terça-feira, setembro 11, 2012

O exemplo do mobiliário (parte III)

Parte I e Parte II.
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Assim, enquanto quase 30% das empresas desapareciam e, quase 20% dos pontos de trabalho se esfumavam, acontecia o que as figuras 5, 6 e 7 revelam:
Figura 5. Evolução das exportações (em milhões de €) no sector português do mobiliário

De tal forma que em 2008, a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins, previa que 60% da produção nacional fosse dirigida aos mercados externos. (4)

· (4) – “Quem não estiver a exportar tem os dias contados”, Semanário Sol, 14 de Março de 2009

Parece que alguma indústria portuguesa de mobiliário, incapaz de concorrer no seu próprio mercado interno, contra os preços muito baixos da concorrência asiática, teve como salvação o virar-se para o mercado externo. Contudo, livre de barreiras alfandegárias, a concorrência asiática também estava presente nesses mesmos mercados.
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Como se explica o insucesso no mercado interno e o sucesso no mercado externo? 
No mercado interno não existe massa crítica de clientes capazes de suportarem empresas que se dediquem a produções em nichos e segmentos diferentes daqueles onde actuam as empresas asiáticas. No mercado externo as produções asiáticas dedicam-se a segmentos diferentes daqueles onde actuam as empresas portuguesas.

Esta foi a evolução da facturação média por empresa
Figura 6. Evolução da facturação por empresa (em €) no sector português do mobiliário

Um crescimento próximo dos 60% em apenas 7 anos.

Esta foi a evolução da facturação média por trabalhador:
Figura 7. Evolução da facturação (em €) por trabalhador no sector português do mobiliário 

Um crescimento superior a 25% em apenas 7 anos.

As figuras 1, 2, 5, 6 e 7 ilustram uma metamorfose no sector do mobiliário português.

Empresas pequenas que competiam no mercado do preço, sem marca, sem design, sofreram um duro golpe e a maioria não recuperou.

Empresas médias tiveram de se reconverter, ficando mais pequenas e trabalhando o design, a distribuição internacional e uma marca.

Empresas grandes com capital estrangeiro, ou trabalhando em regime de contratação dedicada para cadeias estrangeiras, criaram um grupo que serve esse segmento das cadeias internacionais que aliam preço e algum design.

Empresas pequenas apostaram em marca própria, em design, no acesso a nichos muito específicos

Exemplos concretos de empresas que fizeram a transição:
Não se pense que só as empresas portuguesas ajoelharam perante o tsunami asiático. Basta olhar para o exemplo da derrocada de Manzano em Itália, e para o começo da sua recuperação (aqui, aqui e aqui).
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E agora, chegamos a isto "Mobiliário e Decoração: Cinco empresas portuguesas à conquista da China e da Ásia".
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Um exemplo de como se sobe na escala de valor.

2 comentários:

CCz disse...

recordar o no-name furniture http://balancedscorecard.blogspot.pt/2008/03/macro-economia-vs-micro-economia.html

CCz disse...

http://www.vidaeconomica.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ve.stories/84619