segunda-feira, setembro 29, 2025

Se unirmos os pontos que imagem aparece?

No JN de ontem o artigo "Confiberica fecha e manda mais 160 para o desemprego no Ave." Depois, o subtítulo que me intriga:
"Empresa que trabalha para o grupo da Zara tem uma filial em Marrocos que vai continuar a laborar."

E ainda mais alguns sublinhados:

"As associações do setor querem medidas para enfrentar a falta de encomendas.

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Segundo Francisco Vieira, a Confiberica trabalhava para a Inditex (detentora de marcas como a Zara, Pull & Bear, Massimo Dutti, Bershka, entre outras), e tinha 160 trabalhadores.

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Segundo o sindicato, esta têxtil tem também uma unidade em Marrocos a produzir igualmente para o grupo Inditex, que não vai encerrar. 

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As associações do setor queixam-se de falta de encomendas e pedem medidas de apoio: lay-off simplificado, apoios à tesouraria, e maior flexibilidade para reestruturar as empresas."

Comecemos pelo fim "As associações do setor queixam-se de falta de encomendas" ... não é absurdo? Queixam-se a quem? Ao governo? Se não têm clientes a pedir-lhes trabalho, a culpa é de quem? Quem tem a missão de ganhar clientes? O governo? Os trabalhadores?

Ou seja, é uma forma de pressionar o governo para obter protecção pública face a um problema de mercado. Os contribuintes que paguem.

Cliente Inditex e unidade em Marrocos. Aquele subtítulo... estavam à espera que fechasse a unidade em Marrocos? Come on. São os Flying Geese ao vivo e a cores a funcionar. 

No artigo ainda pode ler-se:

"As situações de empresas têxteis com problemas financeiros, após o verão, têm sido recorrentes: Polopiqué, Stampdyeing (grupo Mabera - Coelima), J.F. Almeida."

Se juntarmos os pontos:


Se nos abstraímos dos casos particulares e subirmos na escala de abstracção para ver as forças de fundo, vemos o estertor (já há muito anunciado aqui no blogue) de um modelo de negócio. 

Ainda recentemente escrevi sobre o futuro de quem trabalha no fast-fashion:

"Proibição do fast/fashion como modelo dominante: pressão regulatória contra ciclos curtos de produção/consumo."

Não adianta pôr sal na ferida. Sim, eu sei, costuma resultar, os tótós do governo de turno libertam uns milhões cobradas aos impostos sobre os saxões, e as empresas comatosas, verdadeiras zombies, em vez de mudar de vida, ou fecharem, sobrevivem até à próxima injecção de capital à custa dos impostos.

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