quarta-feira, abril 08, 2020

Covid-19 - Direcção e iteração colaborativa

Quando comecei a trabalhar a ISO 14001, nos anos 90 do século passado, fiquei fascinado com a sua diferença face à ISO 9001.

Ao trabalhar com a ISO 9001 facilmente ficávamos prisioneiros da quantidade de procedimentos obrigatórios que tinhamos de criar. Por isso, os resultados no terreno demoravam a aparecer. Primeiro tinhamos de arquitectar e construir o sistema, traduzi-lo em procedimentos e só depois começar a implementação. A implementação, porque o consultor era tótó, ou porque a gestão de topo só estava interessada na bandeira, ou porque a empresa estava sobrecarregada de trabalho, mais parecia um calvário. O objectivo da implementação era chegar a algo que pudesse ser certificado e uma bandeira atribuída. Uma vez obtida a certificação, a empresa dizia-nos adeus, e raramente havia oportunidade mergulhar na melhoria do sistema.

Entretanto, na minha cabeça remoía um artigo de 1992 na HBR - "Successful Change Programs Begin with Results"

Ao trabalhar com a ISO 14001 descobria a possibilidade de desenhar um sistema de gestão virado para atingir resultados. Um sistema de gestão como um portfolio de projectos:

Acabei por publicar um livro onde explicava a metodologia. (BTW, um projecto interessante que nunca foi pago pela editora)

No ano passado descobri mais uma norma ambiental, confesso que não a conhecia, a ISO 14005:2019 - Environmental management systems — Guidelines for a flexible approach to phased implementation.

Esta norma apoia a implementação faseada de sistemas de gestão ambiental. O que é que isto quer dizer? Em vez de começar por montar um sistema de gestão ambiental completo, com todos os ésses e érres, começar por um desafio concreto, um desafio específico. Por exemplo, melhorar a eficiência energética, ou reduzir a produção de resíduos perigosos.

Por que escrevo sobre isto agora? Porque o meu parceiro das conversas oxigenadoras pôs-me a ler este livro, "The Lean Strategy" de Michael Ballé, Daniel Jones, Jacques Chaize, e Orest Fiume.
"Lean thinking starts with acting: solving immediate problems to better understand the deeper issues. It differs radically from the mainstream approach.
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Lean thinking starts with find, in the real world, by identifying immediate problems right now, moves to face as we grasp which problems are easy to solve and which aren’t, what our deeper challenges are, then to frame these challenges in a way others will understand intuitively both (a) the problem we’re trying to solve and (b) the generic form of the solution we’re looking for, and then form the specific solutions through repeated try-and-see efforts with the people themselves until we, all together, build a new (often unforeseen) way of doing things
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Effectively, the idea is that to learn anything, we first have to change something and then carefully check the results to evaluate the impact.
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"Don’t look with your eyes. Look with your feet. Don’t think with you head. Think with your hands.
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The point is that running experiments and experiencing consequences is an ongoing process. It is more to accelerate the learning cycle—to learn and respond, then grasp with the current situation, then adjust again—than it is to establish large-scale goals and compare our progress to them on an occasional basis rather than as a constant state. Companies must use meaningful metrics to understand meaningful actions."
Entretanto, ontem ao folher um livro, "Managing Crises: Responses to Large-Scale Emergencies" de Arnold Howitt e Herman B. Leonard. Encontrei estes trechos:
"[Moi ici: As emergências podem ser de dois tipos, as de rotina e as de crise. As de rotina são aquelas para as quais as organizações se preparam e testam. São aquelas para as quais existem planos de resposta. Já a pandemia em curso é uma emergência de crise... não há plano, não houve preparação prévia] This is not a routine emergency. There are no scripts or templates—guides, check-lists, and norms that dictate the set of things that need to be done, their order, the way they are organized, and so on. An authority-driven command and control hierarchy is a good organizational form for producing the efficient execution of known and practiced routine actions.
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This is a Crisis Emergency. This emergency has significant elements of novelty that organizations were not prepared for. The presence of significant novelty as the defining feature of crisis emergencies creates an array of distinctive challenges, requiring significantly different approaches, techniques, and processes by those engaged in them. Novelty comes in many forms and from many different sources.
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During a crisis, leaders must relinquish the belief that a top-down response will engender stability. In routine emergencies, the typical company can rely on its command-and-control structure to manage operations well by carrying out a scripted response. But in crises characterized by uncertainty, leaders face problems that are unfamiliar and poorly understood. A small group of executives at an organization’s highest level cannot collect information or make decisions quickly enough to respond effectively. Leaders can better mobilize their organizations by setting clear priorities for the response and empowering others to discover and implement solutions that serve those priorities. To promote rapid problem solving and execution under high-stress, chaotic conditions, leaders can organize a network of teams." 
E ao chegar aqui ... recuo ao Natal de 2007 e a Boyd e à blitzkrieg (parte I e parte II):
"Give lower-level commanders wide freedom, within an overall mind-time-space scheme, to shape/direct their own activities so that they can exploit faster tempo/rhythm at tactical levels yet be in harmony with the larger pattern/slower rhythm associated with the more general aim and larger effort at the strategic level."
Como diz o meu parceiro das conversas oxigenadoras: uma pena as empresas não estarem a aproveitar esta crise para encontrarem uma plataforma de comunicação real com os seus trabalhadores... sim, o primeiro ciclo de Senge:


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