos, vão poder lidar com um futuro viscoso, cinzento, em mudança permanente?
domingo, dezembro 16, 2007
Correlações, calçado e o exemplo dos pares
Quando ainda andava a estudar na faculdade, tive a oportunidade de assistir a uma aula de mestrado, de um senhor polaco que falou sobre... já não me lembro!
Lembro-me sim, de um gráfico e de uma história que o senhor contou. Apresentou algo do género:
Este gráfico chamava a atenção para as relações absurdas que se podem "fabricar", por simples "manipulação" matemática.
A capacidade calorífica do gás metano é constante, é só uma, se mantivermos constantes as condições laboratoriais.
Não faz sentido acreditar que a capacidade calorífica aumenta com a evolução dos anos!!!
Então os números utilizados no gráfico estão errados?
Não!
A capacidade calorífica do metano é constante, o que melhorou foi a capacidade dos humanos medirem a capacidade calorífica.
O mesmo poderia ser dito de um gráfico que correlacionasse o número de manchas pretas nas vacas leiteiras que pastam no concelho da Murtosa com a evolução do preço do cobre no mercado de Londres.
Há que ter muito cuidado com as correlações que fazemos, mesmo que a matemática suporte as nossas pretensões. Assim, imbuído deste espírito proponho a análise de duas correlações:
- uma proposta pelo secretário de estado da educação Valter Lemos, no Público de hoje: "É um facto real que os países que não têm repetência, ou que têm taxas baixas, apresentam também melhores resultados escolares medidos em termos de aprendizagem. Em todos os estudos internacionais se verifica esta correlação alta entre o peso da repetência na amostra e os desempenhos"
Será que não estamos a correlacionar uma variável, consigo própria? Por que é que os alunos repetem? Porque não há aprendizagem!
Parece que na óptica do secretário de estado, se acabarem as reprovações... magia... TÁNÃ!!! Passa a haver aprendizagem...
- outra que proponho é esta:
Uma variável recolho-a da última edição do semanário "Vida Económica":
"Registo de marcas dispara no calçado
A inovação passou a representar uma das principais vertentes no negócio do calçado. O que tem feito disparar o registo de marcas, patentes e modelos nos últimos anos" ... "O número de pedidos de registo de modelos - de calçado e de componentes - poderá ser multiplicado por 50, entre 2003 e 2006."
Outra variável recolho-a daqui e daqui e daqui e ainda daqui, para dar:
Em vez de se concentrarem em sacar subsídios e apoios do QREN para os seus associados, as organizações empresariais deviam apostar na recolha e divulgação destas histórias... não por consultores, não por funcionários, não por universitários, não por políticos, mas por pares. É claro que na sombra, nos bastidores os "especialistas" podiam recolher e trabalhar as histórias, mas deixar o palco para os empresários e gestores, para que contassem aos seus pares a sua história, os resultados que estão a ter, as dificuldades que sentiram e sentem, como as ultrapassaram.
Podem dizer que é lirismo da minha parte. Eu que acredito na concorrência, e de que maneira, também acredito que concorrentes podem partilhar experiências... afinal de contas não era isso que Porter também nos propunha com a história dos "clusters"?! (Não, não estou a falar dos cereais dos meus filhos :) ).
Assim, faríamos acelerar a velocidade de aprendizagem e criar uma massa crítica que conseguisse contaminar, infectar todo o sector, porqque, como contei aqui, a coisa, depois, torna-se aditiva, ganha vida própria!!!
Lembro-me sim, de um gráfico e de uma história que o senhor contou. Apresentou algo do género:
Este gráfico chamava a atenção para as relações absurdas que se podem "fabricar", por simples "manipulação" matemática.
A capacidade calorífica do gás metano é constante, é só uma, se mantivermos constantes as condições laboratoriais.
Não faz sentido acreditar que a capacidade calorífica aumenta com a evolução dos anos!!!
Então os números utilizados no gráfico estão errados?
Não!
A capacidade calorífica do metano é constante, o que melhorou foi a capacidade dos humanos medirem a capacidade calorífica.
O mesmo poderia ser dito de um gráfico que correlacionasse o número de manchas pretas nas vacas leiteiras que pastam no concelho da Murtosa com a evolução do preço do cobre no mercado de Londres.
Há que ter muito cuidado com as correlações que fazemos, mesmo que a matemática suporte as nossas pretensões. Assim, imbuído deste espírito proponho a análise de duas correlações:
- uma proposta pelo secretário de estado da educação Valter Lemos, no Público de hoje: "É um facto real que os países que não têm repetência, ou que têm taxas baixas, apresentam também melhores resultados escolares medidos em termos de aprendizagem. Em todos os estudos internacionais se verifica esta correlação alta entre o peso da repetência na amostra e os desempenhos"
Será que não estamos a correlacionar uma variável, consigo própria? Por que é que os alunos repetem? Porque não há aprendizagem!
Parece que na óptica do secretário de estado, se acabarem as reprovações... magia... TÁNÃ!!! Passa a haver aprendizagem...
- outra que proponho é esta:
Uma variável recolho-a da última edição do semanário "Vida Económica":
"Registo de marcas dispara no calçado
A inovação passou a representar uma das principais vertentes no negócio do calçado. O que tem feito disparar o registo de marcas, patentes e modelos nos últimos anos" ... "O número de pedidos de registo de modelos - de calçado e de componentes - poderá ser multiplicado por 50, entre 2003 e 2006."
Outra variável recolho-a daqui e daqui e daqui e ainda daqui, para dar:
Em vez de se concentrarem em sacar subsídios e apoios do QREN para os seus associados, as organizações empresariais deviam apostar na recolha e divulgação destas histórias... não por consultores, não por funcionários, não por universitários, não por políticos, mas por pares. É claro que na sombra, nos bastidores os "especialistas" podiam recolher e trabalhar as histórias, mas deixar o palco para os empresários e gestores, para que contassem aos seus pares a sua história, os resultados que estão a ter, as dificuldades que sentiram e sentem, como as ultrapassaram.
Podem dizer que é lirismo da minha parte. Eu que acredito na concorrência, e de que maneira, também acredito que concorrentes podem partilhar experiências... afinal de contas não era isso que Porter também nos propunha com a história dos "clusters"?! (Não, não estou a falar dos cereais dos meus filhos :) ).
Assim, faríamos acelerar a velocidade de aprendizagem e criar uma massa crítica que conseguisse contaminar, infectar todo o sector, porqque, como contei aqui, a coisa, depois, torna-se aditiva, ganha vida própria!!!
sexta-feira, setembro 14, 2007
Valorizar o potencial humano?!!! Are you kidding?!
"Na base da mudança parece estar o elevado custo que o Estado suporta com o Ministério da Educação e os seus mais de 200 mil funcionários. Face à diminuição do número de jovens, em resultado da evolução demográfica, o Ministério da Educação tem pessoal excedentário e instalações que se tornaram desnecessárias."
Em vez de pensar na missão, no propósito, na razão de ser, inverte-se a ordem dos factores.
Existimos! O que é preciso fazer, para nos manter ocupados e justificar a manutenção da estrutura?
Um delicioso artigo, para cínicos, no Vida Económica de hoje "Governo estatiza a formação profissional", assinado por João Luís de Sousa.
Houve um tempo em que me interrogava sobre os motivos que levavam as universidades a não investir mais na formação contínua de adultos, não estou a falar de formação financiada, estou a falar de formação que os profissionais, ou as empresas estariam dispostos a pagar por reconhecerem valor acrecentado.
Se tinham os produtores de conhecimento (os professores universitários e os investigadores), se tinham as instalações (as escolas, as salas de aula), quase que poderíamos dizer que tudo o que facturassem seria lucro.
Até que um dia, indirectamente, os formandos de uma pós-graduação e, explicitamente, o organizador de uma outra pós-graduação, me deram as pistas:
Os professores, universitários ou não, não têm de captar clientes. Por isso, quando são colocados num mercado da formação, onde os clientes podem votar com os pés, primeiro surgem os conflitos com os formandos, depois, nos anos seguintes, os cursos ficam às moscas.
Há tempos escrevi aqui sobre a andragogia vs a pedagogia.
Mas como diz o artigo, o propósito não é a valorização do potencial humano, o propósito são as estatísticas e a protecção da estrutura do ministério da educação.
Em vez de pensar na missão, no propósito, na razão de ser, inverte-se a ordem dos factores.
Existimos! O que é preciso fazer, para nos manter ocupados e justificar a manutenção da estrutura?
Um delicioso artigo, para cínicos, no Vida Económica de hoje "Governo estatiza a formação profissional", assinado por João Luís de Sousa.
Houve um tempo em que me interrogava sobre os motivos que levavam as universidades a não investir mais na formação contínua de adultos, não estou a falar de formação financiada, estou a falar de formação que os profissionais, ou as empresas estariam dispostos a pagar por reconhecerem valor acrecentado.
Se tinham os produtores de conhecimento (os professores universitários e os investigadores), se tinham as instalações (as escolas, as salas de aula), quase que poderíamos dizer que tudo o que facturassem seria lucro.
Até que um dia, indirectamente, os formandos de uma pós-graduação e, explicitamente, o organizador de uma outra pós-graduação, me deram as pistas:
Os professores, universitários ou não, não têm de captar clientes. Por isso, quando são colocados num mercado da formação, onde os clientes podem votar com os pés, primeiro surgem os conflitos com os formandos, depois, nos anos seguintes, os cursos ficam às moscas.
Há tempos escrevi aqui sobre a andragogia vs a pedagogia.
Mas como diz o artigo, o propósito não é a valorização do potencial humano, o propósito são as estatísticas e a protecção da estrutura do ministério da educação.
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