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segunda-feira, fevereiro 29, 2016

Aprenda a duvidar dos media (parte XVI)

Parte I, parte IIparte IIIparte IVparte Vparte VIparte VIIparte VIIIparte IXparte Xparte XIparte XIIparte XIIIparte XIV e parte XV.
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Mais um exemplo de como os comentadores económicos instalados nos media não conhecem o país real. Cristina Casalinho em Junho de 2009:
Conjugar com:
E com:

Yes Toto, we're not in Normalistão anymore!
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Não, falo de barriga cheia, mantenho agora o que escrevi na altura.


sexta-feira, julho 13, 2012

Produtividade e desemprego

Neste artigo "Do outro lado do espelho" de Cristina Casalinho, encontro alguns motivos de reflexão.
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Qual a resposta a esta pergunta:
"Pode haver aumento de produtividade e rendimento, sem geração de desemprego?"
A resposta de Cristina Casalinho é condicional, responde que pode se. Pode:
"porque, simplesmente, uma franja da população se exclui do mercado, empurrada para a inactividade – problema: exclusão social."
Ou seja, o aumento da produtividade e rendimento implica uma redução do emprego, mais à frente explicarei a lógica deste raciocínio. Depois, recorre a um macro-economista de renome, que não conhece como é que as empresas hoje em dia competem, Martin Wolf, para sublinhar a sua descoberta:
"quando já têm um alto desemprego não querem que a produtividade a curto prazo expluda." Regularmente, ouve-se falar da necessidade de ampliar a produtividade; porém, alguém prestigiado diz que poderá não ser exactamente assim."
Pode-se depreender, das palavras de Martin Wolf que ele acredita que se a produtividade portuguesa explodir o desemprego aumenta...
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Quer Cristina Casalinho, quer Martin Wolf, estão a falar da produtividade do trabalho:
"o tema da produtividade do trabalho, promovida quando as mesmas pessoas produzem mais ou melhores bens ou serviços."
Como se calcula a produtividade do trabalho? De acordo com a seguinte fórmula:
O raciocínio de Wolf e Casalinho é, há medida que aumentamos a produtividade precisamos de menos pessoas para produzir a mesma quantidade, logo, alguém pode ser despedido, porque ficou a mais. Logo, o desemprego aumenta.
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Antes de continuar, convido a comparar a produtividade laboral por hora trabalhada em Portugal e na UE27:
Não acredito que o aumento da produtividade laboral alguma vez nos aproxime da média da UE27.
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Julgo que Wolf e Casalinho laboram no erro clássico que, por exemplo, identifiquei aqui, concentram-se nos custos e esquecem o valor do que se produz.
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Voltem a olhar para a equação apresentada lá em cima. Em vez de quantidade produzida ser nº de peças, considerem que quantidade produzida é Valor de mercado do que se produz no tal espaço de tempo. Agora, imaginem que uma empresa concentra os seus esforços a melhorar a qualidade dos produtos que fabrica... em vez de numa hora produzir 20 pares de sapatos que podem ser vendidos a 14 euros o par, a empresa pode começar a produzir numa hora 17 pares que podem ser vendidos a 20 euros o par...
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No fundo, o que falta a Wolf e Casalinho é descobrirem o Evangelho do Valor, é encontrarem o seu Ananias, é perceberem o impacte da subida do preço que Marn e Rosiello nos ensinaram, ou o significado das curvas de isolucro de Simon e Dolan... quando o jogo da produtividade é jogado neste campo, não há gato e rato entre salários e produtividade, não há inevitabilidade de mais produtividade gerar mais desemprego. Pelo contrário, mais produtividade deste tipo, gera o valor acrescentado potencial que permite que uma empresa tenha uma quota interessante de trabalhadores indirectos, dedicados a trabalhar o aumento do valor potencial.
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Depois, Casalinho faz uma mistura que não creio que seja correcta:
"Daí a formulação de Wolf: aumento acelerado de produtividade do trabalho poderá implicar mais desemprego. Em Portugal, poder-se-á encontrar evidência deste comentário: acreditando que o actual sucesso das empresas exportadoras portuguesas decorre de acréscimos de competitividade alicerçados em maior produtividade, tal não foi suficiente para contrariar a marcha ascendente do desemprego."
Primeiro, como temos explicado ao longo dos anos neste blogue, o sucesso das empresas exportadoras começou a ser construído há cerca de 10 anos quando o desemprego começou a crescer nos sectores de bens transaccionáveis. As empresas começaram, umas a fechar e, outras, a reformularem-se. A grande maioria das que se reformularam, emagreceram porque tiveram de mudar de paradigma competitivo. Em 2008 afirmei aqui que o milagre ia começar, apesar do problema conjuntural, porque uma massa crítica já tinha descoberto o segredo.
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Agora, o desemprego não está a crescer, por causa do aumento da produtividade das empresas exportadoras, basta olhar para esta tabela. O emprego está a crescer nos sectores transaccionáveis. O que Wolf faz, e que é comum nos macro-economistas, ainda por cima estrangeiros, é pegar num indicador, o desemprego, e, sem fazer o seu drill-down, atribuir-lhe uma causa.
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Vão ao desemprego actual, tirem-lhe o desemprego que vem da construção, do comércio, da restauração e dos recibos verdes do Estado e vejam com que número ficaram... e vejam se Wolf e Casalinho têm razão.
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BTW, peçam a alguém que conheça números do comércio, que vos dê dados comparativos da evolução da evolução da facturação de lojas das mesmas cadeias de distribuição em diferentes zonas do país. Vejam como as vendas caíram muito mais nas regiões como Lisboa e menos nas regiões exportadoras. Nem de propósito este artigo de hoje na Vida Económica "Felgueiras tem uma das mais baixas taxas de desemprego do país" e recordem este outro artigo de 2009 e estes outros de 2010 e 2011. Não esquecer, Felgueiras tem aumentado a sua produtividade de forma estupidamente positiva, com estas consequências para o desemprego... pois.