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terça-feira, dezembro 12, 2023

Mixed feelings

No JdN de ontem um artigo que me deixou a pensar e sem uma conclusão definitiva, além de algum pensamento cínico, "A tecnologia dá hipóteses como nunca às PME", uma entrevista ao director-geral da SAP Portugal.

O artigo começa com:

"O país empresarial insiste em demasia em ter "fatos à medida" nos processos informáticos, considera o diretor-geral da SAP Portugal. Em entrevista ao Negócios e Antena 1, Nuno Saramago diz que as empresas, sobretudo as pequenas, teriam a ganhar em utilizar versões padronizadas dos programas de gestão.

...

Muitas vezes temos a tendência de fazer um fato à medida e customizar quando podíamos aproveitar essa energia para customizar aquilo que realmente nos diferencia. Se trabalho num produto específico, é aí que tenho de investir os meus recursos, capital e esforço."

Fiquei com mixed feelings. 

  • Por um lado, o meu radar cínico pensou: Interessante, trabalhar a mensagem de que um ponto fraco da SAP é na verdade um defeito do cliente PME.
  • Por outro lado, lembrei-me dos Wardley Maps e do tema dos pioneiros versus colonos (recordar de 2018, Wardley-Martin). 


quarta-feira, novembro 08, 2023

Hidrogénio e outras apostas

A propósito de:

Recordei logo Wardley-Martin. Sem qualquer relação com o tema destes dias, esta é a principal razão para ver com receio a aposta em grande do governo em tecnologias na fase do Mistério ou dos Pioneiros, como se estivéssemos na fase dos Algoritmos ou dos Town Settlers. Quem sabe o tempo que demora a passar-se de uma para a outra? Cada vez menos tempo. Esta manhã, sem fazer a relação com este tweet, pensei na quantidade de AI apps para sumarizar textos, todas numa luta implacável para ver qual a solução que vai triunfar e mandar no terreno como um eucalipto solitário. Acredito que vai ser muito rápido.

Como não recordar Baltimore e as conserveiras na bacia do rio Arade:

"só na cidade de Baltimore, antes de 1920 existiam 19 marcas fabricantes de automóveis" ou "Na bacia do Arade, deste lado do Parchal e Ferragudo e em Portimão, chegou a haver 23 fábricas de conservas."

Noutros tempos, de pioneers a settlers demorava mais de uma década. Agora, ... 

sexta-feira, dezembro 17, 2021

Contrariar a entropia

 A diferença entre a fase "wonder" e a fase "war":



A entropia leva-nos inexoravelmente da esquerda para a direita da figura, da fase wonder para a fase war. A função da gestão, para subir a produtividade, é a de trabalhar para, qual Sísifo, empurrar a pedra do vale  para a montanha, da fase war para a fase wonder.


sábado, janeiro 23, 2021

Há erros e erros

 Em "Seeing What Others Don't" Gary Klein inicia o livro a partir desta equação:

De certa forma isto corresponde ao que March chamou de exploitation e exploration.

Naquilo que é a parte em que as empresas fazem exploitation procuram reduzir, procuram evitar erros. Aqui, um erro é um "crime".

Naquilo que é a parte em que as empresas fazem exploration cometer um erro é a coisa mais natural. Aqui, não cometer erros é um "crime".

Voltemos aos mapas de SWardley:

Na fase "Wonder" temos a exploration, temos o trial and error.
Na fase "War" temos a exploitation, temos a actuação típica de competir com uma commodity, uma fase em que não se podem cometer erros, em que se procura obececadamente o aumento da eficiência.

Feita esta introdução mergulhemos no artigo "A desculpabilização sistemática do erro" de Luís Todo Bom:
"Os portugueses desenvolveram um conjunto de provérbios e afirmações de desculpabilização do erro, que utilizam com enorme frequência: “Errar é humano”; “Só não erra quem não faz nada”; “ Não vale a pena matutar no erro, temos é de olhar para a frente”.

Após a desculpabilização, segue-se, normalmente um auto de fé: “Sei que errei, mas não voltarei a errar.”

Claro que volta a errar, justifica-se com um diferente enquadramento em que o erro ocorreu, repete as afirmações iniciais, e prossegue, com absoluta impunidade e a indiferença do resto dos cidadãos.

Nunca se ouvem afirmações do tipo: “Quem estuda não erra”; “A repetição dos mesmos erros é inadmissível”."
O autor começa o artigo a dizer mal dos portugueses porque vivem impunemente com o erro. Está-se a referir aos erros cometidos no "trial and error" associado à inovação? Não, está a referir-se aos erros que cometemos no dia-a-dia naquilo que está estabelecido. E sim, concordo com o autor. Num país pequeno, e dominado por meia dúzia de famílias, fazer com que o erro tivesse consequências seria demasiado perigoso para a estabilidade das elites. Por isso, há anos que escrevo aqui sobre os amadores a jogar bilhar que não estudam até ao fim as consequências do que propõem.

Só que depois desta introdução o autor muda a agulha para a inovação, para a exploration:
"Quando ensino “gestão da inovação” aos meus alunos, explico-lhes que uma das características das empresas inovadoras reside numa cultura de tolerância ao erro, aplicando a expressão correcta, “só não erra quem não experimenta novas abordagens”."

Verdade! 

"Podia esperar-se que, com esta benevolência para o erro, Portugal fosse um país profundamente inovador no seu aparelho produtivo.

Infelizmente, não é o que se verifica, já que o país tem a sua economia concentrada em sectores industriais tradicionais, pouco inovadores, e em serviços de comércio, turismo e restauração de baixo valor acrescentado.

Esta indiferença nacional perante o erro e a ausência de processos estruturados de aprendizagem, a partir dos erros cometidos, é dramática em termos da construção duma cultura de responsabilidade e de utilização intensiva de conhecimento, ingredientes essenciais para o desenvolvimento do país."

Aqui começo a achar o racional do autor um pouco confuso...

Na fase "Wonder" precisamos de cometer erros para ter insights, para descobrir o novo. No entanto, à medida que a bem-sucedida experiência na garagem cresce, e começa a escalar, cometer erros começa a ser cada menos tolerado, para se poder competir. É o que escrevi há dias como sendo "Fugir do ordenado e arrumado". Julgo que o autor não devia induzir-nos no erro de nos fazer confluir os dois tipos de erro como se fossem a mesma coisa.

Já na metade final do mesmo livro Gary Klein apresenta esta tabela, aplicável à fase "War":


Tudo coisas que nós portugueses não gostamos de fazer. Por isso, a inovação que criamos normalmente não cresce. E se não cresce não é por causa dos erros que se cometem na fase "Wonder", é por causa da tolerância para com os erros nas fases seguintes.

Ainda ontem numa empresa desesperava com a dificuldade que as pessoas sentem em assumir a densificação (Ah! Normann e Ramirez!!! O que aprendi convosco). 

BTW, talvez fosse bom clarificar o que se entende por inovação. Ou seja, organizem-se:

quarta-feira, dezembro 23, 2020

A fase "wonder"

Neste vídeo, que já tinha citado aqui, Simon Wardley refere o uso da palavra inovação em diferentes fases evolutivas de um negócio ou de um modelo de negócio. A inovação na fase Genesis, na fase "wonder", não tem nada a ver com a inovação na fase Commodity, nas fase "war":
No entanto, usamos a mesma palavra inovação para as diferentes situações.

O que me faz recuar a Março deste ano onde neste postal, por causa da escrita deste manual, escrevi:
"dei comigo a pensar que a inovação que o calçado precisa nesta altura não é mais do mesmo, não é a “sustained innovation” de que Clayton Christensen falava, e ao qual o fluxograma acima se aplica

As empresas de calçado devem manter e tirar o máximo partido da actividade que conseguem ter através do modelo de negócio actual. Paralelamente, devem criar uma empresa, ainda que virtual, dedicada a desenvolver o negócio do futuro. E para desenvolver o negócio do futuro essa empresa tem de se comportar como uma startup: sem clientes, sem negócios, apenas com hipóteses de produtos e de clientes."
As empresas de calçado têm de fugir da fase "war" e avançar para a fase "wonder"... "wonder" é magia, é surpresa, é ... arte!!!

Ainda esta semana numa empresa alinhavam-se mentes em torno da relevância dos nichos para o futuro da organização. Porquê nichos? 

Onde estão os potenciais clientes/utilizadores apreciadores de "arte", corajosos o suficiente para serem pioneiros e viverem na fase "wonder"? 

A fase "wonder" é a fase de uma intensa relação com o produto.

quinta-feira, dezembro 17, 2020

Evolução, eficiência, inovação

Ontem ao final do dia vi este este video com mais uma apresentação do Simon Wardley:

Já vi vários vídeos de Simon Wardley, é um bom comunicador. No entanto, o que quero salientar neste vídeo é a sistematização que ele faz da evolução versus da optimização, são as fases "Wonder, peace and war", e na fase final do Q&A a demonstração de como Inovação quer dizer diferentes coisas em cada fase.

Enquanto via esta imagem, abstraí-me das palavras de Simon e pensei naqueles membros da tríade que no tempo da troika diziam que o problema era o euro... santa ignorância - na fase da paz todos ganham até que aparece alguém que está do outro lado daquela barreira negra que promove a inércia e come quota de mercado aos que ainda estão na fase da paz...
Aquela outra imagem que já referi aqui há meses:
  • a tendência é a caminhada inexorável da concorrência para a extrema direita onde está a comoditização e reina o eficientismo
  • a libertação de recursos proporcionada pela eficiência permite a emergência de novas práticas na fase de novo "wonder" que geram novas fontes de valor
O impacte do Covid na aceleração das mudanças

Um insight importante a competição dentro de uma fase é muito diferente da competição entre fases.




quinta-feira, novembro 29, 2018

Pioneiros

Há vários anos numa viagem de Intercidades encontrei o administrador de uma empresa e conversámos um bocado.

Nessa altura, disse-lhe o que aqui escrevi em 2010:
"os portugueses são bons a abrir fronteiras, a desbastar novas terras, a ir à frente, a explorar (na linguagem de March, os portugueses são bons na exploration e fracos na exploitation. Embora, também possa dizer que os incumbentes confiam demasiado na exploitation e pouco na exploration) por isso, há cada vez mais empresas a exportar para Angola, não por causa do I&D mas por causa da língua comum, mas por causa do gerente que pôs a mochila às costas e foi à luta.)"

Nós tugas somos bons a abrir fronteiras, a desbravar o sertão, a levantar marcos. Depois, quando o risco do desconhecido baixa e o negócio muda de personalidade e requer mais racionalidade, mais organização, mais método, mais hierarquia com poder efectivo distribuído por mais gente...  normalmente falhamos e somos comidos de cebolada. Alguns ainda se safam por algum tempo, adiando o fim, com o apoio dos "amigos".

Pensei nisto ontem, depois de ler "Art of Business Model Design : Case of RCR Tomlinson from Australia" e ter relacionado com o postal recente "Wardley-Martin"


terça-feira, novembro 27, 2018

Wardley-Martin

Ando a estudar os Wardley Maps.

Ao chegar ao tema "Pioneers, Settlers and Town Planners" (aqui e aqui, por exemplo)

não posso deixar de pensar no knowledge funnel de Roger Martin:
Ver: